HISTÓRIA DO BRASIL
1-APRESENTAÇÃO
A História do Brasil segundo os parâmetros eurocêntricos teve início quando as terras brasileiras foram descobertas por Pedro Álvares Cabral, em nome da Coroa Portuguesa, em fins do século XVI e do ponto de vista histórico foi um dos fatos históricos mais relevantes da História Humana durante o período moderno. Consequentemente as terras brasileiras são incorporadas a civilização ocidental através do Império Português, do qual o Brasil é tributário de sua cultura. É interessante ressaltar que apesar da forte influência da cultura portuguesa na sociedade brasileira, houve grande contribuição para a formação do Brasil de populações de matriz africana, asiática, europeia (não portuguesa) e indígena. Atualmente o Brasil é o maior país da América Latina (em termos econômicos, demográficos, geográficos e militares) e tem grande influência nesta região. A História do Brasil é dividida em quatro partes, a saber: Brasil Pré-Cabralina (indeterminado-1500), Brasil Colônia (1500-1822), Brasil Império (1822-1889) e Brasil República (1889-...). A seguir veremos os principais aspectos da História do Brasil.

2-PERÍODO PRÉ-CABRALINO (INDETERMINADO-1500)
O Período Pré-Cabralino foi caracterizado pela historiografia tradicional pelo fato que as sociedades ameríndias habitavam em Pindorama de forma totalmente integrada ao meio ambiente sem maiores problemas.

3-PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530)
Em relação ao período colonial da História do Brasil cabe lembrar que a sua fase inicial ficou conhecida como Brasil Pré-colonial, pois esteve de certa maneira abandonado pelos portugueses. Isto advém do fato que a Coroa Portuguesa não encontrou nenhum produto de valor, a exploração da Ásia Portuguesa ser bastante lucrativa e a população portuguesa ser reduzida.
Neste período o Brasil não ficou totalmente abandonado por parte de Portugal tendo em vista que houve algumas expedições com a intenção de proteger e explorar as terras brasileiras alcançando alguns resultados interessantes por parte da Coroa Portuguesa nesta empreitada.
A primeira expedição exploradora saiu de Portugal no ano de 1501 sob o comando de Gaspar de Lemos com a intenção de conhecer a geografia do Brasil.
Esta expedição chegou inicialmente na região do atual estado do Rio Grande do Norte dirigindo posteriormente para o sul, sendo que na sua estadia no Brasil ela nomeou diversos acidentes geográficos com nome de santos (normalmente era com o nome do santo que fosse do dia em que estivesse ocorrendo à referida nomeação) podendo citar como exemplo os seguintes, a saber: Rio São Francisco, Cabo de São Roque, Cabo de São Agostinho e Baía de Todos os Santos.
A segunda expedição exploradora foi comandada por Gonçalo Coelho (c. 1454-1512) e partiu de Portugal no ano de 1503 e tinha como missão explorar as terras brasileiras. A expedição em questão ao voltar para Portugal levou diversos produtos da Brasil tais como: araras, papagaios, pau-brasil e saguis.
Portugal enviou para o Brasil duas expedições guarda-costas uma no ano de 1516 e a outra no ano de 1526 (ambas comandadas por Cristóvão Jacques (c. 1480-1530) que visavam guarnecer o Brasil contra a tentativa de exploração por parte de estrangeiros.
A Coroa Portuguesa só começou a se interessar realmente pelo Brasil depois de um longo período de tempo que foi de três décadas quando o comércio com o Oriente já não estava tão lucrativo como antes, e para defender o domínio português sobre a terra descoberta por Pedro Álvares Cabral. A partir dessa situação tivemos a iniciativa por parte do rei dom João III (1521-1557) em enviar para o Brasil a expedição colonizadora comandada por Martim Afonso de Souza (1500-1571).
Esta expedição partiu no final do ano de 1530 em direção ao Brasil, com cinco navios e aproximadamente 400 pessoas, tendo a missão de combater os entrelopos (contrabandistas) franceses, estabelecer núcleos de povoamentos mais estáveis que as feitorias, explorar o litoral do Maranhão ao Rio da Prata, garantir os domínios lusitanos, entrar em contato com as tribos indígenas para saber o nível de hostilidades delas e rastrear a existência de rios caudalosos.
Cabe lembrar que devido ao fato ao fato da Ásia Portuguesa deixou de ser lucrativa como antes e havia o assédio por parte da Coroa Francesa em relação ao América Portuguesa, a Coroa Portuguesa começou a dar atenção ao Brasil.
No início da História do Brasil é interessante lembrar que os índios tiveram uma convivência com os lusitanos muito calma, devido os interesses de ambas as partes não terem entrado em choque, fato que não iria acontecer quando os portugueses começaram a povoar o Brasil de uma forma mais firme.
Isto ocorreu porque com a colonização portuguesa sendo feita de forma mais efetiva os interesses de ambas as partes começaram a entrarem em atrito de forma direta e intensa fazendo com que a relação harmoniosa que existia entre ambas as partes fosse desfeita de forma definitiva e em profundo prejuízo aos indígenas.
Cabe lembrar que o mal feito aos indígenas ao longo da História não foi reparado até os dias de hoje.

4-PERÍODO COLONIAL (1530-1822)
4.1-ADMINISTRAÇÃO COLONIAL
4.1.1-ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS
A Coroa Portuguesa fundou diversos órgãos administrativos ao longo da história com o intuito de gerenciar a colônia.

4.1.2-CÂMARA MUNICIPAL
A câmara municipal (senado da câmara, conselho de vereança e câmara dos vereadores) era responsável pela a administração a nível municipal.
As suas principais funções eram a organização de expedições para capturar os indígenas, construção e conservação de ruas e pontes, o abastecimento de comida, preparação das festas religiosas (católicas) mais relevantes entre outras responsabilidades.
Para fazer frente as suas obrigações a câmara dos vereadores arrecadava dinheiro com as multas, devido a infrações ao código de postura (leis municipais), aluguel de prédios e com as terras municipais, mais precisamente com o aluguel de pastos.
Nas eleições para as câmaras municipais era permitida a participação dos “homens bons” que eram os proprietários de terras e de escravos.

4.1.3-CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Portugal resolveu colonizar o Brasil a partir do sistema de capitanias hereditárias, visto já ter obtido sucesso com esta estrutura administrativa anteriormente nas ilhas do Oceano Atlântico (ilhas da Açores, Cabo Verde, Madeira, Porto Santo e Santo Tomé e Príncipe), além de Angola localizada no continente africano e o fato de não possuir dinheiro suficiente para executar esta tarefa. As capitanias hereditárias consistiam basicamente na concessão de terras as pessoas com muitos recursos financeiros as quais seriam responsáveis (assumiriam o risco) pela colonização do seu lote. Em contrapartida teriam uma série de vantagens as quais possibilitavam os donatários aferirem lucros com a exploração dos seus respectivos lotes.
Durante os anos de 1534-1536 foram distribuídas catorze capitanias hereditárias em quinze lotes para doze donatários, tendo casos de donatários terem recebidos mais do que uma capitania hereditária.
A Carta de Doação servia basicamente para legitimar a concessão, além de conter os direitos e deveres do donatário como o direito de ter uma sesmaria (pedaço de terra) em sua própria capitania hereditária e doar sesmarias às pessoas desde que fossem cristãs (mas nunca retirá-las devido ao fato que isto era atribuição única e exclusiva do rei) as quais tinham que começar explorar estas terras num prazo máximo de cinco anos, senão os colonos perderiam o direito as mesmas.
Cabe lembrar que os donatários não teriam direito de propriedade em relação as suas capitanias hereditárias, mas apenas aos benefícios alcançados pelo uso da mesma, fato não ocorrido com os colonos que recebessem as sesmarias, pois eles seriam os donos das mesmas. Continuando temos que os donatários teriam o direito de cobrar cinco por cento sobre o pescado e um por cento dos impostos devido ao rei, além da permissão de escravizar e exportar vinte e quatro indígenas por ano para Portugal.
Dando prosseguimento temos que os donatários teriam o monopólio da justiça, mas teriam restrição em utilizar-se desse direito na sua plenitude, devido ao fato que eles não poderiam aplicar a pena de morte (pena capital) as pessoas as quais porventura fossem nobres. Em relação aos seus direitos, não poderíamos deixar de mencionar que houve a limitação dos poderes dos donatários com a criação do governo-geral, mas sem restringir totalmente os seus poderes.
Cabe ressaltar que de modo geral as capitanias-gerais acabaram servindo de base para a formação dos estados que o Brasil possui atualmente.
O Foral consistia basicamente nos direitos e deveres dos colonos perante o monarca e o donatário.
O sistema de capitanias hereditárias implantado por Portugal obteve sucesso parcial no Brasil, pois evitou a ocupação da colônia por povos estrangeiros, mas não conseguiu fazer uma ocupação efetiva em todo território da colônia, podendo citar como causa disso diversos fatores como a distância entre a metrópole e a colônia, as distâncias entre as próprias capitanias hereditárias, os ataques dos ameríndios e o fato de cerca da metade dos donatários não chegaram nem tomar posse das suas capitanias hereditárias.
As capitanias hereditárias encontram o seu término na segunda metade do século XVIII, quando o então Secretário de Estado do Reino (Sebastião José Carvalho e Melo, marquês de Pombal (1650-1777)) do monarca dom José I, transforma as mesmas em capitanias reais

4.1.4-GOVERNO-GERAL
Pelas dificuldades existentes e atendendo aos apelos dos donatários e colonos dom João III, vem em ajuda deles através da instituição do governo-geral (1548/1549), que ficaria numa instância administrativa superior à das capitanias hereditárias. Cabe ressaltar que a implantação do governo-geral veio para complementar o sistema de capitanias hereditárias e não o extingui fazendo com que este continuasse funcionado sem maiores alterações.
Vale à pena ressaltar que dentro desse ato oficial foram criados outros cargos administrativos além do governador-geral, como por exemplo, o ouvidor-mor que era responsável pelo julgamento das questões vindas das capitanias. Tivemos também a criação do provedor-mor que era responsável pela preservação dos interesses do rei, relacionados à fazenda pública e do capitão-mor que era responsável pela defesa da colônia.
É interessante ressaltar que a transferência da capital da cidade de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro ocorreu devido a necessidade de melhorar o controle das atividades relativas à mineração e estabelecer uma assistência mais eficaz aos colonos residentes na região sul em relação às disputas de fronteiras com os espanhóis.

4.1.4.1-GOVERNADOR-GERAL TOMÉ DE SOUZA (1549-1553)
O primeiro governador-geral do Brasil foi Tomé de Souza (primo de Martim Afonso de Souza), sendo ele o fundador da cidade de São Salvador (localizada na capitania da Bahia) a nossa primeira capital. A cidade de São Salvador é atualmente conhecida apenas pelo nome de Salvador e é a capital do estado da Bahia.
No campo eclesiástico um dos principais acontecimentos foi à instituição da primeira diocese do Brasil no dia 25.02.1551 através do papa Júlio III (1550-1555) sendo que este órgão da administração católica ficou sediado na cidade de Salvador. O primeiro bispo (titular de diocese) do Brasil foi dom Pero Fernandes Sardinha (1496-1556), tendo ficado neste cargo entre os anos de 1552-1556.
Ainda na área religiosa não poderíamos deixar de ressaltar a vinda de seis padres jesuítas incluindo Manoel da Nóbrega (1517-1570) junto de Tomé de Souza.
Cabe lembrar que a Companhia de Jesus foi criada (fundada) por Inácio de Loyola (1491-1556) no ano de 1534 sendo confirmado pelo papa Paulo III (1534-1549) em 1540. Uma das principais preocupações dessa ordem religiosa é a expansão da fé católica.

4.1.4.2-GOVERNADOR-GERAL DUARTE DA COSTA (1553-1556)
O segundo governador-geral do Brasil foi Duarte da Costa tendo o seu mandato caracterizado basicamente pela insuficiência administrativa e a Invasão Francesa ocorrida no ano de 1555.
Esta administração foi conturbada havendo basicamente dois contratempos relevantes neste sentido que merecem a nossa atenção.
O primeiro dos problemas enfrentados pelo governador-geral foi à briga do bispo dom Pero Fernandes Sardinha com o seu filho (Álvaro da Costa) devido à vida desregrada que seu filho levava.
Dom Pero Fernandes Sardinha quando ia a Portugal para dar explicações sobre a briga dele com o filho de Duarte da Costa o navio o qual estava afundou, mas apesar do acidente ele sobrevive, morrendo depois nas mãos dos indígenas Caetés.
O segundo problema refere-se basicamente ao fato dos franceses terem se instalados na Ilha de Serigipe uma colônia (França Antártica) com o intuito de fugir dos conflitos religiosos que estavam ocorrendo na França (católicos versus protestantes) e explorar o pau-brasil.
Os franceses foram liderados por Nicolau Durand Villegaignon (1510-1575) sendo que essa empreitada tinha sido aprovada pelo monarca francês chamado Henrique II. Apesar de ser líder dessa empreitada Nicolau Durand Villegaignon acabou voltando para a Europa em 1559 e nunca mais voltou devido à desilusão com este projeto.

4.1.4.3-GOVERNADOR-GERAL MEM DE SÁ (1556-1570)
Mem de Sá o terceiro governador-geral do Brasil conseguiu expulsar os franceses do Rio de Janeiro no ano de 1567, contando com ajuda do seu sobrinho Estácio de Sá (1520-1567) que trouxe de Portugal (vale lembrar que este parente de Mem de Sá ao chegar ao Brasil obteve mais pessoas para participar nesta empreitada, dos quais podemos destacar o grupo indígena termiminós liderada pelo cacique Araribóia).
A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (atual Rio de Janeiro) foi fundada (1º.03.1565) entre os morros de Pão de Açúcar e Cara de Cão, sendo depois transferida para o Morro de São Januário, tendo em vista a intenção por parte dos lusitanos de localizar melhor a cidade. A finalidade da fundação da cidade do Rio de Janeiro por parte dos lusitanos era a de garantir a posse das terras por parte de Portugal intento este que foi obtido com bastante sucesso.
Houve um combate no dia 20.01.1567 entre os franceses e os portugueses, no qual Estácio de Sá foi ferido com uma flecha envenenada que o levaria a morte, morte esta que não seria em vão tendo em vista que os franceses são derrotados e vão se alocar em Cabo Frio sendo posteriormente expulsos de lá.
Como forma de recompensa pela ajuda recebida, Araribóia foi agraciado com terras no que é atualmente o bairro carioca do Rio Comprido, sendo que no ano de 1573 ele mudaria com o seu povo para o lado oposto da Baía da Guanabara onde foi fundado o aldeamento de São Lourenço núcleo inicial da cidade de Niterói.

4.1.5-CONSELHO ULTRAMARINO
O Conselho Ultramarino foi fundado no dia 14.11.1642 tendo sido criado no contexto histórico da reorganização administrativa portuguesa alusiva a restauração da Coroa Portuguesa devido o termino da União Ibérica (1580-1640). Este órgão administrativo português foi inspirado no Conselho das Índias (órgão administrativo espanhol).
O Conselho Ultramarino era responsável pelo envio de documentos as colônias, partidas das frotas em direção as colônias e aconselhar o monarca português (o rei português não era obrigado a acatar os conselhos desse órgão administrativo).
Com a saída da Coroa Portuguesa de Lisboa para instalar-se na cidade do Rio de Janeiro, esta cidade lusitana deixou de ser a sede do Conselho Ultramarino e no ano de 1808 este órgão é extinto e as suas funções foram incorporadas ao Tribunal da Mesa do Desembargo do Paço.

3.1.6-UNIÃO IBÉRICA (1580-1640)
O rei dom Sebastião I (1568-1578) ao morrer na Batalha de Alcácer-Quibir (4.08.1578) no Marrocos (norte da África) acaba deixando como herdeiro o seu tio-avô o cardeal dom Henrique. O cardeal acaba ficando apenas dois anos como monarca do Reino de Portugal tendo em vista a sua morte o que acabou provocando o término da dinastia de Avis.
A questão da sucessão do trono de Portugal estava colocada basicamente entre os três pretendentes principais (os três eram netos de dom Manuel I, o Venturoso), sendo eles o rei da Espanha dom Felipe II (1556-1598), dom Antonio, prior do Crato e dona Catarina, duquesa de Bragança (estes dois últimos eram de Portugal).
Do ponto de vista político a disputa era entre duas opções políticas antagônicas (contrárias), a saber: a união dos dois países, representada por dom Felipe II e a autonomia de Portugal representada por dom Antonio e dona Catarina. A população portuguesa estava dividida em duas partes nesta disputa política, na qual as classes mais baixas da sociedade lusitana eram a favor da independência fato que deixava a elite de Portugal bastante preocupada.
Em contraponto a posição política anterior, cabe ressaltar o fato que os poderosos (classe dominante) de Portugal eram a favor da união com a Espanha, pois para os grandes burgueses significava poderem negociar com as ricas regiões produtoras de prata localizadas na América Espanhola e a possibilidade de terem a frota da Espanha protegendo o comércio com o Brasil e o Oriente, pois era a mais poderosa armada neste momento histórico existente do continente europeu.
Da parte da nobreza a questão resumia-se pura e simplesmente na manutenção da sua situação política/econômica, visto as dificuldades financeiras do país principalmente depois do pagamento dos resgates dos prisioneiros da Batalha de Alcácer-Quibir e a Espanha ser rica e poderosa.
Antes de o cardeal morrer as Cortes reuniram-se nada decidindo. Depois da sua morte Portugal é invadido pelo duque de Alba e Felipe II torna-se assim monarca desse país colocando o Português sob a dinastia dos Habsburgo iniciando-se uma nova fase da História Portuguesa conhecida como União Ibérica (1580-1640).
Dom Felipe II mesmo tendo conseguido obter vitória através da força para possuir o Reino Português ele achou por bem se aproximar dos lusitanos para não haver maiores resistências à pessoa dele como rei de Portugal.
Com isso no ano de 1581 tivemos o Juramento de Tomar sacramentando a junção de Portugal e Espanha, valendo lembrar que Portugal teve garantido o uso da língua portuguesa como língua oficial e que os cargos do Império Português seriam ocupados apenas por portugueses.
A Restauração de Portugal acabou sendo obtida através da ascensão ao poder do duque de Bragança sob o nome de dom João IV (1640-1656) iniciando a dinastia de Bragança (1640-1910).

4.1.6.1-INVASÕES HOLANDESAS
Em relação a análise histórica sobre as Invasões Holandesas é importante ressaltar que os Países Baixos ficaram submetidos aos domínios da Espanha durante o reinado de Carlos I(1500-1558), tendo em vista o fato dele, ter assumido o trono do Sacro Império Romano-Germânico e esta região fazer parte desse império.
Essa região era composta por duas partes (Países Baixos do Norte e Países Baixos do Sul), sendo que a primeira parte citada aos poucos foi convertendo-se ao protestantismo, enquanto a segunda continuou fiel ao catolicismo.
As relações entre os Países Baixos e Espanha começaram a desgastar fortemente quando Felipe II resolveu cobrar impostos atrasados e devido a sua intolerância religiosa (Espanha era um país católico). Esse relacionamento tenso continuou, chegando a tal ponto que os Países Baixos do Norte conseguem a sua emancipação política em 1581 com o nome de República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos.
Mesmo após a emancipação política da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos o relacionamento entre ambas partes continuou tenso, mas no ano de 1609 tivemos uma trégua de doze anos com a Espanha, que no seu término tivemos a constituição da Companhia das Índias Ocidentais (West Indische Compagnie (WIC)) que foi baseada nos bons resultados alcançados pela Companhia das Índias Orientais cabendo lembrar que a primeira seria responsável pelas ações de invasão do Brasil.
Prosseguindo temos que ressaltar que os holandeses tinham um forte comércio com Portugal, mas devido ao processo de emancipação política da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos os espanhóis retaliaram este país através da proibição de continuar este comércio e a partir desse cenário político os holandeses abordam na costa brasileira com o intuito de apropriar-se da propriedade alheia.
Devido a este rompimento comercial e especificamente o interesse que os holandeses tinham no açúcar brasileiro neste momento histórico ocorreu a Invasão Holandesa na Bahia (9.05.1624) que se deu com vinte e seis embarcações e uma tropa de 1.700 pessoas além dos marinheiros. Esta invasão que foi comandada por Jacob Willekens (1571-1633) e Pietersen Piet Heyn (1577-1629) obteve sucesso inicial na sua empreitada.
Cabe mencionar que apesar do sucesso inicial esta invasão começa a ter problemas, pois houve reação por parte dos moradores (esta resistência foi liderada pelo bispo dom Marcos Teixeira) que com a chegada de reforços oriundos da Europa os holandeses acabaram sendo expulsos do Brasil.
No ano de 1628 a Companhia das Índias Ocidentais conseguiu capturar uma frota espanhola oriunda do porto de Matanazas localizado em Cuba através dos navegadores Hendrick Corneliszoon Loncaq (1568-1634) e Pietersen Piet Heyn), obtendo assim prata e outros produtos valiosos possibilitando assim o financiamento de outra invasão as terras brasileiras.
A segunda invasão dos Países Baixos no Brasil que analisaremos ocorreu inicialmente na capitania de Pernambuco no ano de 1630 (a expedição invasora foi maior que a anterior e foi comandada por Hendrick Corneliszoon Loncaqe Diendrich van Waerdenburgh). Cabe ressaltar que depois do confronto inicial houve a aproximação entre os donos de engenho de açúcar com os holandeses visto o interesse de ambas as partes em questão na normalização da produção açucareira isto facilitaria bastante a produção açucareira e consequentemente possibilitaria a obtenção de lucros sem maiores problemas.
Quem governou o Brasil-Holandês durante os anos de 1637-1644 foi o conde João Maurício de Nassau-Siegen sendo um período muito relevante para a época, visto que ele instituiu a liberdade religiosa, incentivou a cultura, além de conceder financiamentos para os donos de engenho de açúcar.
Com a saída do conde João Maurício de Nassau-Siegen a aproximação entre ambas às partes (brasileiros e batavos) diminuiu, visto o maior controle por parte da Companhia das Índias Ocidentais em relação às dívidas contraídas pelos donos de engenho de açúcar. Após isso tivemos o recrudescimento da resistência por parte dos brasileiros a qual recebera ajuda (reforço) de Portugal conseguindo a expulsão dos batavos em 1654.
Para sacramentar a paz entre holandeses e portugueses foi assinado o Tratado de Haia no ano de 1661 no qual os Países Baixos desistiam de vez de reivindicar terras no Brasil e recebia por parte de Portugal 4.000.000 de cruzados a título de indenização (pago em dinheiro, açúcar, tabaco e sal) e Ceilão (Sri Lanka), Málaca e Molucas.
Depois da retomada da região em questão os Países Baixos ainda causou transtornos a Portugal visto que este país iniciou o plantio de cana-de-açúcar nas Antilhas concorrendo com o açúcar brasileiro.

4.1.7-A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA E O SISTEMA COLONIAL
4.1.7.1-ASSOCIAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA COM A COROA PORTUGUESA
Falando de administração colonial não poderíamos deixar de mencionar a ação da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil visto a sua importância histórica que esta instituição religiosa acabou tendo para o país.
Primeiramente temos que mencionar a forte ligação da Igreja Católica Apostólica Romana com o Estado Português, manifestada através do padroado que era um acordo entre ambas as partes no qual Portugal ficaria responsável pelo recolhimento dos dízimos, nomeação dos bispos, e a criação de diocese e em troca teria que prover o pagamento do clero, erigir templos religiosos, zelar pela manutenção dos mesmos e fazer com que o catolicismo cresça dentro das colônias portuguesas.
Prosseguindo a análise histórica vale lembrar que o poder religioso no Brasil e nas outras colônias lusitanas foi exercido por Portugal através do padroado da Ordem de Cristo, visto esta ordem religiosa ao ser instituída ficou com a autoridade espiritual sobre todas as terras descobertas ou a descobrir.
O Brasil foi descoberto sob a sombra da Ordem de Cristo através da qual os monarcas lusitanos exerceriam a sua autoridade espiritual sobre a colônia descoberta por Pedro Álvares Cabral, cabendo lembrar que dom Manuel I, o Venturoso foi grão-mestre da Ordem de Cristo.
A Companhia de Jesus chegou ao Brasil no ano de 1549 e acabou sendo expulsa em 1759 pelo marquês de Pombal. Esta ordem religiosa católica não foi a única a trabalhar na catequese durante o Brasil-Colônia.
Em relação ao trabalho de catequese executado pela Igreja Católica Apostólica Romana, vale lembrar que os jesuítas agrupavam os indígenas em aldeamentos procedimento que visava facilitar a conversão dos gentios, o que contribuía para o seu apresamento visto a concentração de indígenas num mesmo local.
Em relação à ação da Igreja Católica Apostólica Romana não poderíamos deixar de ressaltar a participação do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição que em Portugal foi instalada no ano de 1536, durante o reinado de dom João III (1521-1557).
O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição no Brasil foi representado basicamente pelos visitadores sendo que a primeira visitação desse órgão da Igreja Católica Apostólica Romana aconteceu entre os anos de 1591-1595 e o visitador era Heitor Furtado Mendonça. No período de 1618-1621 tivemos a segunda visitação que foi executada por Marcos Teixeira e a terceira visitação acabou ocorrendo entre os anos de 1758-1763 sendo encabeçada por Geraldo José de Abranches.

4.1.7.2-ASSISTENCIALISMO CATÓLICO
A primeira rede assistencialista (amparo aos enfermos/inválidos e aos órfãos) no Brasil e durante muito tempo o único anteparo social que a sociedade brasileira foi a Santa Casa de Misericórdia (rede assistencialista de cunho católica de origem portuguesa), tendo como documento legal/fundador o Compromisso de Lisboa (1498), aprovado pelo monarca português dom Manuel I, o Venturoso (1469-1521) e confirmado (1499) pelo papa Alexandre VI (1431-1503). A primeira Santa Casa de Misericórdia de Lisboa (esta Santa Casa de Misericórdia foi fundada no dia 15 de agosto de 1498 através da monarca portuguesa Leonor de Avis (1458-1525) – tendo como original Irmandade de Invocação a Nossa Senhora da Misericórdia). Atualmente existem Santas Casas de Misericórdia nos seguintes países, a saber: Angola, Brasil, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, China, Moçambique, Palestina, Portugal, São Tomé e Príncipe e Ucrânia. No caso do Brasil esta instituição está presente em diversos municípios. As primeiras Santas Casas de Misericórdias do Brasil foram as seguintes, a saber: Santa Casa de Misericórdia de Olinda (1539), Santa Casa de Misericórdia de Salvador (1549), Santa Casa de Misericórdia de Vitória (1551), Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (1582), Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1599), Santa Casa de Misericórdia de João Pessoa (1602), Santa Casa de Misericórdia de Belém (1619), Santa Casa de Misericórdia de São Luís (1657) e Santa Casa de Misericórdia de Campos (1792).
Complementado a análise histórica sobre esta relevante instituição de caridade, não poderíamos deixar de mencionar sob o risco de sermos superficiais, o fato da Santa Casa de Misericórdia manterem cursos universitários na área de saúde, como por exemplo, a Escola de Saúde La Salle/Santa Casa (pós-graduação) localizada na cidade de Porto Alegre (RS), Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia (graduação e pós-graduação) localizada na cidade de São Paulo (SP), Faculdade Santa Casa (graduação e pós-graduação) localizada na cidade de Santa Casa BH (graduação e pós-graduação) localizada na cidade de Belo Horizonte (MG). Merece destaque os excelentes serviços prestados do neurocirurgião Paulo Niemeyer Soares (1904-2004) e o cirurgião plástico Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy (1926-2016) através da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

4.1.8-LEGISLAÇÃO COLONIAL
Em relação à administração colonial não poderíamos deixar de afirmar que a legislação colonial seguia as linhas gerais da legislação portuguesa que eram conhecidas como Ordenações Reais (de modo geral eram de cunho absolutista) e seguiam como parâmetro a legislação romana (Império Romano).
Podemos destacar as seguintes ordenações, a saber:
a-Ordenações Afonsinas: visava solidificar a subordinação do poder local (município) em relação ao poder central (Coroa Portuguesa);
b-Ordenações Manuelinas: manteve as linhas gerais as Ordenações Afonsinas;
c-Ordenações Filipinas: enfocava a organização da Câmara Municipal.

5-ECONOMIA COLONIAL
Em relação à economia colonial não poderíamos deixar de mencionar que ela foi montada basicamente para atender os interesses do Reino de Portugal trazendo praticamente nenhum benefício econômico ou social para o Brasil, cabendo lembrar um outro aspecto bastante relevante do ponto de vista histórico que é o fato de um produto dominar o cenário econômico colonial por um determinado período de tempo (isto não implicava no desaparecimento dos outros produtos dentro da economia do Brasil-Colônia) sendo chamado este espaço de tempo de ciclo econômico.
Complementando esta questão temos que a estrutura socioeconômica aqui implantada pelos portugueses era a de uma colônia de exploração, que consistia basicamente no trabalho escravo, latifúndio agroexportador e monocultura, sendo uma sociedade dicotômica aonde tivemos uma pequena parcela da população na posição de classe dominadora e uma grande parcela da população na posição de classe dominada.
A espoliação (exploração) das colônias de exploração era regida pelo pacto colonial no qual temos uma região (colônia) do mundo que estaria na posição de servir de economia complementar para outra região (metrópole) do mundo, no caso do Brasil ele estava no papel de colônia de Portugal que era a nossa metrópole, consequentemente a estrutura social das colônias de exploração era montada de acordo as necessidades da metrópole.

5.1-PAU-BRASIL (CAESALPINA ECHINATA)
O primeiro ciclo econômico do Brasil foi o do pau-brasil, árvore que servia principalmente para o tingimento de tecidos e de forma secundária para a construção de móveis e navios, tendo a sua relevância continuado após a Independência do Brasil (1822). Esta importância foi esvaziada com a descoberta da anilina no ano de 1826 pelo químico Otto Paul Unverdorben (1806-1873) e apesar disso permaneceu na pauta de exportação do Brasil até o ano de 1875.
Pela abundância do pau-brasil que existia entre as áreas dos atuais estados do Rio Grande do Norte (Natal) e Rio de Janeiro (Cabo Frio) e a importância desse produto no mercado europeu, esta árvore tornou-se uma fonte de renda apreciável para os lusitanos, tanto que este produto vegetal teve o estanco (monopólio estatal) instituído em 1502 e acabou no ano de 1509.
A exploração dessa árvore foi concedida à iniciativa privada e a primeira concessão foi dada por dom Manuel I, o Venturoso para um grupo de comerciantes liderados pelo português Fernando de Noronha no ano de 1502 por um período de três anos, sendo que essa concessão acabou sendo renovada nos anos de 1506, 1509 e 1511, terminando de vez este direito de exploração em 1515.
Este grupo de comerciantes comprometia-se a defender a colônia de estrangeiros, explorarem 900 léguas (em torno de 5.715 quilômetros) de litoral, instalar uma feitoria e pagar o quinto (vinte por cento) para a Coroa Portuguesa. Inserido nesta concessão Portugal comprometera-se a não importar o similar dessa planta de outras regiões do mundo, além de que no primeiro ano dos três anos do arrendamento a Coroa Portuguesa não cobraria o imposto devido.
A exploração do pau-brasil era dada de uma forma bastante simples, sendo através do escambo que era nada mais do que a troca pelo serviço de corte, transporte, armazenamento das árvores nas feitorias e embarque nos navios lusitanos executados pelos indígenas, por espelho, facão, machado, tecido entre outros objetos.
A espoliação dessa madeira não favoreceu a colonização do Brasil, pois ela não promoveu a fixação do homem a terra.
Esta atividade econômica foi bastante predatória tendo em vista que durante o período colonial (1500-1822) foram abatidas aproximadamente 70.000.000 árvores e em meados do século XVI (1501-1600) ela era encontrada a pelos menos dezoito quilômetros do litoral e no final do século XIX (1801-1900) esta árvore não era encontrada a menos de 150 quilômetros do litoral. Isto deixa bastante claro a preocupação colonizadora por parte de Portugal no Brasil, pois os portugueses ao chegarem ao Brasil estavam mais preocupados em enriquecer do que criar um novo país no continente americano e preservar o meio ambiente (cabe lembrar que devido a esta exploração predatória dessa árvore o pau-brasil está ameaçada de extinção).

5.2-CANA-DE-AÇÚCAR (SACCHARUM OFFICARUM)
Em relação ao nosso segundo ciclo econômico do Brasil temos que mencionar primeiramente o fato da necessidade que os lusitanos tiveram em colonizar a terra descoberta por Pedro Álvares Cabral tendo em vista que neste momento histórico o Brasil estar sendo assediado por outras nacionalidades em especial os franceses.
Inserido neste aspecto histórico era necessário encontrar uma atividade econômica a qual atendesse os interesses lusitanos integrando a colônia a sua economia. Como inicialmente não foi encontrada nenhuma jazida de ouro ou prata, direcionou-se então a solução para o setor agrícola desde que encontrasse um produto de grande valor econômico e com aceitação no mercado europeu.
A solução encontrada foi o plantio da cana-de-açúcar produto o qual contava a seu favor a experiência que os lusitanos tinham em cultivá-lo nas ilhas da Madeira e Açores além de ser produto de alto valor econômico.
Esta atividade permitiu a fixação do colono na terra, impediu o assentamento de outros povos e promoveu a entrada em grande quantidade do elemento africano na forma de escravo no Brasil, visto a necessidade de muita mão de obra para por em funcionamento essa atividade econômica.
Em relação aos engenhos de açúcar poderíamos mencionar a existência de dois tipos. O primeiro era chamado de engenho real ou engenho d`água, sendo este tipo de engenho movido por água corrente (rio), tendo uma produtividade quase duas vezes superior em relação aos que não eram movidos por essa força motriz.
O engenho real era raro como aparece no caso da capitania de Pernambuco, por exemplo, que no ano de 1777 havia no total 369 engenhos de açúcar dos quais apenas dezoito eram movidos por água corrente, perfazendo assim quase cinco por cento do total do conjunto de engenhos de açúcar. O segundo tipo de engenho de açúcar existente no Brasil era chamado de engenhocas ou engenho de bois ou cavalo sendo movidos pela tração animal ou humana (especificamente de escravos).
Esta atividade econômica era baseada na monocultura, latifúndio, exportação e mão de obra escrava.

5.3-TABACO (NICOTINA TABACUM)
O tabaco planta nativa da América (cultivada basicamente nas capitanias da Bahia (principalmente), Maranhão, Minas Gerais, Pará e Pernambuco) era muito relevante para a economia colonial, pois tinha a serventia (utilidade) de ser moeda de troca na obtenção de elementos servis (escravos) no continente africano, sendo também exportado para o continente europeu.

5.4-GADO BOVINO (BOS TAURUS)
O gado bovino foi introduzido no Brasil no ano de 1534, por Ana Pimentel esposa de Martim Afonso de Souza, sendo que as primeiras cabeças vieram do Arquipélago de Cabo Verde.
Inicialmente esta atividade econômica estava diretamente ligada ao ciclo da cana-de-açúcar sendo criado nas fazendas produtoras de cana-de-açúcar servindo como fornecedora de tração animal, carne e couro.
A comunhão entre essas duas atividades não durou por muito tempo, visto a expansão de a lavoura açucareira ter expulsado a criação bovina do litoral brasileiro. No ano de 1688 houve a proibição da criação de gado numa distância menor a dez léguas (em torno de sessenta e três quilômetros e quinhentos metros) do litoral e em 1701 temos novamente uma proibição semelhante no sentido de não haver criação de gados localizada a menos de dez léguas do litoral.
Esta atividade econômica foi muito importante, pois incentivou a colonização do interior apesar de não se utilizar muita mão de obra.

5.5-MINERAÇÃO
A descoberta de metais preciosos (mais precisamente de ouro) no Brasil deu-se na virada do século XVII (1601-1700) para o século XVIII (1701-1800).
O Brasil sofreu uma importante alteração demográfica devido ao fluxo de pessoas na direção dele, aumentando assim a população do Brasil no final do século XVII de 300.000 habitantes para o número de 3.300.000 habitantes no final do século seguinte. Com isso tivemos um aumento de aproximadamente dez vezes em um período de cem anos, visto a importância da atividade mineradora do ponto de vista econômico.
O ciclo da mineração provocou alteração na estrutura social da época (vide a sociedade açucareira que estava baseada numa dicotomia entre os senhores de engenho e os escravos), que foi o grande aumento de determinadas atividades profissionais paralelas a ela como entre outras as seguintes, a saber: advogado, artesão, estalajadeiro, funcionário público, médico e taberneiro. Isto acabou constituindo assim uma classe intermediária dentro da sociedade brasileira.
Temos que mencionar também o fato da sociedade mineradora as pessoas tinham mais possibilidades de ascensão social havendo uma maior distribuição de renda e era mais urbanizada do que a sociedade açucareira.
Isto aconteceu devido ao crescimento da economia colonial, visto a necessidade de abastecimento da região mineradora (produtos de subsistência, escravos e animais para carregar as cargas (servindo especificamente para essa tarefa os muares (mulas), que eram mais bem preparadas para as condições geográficas da região mineradora)) e as pessoas não estarem preocupadas com a produção de produtos de subsistência.
Dentro dessa explicação é bom ressaltarmos que essa alteração social acabou não provocando mudanças de proporções revolucionárias dentro da estrutura social do Brasil-Colônia a ponto de torná-lo um local sem problemas graves. Isto é decorrente do fato que esta mudança não beneficiou a maioria esmagadora dos mais desfavorecidos socialmente (pobres) abrindo apenas uma pequena brecha na rígida estrutura social possibilitando a ascensão social para os que conseguissem êxito na mineração ou nas outras atividades econômicas existentes na época ligadas à mineração.
A partir disso tivemos uma maior integração econômica das diversas regiões da colônia, conjuntamente com a criação de um mercado interno, do deslocamento do eixo econômico do nordeste para o centro-sul e por fim tivemos a colonização do interior.
No dia 18 de abril de 1702 (terça-feira) tivemos uma nova legislação aurífera, que sistematizava o sistema fiscal referente à área mineradora, sendo denominada de Regimento dos Superintendentes, Guardas-mores e Oficiais Deputados Para as Minas do Ouro.
Neste regimento foi criada a Intendência das Minas a qual deveria existir em cada centro minerador. Podemos citar como funções básicas desse órgão em questão o policiamento da região, controle das explorações das minas, questões judiciais referentes à mineração e a cobrança de impostos.
Quando tínhamos a descoberta de alguma mina o guarda-mor (funcionário da Intendência das Minas) escolhia duas datas (uma para ele mesmo e a outra para a fazenda real), cabendo duas datas para o descobridor da área e o resto seria leiloado para quem tivesse no mínimo doze escravos.
Em relação à cobrança do quinto Portugal utilizaram-se da capitação, sistemas de fintas e das casas de fundição.
Primeiramente tivemos a capitação que consistia basicamente na cobrança de imposto pela quantidade de escravos pertencentes aos mineradores, gerando insatisfação por parte dos mesmos, pois se os escravos não encontrassem ouro nenhum o imposto seria cobrado da mesma forma.
O sistema de fintas consistia basicamente na cobrança de uma quantidade fixa de imposto que era de trinta arrobas (uma arroba equivale a catorze quilos e seiscentos e oitenta e oito gramas) por ano, mas se sentido lesado Portugal resolveu abolir esta forma de cobrança. A partir dessa situação Portugal volta a utilizar o sistema anterior fato que acabou não se efetivando de forma consistente por ter havido resistência. Por causa disso o governo de Portugal volta ao sistema de fintas.
Devido ao fato do rei lusitano continuar insatisfeito houve a implantação das casas de fundição nas quais os mineradores deveriam levar o ouro em pó para a devida cobrança do imposto, pois nestes lugares o ouro em pó seria transformado em ouro em barra fazendo o desconto referente ao imposto (quinto) a ser pago a Coroa Portuguesa.
Cabe lembrar que o imposto de capitação foi reintroduzido (foi abolido novamente em 1751, tendo sido implantado um sistema misto no qual existiria além das casas de fundição uma cota mínima de cem arrobas para o pagamento de imposto).
Caso esta cota por ventura não fosse alcançada o imposto devido seria cobrado da população que de modo geral era feito através da derrama.

5.6-DROGAS DO SERTÃO
As drogas do sertão consistiam num conjunto de produtos (anil, baunilha, cacau, canela, castanha, cravo, pimenta, plantas medicinais, guaraná, salsaparrilha e urucum) que tinham algum valor econômico e eram encontrados na região amazônica. Estes produtos incentivaram a ocupação da região amazônica, tendo em vista que as pessoas que iam para esta região procurar essas mercadorias acabavam fixando moradia neste local.

5.6.1-ANILEIRA (INDIGOFERA SUFFRUTICOSA)
Da anileira era extraído o anil que era uma substância utilizada para tingimento de tecidos. Apesar de ser considerada uma droga do sertão o principal centro produtor era a capitania do Rio de Janeiro, cabendo lembrar que a sua produção era destinada ao mercado externo.
A produção do anil no Brasil entrou em decadência devido à concorrência da Índia (cuja produção foi estimulada pela Inglaterra) e pela péssima qualidade da produção brasileira.

5.6.2-CACAUEIRO (THEOBROMA CACAO)
O cacau fazia parte das drogas do sertão e durante o período colonial foi um dos principais produtos da região amazônica e fazia parte da pauta de exportação do Brasil.
Até o século XIX a região amazônica era a principal produtora dessa mercadoria, sendo que a partir desse momento a região nordeste (basicamente o estado da Bahia) passa a ser a principal produtora.

5.7-ESCRAVIDÃO
No continente americano o Brasil foi uma das primeiras colônias (regiões) a utilizar mão de obra escrava africana (este tipo de mão de obra foi introduzida no Brasil durante o século XVI pelos lusitanos) e uma das últimas a deixar de usá-la. Vale lembrar que foi também uma das regiões que mais se utilizou (a grande importação dos escravos advém da grande demanda) desse tipo de mão de obra.
Em relação ao recrutamento dos africanos para o trabalho escravo, num primeiro momento os recrutados eram os que tivessem sido feito prisioneiros em alguma guerra ocorrida entre os diversos grupos étnicos africanos ou cometido algum crime, mas incentivado pelos altos lucros obtidos pela comercialização de mão de obra escrava este modelo de obtenção de mão de obra escrava acaba tomando-se secundária sendo suplantada pelo modelo de obtenção de mão de obra escrava o qual alguns reinos africanos capturavam pessoas com a intenção de vendê-las como escravos. Os africanos capturados eram trocados por diversas mercadorias podendo destacar as seguintes, a saber: bebida alcoólica, ferragens, fumo e material bélico.
O translado dos africanos entre a África e a América não acontecia de forma agradável aos africanos tendo em vista que aproximadamente quarenta por cento deles faleciam no trajeto.
Do ponto de vista da sociedade escravista os escravos não eram tratados de forma igual tendo em vista que de acordo com o sexo, idade e região de origem eles eram direcionados para exercer determinadas funções, cabendo ressaltar que dentro desse contexto histórico os escravos eram classificados da seguinte maneira, a saber:
a-Boçal: escravo nascido na África (recém-chegado) e não integrado totalmente a sociedade brasileira;
b-Crioulo: escravo nascido no Brasil e integrado totalmente a sociedade brasileira;
c-Ladino: escravo nascido na África (não era recém-chegado) e integrado totalmente a sociedade brasileira;
Em relação à escravidão no Brasil é interessante mencionar que os escravos não ficaram passivos em relação à opressão do sistema socioeconômico durante o Brasil-Colônia e Brasil-Império tendo os escravos reagindo de formas diferentes. Uma das formas utilizadas pelos escravos na sua defesa neste período da História do Brasil foram à fuga dos seus respectivos “donos” indo de modo geral buscar refúgio nos quilombos.
Os quilombos de modo geral eram lugares os quais os escravos fugidos escondiam-se para escapar da opressão da escravidão, tendo havido vários quilombos durante o período em que perdurou a escravidão no Brasil. O mais conhecido de todos foi o Quilombo dos Palmares tendo existido durante o século XVII na região do atual estado de Alagoas. O término desse quilombo ocorreu no final do século XVII, quando uma expedição comandada por Domingos Jorge Velho (1641-1705) o destruiu.
Cabe lembrar que a pessoa que vivia nos quilombos era conhecida pelo termo quilombola e que diversos quilombos resistiram à opressão efetuada pelas classes dominantes e houve casos de quilombos os quais permaneceram até o fim da escravidão (com a Lei Áurea) e que seus descendentes vivem ainda nos mesmos lugares dando de certa maneira continuidade a estas comunidades.
Os escravos resistiam à escravidão cometendo suicídio e matando as suas crianças evitando assim que elas se tornassem escravas além de provocar grandes prejuízos para os senhores de escravos, tendo em vista que a perda do escravo provocava a perda do dinheiro investido além do fato que o escravo deixava de gerar lucros para os “donos” deles.
Cabe ressaltar que os indígenas também foram utilizados como escravos, mas esta modalidade de utilização de exploração dos indígenas foi proibida de ser utilizada ainda no período colonial.

5.8-COMÉRCIO (COMPANHIAS DE COMÉRCIO)
As companhias de comércio eram empresas monopolistas (tinham o monopólio do comércio de alguns produtos) criadas pela Coroa Portuguesa para garantir o abastecimento para o Brasil de mercadorias e por extensão da exportação de produtos produzidos pela colônia. De modo geral as mesmas não alcançaram êxito no seu intento devido ao uso indevido de suas atribuições.
Podemos citar como exemplo de companhias de comércio as seguintes, a saber: Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649-1720), Companhia do Comércio do Estado do Maranhão (1682-1689), Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778) e Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba (1756). É interessante ressaltar que existiram outras companhias de comércio as quais atendiam outras partes (África e Ásia) do Império Colonial Português.

6-REVOLTAS COLONIAIS
6.1-NOÇÕES GERAIS
No Brasil apesar do forte controle exercido por Portugal (com o intuito de garantir os seus interesses nas terras brasileiras) durante o período colonial houve muitos levantes (revoltas) os quais ocorreram por diversos motivos. É importante ressaltar que estas revoltas do ponto de vista das suas reivindicações podem ser classificadas em dois tipos, a saber: revolta nativista e revolta separatista.
O primeiro tipo de movimento rebelde (revolta nativista) mencionado queria apenas reformar alguns aspectos do pacto colonial, não pensando ainda em separação política em relação a Portugal e só vendo os interesses de uma determinada região colonial. Elas começaram a surgir a partir do século XVII.
O segundo tipo de movimento rebelde (revolta separatista) surgiu a partir do final do século XVIII, cujo objetivo principal era a obtenção da emancipação política do Brasil em relação a Coroa Portuguesa demonstrando assim o amadurecimento da sociedade brasileira. O divisor de águas entre esses dois tipos de rebeliões foi a Inconfidência Mineira movimento rebelde que será analisado a seguir.
Vale à pena mencionar que de modo geral as revoltas coloniais eram movimentos setoriais, não se preocupando com o conjunto da população (em especial com a população escrava) e nem com uma profunda reforma na estrutura socioeconômica que perdurou durante o período colonial, entretanto não poderíamos deixar de mencionar um exemplo de exceção a este aspecto da História do Brasil que foi a Inconfidência Baiana (Conjuração Baiana).
Em relação aos a repressão aos diversos movimentos de contestação a Coroa Portuguesa é importante ressaltar que os lusitanos eram bastante zelosos em relação a manutenção do seu poder nas terras brasileiras, tendo ocorrido até um fato muito curioso que foi a Conjuração do Rio de Janeiro que ao se proceder a derrama a justiça portuguesa nada constatou sendo apenas um grupo de intelectuais que queriam discutir assuntos científicos.

6.2-REVOLTAS NATIVISTAS
6.2.1-“REI” DE SÃO PAULO (CAPITANIA DE SÃO VICENTE/1641)
Na capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo) tivemos um movimento rebelde de cunho elitista chamado “Rei” de São Paulo, consistindo basicamente na tentativa de aclamar um rei que no caso seria Amador Bueno da Ribeira o qual não aceitou o referido pedido fugindo para um mosteiro, sendo que os monges convenceram a população em aceitar o novo monarca que a metrópole acabava de ter.
Este movimento eclodiu quando chegaram oriundos do Reino de Portugal enviados lusitanos nesta capitania, exigindo juramento de fidelidade a dom João IV que ascendeu ao trono português depois do reino português sair do controle espanhol (União Ibérica).
Esta perturbação da ordem pública aconteceu basicamente para atender os interesses das pessoas preocupadas em não perder terras e privilégios além de alguns setores interessados em expandir as suas atividades econômicas em direção ao Rio da Prata.

6.2.2-REVOLTA DA CACHAÇA (CAPITANIA DO RIO DE JANEIRO/1660-1661)
A Revolta da Cachaça foi uma revolta ocorrida na capitania do Rio de Janeiro, tendo ocorrido devido a questões econômicas e políticas.
A cachaça foi proibida pela Coroa Portuguesa no ano de 1635, proibição reafirmada em 1659, devido a questões comerciais. Isto ocorreu porque a cachaça (produzida no Brasil) fazia concorrência como vinho (produzido em Portugal), prejudicando assim os interesses de Portugal. Esta proibição deixou os produtores de cachaça extremamente insatisfeitos com a Coroa Portuguesa.
Prosseguindo a análise histórica não poderíamos deixar de ressaltar que o governador Correia de Sá e Benevides, tendo em vista a necessidade de fazer frente às despesas relativas as tropas (aumento do contingente e regularização do soldo devido aos constantes atrasos) solicitou ao Senado da Câmara do Rio de Janeiro a instituição de um imposto predial.
Inicialmente este imposto não foi aprovado e no seu lugar tivemos a aprovado e no seu lugar tivemos a instituição do imposto sobre a cachaça e a carne, mas como a arrecadação foi baixa o imposto predial acabou sendo aprovado.
As questões políticas referem-se ao fato que setores da sociedade fluminense estavam insatisfeitos com o predomínio político da família Correia de Sá e Benevides na capitania do Rio de Janeiro.
Os revoltosos se aproveitaram do fato que o governador Salvador Correia de Sá e Benevides estava ausente da sede da capitania do Rio de Janeiro e se levantaram no dia 8 de novembro de 1660 (segunda-feira) sob a liderança de Jerônimo Barbalho Bezerra.
Os revoltosos acabaram substituindo tanto o Senado da Câmara como o governador interino (instituído pelo governador devido a sua ausência) tendo sido nomeado como governador Agostinho Barbalho Bezerra (irmão de Jerônimo Barbalho Bezerra).
Devido a questões políticas Agostinho Barbalho Bezerra foi afastado do cargo e substituído pelo Senado da Câmara do Rio de Janeiro.
No ano de 1661 Salvador Correia de Sá e Benevides retorno a sede da capitania do Rio de Janeiro e desbaratada este movimento rebelde. Ele designa o desembargador Antonio Nabo Pessanha para implantar a devassa.
Como resultado da devassa, tivemos que Jerônimo Barbalho Bezerra e Jorge Ferreira Bulhões foram indiciados líderes da revolta, mas só o primeiro teve a sua pena aplicada (a pena de morte foi cumprida no dia 10 de abril de 1661 (domingo)), tendo em vista que o segundo faleceu dentro da prisão. Os demais condenados ficaram presos em Portugal e posteriormente foram perdoados pela Coroa Portuguesa.
Apesar da repressão inicial o resultado foi positivo, pois o aumento da carga tributária foi suspensa, a proibição da produção da cachaça foi revogado e a família Correia de Sá e Benevides perdeu prestígio social abrindo espaço político para outros setores da sociedade fluminense.

6.2.3-REVOLTA DO NOSSO PAI OU CONSPIRAÇÃO DE NOSSO PAI (CAPITANIA DE PERNAMBUCO/1666)
A administração do governador da capitania de Pernambuco (Jerônimo de Mendonça Furtado conhecido como Xumberga) não estava sendo bem aceita pela população em geral e consequentemente a população dessa capitania revoltou-se contra a pessoa dele.
Durante a procissão de Nosso Pai (preparada justamente para isto) houve a revolta e a prisão de Jerônimo de Mendonça Furtado o qual foi remetido para Portugal que ratificou a prisão dele e a Coroa Portuguesa acabou não punindo ninguém pela subversão da ordem pública.

6.2.4-REVOLTA DE BECKMAN (ESTADO DO MARANHÃO/1684)
A Revolta de Beckman eclodiu no estado do Maranhão (fazia parte dessa unidade administrativa as capitanias do Ceará, Maranhão e Grão-Pará) basicamente devido ao problema relativo à mão de obra, mais precisamente na insistência dos colonos em capturar os silvícolas (índios) para utilizar-se da sua mão de obra como escravos, indispondo-se assim com os jesuítas (que eram contrários a esta prática), questão que não foi resolvido com a fundação de uma companhia de comércio como será vista mais adiante.
Portugal fundou no ano de 1682, a Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão que tinha o direito de fornecer 500 escravos africanos por ano para o Brasil, além de possuir o monopólio do comércio por um período de vinte anos.
Esta companhia de comércio utilizou-se o seu direito de monopólio de uma maneira muito nociva a sociedade colonial tendo em vista que cobrava altos preços pelos produtos por ela comercializados comprando a preços muitos baixos as mercadorias provenientes dos colonos, além de fraudar as medidas e pesos das mercadorias e não fornecer a quantidade de escravos africanos a qual ela estava comprometida. Isto acabou colaborando para que houvesse a eclosão da revolta em questão.
A reação de Portugal foi bastante violenta esmagando a revolta e dois de seus principais líderes foram enforcados sendo os nomes deles Manuel Beckman (1630-1685) e Jorge Sampaio. No ano de 1685 a Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão foi extinta. Com o fim da revolta os colonos acabaram ficando com o direito de capturar os índios, mas em “guerra justa”, que consistia basicamente no direito dos colonos de atacar e consequentemente capturarem os indígenas utilizando-os como escravos caso por ventura os colonos tivessem sido atacados pelos silvícolas.

6.2.5-GUERRA DOS EMBOABAS OU REVOLTA DOS EMBOABAS (CAPITANIA DO RIO DE JANEIRO/1708-1709)
A Guerra dos Emboabas transcorreu devido ao fato dos paulistas acharem-se no direito de possuírem com exclusividade as minas e a partir daí eles começaram a hostilizar os forasteiros (os quais vieram em grande número para esta região do Brasil de outras partes do país e do continente europeu).
Os paulistas apelidaram os novos moradores da região de emboabas que é um termo pertencente à língua tupi cujo significado ainda é cercado de certo mistério, sendo que algumas pessoas traduzem esta palavra por “forasteiro” ou “inimigo” enquanto outras pessoas consideram esta palavra como o nome de uma ave com penas nas suas pernas, fazendo-se alusão (referência) as bodas utilizadas pelos portugueses.
As duas partes entraram em confronto diversas vezes, podendo destacar o combate conhecido como Capão da Traição onde 300 paulistas foram cercados e depois enganados pelos seus rivais, os quais não levando em consideração o fato deles estarem entregando-se e massacraram os paulistas. Os paulistas foram liderados por Manuel Borba Gato e os emboabas por Manuel Nunes Viana.
O problema foi revolvido quando a Coroa Portuguesa concede o perdão geral e desmembra a capitania do Rio de Janeiro criando mais uma capitania (capitania de São Paulo e das Minas do Ouro). O objetivo dessas duas medidas era apaziguar os ânimos e melhorar a administração pública na região afetada pelo conflito.

6.2.6-GUERRA DOS MASCATES (CAPITANIA DE PERNAMBUCO/1710-1711)
Em relação à Guerra dos Mascates, é relevante ressaltar o fato da vila de Olinda apesar da sua decadência econômica, ela ainda dominava o cenário político da capitania de Pernambuco através da sua câmara municipal.
Recife por sua vez ainda não possuía a sua autonomia política, mas era o centro econômico da capitania devido os lucros do comércio dos lusitanos e o financiamento das plantações de cana-de-açúcar.
O problema eclode quando Recife sai da jurisdição de Olinda e devido a isto foi aberto às portas para a sua ascensão política, representando assim um perigo para a sua rival, estourando o confronto.
A questão termina com a posse do governador Félix José Machado que puniu alguns dos envolvidos no conflito e mantém a autonomia de Recife. No ano seguinte a Coroa Portuguesa concede a anistia aos envolvidos.

6.2.7-MOTIM DO MANETA (CAPITANIA DA BAHIA/1711)
O Motim do Maneta foi uma rebelião ocorrida na cidade de Salvador (capitania da Bahia) liderado por João de Figueiredo da Costa (Maneta) contra o aumento do imposto do imposto sobre alimentos e escravos pelo governador Pedro de Vasconcelos.
Como o governo não tinha condições de controlar a rebelião cede aos pedidos dos revoltos e suspende o aumento do imposto além de conceder anistia geral aos revoltosos. Posteriormente os impostos foram aumentados.

6.2.8-REVOLTA DE VILA RICA OU REVOLTA DE FELIPE DOS SANTOS (CAPITANIA DE SÃO PAULO E DAS MINAS DO OURO/1720)
No ano de 1720 tivemos um levante contra a intenção (desejo) do governo de Portugal de instalar algumas casas de fundição na capitania de São Paulo e das Minas do Ouro (a intenção da instalação das casas de fundição é devido à sonegação de imposto), proibindo a circulação do ouro em pó e/ou pepitas, só podendo circular barras de ouro quitadas (imposto do quinto pago). Nas casas de fundição o ouro em pó e/ou pepitas seriam transformadas em barras e o imposto devidamente cobrado.
Os revoltosos liderados pelos mineradores Pascoal da Silva Santos e Felipe dos Santos Freire (1691-1720) inicialmente foram contra Pedro Miguel de Almeida e Vasconcelos (conde de Assumar) o governador da capitania de São Paulo e Minas Gerais, mas este os engana, pois não havendo tropas suficientes para reprimir este movimento, ele diz que atenderia as exigências dos revoltosos (a não instalação das casas de fundição) e acaba não fazendo.
Conde de Assumar reúne forças e acaba com a revolta o Felipe dos Santos Freire foi enforcado e esquartejado sendo as partes do seu corpo colocadas em quatro pontos da cidade de Vila Rica para servir de exemplo não podendo esquecer que ele era um dos mais pobres dentro desse movimento rebelde. Tivemos como resultado a protelação (adiamento) da instalação das casas de fundição até o ano de 1725 quando elas foram instaladas.

6.3-REVOLTAS SEPARATISTAS
6.3.1-INCONFIDÊNCIA MINEIRA (CAPITANIA DE MINAS GERAIS/1789)
Em relação à Inconfidência Mineira podemos constatar vários motivos os quais levaram ao surgimento desse movimento rebelde, podendo citar inicialmente a Independência das Treze Colônias, pois acabou servindo de exemplo porque se uma região colonial conseguiu obter a sua independência abria assim precedência para que outras regiões coloniais fizessem o mesmo, cabendo lembrar que além do exemplo tivemos também para incentivar o surgimento da revolta em questão à parte “teórica” visto o surgimento e divulgação das ideias iluministas às quais “questionavam” o poder vigente.
Como motivo para o surgimento desse movimento pode levar em consideração, a tributação imposta à capitania de Minas Gerais, com o agravante que havia dificuldades em pagar a cota anual do quinto (cem arrobas), tanto que o imposto devido à Coroa Portuguesa estava contabilizado em 384 arrobas (aproximadamente 5.640 quilogramas) de ouro, e quem assume o cargo de governador da capitania de Minas Gerais foi Luis Antonio Furtado de Mendonça (visconde de Barbacena), o qual tinha ordens expressas de aplicar a derrama (cobrança do imposto devido).
A partir dessa sinistra situação temos um grupo de colonos que começou a conspirar contra a metrópole, sendo que os seus membros eram de modo geral oriundos da elite colonial. Podemos citar como exemplos de pessoas as quais participaram da Inconfidência Mineira os seguintes nomes, a saber: advogado Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), padre José de Oliveira Rolim, cônego Luís Vieira, poeta Tomás Antônio Gonzaga (1744-1809), comandante do Regimento dos Dragões de Minas tenente-coronel Francisco de Paula Freire Andrade e o alferes (2º tenente) Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes (1746-1792).
Este movimento rebelde pretendia obter a emancipação política do Brasil, cabendo ressaltar que a Inconfidência Mineira previa entre outras medidas as seguintes, a saber: implantação da república, incentivo as atividades indústrias, implantação da capital em São João Del-Rei, instalação de uma universidade em Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto (atual Ouro Preto), favorecer a produção agrícola através da doação de terras as famílias pobres, instalação do serviço militar obrigatório (como é atualmente), incentivo as famílias em terem uma prole numerosa e a libertação dos escravos que tivessem participado desse movimento rebelde.
Cabe lembrar que a bandeira da Inconfidência Mineira ao ser elaborada tinha um triângulo verde no seu centro (ela representaria a Santíssima Trindade) com uma frase escrita em latim (Liberta quae sera tamen) que significa Liberdade ainda que tardia.
Vale à pena ressaltar que a Inconfidência Mineira foi um movimento que visava apenas tratar dos interesses dos proprietários, separando-se de Portugal para aumentar os seus lucros e defender os seus objetivos.
O levante começaria no dia da derrama tendo este movimento rebelde sido desmontado a partir de denúncias feitas pelo coronel Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Grutes (1756-1819), tendo feito isto com o intuito de obter o perdão de sua dívida com a Coroa Portuguesa objetivo que foi alcançado.
As condenações para os envolvidos na Inconfidência Mineira variaram entre o degredo e a morte cabendo lembrar que Tiradentes acabou sendo a única pessoa a cumprir a pena de morte (21.04.1792) que acabou sendo executada na cidade do Rio de Janeiro. Joaquim José da Silva Xavier depois do seu enforcamento teve o seu corpo esquartejado e colocado ao longo da estrada que ligava as capitanias do Rio de Janeiro e Minas Gerais com o intuito de servir de exemplo para as outras pessoas não tomassem nenhuma atitude que fosse contrária aos interesses da Coroa Portuguesa.

6.3.2-INCONFIDÊNCIA BAIANA (CAPITANIA DA BAHIA/1798)
A situação da capitania da Bahia neste momento histórico era bastante complicada tendo em vista, por exemplo, noventa por cento de sua população passava por grandes dificuldades sociais (vide a fome e os preços altos das coisas em geral), sendo que pelo fato da economia açucareira estar recuperando-se tivemos um interesse maior pelo seu cultivo e consequentemente o aumento do plantio e o desinteresse pelo cultivo dos produtos que eram voltados basicamente para a subsistência da população.
A Inconfidência Baiana (Conjuração Baiana, Revolução dos Alfaiates e Revolta dos Búzios) foi um dos movimentos rebeldes de cunho mais popular transcorrido durante todo o período colonial, tendo no seu rol de membros soldados, artesãos, sapateiro, escravos, negros forros e alfaiates (daí a origem de um dos vários nomes desse movimento rebelde) entre outros. Eles pretendiam aumentar o soldo (pagamento) da tropa, fundar uma república democrática e extinguir a escravidão além do preconceito social.
No momento da distribuição das penas, os mais desfavorecidos socialmente (pobres), foram os mais severamente punidos pelo governo, acontecendo ao contrário em relação aos mais favorecidos socialmente (ricos), uma clara alusão como estava organizado a sociedade do Império Português onde os ricos tinham “direitos” e os pobres apenas os “deveres”.
Cabe lembrar que se esse levante teve um cunho popular (basicamente os seus membros eram das classes sociais mais baixas da sociedade baiana) isto já não ocorrera com a Inconfidência Mineira que foi um movimento que visava meramente os interesses da elite colonial, em especial das Minas Gerais.
Vale à pena lembrar que dentro da composição social da Inconfidência Baiana tinha alguns elementos da elite social.

6.3.3-CONSPIRAÇÃO DOS SUAÇUANAS (CAPITANIA DE PERNAMBUCO/1801)
A Conspiração dos Suaçuanas foi uma conspiração ocorrida no ano de 1801 na capitania de Pernambuco liderada pelos irmãos Suaçuanas tendo como objetivo libertar esta capitania do controle da Coroa Portuguesa, sendo que era um movimento rebelde baseado nas classes sociais dominantes. Não conseguiu obter êxito no seu intento devido a repressão exercida pelas autoridades.

6.3.4-REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (CAPITANIA DE PERNAMBUCO/1817)
No dia 6 de março de 1817 (quinta-feira) tivemos a eclosão da Revolução Pernambucana (Revolução de 1817), cujo objetivo era libertar o Brasil de Portugal. 
Os motivos para a eclosão dessa revolta foi o agravamento da situação social do nordeste visto a seca do ano de 1816, as dificuldades financeiras dessa região devida os produtos (algodão e açúcar) comercializados por ela estarem com os preços baixos no mercado internacional e os pesados impostos cobrados pela Coroa Portuguesa.
Com a ascensão dos revoltosos ao poder o governador (Caetano Pinto de Miranda Montenegro) da capitania de Pernambuco é deposto, entretanto temos a garantia de liberdade de consciência e de imprensa, mas sem poder atacar à religião católica que era oficial, o aumento do soldo da tropa, a extinção de alguns impostos e a instituição da tolerância religiosa por parte dos levantados.
Esta revolta não durou muito tempo, sendo esmagada por Portugal ainda no ano de 1817 sem conseguir obter êxito no seu objetivo.

7-CONQUISTA, FORMAÇÃO TERRITORIAL E CONSTITUIÇÃO DO POVO BRASILEIRO
Nesta parte relativa à seção relativa a História do Brasil veremos alguns aspectos relevantes do processo de conquista, formação do território e constituição do povo brasileiro na época colonial o qual começaremos com a ocupação do território para depois estudarmos a constituição desse território através dos diversos tratados de limite, para terminarmos na constituição do povo brasileiro.
Em relação à formação do território brasileiro, não poderíamos deixar de ressaltar que ele foi executado na sua maior parte no período colonial, mas só encontrou o seu término no período republicano.

7.1-CONQUISTA
A conquista e a colonização do território brasileiro na época colonial foram executadas de modo geral por vários fatores podendo citar como exemplos os seguintes, a saber: excursões militares e bandeiras/entradas.
Um dos problemas que Portugal enfrentou para realizar a conquista/colonização das terras brasileiras foi à tentativa de ocupação dessas terras por povos oriundos do continente europeu.
Em parte Portugal tentou resolver esta questão com excursões de cunho militar que prestaram grande serviço à Coroa Portuguesa neste sentido, pois evitava que povos estrangeiros ocupassem terras ligadas ao Reino de Portugal, além de contribuírem com a colonização em si.
Esta contribuição se dava basicamente pelo fato que as excursões militares terem fundado fortalezas que originaram cidades podendo destacar a cidade de Belém (PA) que teve a sua origem no Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém (esta fortaleza é do ano de 1616), a cidade de Tabatinga (AM) teve a sua origem no Forte de São Francisco Xavier de Tabatinga (esta fortaleza é do ano de 1776), a cidade de Fortaleza (CE) que teve a sua origem na Fortaleza de São Pedro (esta fortaleza é do ano de 1613), cidade de Macapá (AP) que teve a sua origem na Fortaleza de São José de Macapá (esta fortaleza é do ano de 1782), cidade de Manaus (AM) que tese a sua origem no Forte de São José da Barra do Rio Negro (esta Fortaleza é do ano de 1669), cidade de Natal (RN) que teve origem na Fortaleza da Barra do Rio Grande – mais conhecida como Forte dos Reis Magos (esta fortaleza é do ano de 1597) e a cidade do Rio Pardo (RS) que teve a sua origem na Fortaleza Jesus-Maria-José (esta fortaleza é do ano de 1632).
Sobre as bandeiras e entradas cabe inicialmente ressaltar que há divergências sobre o que realmente elas teriam sido do ponto de vista histórico. Simplificando as divergências historiográficas temos que alguns trabalham na vertente que as entradas seriam excursões de cunho oficial e as bandeiras seriam excursões levadas a cabo por particulares, enquanto temos os que trabalham com a perspectiva de que não haveria diferença (ou pelo menos diferença significativa) entre os dois termos.
Para fins didáticos será adotada a primeira visão abordada anteriormente e independente de qualquer diferença historiográfica as bandeiras e entradas eram excursões que iam de modo geral das regiões próximas ao litoral para o interior e cumpriam uma série de atividades que de uma maneira geral atendiam a vários interesses.
Antes de entrarmos mais detalhadamente sobre as bandeiras vale lembrar que elas partiam de vários pontos do Brasil, mas saíam basicamente da capitania de São Vicente (estado de São Paulo). Isto aconteceu basicamente pelo fato que as pessoas que lá viviam tinham dificuldade em sobreviver e lançaram desse expediente para sobreviverem.
De modo geral tivemos quatro tipos de bandeiras que eram as seguintes, a saber: apresamento, prospecção, sertanismo de contrato e as monções.
O primeiro tipo de bandeira refere-se às excursões que tinham como preocupação básica à captura de indígenas com o intuito de vendê-los como mão de obra escrava tendo este tipo de bandeira grande esplendor na época da ocupação holandesa em região localizada no que é hoje o nordeste brasileiro. Isto aconteceu devido ao fato que os holandeses terem dominado um local que servia de fornecedor de mão de obra africana aos lusitanos e pararem de fornecer este tipo de mão de obra as regiões não ocupadas pelos Países Baixos, aumentando assim o preço da mão de obra africana.
Isto acabou incentivando a busca pela mão de obra indígena o que acabou depois desestimulado tendo em vista, Portugal ter conseguido regularizar o fornecimento da mão de obra africana.
Os bandeirantes para obterem a mão de obra indígena de modo geral atacavam os aldeamentos jesuítas, cabendo mencionar que este interesse vem do fato que nestes lugares os bandeirantes tinham a sua disposição uma grande quantidade de índios colocados num mesmo local facilitando a sua captura.
As bandeiras de prospecção estavam voltadas basicamente para a busca de metais e pedras preciosas.
No sertanismo de contrato os bandeirantes entravam em acordo com o governo com o objetivo de combater os indígenas e os escravos que por ventura não se submetessem à autoridade.
Um dos casos mais conhecidos de sertanismo de contrato e já foi mencionado anteriormente foi o caso do combate ao Quilombo dos Palmares, executado por Domingos Jorge Velho que ocasionou na destruição desse quilombo.
As monções eram excursões que tinham como função básica abastecer de mercadorias as regiões de mineração envolvendo de modo geral várias pessoas e demorando muito tempo para fazer a viagem.

7.2-TRATADOS DE LIMITE
Em relação aos tratados de limites que foram firmados pela Coroa Portuguesa com o intuito de delimitar o território da América Portuguesa em relação os territórios da América Espanhola e América Francesa, cabe lembrar que eles são o produto da dinâmica do processo de ocupação do continente americano.
Não poderíamos deixar de relatar pela sua relevância histórica a fundação da Nova Colônia do Santíssimo Sacramento (atual cidade de Colônia localizada no Uruguai) pelo governador do Rio de Janeiro (dom Manuel Lobo), sendo a localização dela no lado oposto à cidade de Buenos Aires (atual capital da Argentina) no estuário do Rio da Prata.
A reação da Espanha como era de se esperar foi bastante negativa, sendo que este país entrou em guerra com Portugal ocasionando na tomada desse povoamento lusitano pela coroa espanhola pouco tempo depois da sua fundação.
Diversos foram os motivos para essa ação portuguesa como a tentativa de colocar os produtos manufaturados do continente europeu e os produtos brasileiros no mercado portenho (Buenos Aires) e o interesse por parte do Estado Português de possuir um local perto das áreas de mineração da América Espanhola servindo assim de acesso as mesmas.

7.2.1-TRATADO DE LISBOA (7.05.1681)
Acordo firmado entre as coroas portuguesa e espanhola no ano de 1681 que determinava a devolução para Portugal da Nova Colônia do Santíssimo Sacramento a Espanha.

7.2.2-TRATADO DE UTRECHT (11.04.1713/6.02.1715)
Os Tratados de Utrecht (1713/1715) foram assinados entre Portugal e as coroas espanhola e francesa, visto a coligação formada por estes dois últimos países terem perdido a guerra pela sucessão do trono espanhol para a Grande Aliança que era composta pela Áustria, Reino Unido da Grã-bretanha, Países Baixos e Portugal. Isto implicou em acordos diplomáticos prejudiciais a Espanha e a França como veremos a seguir.
No primeiro tratado foi acertado entre as coroas portuguesa e francesa que as terras localizadas entre os rios Amazonas e o Oiapoque seriam portuguesas sendo que o segundo rio serviria de fronteira. O segundo tratado foi firmado entre Portugal e Espanha e ficou determinado que a Nova Colônia do Santíssimo Sacramento voltasse pertencer à Coroa Portuguesa.

7.2.3-TRATADO DE MADRI (13.01.1750)
No dia 13 de janeiro de 1750 (terça-feira) tivemos a assinatura do Tratado de Madri no qual tanto a Espanha como Portugal reconheceram a violação do Tratado de Tordesilhas e decidiram pela sua anulação como de todos os outros tratados assinados até aquele momento.
Dando prosseguimento temos que a limitação dos territórios seria dada pelos limites naturais como morros, nascentes e cursos de rios, cabendo lembrar que os rios e canais limítrofes seriam navegáveis por ambas as partes (Portugal e a Espanha).
Não poderíamos deixar de mencionar a relevante participação de Alexandre de Gusmão (1695-1753) um dos representantes portugueses na negociação desse acordo e grande defensor do princípio do Utis possidetis (este princípio vem do direito privado romano) no qual quem ocupa uma determinada área seria dono legítimo da mesma.
Guiando-se por este princípio vale lembrar que na região sul do Brasil haveria algumas áreas de descontinuidade, ou seja, áreas nas quais tivemos o intercalamento de regiões pertencentes a um país e a outro. Devido a este aspecto foi acertado que a Nova Colônia do Santíssimo Sacramento ficaria pertencendo à Espanha e os Setes Povos das Missões Orientais do ficaria pertencendo a Portugal. De modo geral podemos falar que foi esse tratado que moldou as linhas gerais do território brasileiro.

7.2.4-TRATADO DE EL PARDO (12.02.1761)
O Tratado de El Pardo anulou o Tratado de Madri visto a resistência contra este último tratado de limite, sendo mais forte essa resistência nos Sete Povos das Missões Orientais do Uruguai.
Essa relutância entre os jesuítas espanhóis advém basicamente dos diversos ataques aos aldeamentos da Igreja Católica Apostólica Romana sofreu nas mãos dos bandeirantes eclodindo assim a Guerra Guaranítica (1756-1757).

7.2.5-TRATADO DE SANTO ILDEFONSO (1º.10.1777)
No Tratado de Santo Ildefonso assinado entre Portugal e a Espanha tivemos a resolução que a Ilha de Santa Catarina e Nova Colônia do Santíssimo Sacramento seriam cedidas à Espanha, mas Portugal não ficaria com o Sete Povos das Missões Orientais do Uruguai tratado visivelmente prejudicial aos interesses lusitanos.

7.2.6-TRATADO DE BADAJÓS (6.06.1801)
Com a assinatura do Tratado de Badajós firmado entre as coroas espanhola e portuguesa ficou acertado que a região dos Sete Povos das Missões Orientais do Uruguai ficaria nas mãos de Portugal.

7.3-CONSTITUIÇÃO DO POVO BRASILEIRO
Em relação à constituição do povo brasileiro é importante ressaltar foi feita a partir do sincretismo cultural de três grupos populacionais que foram os seguintes, a saber: grupo caucasóide (basicamente português), grupo mongolóide (basicamente indígena) e grupo negro ide (basicamente africano).
A constituição do povo brasileiro foi feita sob a égide portuguesa e, portanto temos uma sociedade modelada segundo os padrões culturais europeus (especificamente portuguesa) o que não invalidou a influência dos outros envolvidos nesta tarefa.

7.3.1-GRUPO CAUCASÓIDE (PORTUGUÊS)
Os portugueses tiveram uma participação especial na formação do povo brasileiro tendo em vista o fato de eles terem conseguido impor a sua cultura na colônia, fazendo com que a cultura portuguesa fosse à base da formação da cultura brasileira.
Podemos citar como contribuição portuguesa à cultura brasileira a religião (catolicismo), a língua portuguesa e alimentação.

7.3.2-GRUPO MONGOLÓIDE (INDÍGENA)
Os indígenas de modo geral foram um dos grupos que mais sofreram com o descobrimento e colonização do Brasil pelos europeus, visto que a sua cultura acabou sendo reprimida e eles mortos, situação que não foi alterada substancialmente ao longo dos anos. Apesar disso a cultura indígena influenciou bastante na formação da cultura brasileira como, por exemplo, alimentação (abóbora, amendoim, banana, batata, batata-doce, caju, castanha-do-pará, feijão, goiaba, mamão, mandioca, maracujá, milho, palmito e pitanga) e na língua (abacaxi, aipim, amendoim, ananás, araçá, arara, beiju, caju, capim, carimã, cipó, jacaré, Jacarepaguá, jararaca, Jericoacoara, jenipapo, jiboia, mandioca, mangaba, maracanã, maracujá, mico, mingau, paca, Paraná, peteca, piaçaba, pipoca, piranha, pirarucu, piroga, pororoca, saguim, savana, surucucu, tamanduá, tapioca, tatu, Tietê, Tijuca, tucano, Ubatuba e urubu).
Pelas suas características os vários grupos indígenas são divididos em nações podendo destacar os quatro grupos principais que são: karib (cariba e caribe), macro-jê (ge, jê e tapuia), nu-aruak (nuaruaque) e tupi (tupi-guarani).
Analisaremos cada um desses grupos indígenas:
a-Karib: viviam ao norte da Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas, podendo citar como tribo desse grupo indígena o seguinte, a saber: bacairis;
b-Macro-jê: viviam no planalto central e meridional podendo citar como tribo desse grupo os seguintes, a saber: aimoré, botocudo, bugre e caiapó;
c-Nu-aruak: viviam na Amazônia tendo chegado a migrarem em direção ao sul, podendo citar como tribos desse grupo indígena os seguintes, a saber: parecis, aruás e moxós;
d-Tupi: viviam basicamente no litoral havendo tupis morando no interior, podendo destacar como tribos desse grupo os seguintes, a saber: apiacás, potiguar, tamoio, termiminó e tupinambá.
Num primeiro momento o maior contato com o elemento branco foi o elemento indígena do grupo étnico tupi.
Cabe lembrar que os indígenas desse grupo não tinham noção de propriedade privada, sendo tudo pertencente à comunidade com exceção de bens individuais como arco, flecha, machado de pedra entre outras coisas.
O trabalho nas comunidades indígenas era dividido de acordo com a idade e o sexo da pessoa e a produção da comunidade destinava basicamente para o consumo dela mesma, não havendo preocupação que existe atualmente nas sociedades capitalistas de produzir para a comercialização.
Os tupis usavam de vários expedientes para obter o seu sustento podendo mencionar a agricultura, pesca, coleta e a caça, sendo que este povo indígena não era sedentário (era nômade), pois ele ficava numa região até acabarem os recursos naturais que possibilitavam a sua manutenção (de modo geral o tempo de permanência era de três a cinco anos) emigrando assim para outros lugares, buscando recursos naturais para se mantiverem.
Dentro desse grupo étnico o parentesco se dava basicamente de três formas diferentes que são as seguintes, a saber: matrilinear (o parentesco se dava pelo lado materno), patrilinear (o parentesco se dava pelo lado paterno) e bilateral (o parentesco se dava pelos dois lados).
Um aspecto interessante dessa sociedade indígena era a antropofagia, característica cultural que os indígenas praticavam não para suprir necessidades alimentares e sim para vingar a morte de pessoas próximas a ele, sendo que os indígenas acreditavam que ao comer o inimigo as suas características positivas de guerreiro seriam absorvidas.

7.3.3-GRUPO NEGRÓIDE (AFRICANO)
Os africanos tiveram uma participaram muito grande na formação da população brasileira, de uma forma bastante diversificada tendo em vista a variedade cultural dos povos africanos que acabaram vindos para o Brasil, não podendo deixar de lembrar que este grupo veio para o Brasil basicamente na forma de mão de obra escrava, sendo portando uma imigração involuntária.
Apesar da grande opressão a cultura africana sofreu no Brasil, podemos constatar como contribuição da cultura africana para a formação da cultura brasileira as seguintes, a saber: alimentação (acarajé, angu, caruru, efó, feijoada, pé-de-moleque, quibebe, quindim, vatapá e xinxim) e na língua (agogô, babá, bagunça, bamba, banguela, banzo, batuque, bengala, berimbau, borocoxô, bunda, caçamba, caçimba, cachaça, cachimbo, caçula, cafofo, cafuá, cafundó, cafuné, camundongo, candomblé, capanga, capenga, capoeira, carimbo, caxumba, chuchu, cuíca, cochilo, corcunda, dendê, dengo, ebó, gogó, garapa, gororoba, jiló, lelé, maracutaia, maxixe, minhoca, mocambo, mocotó, moleque, moqueca, moquiço, muamba, quitanda, quitute, samba, senzala, umbanda e xodó), além da influência na religião que é muito nítida cabendo mencionar as religiões afro-brasileiras e o sincretismo religioso com o cristianismo (basicamente o catolicismo).
O sincretismo religioso entre a religiosidade africana e a religiosidade europeia aconteceu de forma mais clara através da transplantação das entidades religiosas africanas para e entidades religiosas europeias como aparece, a seguir: exu (demônio), iansã (Santa Bárbara), iemanjã (Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes), ogum (Santo Antônio e São Jorge), ossaim (São Benedito, São Jorge e São Roque), oxalá (Jesus Cristo e Nosso Senhor do Bonfim), oxossi (São Jorge, São Miguel e São Sebastião) e oxum (Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora da Conceição).

8-BRASIL-IMPÉRIO (PRIMEIRO REINADO (1822-1831)) 
8.1-INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Inicialmente ao analisarmos a Independência do Brasil (1822) não poderíamos deixar de mencionar o confronto militar (guerra) que estava acontecendo no continente europeu entre a França e o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, tendo em vista a relevância desse fato histórico teria para o desenvolvimento histórico da Independência do Brasil.
O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda tentava conter os desejos expansionistas da França de Napoleão Bonaparte (mandatário desse país europeu desde o ano de 1799), o qual intentava colocar toda a Europa sob a sua dominação. Cabe mencionar aqui o fato de Napoleão Bonaparte ao tentar vencer a sua rival nos mares, sua marinha de guerra sofre uma grande derrotar militar na Batalha de Trafalgar (21.10.1805).
A partir dessa derrota este país muda a sua tática militar para tentar vencer a sua rival, a qual consistia basicamente em estrangulá-la economicamente, plano que foi colocado em ação a partir da instituição do Bloqueio Continental através dos decretos de Berlim (1806) e Milão (1807).
O Bloqueio Continental consistia basicamente em proibir todos os países localizados no continente europeu negociarem com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda e as suas possessões coloniais e consequentemente sem mercado externo para comercializar os seus produtos industrializados, este país acabaria entrando em colapso econômico sendo forçado por extensão a pedir a paz à França saindo, portanto derrotada desse confronto militar, fato que não acabou acontecendo historicamente.
Esta tática militar para conseguir o seu êxito total era necessária que todos os países da Europa estivessem submetidos ao Bloqueio Continental e esse aspecto é que influenciou a Independência do Brasil, pois isto acabou provocando a transferência da sede do Império Português para o Brasil.

8.1.1-TRANSMIGRAÇÃO DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA
A influência do Bloqueio Continental advém basicamente do fato que a Coroa Portuguesa neste momento histórico específico estar numa situação bastante complicada e ambígua do ponto de vista político apesar da sua neutralidade inicial.
A problemática central para os lusitanos estava baseada no fato deles terem no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda um tradicional e importante aliado do qual dependia economicamente e do outro lado não havendo alinhamento com os desejos políticos de Napoleão Bonaparte o Império Português ficaria nas mãos das tropas francesas o que acabou ocorrendo pelo menos em parte, pois uma tropa franco-espanhola comandada pelo marechal Andoche Junot invade este país não conseguindo tomá-lo.
Com essa grave ameaça ao seu lado e temendo o pior, Portugal não fica inerte ao perigo iminente a sua integridade física e acaba alinhando-se politicamente ao Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda o qual assinou um acordo chamado de Convenção Secreta de Londres (22.10.1807) tendo sido assinada na cidade de Londres.
Este acordo consistia basicamente numa troca de favores entre as duas partes mencionadas anteriormente no qual ficou acertado que a sede do Império Português seria transferida para o Brasil, a marinha portuguesa seria incorporada à marinha britânica, concessão da Ilha da Madeira para servir de ponto de apoio para combate depois de uma eventual ocupação total da Península Ibérica pelas tropas napoleônicas e no caso dos portos portugueses não ficarem mais disponíveis aos ingleses os lusitanos disponibilizariam o uso do porto localizado na Ilha de Santa Catarina ou outro porto qualquer localizado na costa brasileira além de Portugal ter que assinar acordos comerciais favoráveis ao Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda depois de efetuado o translado (mudança) do Estado Português para o continente americano tudo isso em troca do apoio britânico a dinastia dos Bragança (proteção britânica).
A partir desse quadro político tivemos a perda da paciência por parte de Napoleão Bonaparte em relação à posição de neutralidade de Portugal, tomando uma atitude radical contra este pequeno país ibérico, que foi a assinatura de um acordo chamado de Tratado de Fontainebleau (27.10.1807) com a Espanha. Esse tratado consistia basicamente na invasão de Portugal e a deposição da dinastia de Bragança (fato que acabaria só ocorrendo no ano de 1910 com a queda da monarquia portuguesa e a implantação da república).
Vale mencionar que essa movimentação política toda envolvendo Portugal e a sua principal colônia acabou acontecendo sob o trono da rainha dona Maria I através da regência do seu filho o príncipe-regente dom João, que estava no comando do seu país desde o ano de 1792 devido à sua mãe ter sido considerada insana. Cabe lembrar que com a morte de sua mãe (isto ocorreu no ano de 1816) ele é coroado rei de Portugal no ano de 1818.
As embarcações que realizaram a Transmigração da Família Real Portuguesa para o Brasil, partiram de Portugal no dia 29 de novembro de 1807 (domingo), cabendo lembrar que durante o trajeto a esquadra separou-se em duas partes (a primeira parte com o príncipe-regente dom João abordou em Salvador (24.01.1808) e a segunda parte com a rainha Maria I abordou no Rio de Janeiro (17.01.1808) – as duas partes se encontraram posteriormente no Rio de Janeiro (7.03.1808)) na altura da Ilha da Madeira devido a uma tempestade. O Translado da Família Real Portuguesa ocorreu em quarenta e um navios (quinze navios da marinha de guerra portuguesa, vinte e um navios da marinha mercante portuguesa e quatro navios da marinha de guerra britânica).
Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, houve a necessidade de acomodar uma grande quantidade de pessoas num curto espaço de tempo e consequentemente a Coroa Portuguesa solicitou diversas residências aos seus respectivos proprietários com o intuito de contornar esta situação. Para identificar as residências escolhidas pela Coroa Portuguesa era colocado nas fachadas dessas construções as letras P.R. (Príncipe-Regente), as quais a população traduzia em tom de ironia como “Ponha-se na Rua” ou “Prédio Roubado”. A Família Real Portuguesa ficou alojada na Quinta da Boa Vista (esta quinta foi cedida gentilmente pelo comerciante lusitano Elias Antônio Lopes em troca de benefícios por parte da Coroa Portuguesa).
Com a transferência da sede do Império Português de Lisboa para o Rio de Janeiro, tivemos a instalação de uma série de instituições com o intuito de dar suporte a administração da Coroa Portuguesa. Podemos citar como exemplo dessas instituições as seguintes, a saber: Academia Real de Belas Artes (1820), Academia Real Militar (1810), Banco do Brasil (1808), Divisão Militar da Guarda Real de Polícia (1809), Escola Anatômica, Cirurgica e Médica do Rio de Janeiro (1808), Escola Cirúrgica da Bahia (1808), Real Arquivo Militar (1808), Real Jardim Botânico (1808) e Real Theatro de São João (1810).
É interessante ressaltar que o Período Joanino (1808-1821) foi rico culturalmente podendo citar como exemplo a presença de diversos naturalistas que visitaram o Brasil com o intuito de estudar a fauna e a flora dessa porção da América. Podemos citar como exemplo desses naturalistas os seguintes, a saber: Auguste de Saint-hilare (1779-1853), Georg Heinrich von Langsdorff (1774-1852), Karl Philipp Von Martius (1794-1868), Johann Baptist von Spix (1781-1826) e Maximilian von Wied-Neuwied (1782-1867).
A Missão Artística Francesa foi instalada no Brasil com o intuito de implantar o ensino superior de belas artes. A implantação do ensino de belas artes acabou ocorrendo através da Escola Real Ciências, Artes e Ofícios.
Esta missão artística era composta por diversos artistas dos quais podemos citar os seguintes, a saber: Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny (1776-1850), Charles Simon Pradier (1768-1848), Félix Émile Taunay (1795-1881), Jean-Baptiste Debret (1768-1848), Joachim Lebreton (1760-1819), Marc Ferrez (1788-1850), Nicolas Antoine Taunay (1755-1830) e Zéphyrin Ferrez (1797-1851). Esta missão artística seguia o neoclassicismo.
A instalação da Coroa Portuguesa no Brasil foi extremamente custosa para os cofres públicos lusitanos fazendo com a administração pública portuguesa elevasse os impostos. Isto fica bastante nítido quando observamos os seguintes dados referentes ao erário público lusitano: 1808 (gasto: 2.297:904$000 e receita: 2.258:172$000) e 1820 (gasto: 9.771:110$000 e receita: 9.715:628$000).
Com a instalação da sede do Império Português no Brasil a Coroa Portuguesa deveria saldar as suas dívidas políticas com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, tendo em vista os acordos políticos relacionados firmados entre as duas coroas.
Prosseguindo esta análise histórica, temos a decretação da Abertura dos Portos (28.01.1808), que atendia diretamente aos interesses econômicos do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, país que acabou sendo o mais beneficiado com esta relevante medida econômica tomada pela Coroa Portuguesa, pois abria as portas para um novo mercado consumidor (no caso o Brasil), resolvendo em parte o seu problema de escoamento (venda) dos seus produtos industrializados, furando assim o Bloqueio Continental que tinha sido instituído pela França.
Com esta medida administrativa podemos mencionar outro grupo social beneficiado, que foi o de proprietários rurais produtores de mercadorias destinadas à exportação (açúcar e algodão principalmente), pois não seria mais necessário vender os seus produtos através dos lusitanos, possibilitando assim negociar diretamente com os seus mercados compradores.
Inserido na decretação da Abertura dos Portos, também estava à instituição da tarifa alfandegária alçada numa primeira estância em vinte e quatro ad valorem (sobre o valor do produto), das mercadorias transportadas por navios portugueses ou de outras nacionalidades que por ventura estarem em paz com Portugal.
Esta abertura dentro do sistema colonial não foi de agrado de todas as pessoas, pois os comerciantes portugueses sentiram-se bastantes prejudicados nos seus interesses pelo fim do monopólio comercial, entretanto eles pressionaram o governo português e conseguiram o direito de pagar apenas dezesseis por cento ad valorem de taxas alfandegárias e à navegação por cabotagem estaria reservada aos lusitanos.
O pagamento das dívidas políticas de Portugal com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda foi dado também através dos tratados de 1810, sendo os mais conhecidos o Tratado de Aliança e Amizade e o Tratado de Comércio e Navegação. Estes dois acordos teriam a validade por um período de catorze anos.
No primeiro tratado mencionado temos o comprometimento por parte da Coroa Portuguesa da não implantação da Inquisição na América, da extinção gradual do trabalho escravo, o apoio mútuo entre os dois países e como consequência, tivemos o imediato apoio britânico à invasão da Guiana Francesa entre outras coisas.
Com o segundo tratado tivemos mais um acordo claramente favorável ao Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, visto que neste documento oficial ficou acertado que os britânicos pagariam apenas quinze por cento ad valorem de tarifa alfandegária, um por cento a menos que os próprios lusitanos os donos da casa, (coisa que só seria corrigido no ano de 1818, quando esta tarifa é colocada em quinze por cento ad valorem para Portugal também, com os outros países continuando a pagar vinte e quatro ad valorem), o direito de reexportar produtos tropicais, os súditos britânicos que morassem no Brasil teriam liberdade religiosa (os britânicos na sua imensa maioria eram protestantes, como ainda o são) e o de serem julgados por juízes de seu próprio país.
Vale lembrar que a Coroa Portuguesa instituiu o Alvará de 1785 proibindo a produção de quase todas as manufaturas no Brasil (a única exceção era manufatura têxtil de baixa qualidade destinado a suprir as necessidades de vestir os escravos e embrulhar as mercadorias destinadas à exportação), sendo a intenção de Portugal com isso evitar a concorrência comercial e garantir o mercado colonial para si.
Dom João anulou esta norma com outro alvará (Alvará de Liberdade Industrial), mas acabou não surtindo maiores efeitos positivos para o Brasil visto a entrada de produtos manufaturados (favorecidos pelas tarifas alfandegárias baixas) provenientes do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, país mais industrializado do mundo na época, dificultando assim alguma possibilidade de instalação de produção manufatureira no Brasil de uma forma mais sólida.
A Coroa Portuguesa depois de duas tentativas frustradas (1811 e 1815) consegue anexar a Província Cisplatina (Uruguai) no ano de 1821.

8.1.2-ELEVAÇÃO DO BRASIL AO REINO UNIDO DE PORTUGAL E ALGARVES 
Em relação à Independência do Brasil nós não poderíamos deixar de mencionar a Elevação do Brasil ao Reino Unido de Portugal e Algarves (16.12.1815), tendo isto acontecido devido em parte ao interesse de dom João VI (1767-1826) em ficar no Brasil e a tentativa por parte da Coroa Francesa de defender-se de uma punição mais forte das grandes potências (Áustria, Prússia, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda e Rússia). Esta atitude está relacionada especificamente com a intenção da França de preservar a integridade do seu território.
Isto aconteceu durante o Congresso de Viena (1814-1815), quando o representante francês neste referido congresso propõe ao Império Português essa decisão, visto querer aproximar-se politicamente das pequenas potências.
O mecanismo era bastante simples, a França partindo do princípio da legitimidade teria as fronteiras existentes no ano de 1792, preservadas visto o fato do rei nesse momento era legítimo, sendo que seguindo esta proposta o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda achava que a corte portuguesa deveria voltar a Lisboa, visto o Rio de Janeiro ser capital da colônia (só estava exercendo a função de capital do Império Português de forma temporária) e não de Portugal.
Daí teve uma troca de favores, a França apoiaria Portugal nas suas pretensões em relação à província Cisplatina, além de resolver o problema da delimitação da fronteira com a Guiana Francesa quando a mesma fosse devolvida e o Reino Lusitano (dom João VI) poderia ficar no Brasil tranquilamente.

8.1.3-REVOLUÇÃO LIBERAL DO PORTO E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
A situação política de Portugal não estava tranquila durante a permanência de dom João VI no Brasil, tanto que tivemos nesta época a eclosão da Revolução do Porto de 1820 ou Revolução Liberal do Porto (24.08.1820) sendo que esta revolta foi organizada por uma sociedade secreta chamada de Sinédrio.
A base social da Revolução do Porto de 1820 era composta basicamente pela burguesia mercantil portuguesa a qual se sentia prejudicada (pois a abertura dos portos acabou prejudicando o seu interesse econômico e com este movimento tenta defendê-lo) o comércio com a colônia e os militares que estavam aborrecidos devido ao atraso no pagamento dos seus salários e ao fato da presença de militares britânicos no país, tendo que os seus pares lusitanos queriam a saída deles para assumir posições de comando que estavam nas mãos desses estrangeiros.
Este movimento rebelde comandado por Manuel Fernandes Tomás (1771-1822) derruba a junta de governo chefiada pelo general William Carr Beresford (1768-1854) organizando no seu lugar a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, que convoca as Cortes Gerais Constitucionais da Nação Portuguesa, as quais são instaladas no início do ano de 1821 e adotam provisoriamente a constituição da Espanha.
As Cortes Gerais Constitucionais da Nação Portuguesa, na sua ação política para solucionar os problemas portugueses adotaram uma posição bastante ambígua, pois era liberal para as necessidades de Portugal, mas eram conservadores para as necessidades do Brasil.
Elas adotaram uma política recolonizadora, política esta que foi expressa entre outras maneiras pelas seguintes medidas, a saber: restabelecimento dos monopólios e privilégios, término da autonomia administrativa do Brasil e exigência do retorno de dom João VI a Portugal (25.04.1821).
Esta tensão política continuou, podendo constatar a formação de três grupos políticos (partidos políticos) que eram os seguintes, a saber: Partido Brasileiro, Partido Português e Liberais Radicais.
O primeiro grupo político era formado basicamente pelos beneficiados da abertura do comércio (proprietários rurais), que em princípio eram a favor de uma monarquia dual, mas pela continuidade da política recolonizadora portuguesa, eles tornaram-se a favor da emancipação política do Brasil (desde que preservassem os seus interesses), sendo um dos seus líderes José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838). Em linhas gerais esse grupo aceitaria a separação do Brasil em relação a Portugal desde que a estrutura socioeconômica do país não sofresse nenhuma alteração significativa.
O segundo grupo político era formado basicamente por comerciantes lusitanos cabendo lembrar que eles eram a favor da recolonização do país, tendo em vista isto atender os seus interesses.
O terceiro grupo político era formado basicamente por setores urbanos, sendo a favor da emancipação política do Brasil sob a forma republicana. Ela liderada basicamente por Joaquim Gonçalves Ledo (1781-1847).
O príncipe-regente dom Pedro I (1798-1834) estava sendo pressionado pelo seu retorno a Portugal pela Coroa Portuguesa (a intenção dessa medida era anular alguma tentativa de emancipação política por parte do Brasil envolvendo a pessoa do príncipe-regente), mas o Partido Brasileiro colocou-se contrário a isto. Com isso o presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro (José Clemente Pereira (1787-1854)) entregou ao futuro imperador brasileiro uma petição (esta petição tinha 8.000 assinaturas) para que ele permanecesse no país (o que acabou ocorrendo).
É importante lembrar que a pressão da Coroa Portuguesa continua no sentido de manter o controle sobre a América Portuguesa, cabendo ressaltar que durante uma viagem a capitania de São Paulo dom Pedro I recebe informações através de um mensageiro enviado pela Imperatriz Leopoldina que a Coroa Portuguesa tinha tomado medidas contra a aspiração brasileira a emancipação política. Dom Pedro I fica indignado com as informações recebidas e proclama a independência política do Brasil.

8.1.4-A GUERRA CONTRA PORTUGAL E O RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA
O Brasil para garantir a sua independência política teve a necessidade de lutar contra as tropas lusitanas estacionadas no país que eram contra a separação entre os dois países havendo, portanto conflito armado (violência) durante o processo de independência ao contrário do que normalmente é transmitido para a população em geral.
Para efetuar esta tarefa de suma relevância para o país, foram tomadas algumas medidas neste sentido, como a compra de navios e a contratação de vários militares (mercenários) europeus como os seguintes, a saber: James Norton (1789-1835), John Pascoe Grenfell (1800-1869), John Taylor (1789-1855), Thomas Alexander Cochrane (1775-1860) e Pierre Labatut (1768-1849).
Os combates armados para a consolidação da emancipação política do Brasil aconteceram basicamente nas províncias da Bahia, Cisplatina, Maranhão, Pará e Piauí, entretanto no ano de 1823 todos os focos rebeldes estavam devidamente controlados pelo governo imperial brasileiro.
As dificuldades enfrentadas pelo Brasil para a obtenção do Reconhecimento da Independência devem-se ao fato da política adotada pelos países participantes da Santa Aliança, que era uma política contrária à libertação das colônias europeias no continente americano e Portugal ter adotado uma política irredutível no começo do processo de negociação do reconhecimento da independência brasileira.
O primeiro país a reconhecer a nossa independência política foram os Estados Unidos da América no dia 26 de junho de 1824 (sábado), visto a política desse país de evitar a recolonização do continente americano pelos países da Europa, garantindo assim os seus interesses (mais precisamente os mercados latino-americanos para si). Essa política chamava-se Doutrina Monroe e o seu lema era “a América para os americanos”, tendo acontecido isto durante o mandato do presidente estadunidense James Monroe.
O reconhecimento da emancipação política do Brasil por parte de Portugal deu-se através do Tratado de Paz e Amizade (29.08.1825). Este tratado consistia basicamente no pagamento de uma indenização por parte do Brasil no valor de 2.000.000,00 de libras esterlinas a Portugal, sendo esta indenização dividida em duas partes (uma parte no valor de 600.000,00 libras esterlinas dado a dom João e a outra parte no valor de 1.400.000,00 libras esterlinas que correspondia a um empréstimo o qual o Império Português contraiu com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda e o Brasil assumiu).
Não poderíamos deixar de mencionar que o Império Brasileiro comprometia-se a não se juntar a nenhuma outra colônia portuguesa, visto que os interesses relacionados ao tráfico negreiro estariam muito arraigados em algumas áreas do litoral do continente africano, evitando assim alguma colônia lusitana separar-se de Portugal para ficar com o Brasil, prejudicando assim os interesses de Portugal.
O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda tentou ligar o reconhecimento da nossa independência ao fim do tráfico negreiro, sendo que no ano 1827 foi firmado um acordo entre o Brasil e o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, no qual previa o término do tráfico negreiro cuja medida visava unicamente a atender os interesses dos britânicos o que será visto numa parte mais adiante dessa página eletrônica.
A partir disso tivemos no ano de 1831 uma lei que declarava livre qualquer africano importado a partir desse momento, sendo os “importadores” punidos tendo a obrigação de enviá-los de volta ao continente africano.
Cabe lembrar que no acordo do ano de 1827 temos a garantia das vantagens comerciais obtidas nos tratados de 1810 enquanto o Brasil ainda estava na situação de colônia da Coroa Portuguesa.

8.1.5-CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Em relação à Independência do Brasil alcançada no ano de 1822 cabe lembrar que não houve mudança significativa na estrutura socioeconômica do país, tendo em vista que a independência política foi um movimento feito pelo alto não havendo a intenção de melhorar a situação da maioria da população brasileira.
Neste ponto não poderíamos deixar de mencionar que a situação política da Igreja Católica Apostólica Romana em relação ao Estado Brasileiro a qual não mudou significativamente com a implantação da Independência do Brasil, pois não foi rompida a relação de padroado com esta instituição religiosa. Neste caso o governo brasileiro indicava os nomes para os principais cargos eclesiásticos, sendo o clero pago pelo governo brasileiro e em contrapartida as bulas do papa só seriam obedecidas através do beneplácito (aprovação) do imperador. Esta ligação estreita entre ambas as instituições acabaria sendo bastante prejudicial para a manutenção da monarquia no Brasil.
 Dando continuidade cabe ressaltar que ao obter a independência o Brasil organizou-se do ponto de vista político como uma monarquia da mesma maneira que a sua antiga metrópole constituindo assim uma flor rara dentro do continente americano tendo em vista pequenos períodos de tempo no Haiti e México o Brasil foi o único país americano a organizar-se como tal.

8.2-ASSEMBLEIA GERAL CONSTITUINTE E LEGISLATIVA DE 1823 E A CONSTITUIÇÃO OUTORGADA DE 1824
Depois da independência política o Brasil tenta organizar-se politicamente, havendo então a instalação de uma assembleia geral constituinte e legislativa no dia 3 de maio de 1823 (sábado), cuja missão primordial (principal) era confeccionar a constituição do país e as leis que o Brasil por ventura necessitasse.
Devido à tão nobre missão (preparação da constituição) recebida pela assembleia geral constituinte e legislativa, uma comissão chefiada por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva (1773-1845) elaborou um anteprojeto de constituição no qual o voto seria censitário (era baseado na produção de mandioca, sendo que para votar em deputado seria necessário uma renda equivalente a 150 alqueires de mandioca, enquanto para poder votar em senador seria necessário uma renda correspondente a 250 alqueires de mandioca).
A pessoa que tivesse o interesse de se candidatar ao cargo de deputado a renda dele deveria ser de 500 alqueires de mandioca, enquanto para senador seria de 1.000 alqueires de mandioca.
Caso este projeto de constituição fosse confirmado (aprovado) o afastamento (pelo menos em parte devido a esta atitude tão restritiva) da política das camadas mais desfavorecidas da sociedade brasileira e de comerciantes lusitanos, favorecendo assim um determinado grupo social (fazendeiros).
Podemos considerar como um dos vários motivos para a dissolução da assembleia geral constituinte e legislativa por dom Pedro I, o péssimo relacionamento entre ambas as partes, visto a divergência entre as duas partes em relação à distribuição do poder entre o legislativo e o executivo.
Dentro da assembleia geral constituinte e legislativa tínhamos o Partido Brasileiro que era a favor da monarquia constitucional limitando o poder do imperador (poder executivo), sendo eles eram maioria nesta assembleia geral constituinte e legislativa. O Partido Português era minoria e tinha ideias absolutistas.
A assembleia geral constituinte e legislativa em princípio queria que ao imperador não lhe fosse dado o direito de vetar nenhuma lei aprovada pelo poder legislativo e fechar a câmara dos deputados, enquanto o imperador e os grupos que o apoiaram queriam um poder executivo forte.
O motivo imediato para o fechamento da assembleia geral constituinte e legislativa pelo dom Pedro I, foi devido a um conjunto de artigos publicada no jornal Sentinela da Liberdade (assinado por uma pessoa através do pseudônimo Brasileiro Resoluto) ter desagradado bastante os militares lusitanos e consequentemente o boticário (farmacêutico) Davi Pamplona Corte Real foi agredido fisicamente por militares (major José Joaquim Januário Lapa (1796-1859) e o capitão Zeferino Pimentel Moreira Freire (1806-1865) – ambos eram portugueses), pois os mesmos acharam que o autor dos referidos artigos em questão tinha sido o mencionado farmacêutico.
Por influência da oposição o boticário acaba levando ao conhecimento da assembleia geral constituinte e legislativa a agressão sofrida, cabendo lembrar que o imperador foi contrário a isto por achar que isso era uma questão de responsabilidade do poder judiciário e não do poder legislativo.
A assembleia geral constituinte e legislativa coloca-se contrária aos agressores, sendo da opinião que os militares envolvidos neste caso devessem ser desligados do exército. Consequentemente estes militares se colocam a frente de tropas e solicitam providências ao imperador.
De acordo com esta situação a assembleia geral constituinte e legislativa no dia onze de novembro coloca-se em sessão permanente tendo ficado nesta situação durante a noite. Este fato histórico ficou conhecido como Noite da Agonia.
No dia doze de novembro a assembleia geral constituinte e legislativa é cercada por tropas para efetivar o decreto de dissolução do poder legislativo, decreto este instituído pelo imperador.
Como a nova nação não poderia ficar sem uma constituição para orientar-lhe o seu caminho, no dia 13 de novembro de 1823 (quinta-feira) foi instituída uma comissão (Conselho de Estado) a qual deveria montar o projeto de uma constituição, trabalho este que foi concluído no dia 11 de dezembro de 1823 (quinta-feira). Este projeto constitucional foi disponibilizado para a devida análise por parte de diversas câmaras municipais, as quais não fizeram nenhuma objeção importante e consequentemente o imperador outorgou esta constituição no dia 25 de março de 1824 (quinta-feira), sem a necessidade de passar pela assembleia constituinte.
A constituição imperial instituía que a religião católica apostólica romana seria a religião oficial do Estado Brasileiro, sendo que as outras religiões não estariam proibidas de serem seguidas no Brasil.
Esta constituição de 1824 determinava que as eleições fossem indiretas sendo que os cidadãos brasileiros sendo basicamente divididos em cidadãos ativos e os eleitores de províncias.
Os cidadãos ativos elegeriam os eleitores de províncias os quais deveriam eleger os membros (representantes) no poder legislativo.
A constituição de 1824 afastou as pessoas menos abastadas financeiramente do sistema político (eleitoral), pois o voto era censitário, ou seja, só votava quem tivesse uma determinada renda mínima anual.
Não poderíamos deixar de mencionar que para os cidadãos ativos a renda anual líquida seria de 100$000 (cem mil réis), para os eleitores de província 200$000 (duzentos mil réis), para deputado 400$000 (quatrocentos mil réis) e para senador 800$000 (oitocentos mil réis).
Cabe lembrar que no dia 9 de janeiro 1881 (domingo) tivemos uma lei (Lei Saraiva) que alterou o funcionamento das eleições. A partir dessa lei as pessoas que não fossem católicas e os ex-escravos (livres) poderiam votar, sendo que as eleições tornaram-se diretas. O voto censitário continuou, aumentando o valor da renda anual líquida para participar das eleições sendo os valores os seguintes, a saber: 200$000 (cem mil réis) para votar, 800$000 (oitocentos mil réis) para deputado e 1:600$00 (um conto e seiscentos mil réis) para senador.
No Império Brasileiro o povo estava afastado do processo eleitoral devido à legislação vigente na época ser bastante excludente, podendo citar, por exemplo, o ano de 1876 no qual tínhamos apenas 24.637 eleitores perfazendo apenas zero vírgula vinte e cinco por cento da população brasileira que era de aproximadamente 10.000.000 de pessoas.
No ano de 1887 o Brasil tinha em torno de 200.000 eleitores, o que perfazia apenas um por cento e meio do total da população quadro o qual não sofrerá grandes alterações pelo menos nas décadas seguintes.
O poder legislativo seria exercido pela assembleia geral que seria bicameral (composto por duas casas), uma delas o senado ou câmara dos senadores (o cargo de senador era vitalício e escolhido pelo imperador a partir de uma lista com três nomes escolhidos/eleitos pelas províncias) e a outra a câmara dos deputados podendo ser dissolvida (os deputados teriam um mandato de quatro anos) pelo imperador.
A constituição dividia o Estado Brasileiro em quatro poderes, a saber: judiciário, executivo, moderador e o legislativo.
Através do poder moderador, o imperador podia intervir diretamente nos outros poderes, pois podia adiar ou prorrogar as atividades da assembleia geral, além de confirmar ou não as suas decisões, cabia a ele a nomeação e demissão dos ministros do Império, indicar e afastar os magistrados, escolher os senadores e por fim nomear e demitir os presidentes da província.
O poder moderador só poderia ser ocupado pela pessoa do imperador, com isso temos uma grande concentração de poder nas mãos do mandatário do país.
Terminando a análise histórica sobre a constituição imperial não poderíamos deixar de abordar que ela dividiu o Brasil do ponto de vista administrativo em províncias.

8.3-CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR (1824)
A Confederação do Equador eclodiu inicialmente na província de Pernambuco, espalhando-se para as províncias do Alagoas, Ceará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Estas províncias se desligaram do Império Brasileiro implantando uma república. Cabe lembrar que o nome da revolta advém da posição geográfica das províncias rebeladas serem próximas da linha do Equador.
O motivo imediato que levou ao surgimento da Confederação do Equador foi o fato que Manuel de Carvalho Paes de Andrade estava governando a província de Pernambuco de forma provisória e não ter aceitado a sua substituição do comando dessa província em questão.
Em relação a essa revolta também podemos constatar como motivo para o seu surgimento a imposição pela constituição imperial de 1824 da centralização do poder nas mãos do imperador e como consequência desse fato as províncias não tinham nenhuma autonomia.
Os principais líderes desse movimento rebelde foram: Cipriano José Barata de Almeida, Manuel de Carvalho Paes de Andrade e o frei carmelita Joaquim do Amor Divino Rebelo e Caneca.

8.4-REVOLTA DOS MERCENÁRIOS (1828)
A Revolta dos Mercenários foi uma rebelião ocorrida no ano de 1828 contra as más condições de trabalho (alimentação de péssima qualidade, salário atrasado e castigos corporais) em que estavam submetidas às tropas mercenárias contratadas pelo Império Brasileiro para compor o exército brasileiro.
A rebelião foi contida apesar de certa dificuldade e o governo brasileiro extinguiu com estas tropas devido esta indisciplina.

8.5-ABDICAÇÃO DE DOM PEDRO I (1831)
Podemos considerar como motivos que contribuíram para a abdicação de dom Pedro I, a derrota na Guerra da Cisplatina, constante dificuldade financeira da Coroa Brasileira, conturbada vida privada do imperador, abolição do tráfico negreiro e sucessão da Coroa Portuguesa.
A província Cisplatina não era nada mais do que uma região anexada ao Brasil, cuja cultura era diferente da cultura brasileira, sendo que as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina) tinham tentado anexá-la, mas de forma diplomática o que o governo imperial recusou-se a aceitar, visto a possibilidade dos argentinos fecharem a passagem pelo Rio da Prata impossibilitando o contato com a província de Mato Grosso, pelos navios oriundos do Brasil, visto ser o único caminho para este local.
A Guerra da Cisplatina inicia-se quando trinta e três pessoas de diversas nacionalidades desembarcaram (19.04.1825) numa praia nesta província vindo das Províncias Unidas do Rio da Prata. Elas tinham a intenção de juntar a província Cisplatina com a Argentina, o que levou este país à guerra com o Brasil.
A província Cisplatina acabou ficando independente do Brasil com o nome de República Oriental do Uruguai.
O motivo pelo qual esta guerra contribuiu para a queda do imperador dom Pedro I deve-se ao fato do Brasil ter perdido a guerra custando muito dinheiro para os cofres públicos do governo imperial.
A constante dificuldade financeira da Coroa Brasileira contribuiu para o desgaste político que levou a abdicação de dom Pedro I, pois esta situação deixou a sociedade brasileira insatisfeita com o imperador.
A conturbada vida privada de dom Pedro I (com diversas amantes) contribuiu para o desgaste político que levou a abdicação de dele, pois esta situação deixou a sociedade brasileira insatisfeita com o imperador.
A abolição do tráfico negreiro contribuiu para o desgaste político que levou a abdicação de dom Pedro I, pois esta situação deixou a sociedade brasileira insatisfeita com o imperador.
Temos também a preocupação por parte de dom Pedro I com a sucessão do trono de Portugal, visto que dom João VI ter morrido no dia 10 de março de 1826 (sexta-feira) e ele ser o legítimo herdeiro do trono português.
No dia 2 de maio de 1826 (terça-feira) dom Pedro I abdica o trono de Portugal, a favor da Maria da Glória, porém o monarca brasileiro determinava que ela casasse com o seu tio paterno (dom Miguel), que ficaria como regente até o momento dela tornar-se maior de idade e poder assim assumir o governo português.
Este casamento acaba não sendo consumado, pois no ano de 1828, dom Miguel dá um golpe usurpando o trono da sua própria sobrinha, mas acabou perdendo o mesmo quando dom Pedro I depois de ter abdicado ao trono brasileiro trava com ele uma guerra civil na qual o então ex-imperador brasileiro vence. Maria da Glória finalmente consegue ascender ao trono lusitano no ano de 1834, como Maria II.
Tendo em vista o forte descontentamento da província de Minas Gerais em relação ao dom Pedro I, ele resolve visitar esta província com o intuito de contornar este problema. O monarca brasileiro não foi bem recebido pela população mineira, tendo em vista ela esta indignada com o assassinato do jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró (1790-1830).
Com isso tivemos a preparação de uma recepção em desagravo ao monarca brasileiro, por parte de uma sociedade secreta de cunho absolutista (Colunas do Trono) formado basicamente por portugueses. Esta recepção não atingiu o seu intento devido a reação negativa por parte dos brasileiros (Noite das Garrafadas).
A partir dessa situação tivemos a implantação do Ministério dos Brasileiros (atendia basicamente os interesses dos brasileiros), o qual se recusou a reprimir manifestações populares e devido a isto foi substituído pelo Ministério dos Marqueses (atendia basicamente os interesses dos portugueses), provocando grande insatisfação e consequentemente houve pressão pelo retorno do Ministério dos Brasileiros. O imperador se manteve irredutível em sua posição de não reempossar o Ministério dos Brasileiros e consequentemente optou em abdicar a favor do seu filho Pedro de Alcântara (1825-1891), futuro dom Pedro II.
Devido à abdicação do imperador e a impossibilidade do seu filho em assumir o trono brasileiro é importante ressaltar que foi implantado no Brasil a Regência.

9-BRASIL-IMPÉRIO (REGÊNCIA (1831-1840))
O Período Regencial foi um dos períodos históricos mais agitados da História do Brasil, tendo em vista a intensa atividade política desse período histórico, o que acabou provocando o surgimento de rebeliões em diversos lugares do território nacional.

9.1-IMPLANTAÇÃO DA REGÊNCIA
Com a saída de dom Pedro I do governo brasileiro devido a sua abdicação tivemos a instalação da Regência, visto seu filho para o qual tinha abdicado ter apenas cinco anos de idade neste momento e a constituição imperial exigir que o futuro imperador tivesse pelo menos dezoito anos de idade, portanto não poderia assumir cargo tão importante para a vida do país por motivos óbvios.
Continuando temos que a constituição imperial ordenava que algum membro da casa imperial assumisse a Regência, tendo que ter vinte e cinco anos de idade, requisito que nenhum membro da Família Imperial Brasileira tinha neste momento, fazendo com que fosse necessário que a assembleia geral elegesse uma Regência Trina, o que acabou ocorrendo como veremos logo a seguir.
O Período Regencial teve basicamente três fases históricas que são as seguintes, a saber: Regência Trina Provisória (1831), Regência Trina Permanente (1831-1835) e Regência Una (1835-1840).
Levando-se em consideração que o senado e a câmara dos deputados estavam de férias neste momento e a urgência que a situação exigia se fez necessário que os senadores e deputados que por ventura estivessem na capital do império elegessem a Regência Trina Provisória.
A Regência Trina Provisória foi composta pelos senadores José Joaquim Carneiro de Campos (marquês de Caravelas), Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, além do brigadeiro Francisco de Lima e Silva (pai de Luís Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias) e foi neste momento que o Ministério Brasileiro que tinha sido destituído pelo imperador dom Pedro I durante o processo político que levaria a sua abdicação foi reconduzido ao governo. Esta regência concedeu anistia aos presos políticos.
A Regência Trina Provisória foi substituída pela Regência Trina Permanente que era composta pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva e os deputados José da Costa Carvalho (marquês de Monte Alegre) e João Bráulio Muniz.
Em 1831 foi instituída a Guarda Nacional (1831-1922) para fazer frente à necessidade de manter a ordem pública e ao fato que em alguns momentos o governo não poder contar com total confiança do exército, pois esta instituição às vezes participava das perturbações da ordem pública.
A Guarda Nacional era uma instituição mais adequada para fazer a manutenção da ordem pública tendo em vista ela estava mais ligada à classe dominante e devido a essa ligação dificilmente não cumpriria com a sua missão.
O Ato Adicional de 1834 consistiu basicamente na tentativa de conciliar o descentralismo político dos liberais exaltados com o centralismo político dos liberais moderados. Este ato instituiu o término da Regência Trina e a sua substituição pela Regência Una.
Ela instituiu as assembleias legislativas provinciais em substituição dos conselhos gerais da província, possuindo as províncias mais autonomia tendo em visto as atribuições dadas à Assembleia Legislativa Provincial, podendo este órgão legislar sobre as organizações civis, eclesiásticas e judiciárias, sendo basicamente um ato que eminentemente ia de encontro às concepções políticas dos liberais exaltados.
Temos também a criação do município neutro do Rio de Janeiro, agradando os liberais moderados, pois era uma medida centralizadora, pois as autoridades seriam nomeadas pelo governo do império.
A substituição da Regência Trina pela Regência Una foi uma atitude mista, pois centralizava as decisões do governo central nas mãos de uma pessoa só, mas a eleição seria feita de forma direta.
No ano de 1840, tivemos a instituição da Lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834, que praticamente o eliminava.
A Regência Una foi exercida pelo padre Antônio Diogo Feijó (1835-1837) e Pedro de Araújo Lima (1837-1840).

9.2-CORRENTES POLÍTICAS DA REGÊNCIA
Com a instalação da Regência o quadro político do Brasil ficou dividido em três correntes políticas cujos nomes eram: liberais exaltados (jurujubas e farroupilhas), liberais moderados (chimangos) e restauradores (caramurus). Cabe lembrar que no dia 24.09.1834 temos a morte de dom Pedro I, alterando o quadro político do Brasil reduzindo as correntes políticas a duas (regressistas e progressistas).

9.2.1-LIBERAIS EXALTADOS (FARROUPILHAS E JURUJUBAS)
Os liberais exaltados queriam uma profunda reforma política de cunho liberal, sendo a favor das seguintes medidas, a saber: dilatação do direito de voto, maior autonomia para as províncias, fim do poder moderador e dos mandatos vitalícios dos senadores. Vale lembrar que uma minoria desse grupo político era republicana.
Os jornais A Formiga, A Malaqueta, A Sentinela da Liberdade, A Trombeta dos Farroupilhas, O Burro Magro, O Cabrito, O Capadócio, O Cidadão Soldado, O Grito dos Oprimidos e O Republico são exemplos de jornais defensores das opiniões dos liberais exaltados. Os liberais exaltados encontravam-se na Sociedade Federalista.

9.2.2-LIBERAIS MODERADOS (CHIMANGOS)
Eram a favor de uma monarquia liberal sendo liderados pelo jornalista Evaristo Ferreira da Veiga e Barros (1799-1837), padre Diogo Antônio Feijó (1784-1843) e o político Bernardo Pereira de Vasconcelos (1795-1850).
Os jornais A Aurora Fluminense, Astréia, Censor Fluminense e O Sete de Abril são exemplos de jornais defensores das opiniões dos liberais moderados. Os liberais moderados encontravam-se na Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional.

9.2.3-RESTAURADORES (CARAMURUS)
A sua bandeira política era o retorno de dom Pedro I ao trono brasileiro e a implementação de uma monarquia absolutista, sendo que podemos destacar como jornais defensores das suas opiniões O Caramuru, O Caolho e O Martelo.
Era composto basicamente por portugueses e brasileiros com a preponderância dos primeiros, cabendo à liderança a Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva, José Bonifácio de Andrade e Silva e Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Silva (1755-1844).
Os jornais O Brasil Aflito, O Caolho, O Carijó, O Martelo, O Meia Cara, O Palhaço da Oposição, O Soldado Aflito, O Tamoio Constitucional, O Teatrinho, O Torto da Artilharia e O Tupinambá Peregrino são exemplos de jornais defensores das opiniões dos restauradores. Os restauradores encontravam-se na Sociedade Conservadora (posteriormente Sociedade Militar).
 
9.2.4-PROGRESSISTAS
Este grupo político era a favor da descentralização política, cabendo lembrar que de modo geral esse grupo surgiu a partir de elementos oriundos dos liberais exaltados e liberais moderados. O Partido Liberal foi um dos dois partidos políticos que teria o controle político durante o Segundo Reinado foi formado a partir desse grupo político.

9.2.5-REGRESSISTAS
Este grupo político era a favor da centralização política, cabendo lembrar que de modo geral esse grupo surgiu a partir de elementos oriundos dos liberais moderados e restauradores. O Partido Conservador foi um dos dois partidos políticos que teria o controle político durante o Segundo Reinado foi formado a partir desse grupo político.

9.3-REVOLTAS REGENCIAIS
O período regencial foi um dos períodos mais agitados de toda a História do Brasil, tendo havido várias revoltas regenciais em diversas partes do território nacional as quais analisaremos as mais importantes.

9.3.1-SETEMBRADA OU SETEMBRIZADA (PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO/1831)
A Setembrada foi um movimento rebelde (de cunho antilusitano que não tinha propostas definidas) surgido na província de Pernambuco no ano de 1831. Ela foi prontamente controlada pelas tropas legalistas.

9.3.2-NOVEMBRADA (PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO/1831)
A Novembrada foi um movimento rebelde (de cunho antilusitano e liberal que não tinha propostas definidas) surgido na província de Pernambuco no ano de 1831 e liderado por Antônio Afonso Viana e João Machado Magalhães. Ela foi prontamente controlada pelas tropas legalistas.

9.3.3-ABRILADA (PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO/1832)
A Abrilada foi um movimento rebelde (de cunho restaurador) surgido na província de Pernambuco no ano de 1832 e liderado pelo tenente-coronel Francisco José Martins e o major José Gabriel Meyer. Ela foi prontamente controlada pelas tropas legalistas e não alcançou êxito no seu objetivo.

9.3.4-CABANAGEM (PROVÍNCIA DO GRÃO-PARÁ/1835-1840)
A Cabanagem iniciou-se a partir da disputa dentro da classe dominante da província do Grão-Pará (atuais estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima) sobre a nomeação do presidente dessa província.
A revolta em questão passou das mãos da classe dominante para as classes dominadas, tornando-a uma revolta de cunho nitidamente social (popular) tendo a intenção de melhorar a situação social das pessoas em geral, visto a precária situação social da população dessa província.
O nome dessa revolta regencial é oriundo da palavra cabana, que é nada mais do que o nome de um tipo de habitação no qual as pessoas desfavorecidas socialmente residiam. Como a base social da Cabanagem foi esta parcela da população, acabou associando a palavra cabana a este movimento de contestação surgindo assim o termo Cabanagem.
Ela foi à única revolta na qual os estratos (camadas) mais baixos da sociedade brasileira dominaram o poder de uma província ainda que temporariamente.
Os líderes do movimento foram o cônego Batista Campos, os irmãos Francisco e Antônio Vinagre, além do Eduardo Angelim, sendo que a Cabanagem foi reprimida pelo governo imperial não tendo conseguido obter os seus objetivos.

9.3.5-REVOLTA DOS MALÊS (PROVÍNCIA DA BAHIA/1835)
A Revolta dos Malês foi uma rebelião acontecida na cidade de Salvador no ano de 1835. Esta revolta foi protagonizada basicamente por escravos islâmicos tendo como objetivo básico obter a liberdade para eles mesmos.
A revolta em questão estava planejada para ocorrer no dia 25 de janeiro de 1835 (domingo), mas devido à denúncia este movimento foi reprimido o que não evitou que os seus participantes tentassem alguma ação.
O resultado da ação foi o fracasso total do movimento tendo a escravidão permanecida além de ter havido a condenação de várias pessoas envolvidas.

9.3.6-GUERRA DOS FARRAPOS OU REVOLUÇÃO FARROUPILHA (PROVÍNCIAS DE SANTA CATARINA E SÃO PEDRO DO RIO GRANDE DO SUL/1835-1845)
A Revolução Farroupilha eclodiu no ano de 1835 na província de São Pedro do Rio Grande do Sul (atual estado do Rio Grande do Sul), sendo que acabou estendendo-se a província de Santa Catarina. Esta rebelião acabou sendo a mais longa rebelião acontecida durante todo o período regencial.
Este movimento rebelde eclodiu devido basicamente aos interesses econômicos dos estancieiros, os quais estavam interessados na proteção alfandegária para o seu produto que era o charque (carne-seca) e a diminuição dos preços dos produtos necessários para a sua feitura como o sal.
Complementando isto não poderíamos deixar de ressaltar o desejo dos revoltosos de mais autonomia política, tendo em vista que o presidente e os funcionários da província eram escolhidos pelo governo imperial.
A Revolução Farroupilha acabou através da Paz de Pancho Verde (28.02.1845), sendo que os revoltosos conseguiram a anistia geral, a incorporação dos soldados e oficiais farroupilhas ao exército imperial com a mesma patente com exceção do posto de general, a elevação da taxa alfandegária sobre o charque platino para o patamar de vinte e cinco por cento, o direito de escolherem o presidente da província e a libertação de todos os escravos que tivessem lutado neste conflito armado.

9.3.7-SABINADA (PROVÍNCIA DA BAHIA/1837-1838)
A Sabinada foi liderada pelo médico e jornalista Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira (?-1846), tendo como motivo básico da revolta a insatisfação em relação às autoridades da província da Bahia designadas pela regência.
É relevante lembrar que a Sabinada tinha como objetivo manter a província da Bahia independente do Brasil (sob a forma de república), mantendo esta situação até que houvesse a maioridade de dom Pedro II, fato que em princípio ocorreria no ano de 1843. Esta revolta foi reprimida pelo governo imperial não conseguindo obter êxito no seu objetivo.

9.3.8-BALAIADA (PROVÍNCIAS DO MARANHÃO E PIAUÍ/1838-1840)
A Balaiada teve o seu início devido à briga política entre liberais e os conservadores que estavam no poder na província da Bahia e perseguiam os liberais.
Cabe lembrar que esta revolta saiu dos limites da classe dominante tornando-se basicamente uma revolta de pessoas mais desfavorecidas socialmente tendo como objetivo básico melhorar a situação social das pessoas em geral, mas acabou sendo esmagada pelo governo imperial e não obtendo êxito no seu objetivo.
Os líderes da Balaiada foram o vaqueiro Raimundo Cosme Vieira Jutaí, Manuel dos Anjos Ferreira (fabricante de cestos (balaios), daí o nome desse movimento rebelde) e o ex-escravo Cosme.

9.4-MAIORIDADE DE DOM PEDRO II
A intenção de ascender Pedro de Alcântara antecipadamente ao cargo de imperador teve como intenção primordial garantir a estabilidade política do país, pois os membros da classe dominante brasileira eram da opinião que a figura dele no exercício do cargo de imperador teria o efeito de restaurar a autoridade da Coroa Brasileira devido o Brasil estar passando por um período de profunda instabilidade institucional. Completando isto não poderíamos deixar de mencionar que a maioridade de dom Pedro II foi viabilizada através dos liberais, tendo em vista que os mesmos tinham como objetivo oculto a esta jogada política ampliar a sua área de influência (aumento de poder).
A maioridade do imperador dom Pedro II acabou ocorrendo no dia 23 de junho de 1840 (terça-feira) o que pôs fim ao Período Regencial, tendo isto ocorrido através de uma decisão do poder legislativo. A ascensão de dom Pedro II ao trono brasileiro ficou conhecida na historiografia como Golpe da Maioridade. É importante pontuar que a ascensão de dom Pedro II possibilitou a tão desejada estabilidade institucional.

10-BRASIL-IMPÉRIO (SEGUNDO REINADO (1840-1889))
Veremos nesta parte relativa à história brasileira, diversos aspectos do Segundo Reinado, que vem a ser além de um dos períodos históricos mais relevantes da História do Brasil foi um dos mais controversos, pois ao mesmo tempo que foi o período áureo do Brasil-Império ele representou o término do Império Brasileiro tendo em vista as contradições do regime imperial terem chegado ao ponto do prédio imperial ruir e ser substituído pela prédio republicano.

10.1-POLÍTICA INTERNA DO SEGUNDO REINADO
10.1.1-PARTIDO CONSERVADOR E PARTIDO LIBERAL
É interessante ressaltar que a política interna do Brasil-Império durante o Segundo Reinado era controlada pelo Partido Conservador e o Partido Liberal, partidos estes que representavam basicamente os interesses da classe dominante.
Durante o Segundo Reinado tivemos trinta e seis gabinetes dos quais vinte e um eram liberais e quinze eram conservadores, cabendo lembrar que os liberais permaneceram aproximadamente dezenove anos e meio no poder enquanto os conservadores permaneceram aproximadamente vinte e nove anos e meio no poder. Esta diferença de tempo a favor dos conservadores pode ser explicada, pelo fato desse grupo político ter um posicionamento político mais alinhado as concepções políticas de dom Pedro II.
Em relação ao Segundo Reinado é importante ressaltar que houve a aproximação política entre o Partido Conservador e Partido Liberal, possibilitando que ambos governassem o Império Brasileiro através de um governo de conciliação. O período de tempo o qual tivemos esta conciliação, ficou conhecido na historiografia como Período da Conciliação (1853-1861).
É importante ressaltar que durante este tempo tivemos cinco gabinetes, dos quais o que ficou mais caracterizado pela prática da conciliação foi o Gabinete da Conciliação (1853-1856) chefiado por Honório Hermeto Carneiro Leão, marquês do Paraná (1801-1856).
Durante o Gabinete da Conciliação tivemos uma série de medidas importantes que visava modernizar a sociedade brasileira, das quais podemos citar como exemplo as seguintes, a saber: reforma do sistema educacional, reforma do sistema eleitoral, reorganização das forças armadas e promulgação do código comercial.

10.1.2-PARLAMENTARISMO
O parlamentarismo não estava previsto na constituição de 1824 tendo surgido no ano de 1847 quando tivemos a instituição da presidência do conselho de ministros cabendo lembrar que esta experiência parlamentarista foi a primeira que o Brasil teve, mas não seria a única experiência com este modelo político, tendo em vista que o parlamentarismo voltaria durante a República (esta nova experiência será devidamente abordada na parte desse tratado de História Humana referente ao período republicano da história brasileira).
O parlamentarismo no Brasil funcionava de forma invertido em relação ao parlamentarismo praticado no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda como no resto do mundo, pois no parlamentarismo brasileiro a eleição da câmara dos deputados não acontecia no início do processo político, para daí o partido majoritário montar o gabinete (ministros mais o presidente do conselho de ministros), tendo o rei/presidente da república função secundária.
No Brasil o imperador escolhia o presidente do conselho para depois escolher os ministros e o gabinete promover as eleições para a câmara dos deputados que de modo geral eram fraudadas e o partido que estivesse no poder vencia.

10.2-MOVIMENTOS REBELDES
O Segundo Reinado apesar de ser considerado pela historiografia como um período histórico tranquilo politicamente, houve algumas contestações da ordem pública durante a sua existência.

10.2.1-REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1842 (PROVÍNCIAS DE MINAS GERAIS E SÃO PAULO/1842)
Com a extinção da Regência devido o Golpe da Maioridade o Partido Liberal é chamado para montar o ministério, sendo que para legitimar a sua posição no comando político do país este partido político lançou uso da violência para garantir vitória nas eleições parlamentares e devido a isto estas eleições ficaram conhecidas na historiografia como Eleições do Cacete (13.10.1840).
Com isso os adversários (conservadores) reagiram negativamente conseguindo a destituição do ministério composto pelos liberais e consequentemente conseguiram obter o direito de montar o ministério.
Os liberais ficaram extremamente insatisfeito com decisão de dom Pedro II e consequentemente tivemos a eclosão de uma rebelião (Revolução Liberal de 1842) nas províncias de Minas Gerais (liderada por Teófilo Benedito Otoni (1807-869)) e São Paulo (liderada pelo padre Diogo Antonio Feijó (1784-1843)), rebelião esta que acabou sendo controlada pelas tropas legalistas.
Cabe ressaltar que os participantes da Revolta Liberal de 1842 receberam anistia por parte Coroa Brasileira no ano de 1844.

10.2.2-REVOLUÇÃO PRAIEIRA (PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO/1848-1850)
A província de Pernambuco era controlada politicamente pelo Partido Conservador (este partido era controlado pela família Rego-Barros) e o Partido Liberal (este partido era controlado pela família Cavalcanti).
No ano de 1842 tivemos o surgimento de uma dissidência do Partido liberal, dissidência cujo nome era Partido Nacional de Pernambuco (Partido Liberal de Pernambuco e Partido da Praia). Cabe ressaltar que no ano de 1845 esta dissidência assume o comando político da província de Pernambuco quando Antônio Pinto Chichorro da Gama (c. 1800-1837) é indicado cargo de presidente dessa província (ele acabou ficando neste cargo no período de 1845-1848).
O Partido Nacional de Pernambuco implantou um governo caracterizado pela hostilidade aos seus adversários políticos (basicamente a classe dominante pernambucana) e paralelamente a isto cabe lembrar que a província de Pernambuco estava agitado do ponto de vista político devido a uma série de problemas sociais.
Tendo em vista este cenário a Coroa Brasileira resolveu por bem afastar o partido Nacional de Pernambuco do comando político da província em questão, substituindo Antônio Pinto Chichorro da Gama por Vicente Pires da Mota (Partido Liberal) no cargo de presidente da província de Pernambuco.
A instabilidade política permanece nesta província (cinco presidentes de província foram designados para esta província num período de sete meses) e o clímax é atingido quando a Coroa Brasileira nomeia Herculano Ferreira Pena (Partido Conservador) para o cargo de presidente da província de Pernambuco e consequentemente os simpatizantes do Partido Nacional de Pernambuco protagonizaram uma rebelião (Revolução Praieira) que eclodiu no dia 7.11.1848. Os líderes desse movimento rebelde foram os seguintes, a saber: capitão Pedro Ivo Veloso Silveira (1811-1851) e o jornalista Antônio Borges da Fonseca (1808-1872).
Os objetivos básicos dessa revolta foram expostos através de um manifesto conhecido como Manifesto ao Mundo (veio ao público em 1849), no qual os revoltosos se posicionaram a favor da extinção do Poder Moderador, implantação do voto universal e comércio varejista exclusivo aos brasileiros.
Esta revolta foi esmagada pelas tropas legalistas e os envolvidos foram anistiados em 1852.

10.2.3-REVOLUÇÃO DOS MARIMBONDOS (PROVÍNCIAS DE ALAGOAS, CEARÁ, PARAÍBA, PERNAMBUCO E SERGIPE/1851-1852)
A Revolução dos Marimbondos (Guerra dos Marimbondos ou Revolta do Ronco da Abelha) aconteceu entre os anos de 1851-1852, tendo tido início na província de Pernambuco e espalhado para diversos lugares (províncias de Alagoas, Ceará, Paraíba e Sergipe).
A motivação para o surgimento desse movimento rebelde foi à promulgação dos decretos 797 e 798 que deixaram a população bastante insatisfeita, tendo em vista que ambos os decretos (o primeiro previa a instituição do censo geral do império (primeiro censo demográfico brasileiro) e o segundo que previa o cadastramento (registro civil) das pessoas livres) solicitava que as pessoas declararem a sua origem e cor e surgiu a partir disso um boato que o Império Brasileiro tinha a intenção de reduzir os afrodescendentes livres à condição de escravos. A rebelião foi prontamente controlada pelas forças legalistas e ambos os decretos foram revogados.

10.2.4-CANGAÇO (1870-1940)
O cangaço é o que chamamos nas ciências humanas de banditismo social, que vem a ser a contestação das classes dominadas num contexto histórico de injustiças sociais, mas sem haver um projeto de mudança social para a sociedade na qual acontece este fenômeno social.
Cabe lembrar que o banditismo social acontece de modo geral no meio rural, tendo ocorrido em diversas partes do mundo ocorrido em diversas partes do mundo tais como América Espanhola, América Portuguesa, Itália e Ucrânia.
No caso do Brasil o cangaço ocorreu no nordeste, tendo havido diversos bandos de cangaceiros dos quais o mais famoso foi o Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) que existiu durante os anos de 1920-1938.
O cangaço foi duramente combatido pelo governo federal durante a Era Vargas, devido ser incompatível com o projeto de estado inerente a este período histórico. O último bando de cangaceiros foi o do Cristiano Gomes da Silva (Corisco ou Diabo Loiro) que existiu durante os anos de 1938-1940.

10.2.5-REVOLUÇÃO DOS QUEBRA-QUILOS (REGIÃO NORDESTE/1874-1875)
Este movimento rebelde ocorreu devido à tentativa do Império Brasileiro de implantar o sistema métrico decimal e a população em geral não ter aceitado prontamente este sistema por achar que ia ser danoso aos seus interesses (as pessoas estavam acostumadas com o sistema anterior e com a instalação do sistema métrico decimal elas achavam que o Império Brasileiro estava lesando-os). Este movimento ocorreu no nordeste e foi devidamente controlado pelas forças legalistas.

10.2.6-MOTIM DAS MULHERES (PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE/1875)
Este movimento rebelde ocorreu devido à tentativa do Império Brasileiro de impor o alistamento militar obrigatório, tendo ocorrido através das brasileiras que protestaram contra este procedimento administrativo, no dia 4 de setembro de 1875 na cidade de Mossoró. Este protestos não surtiram o efeito desejado pelos seus protagonistas.

10.2.7-MOTIM DO VINTÉM (PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO/1880)
O Motim do Vintém foi uma rebelião popular ocorrida devido ao aumento da passagem de bondes devido à instituição de um imposto sobre as passagens desse meio de transporte no valor de um vintém (vinte réis). Devido ao fato da repressão da Coroa Brasileira a esta rebelião ter tido uma repercussão negativa na opinião pública, este imposto acabou sendo abolido.

10.3-ASSISTENCIALISMO MILITAR
O Asilo dos Inválidos da Pátria (1868-1976), foi uma instituição de cunho assistencialista fundada durante a Guerra do Paraguai com a intenção de abrigar os militares (inválidos) oriundos desse conflito militar que por ventura seus familiares não pudessem cuidar dos mesmos.
O Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB) é composto por 15 instituições de ensino militar (Colégio Militar de Belém (CMBel), Colégio Militar de Belo Horizonte (CMBH), Colégio Militar de Brasília (CMB), Colégio Militar de Campo Grande (CMCG), Colégio Militar de Curitiba (CMC), Colégio Militar de Fortaleza (CMF), Colégio Militar de Juiz de Fora (CMJF), Colégio Militar de Manaus (CMM), Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA), Colégio Militar de Recife (CMR), Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ), Colégio Militar de Salvador (CMS), Colégio Militar de Santa Maria (CMSM), Colégio Militar de São Paulo (CMSP), Colégio Militar da Vila Militar (CMVM) e a Fundação Osório (FO) – instituição educacional vocacionada ao ensino técnico (cursos técnicos em administração e meio ambiente)), sendo atualmente subordinada ao Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEX) através da Diretoria Preparatória e Assistencial (DEPA). Esta instituição foi criada mo último quartel do século XIX com a intenção de prestar assistência educacional/social aos dependentes dos militares (em especial do exército) devido as agruras da vida militar.
É importante pontuar que este sistema de assistência educacional/social surgiu através da criação do Imperial Colégio Militar da Corte (atual Colégio Militar do Rio de Janeiro) através do Decreto Imperial 10.202 datada do dia 9 de março de 1889 (terça-feira), tendo tido fundamental participação neste processo histórico o conselheiro Tomás José Coelho de Almeida (1838-1895) e devido a isto é considerado o fundador dessa instituição educacional.
 
10.4-POLÍTICA EXTERNA DO SEGUNDO REINADO
Nesta parte desse tratado de História Humana veremos alguns pontos da política externa do Segundo Reinado que tiveram grande importância para a História do Brasil e consequentemente merecem a nossa atenção principalmente às questões relativas à região do Rio da Prata que foi a parte mais relevante desse aspecto da História do Brasil.

10.4.1-QUESTÃO CHRISTIE
A Questão Christie foi um conjunto de três incidentes entre os governos do Brasil e do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, tendo atrás desses atritos à tentativa do governo britânico de conseguir obter um acordo comercial vantajoso com o Brasil, além de conseguir o fim da escravidão.
O primeiro incidente aconteceu no ano de 1860 e refere-se ao fato de que a fragata britânica Emerald depois que chegou ao Brasil teve dois marinheiros seus envolvidos numa briga a qual ocasionou na morte de uma pessoa. Os dois marinheiros foram presos e entregues a uma embarcação britânica, sendo que houve a participação do embaixador britânico William Christie neste caso os marinheiros não foram devolvidos para as autoridades brasileiras para que fossem julgadas.
No ano de 1861 houve o roubo da carga do navio britânico Price of Wales (Príncipe de Gales) embarcação que tinha naufragado no litoral da província de São Pedro do Rio Grande do Sul, constituindo assim o segundo caso.
O terceiro caso aconteceu no ano de 1862 e envolveu três oficiais da fragata Fort que desfizeram de um policial e foram presos devido a isto. Os oficiais foram entregues aos britânicos sem maiores problemas.
O embaixador britânico defendendo os interesses de seu país tenta obrigar o governo brasileiro a pagar 6.525,00 libras esterlinas pela carga roubada e a abrir um processo contra as pessoas que prenderam os marinheiros que desacataram o policial e a exoneração do chefe da polícia.
O Brasil recusou-se a cumprir as exigências britânicas o que acabou gerando represálias por parte do governo britânico. Estas represálias consistiram no impedimento da entrada e a saída do porto da cidade do Rio de Janeiro e a apreensão de cinco navios mercantes.
O governo brasileiro pagou apenas 3.200,00 libras esterlinas e entregou o resto da questão (as represarias e a prisão dos marinheiros por destratar o policial) ao arbítrio do monarca da Bélgica (rei Leopoldo I).
O rei belga deu ganho de causa ao Brasil no qual o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda deveria pedir desculpas à coroa brasileira. O embaixador britânico William Dougal Christie foi removido do Brasil e como as desculpas não foram adequadas fez com que o Brasil rompesse as relações diplomáticas com o governo britânico.
O problema foi resolvido de forma definitiva no ano de 1865 quando o representante britânico na Argentina pediu as devidas desculpas ao Brasil e as relações diplomáticas entre ambas as partes foram restabelecidas.

10.4.2-INTERVENÇÕES BRASILEIRAS NA REGIÃO DO RIO DA PRATA
O Império Brasileiro tinha vários interesses na região do Rio da Prata podendo destacar a liberdade de navegação no Rio da Prata, tendo em vista que não havia ligação para a província de Mato Grosso fazendo que a já referida via fluvial fosse o único caminho para esta província, evitar que a Argentina formasse um grande país na região anexando Uruguai e por último coibir a entrada de uruguaios no território nacional com o intuito de invadir as fazendas da província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
A partir desses interesses o Império Brasileiro interveio militarmente na região do Rio da Prata em três ocasiões que foram as seguintes, a saber: contra Manuel Oribe (Uruguai) e Juan Manuel Rosas (Argentina) em 1851-1852, contra Atanásio Aguirre (Uruguai) em 1864-1865 e contra Francisco Solano López (Paraguai) que ocorreu nos anos de 1864-1870 que é conhecida na historiografia como Guerra do Paraguai.

10.4.2.1-INTERVENÇÃO BRASILEIRA CONTRA MANUEL ORIBE E JUAN MANUEL ROSAS (1851-1852)
Uruguai obteve a sua independência no ano de 1828 e em seguida houve a formação de dois partidos políticos que eram o Partido Blanco cujo líder era Manuel Oribe sendo constituído basicamente por criadores de gado e politicamente eram ligados à Argentina e o Partido Colorado que era liderado por Frutuoso Rivera sendo uma agremiação política ligada aos comerciantes da cidade de Montevidéu (capital do desse país em questão) e politicamente estavam próximos do Brasil.
Frutuoso Rivera após vencer as eleições para presidente da república no ano de 1828 tornou-se o primeiro presidente do Uruguai e o seu mandato de presidente da república não trouxe maiores problemas para os interesses do Brasil na região do Rio da Prata.
O problema aconteceu quando Manuel Oribe assume o governo do Uruguai em 1834 e aproxima-se do presidente da Argentina Juan Manuel Rosas que tinha pretensões de tomar Uruguai para a Argentina.
A situação era bastante complicada tendo em vista o conflito latente entre brasileiros e uruguaios, atrito relativo à invasão de fronteiras e fazendas por parte dos uruguaios pertencentes ao Brasil.
De acordo com o cenário político que se apresentava o Brasil achou por bem intervir na região que foi feita com tropas que apoiaram Frutuoso Rivera contra Manuel Oribe que foi destituído do governo uruguaio no ano de 1851.
Nem tudo foram flores para o Império Brasileiro tendo em vista que a Argentina não ficou passiva diante dessa situação adversa aos seus interesses e fez uma intervenção no Uruguai a favor dos seus aliados tendo a intenção de tomar a posse do Uruguai.
O objetivo argentino não foi alcançado devido ao fato que houve uma rebelião contra Juan Manuel Rosas (presidente da Argentina) nas províncias de Entre Rios e Corrientes comandada por Urguiza. Esta rebelião que teve apoio do Brasil acabou provocando a queda do presidente da Argentina no ano de 1852.
Depois disso tivemos um quadro político diferente do inicial, pois tanto na Argentina como no Uruguai assumiram o poder pessoas que atendiam os diversos interesses brasileiros na região.

10.4.2.2-INTERVENÇÃO BRASILEIRA CONTRA ATANÁSIO AGUIRRE (1864-1865)
Vale lembrar que de modo geral não houve mudança significativa na política da região do Rio da Prata, podendo citar a questão dos fazendeiros gaúchos que continuaram reclamando das invasões de suas propriedades e a apropriação indébita do gado bovino por parte dos uruguaios (mais precisamente os membros do Partido Blanco) não ter dado a devida atenção para o problema em questão e as reclamações feitas pelo Brasil.
Tendo em vista o cenário político o Brasil achou por bem fazer mais uma intervenção no Uruguai apoiando o Partido Colorado que neste momento tinha como uma de suas lideranças Venâncio Flores que acabou conseguindo tomar o poder neste país com a ajuda do Império Brasileiro.
Nesta intervenção houve um aspecto que complicou bastante o cenário político de então que foi a intervenção de um terceiro país neste conflito que foi o Paraguai, tendo em vista que este país ao se sentir ameaçado por esta atitude imperialista brasileira começa uma guerra contra o Brasil dando início assim a Guerra do Paraguai (foi um dos conflitos armados mais importante ocorrido na História da América Latina) que será estudada de forma mais bem detalhada no item seguinte.

10.4.2.3-GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870)
O Paraguai dentro do cenário do continente político latino-americano do século XIX era um país que destoava bastante dos demais países dessa região, visto o progresso socioeconômico alcançado por esta nação, que foi iniciado logo depois de alcançada a sua independência política no começo do século XIX.
Durante a Guerra do Paraguai que foi o maior conflito armado de toda a América do Sul em todos os tempos o Paraguai foi comandado por Francisco Solano López que tinha assumido o comando do governo desse país no dia 20.09.1862.
A Guerra do Paraguai começou devido ao fato do Brasil ter invadido o Uruguai para apoiar o Partido Colorado, além de fazer uma represália ao Partido Blanco cujos membros insistiam em invadir a província do Rio Grande do Sul especificamente as fazendas roubando gado bovino. Com esta atitude imperialista, o Império Brasileiro poderia bloquear a região do Rio da Prata e isolar política e economicamente o Paraguai podendo causar assim muitos transtornos para este país em questão.
Para continuar o seu progresso econômico o Paraguai, necessitava alcançar (manter) o acesso ao Oceano Atlântico, o que seria feito em princípio através da anexação de terras pertencentes à Argentina, Brasil e Uruguai.
Esta situação peculiar do Paraguai era bastante prejudicial aos interesses econômicos dos britânicos, pois pelo aumento da produção local de manufaturados os britânicos veriam um mercado consumidor diminuído, além de haver a possibilidade de esse país começar a exportar as suas manufaturas competindo assim com os produtos britânicos causando assim transtornos para o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.
Continuando temos outro problema sério que seria o fato do Paraguai servir de exemplo inspirador para outros países da região e como tal o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda estava disposta a incentivar uma guerra contra esse país para não ver os seus interesses prejudicados.
Este conflito armado teve como motivo imediato para a sua eclosão o aprisionamento da embarcação brasileira Marquês de Olinda pelo navio paraguaio Taquari que ocorreu no dia 12.11.1864.
Cabendo lembrar que na embarcação brasileira estava o presidente da província de Mato Grosso o coronel Frederico Carneiro de Campos. O navio Marquês de Olinda foi armado e incorporado à marinha paraguaia. Depois desse acontecimento temos a invasão do território brasileiro (através da província do Mato Grosso) pelas tropas paraguaias, tendo isto ocorrido no final de 1864.
Os contingentes militares dos aliados eram formados por pessoas oriundas dos três países (Argentina, Brasil e Uruguai) sendo que a base desses contingentes foi às tropas brasileiras, ficando o Brasil com a maior parte da responsabilidade por combater as tropas do Paraguai.
Com o término desse conflito armado o Paraguai teve uma perda de 140.000 quilômetros quadrados de território para os seus países opositores, o que correspondia na época a quarenta por cento do total das terras que compunham o seu território, sendo uma área superior aos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro juntos (o que demonstra o caráter bastante destruidor que a Guerra do Paraguai possuía).
Não poderíamos deixar de ressaltar que não foi só o território do Paraguai que sofreu bastante com este conflito armado, mas a sua população também, tendo em vista que tivemos a morte de setenta e cinco por cento da população paraguaia (600.000 pessoas aproximadamente), além de noventa por cento das tropas paraguaias
O principal beneficiado com este conflito armado foi o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda tendo em vista o modelo econômico que tinha sido implantado no Paraguai acabou sendo totalmente desmontado.
A Guerra do Paraguai teve o seu término no dia 1º.03.1870 quando Francisco Solano Lopez morreu na localidade chamada de Cerro Corá, tendo o Paraguai saído de esse confronto militar derrotado.

10.5-ECONOMIA DO SEGUNDO REINADO
10.5.1-AGRICULTURA
O cafeeiro (Coffea arabica) é oriundo da Etiópia (África), sendo que esta planta foi trazida para o Brasil a partir da Guiana Francesa, através da província do Grão-Pará no ano de 1727, pelo oficial lusitano Francisco de Mello Palheta (1670-c. 1750) de forma clandestina tendo em vista ser proibido a saída de mudas ou sementes dessa planta da Guiana Francesa.
Inicialmente o destino da produção nacional do café era para abastecimento do mercado interno (doméstico), sendo que ele começou a voltar-se para o mercado externo a partir do final do século XVIII, visto a desorganização que atingiu a produção cafeeira das colônias francesas tendo em vista o envolvimento da França e de suas colônias em movimentos de cunho revolucionário.
O café começou a ter relevância como produto de exportação a partir da década de 1820 assumindo a liderança na pauta de exportação brasileira nas décadas seguintes o que é bastante visível no apêndice vinte e um, cabendo ressaltar que a produção cafeeira aumentou bastante no Brasil devido basicamente pela expansão do consumo estadunidense e britânico, falta de um concorrente importante no mercado internacional e condições geográficas favoráveis (clima e solo) entre outros.
Em relação à produção cafeeira é importante ressaltar um aspecto relevante dessa atividade econômica, que era o transporte de mercadoria dos centros de produção para os centros de exportação. Este transporte era feito de forma bastante complicado tendo em vista a precariedade dos meios de transporte e a distância entre os centros de produção e o centro de exportação que de modo geral não eram curtas. Tendo em vista esta situação foi implantado no Brasil o sistema ferroviário.
É interessante ressaltar que devido ao término do tráfico negreiro devido a Lei Eusébio de Queirós (1850), o acesso a mão de obra escrava ficou bastante prejudicada dificultando assim as atividades do setor cafeeiro as quais foram contornadas através do tráfico interprovincial e a mão de obra imigrante.

10.5.2-INDÚSTRIA
No ano de 1828 tivemos uma lei na qual tivemos a fixação em quinze por cento o imposto de entrada (importação) de mercadorias no Brasil não fazendo diferença (distinção) sobre a origem do produto.
O primeiro surto industrial do Brasil veio em parte da implantação das Tarifas Alves Branco (o nome dessa tarifa vem do nome do ministro da fazenda Manuel Alves Branco que as implantou) no ano de 1844, cujo objetivo não era montar uma barreira protecionista contra as importações, mas por motivos fiscais (arrecadação de dinheiro por parte do governo imperial).
Vale lembrar que as tarifas instituídas pelo ministro da fazenda não permaneceriam inalteradas durante o período imperial.
As Tarifas Alves Branco elevaram a carga tributária (imposto) das importações de quinze por cento para trinta por cento caso não houvesse produção de mercadorias parecidas no Brasil e sessenta por cento caso existisse mercadoria semelhante produzida no Império Brasileiro. Esta medida econômica acabou ocasionando um aumento no preço dos produtos importados favorecendo assim a indústria nacional.
Completando isso houve o término do tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queirós) que liberou grandes somas de dinheiro para outros setores da economia inclusive para indústria.
É interessante ressaltar que o ícone do surto de industrialização ocorrido no Segundo Reinado foi Irineu Evangelista de Souza, visconde de Mauá. Este gaúcho do município de Arroio Grande (então pertencente ao município de Jaguarão) é considerado pela historiografia como o primeiro grande empresário brasileiro da área industrial, sendo que no seu auge chegou a ter dezessete empresas distribuídas nos seguintes, países, a saber: Argentina, Brasil, Estados dos Unidos da América, França, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda e Uruguai.
Tendo em vista as dificuldades inerentes a atividade industrial e a falta de apoio político levaram o conglomerado empresarial de Irineu Evangelista de Souza, visconde de Mauá a falência.
É interessante ressaltar que a energia elétrica foi implantada no Brasil de forma pontual (experimental) na Corte nos anos de 1879 (Estação do Campo da Estrada de Ferro Central do Brasil) e 1881 (Campo de Santana (parte)) e de forma permanente no ano de 1883 na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), quando tivemos a implementação da iluminação da iluminação pública nesta cidade. É importante ressaltar que ao longo da história brasileira, houve diversos apagões no Brasil, os quais ocorreram de modo geral devido a problemas técnicos ou excesso de demanda de energia elétrica.
É interessante ressaltar que durante o Segundo Reinado a sociedade brasileira passou por um processo de modernização conservadora (principalmente na área econômica), ou seja, alguns aspectos dela foram atualizados de acordo com o desenvolvimento da sociedade humana, contudo os principais aspectos da mesma não foram alterados profundamente. Consequentemente tivemos a implantação do cabo telegráfico, telefone e telégrafo.

10.5.3-MÃO DE OBRA
10.5.3.1-MÃO DE OBRA ESCRAVA
Cabe lembrar a grande relevância que o escravo teve para a História do Brasil tendo havido um grande aumento da entrada do elemento servil no final do século XVIII e o início do século XIX, devido ao desenvolvimento da agricultura brasileira o qual acabou pressionando pelo aumento de mão de obra para que fosse possível atender o aumento da demanda por produtos agrícolas (mais precisamente do café).
O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda tinha interesses diretos no fim do tráfico negreiro (término da escravidão), pois como este país em meados do século XVIII passou pela Revolução Industrial havia a necessidade de mercado consumidor para atender as suas indústrias.
Como o escravo estava fora do mercado consumidor pela sua condição servil (de modo geral os escravos não recebiam remuneração pelas suas atividades) havia então por parte desse país o interesse de acabar com a escravidão no Brasil e implantar o trabalho assalariado de forma mais consistente para conseguir assim um mercado consumidor maior para os seus produtos.
Com a implantação do trabalho assalariado de forma consistente favoreceria imensamente os interesses britânicos, tendo em vista que elevaria a circulação de dinheiro na economia e consequentemente teríamos o aumento do mercado consumidor para as mercadorias do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.
É relevante ressaltar que o parlamento do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda instituiu o Bill Aberdeen (8.08.1845) no qual os navios britânicos teriam o direito de prender navios negreiros e os traficantes responderem pelos seus atos perante o almirantado ou qualquer tribunal de um vice-almirantado de alguma região sob controle desse país mencionado anteriormente.
Essa medida tomada visava pressionar o Brasil no sentido de acabar com o tráfico de escravos e para retaliar o Brasil por ter instituído as Tarifas Alves Branco o que prejudicou bastante os interesses britânicos no Brasil cabendo lembrar que o Bill Aberdeen foi revogado no ano de 1869.
Houve pressões internas (movimento abolicionista) no sentido de abolir o trabalho escravo, podendo fazer referência a existência de diversas agremiações abolicionistas (Caixa Libertadora José de Patrocínio, Centro Abolicionista Ferreira de Menezes, Clube dos Empregados do Comércio, Centro Abolicionista de São Paulo, Clube de Libertos de Niterói, Emancipadora Acadêmica, Confederação Abolicionista, Libertadora da Escola de Medicina, Libertadora da Escola Militar, Sociedade Brasileira Contra a Escravidão e Sociedade Emancipadora do Elemento Servil) e periódicos abolicionistas (A Abolição, A Gazeta da Tarde, A Liberdade, A Luta, A Onda, A Redenção, A Terra da Redenção, A Vida Semanária, Jornal do Commercio, O Abolicionista, O Alliot, O Amigo do Escravo, O Federalista, Oitenta e Nove, Revista Illustrada e Vila da Redenção).
A Lei Feijó (7.11.1831) conhecida também pelo nome de Lei de 7 de novembro de 1831 determinava determinava a extinção do tráfico negreiro, cabendo lembrar que a mesma não obteve êxito necessário no seu intento e posteriormente houve a necessidade de promulgar outra lei (Lei Euzébio de Queirós) que versava sobre o mesmo tema.
A Lei Euzébio de Queirós (4.09.1850) determinava a extinção do tráfico negreiro, enquanto a Lei Nabuco de Araújo (5.06.1854) determinava sérias punições para as autoridades que fossem complacentes com o tráfico negreiro.
A Lei do Ventre Livre (28.09.1871) conhecida também como Lei Rio Branco determinava que os filhos de escravos nascidos depois da sua promulgação ficariam nas mãos do dono de sua mãe até os oito anos de idade, quando os senhores de escravos poderiam optar pelo uso dos seus serviços até a idade de vinte e um anos ou receber uma indenização no valor de 600$000 (seiscentos mil réis) a ser fornecida pelo governo.
A Lei dos Sexagenários (28.09.1885) conhecida também pelo nome de Lei Saraiva-Cotejipe determinava que todos os escravos com mais de sessenta anos estariam libertos, sendo que em contrapartida eles deveriam trabalhar mais três anos ou até completar sessenta e cinco anos para os seus ex-proprietários com a finalidade de pagar por sua alforria.
Esta lei demonstra bem como foi feita a Abolição no Brasil tendo em vista que mesmo a lei que garantiria a liberdade dos escravos faria que os ex-escravos tivessem obrigação com seus ex-proprietários.
No ano de 1884 tivemos a Abolição da Escravidão nas províncias do Ceará e Amazonas antecipando-se assim ao resto do país. A escravidão no Brasil foi abolida sem indenização aos donos de escravos no dia 13.05.1888, pela Lei Áurea assinada pela princesa Isabel (1846-1921) quando era regente do Império Brasileiro. O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão.
A Abolição da Escravidão não trouxe nenhuma mudança significativa para a estrutura socioeconômica do Brasil, ou seja, as classes dominantes tiveram a sua posição garantida sem maiores problemas e as classes dominadas não tiveram melhoras significativas de sua posição.
Tendo em vista esta situação e a falta de inicativa por parte das autoridades em melhorar a vida das pessoas que tinham acabado de sair do cativeiro, os afrodescendentes tentaram contornar as suas dificuldades socioeconômica através do associativismo negro (associativismo civil). Este associativismo consistia basicamente na fundação de uma série de organizações de auxílio mútuo, nas quais os associados se ajudavam com a intenção de garantir as condições mínimas de cidadania, abordando aspectos esportivos, culturais, recreativos e sociais. Podemos citar como exemplos de associativismo negro os seguintes casos, a saber: Associação Beneficente Amigos da Pátria, Centro Literário dos Homens de Cor, Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, Centro Recreativo, Club Carnavalesco Bahianas, Club Beneficente, Cultural e Recreativo 28 de Setembro, Club Beneficente 13 de Maio, Centro Patriótico Treze de Maio, Club Republicano dos Homens de Cor, Grupo Carnavalesco Barra Funda, Sociedade Beneficente Estrela da Redenção, Sociedade Beneficente dos Homens de Cor, Sociedade Beneficente Luiz Gama, Sociedade Cooperativa Filhos do Trabalho, Sociedade Cooperativa dos Homens Pretos e Sociedade Progresso da Raça Africana.
 
10.5.3.2-MÃO DE OBRA IMIGRANTE
Com a pressão tanto interna como externa no sentido de acabar com a escravidão no Brasil, houve a necessidade de encontrar a solução para uma eventual falta de mão de obra (o foco do problema era a produção cafeeira, pois era altamente dependente da mão de obra escrava e era a principal riqueza do país).
Inserido neste contexto histórico podemos ressaltar que a sociedade brasileira tentou contornar o problema através da imigração esta que foi feita através do sistema de parceria ou pelo sistema de imigração subvencionada. O primeiro sistema correspondia a uma parceria entre os fazendeiros e os imigrantes na qual os empregadores pagavam as despesas da vinda dos colonos e o segundo corresponde aos incentivos que o governo imperial concedia para a vinda dos colonos. Por uma série de motivos o segundo sistema prevaleceu sobre o primeiro sistema.
É importante ressaltar que no ano de 1850 tivemos a promulgação da Lei de Terra, que consistiu na obrigatoriedade por parte dos interessados na aquisição de terras públicas (terras devolutas), de fazê-lo através compra, sendo vetado assim as outras formas de aquisição (doação e ocupação) dessas terras.
A finalidade disso era dificultar o acesso a terras por parte dos imigrantes, pois evitaria o desvio da mão de obra livre que era destinada a substituição da mão de obra escrava, para empreendimentos autônomos em relação ao núcleo central da atividade agrícola do país.
Isto aconteceria porque os imigrantes não teriam condições financeiras de adquirir lotes de terras, pois a imensa maioria deles eram pessoas desfavorecidas socialmente e consequentemente acabavam se submetendo ao trabalho nos latifúndios (basicamente nos cafeicultores).

10.6-DERROCADA DA MONARQUIA
Ao abordamos a derrocada da monarquia e a implantação da república no Brasil é aconselhável ressaltarmos que o desejo pela instituição da república no Brasil existe desde o período colonial, sendo que os republicanos se organizaram de uma forma mais organizada com a fundação de partidos republicanos e a participação em eleições durante o período monárquico.
O surgimento do Partido Republicano se deu no ano de 1870 a partir de uma divisão surgida no Partido Liberal em 1868.
Apesar do movimento republicano não ser tão desenvolvido ele tinha duas correntes, a saber:
a-evolucionista: era liderada basicamente por Quintino Antônio Ferreira de Sousa Bocaiúva e tinha a opinião que a república seria implantada de forma pacífica sem maiores transtornos na vida da sociedade brasileira;
b-revolucionária: era liderada por Antônio da Silva Jardim e era a favor da revolução para a implantação da república.
Os republicanos não ficaram passivos esperando as coisas acontecerem para que houvesse a implantação da república tendo feito até propaganda neste sentido apesar de não ter tido grandes resultados, cabendo lembrar que a monarquia acabou caindo mais por desgaste próprio que pela ação dos republicanos.
Basicamente tivemos três motivos que atuaram conjuntamente para que tivesse havido a derrocada (queda) da monarquia brasileira no final do século XIX tendo sido os seguintes motivos, a saber: Questão Militar, Questão Religiosa (Epíscopo-Maçônica), Questão Servil (Escravidão), Questão da Sucessão do Trono Brasileiro e a Propaganda Republicana.

10.6.1-QUESTÃO RELIGIOSA (QUESTÃO EPÍSCOPO-MAÇÔNICA)
A Questão Religiosa (o atrito entre o Império Brasileiro e a Igreja Católica Apostólica Romana) transcorreu entre os anos de 1872-1875, consistindo basicamente na rejeição por parte de dom Pedro II da bula papal Syllabus do papa Pio IX (1846-1878) emitida no ano de 1864, que vetava a permanência de membros da maçonaria dentro da Igreja Católica Apostólica Romana tendo como contrapartida do imperador a posição do bispo de Olinda (província de Pernambuco) dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira e do bispo de Belém (província do Grão-Pará) dom Antônio Macedo Costa de seguirem esta bula papal.
Com isso algumas irmandades católicas apresentaram queixa ao imperador o qual repassou a reclamação à justiça.
No ano de 1874 a justiça acabou punindo os bispos com a pena de prisão de quatro anos conjuntamente com trabalhos forçados, sendo que imperador acabou amenizando a pena.
Os clérigos em questão acabaram sendo anistiados a pedido de duque de Caxias que era o primeiro-ministro do Império Brasileiro.
Esta rusga (briga) entre as duas partes em questão acabou provocando insatisfação junto à população brasileira em relação ao governo imperial, visto que a maior parte do povo brasileiro da época como ainda hoje era católico apostólico romano.

10.6.2-QUESTÃO MILITAR
A Questão Militar na verdade foi um conjunto de incidentes entre o exército e o governo imperial, sendo que o primeiro confronto dessa série de atritos aconteceu no ano de 1883, quando o tenente-coronel Antônio de Senna Madureira (1836-1889) criticou-o pela imprensa (Jornal do Commercio) o projeto Paranaguá que tratava da reforma do montepio (aposentadoria dos militares). Cabe lembrar que vários militares acabaram alinhando-se com o referido tenente-coronel.
Com isso o governo determinou que os militares só pudessem manifestar-se através de jornais mediante a autorização do ministro da guerra.
Em 1884 tivemos outro incidente envolvendo o tenente-coronel Antônio de Senna Madureira, começando quando o jangadeiro Francisco do Nascimento (Dragão do Mar) liderou a recusa dos jangadeiros da província do Ceará em transportar escravo sendo homenageado no Rio de Janeiro devido a isto.
Ele foi homenageado na Escola Geral de Tiro do Campo Grande (Rio de Janeiro) cujo comando era do tenente-coronel Antônio de Senna Madureira. O ministro da guerra acabou não gostando do ocorrido, o que ocasionou na punição do referido tenente-coronel.
No ano de 1885 tivemos outro caso que foi o fato do coronel Ernesto Augusto Cunha Matos ao fazer uma inspeção numa guarnição do exército localizada na província do Piauí, notou o extravio (sumiço) no fardamento do quartel, o que acabou ocasionando na punição do comandante (capitão Pedro José de Lima) dessa unidade militar.
O capitão Pedro José de Lima foi defendido por um deputado do Partido Conservador da província do Piauí cujo nome era Simplício Coelho Rezende, cabendo lembrar que o referido capitão era do mesmo partido político do deputado que o defendeu. Esse deputado defendeu este militar com a tese de que a acusação contra o referido capitão era devido basicamente ao fato que o acusador dele estar alinhado com o Partido Liberal, ou seja, seria uma questão meramente política.
Com isso o coronel Ernesto Augusto Cunha Matos defendeu-se pela imprensa sendo punido (ficou quarenta e oito horas presos além de advertência na ordem do dia) por indisciplina pelo ministro da guerra Alfredo Rodrigues Fernandes Chaves (1844-1894).
Estes atritos acabaram indispondo ainda mais o exército brasileiro e o governo brasileiro que de modo geral não foi muito bom durante todo o período imperial, fazendo que de modo genérico os membros dessa instituição ficassem contra ela ou não interessassem muito em defender a sua manutenção.

10.6.3-QUESTÃO SERVIL (ESCRAVIDÃO)
O fim da escravidão no Brasil colaborou com a Queda da Monarquia, devido ao fato dos fazendeiros do Vale do Paraíba os quais apoiavam a monarquia (também defendiam a escravidão no país), afastaram-se do governo imperial quando tiveram os seus interesses diretamente prejudicados, fazendo com que o Império Brasileiro perdesse um relevante pilar de sustentação.
Para termos uma real noção do motivo para a retirada do apoio político por parte desses fazendeiros é o fato de cada escravo valer em média 2:000$000, que era um valor considerável na época.

10.6.4-QUESTÃO DA SUCESSÃO DO TRONO BRASILEIRO
A Questão da Sucessão do Trono Brasileiro (resistência a transferência da Coroa Brasileira do imperador dom Pedro II para a princesa Isabel é historicamente a menos analisada pela historiografia brasileira e consequentemente é a menos conhecida pelo público em geral. Esta questão está relacionada a ausência de apoio popular do casal herdeiro do trono brasileiro (princesa Isabel e o príncipe consorte Luís Filipe Maria Fernando Gastão, conde d`Eu) devido ao fato da princesa ser diretamente “influenciável” pela Igreja Católica Apostólica Romana (por ser uma católica muita devota (carola) e pelo príncipe consorte (devido ao relacionamento matrimonial de ambos)) e o fato do príncipe consorte não ter uma popularidade satisfatória na sociedade brasileira devido ao fato de ser estrangeiro e apesar de ser fluente na língua na língua portuguesa mantinha forte sotaque francês e ser deficiente auditivo contribuiu diretamente para a degradação de sua imagem perante a sociedade brasileira, apesar de ter sido comandante em chefe das Forças Militares Brasileiras na fase final da Guerra do Paraguai (1864-1870).

10.6.5-PROPAGANDA REPUBLICANA
Apesar do ideário republicano existir no Brasil desde o período colonial, este ideário era bastante superficial na sociedade brasileira, tendo crescido bastante no final do período imperial sendo inserido num processo de modernização do Brasil. Apesar do crescimento do ideário republicano na sociedade brasileira, cabe ressaltar que o mesmo nunca foi amplamente difundido no Brasil e consequentemente apesar do grande esforço dos republicanos históricos através da Propaganda Republicana para a substituição do prédio monárquico pelo prédio republicano, a monarquia brasileira ruiu mais pelos seus defeitos que pelos esforços propagandistas dos republicanos históricos.
Não se iludam com a grande quantidade de clubes republicanos (duzentos e setenta e sete ao total) e periódicos republicanos (setenta e sete ao total) nas vésperas da Proclamação da República, pois a maioria desses clubes e periódicos republicanos não tinham a menor influência na sociedade brasileira e consequentemente influenciou muito pouco no processo histórico relativo a mudança do prédio monárquico pelo prédio republicano.

10.6.6-BAILE DA ILHA FISCAL
É importante pontuar que o Baile da Ilha Fiscal, apesar de ter contribuído para a piora da imagem da monarquia brasileira e consequentemente para o seu término – devido ao desperdício de recursos públicos – o mesmo é tratado pela historiografia como um fato histórico pitoresco. Oficialmente este baile ocorreu em homenagem aos marinheiros chilenos os quais estavam em trânsito no Brasil através de três belonaves da Força Naval Chilena (FNC), mas alguns historiadores afirmam que este evento cultural foi em comemoração as bodas de prata (vinte e cinco anos) do matrimônio da princesa Isabel com o príncipe consorte Gastão de Orléans.

10.6.6-O ATO FINAL
No final do ano de 1888 foi nomeado para o posto de primeiro-ministro Afonso Celso de Oliveira Figueiredo, visconde de Ouro Preto (1836-1912) o qual tentou aprovar um projeto com algumas reivindicações republicanas cuja intenção era desarmar a oposição republicana garantindo a manutenção da monarquia no Brasil.
Esta jogada política por parte do governo imperial não deu os frutos políticos desejados tendo em vista que o projeto não foi aprovado pelo poder legislativo e o desenrolar dos fatos políticos não ajudaram muito, complicando ainda mais o cenário político de então para o governo imperial.
A derrubada da monarquia estava originalmente marcada para o dia 20.11.1889, mas por precaução (para evitar reações por parte do governo imperial contra a conspiração) os conspiradores anteciparam a tentativa de derrubar a monarquia.
Tendo em vista facilitar a derrubada da monarquia, foram lançados boatos (os quais foram espalhados pelo major Frederico Sólon de Sampaio) que o governo imperial faria uma forte repressão contra oficiais do exército, na qual o marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892) e o tenente-coronel Benjamin Constant Botelho Magalhães (1836-1891) seriam presos e duas unidades do exército seriam deslocadas para fora da Corte.
No dia 14.11.1889 unidades do exército estacionadas em São Cristóvão (bairro localizado na cidade do Rio de Janeiro) se amotinaram e no dia seguinte sob comando do marechal Manuel Deodoro da Fonseca derrubam a monarquia.
É bom fazer a ressalva que o marechal Manuel Deodoro da Fonseca foi manipulado (pelos republicanos) neste fato histórico, pois ele pensava que estava apenas derrubando o ministério liderado pelo visconde de Ouro Preto, mas estava na verdade ajudando a implantar a república no lugar da monarquia.
Prontamente os republicanos trataram de proclamar oficialmente a república fato que ocorreu na câmara dos vereadores da cidade do Rio de Janeiro.

10.7-ASPECTOS GERAIS DO SEGUNDO REINADO
Durante o reinado de dom Pedro II a estrutura socioeconômica do Brasil não se alterou profundamente, tendo o Império Brasileiro continuado a ser um país basicamente agrícola, monocultor, escravista (deixou de ser escravista a menos de dois anos do término do Império e a sua substituição pela República) com profundas diferenças sociais entre as pelas classes sociais mais favorecidas e as classes sociais mais desfavorecidas.
A substituição do Império pela República atendeu basicamente as necessidades da classe dominante brasileira deixando de lado as necessidades da classe dominada brasileira, configurando de forma clara como as classes sociais mais desfavorecidas não recebem a devida atenção pelas classes sociais mais favorecidas contribuindo para a manutenção das desigualdades sociais existentes no Brasil.

11-BRASIL-REPÚBLICA (REPÚBLICA VELHA (1889-1930))
Durante o quadriênio presidencial de Prudente José de Moraes Barros (1894-1898) o primeiro presidente da república civil do Brasil, a Revolução Federalista teve o seu término em mil novecentos e noventa e cinco.
É interessante ressaltar que durante este mandato presidencial o Palácio do Itamaraty deixou de ser a sede oficial do Brasil para ser substituído pelo Palácio do Catete . Atualmente a sede oficial do Brasil é Palácio do Planalto.
A mudança do regime político (monarquia para república) não significou uma alteração profunda na estrutura socioeconômica do Brasil, significando apenas uma recomposição política dentro da sociedade brasileira para melhor acomodar os interesses da classe dominante, permanecendo o tradicional afastamento do povo do poder.
Em relação à estrutura política do Brasil durante a República Velha é interessante ressaltar que o modelo político favorecia a institucionalização do poder das oligárquicas dominantes nos três níveis políticos (federal, estadual e municipal). Isto aparece de forma nítida quando analisamos a percentagem de votos recebidos pelos candidatos vencedores ao cargo de presidente da república durante este período histórico, tendo em vista o alto percentual votação nestes candidatos como aparece, a seguir: Prudente de Moraes (84,3%), Manuel Ferraz Campos Salles (90,9%), Francisco de Paula Rodrigues Alves (91,7%), Afonso Augusto Moreira Pena (97,9%), Hermes Rodrigues da Fonseca (64,4%), Venceslau Brás Pereira Gomes (91,6%), Francisco de Paula Rodrigues Alves (99,1%), Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa (71,0%), Artur da Silva Bernardes (56,0%), Washington Luís Pereira de Sousa (98,0%) e Júlio Prestes de Albuquerque (57,7%).
Concluímos que o movimento republicano no Brasil e consequentemente a instalação da República no Brasil em substituição da Monarquia foi um movimento político que não abordou diretamente os anseios dos setores desfavorecidos socialmente da sociedade brasileira, sendo importante pontuar que estes setores não se aquietaram e ao longo do Período Republicano (1889-...) lutaram pelos seus direitos. Podemos citar, por exemplo, os seguintes, a saber: movimento feminista (mulheres), movimento negro (afrodescendentes) e movimento operário (operários).
Estes movimentos de reivindicações sociais obtiveram diversos avanços no campo dos direitos sociais, possibilitando assim importantes ganhos sociais para estes setores. Cabe ressaltar que a sociedade brasileira apesar desses avanços sociais ainda tem que avançar em muito neste aspecto para atingirmos o estágio de uma sociedade socialmente bem organizada e sem distinção entre pessoas.

11.1-REPÚBLICA DA ESPADA (1889-1894)
11.1.1-GOVERNO DEODORO DA FONSECA (1889-1891)/FLORIANO PEIXOTO (1891-1894)
Com a queda da monarquia no Brasil no dia 15.11.1889, tivemos a ascensão da república e a implantação de um governo provisório (1889-1891), no qual foi alçado ao posto de comandante máximo do governo do Brasil o marechal Manuel Deodoro da Fonseca, tornando assim o primeiro presidente da república do nosso país.
Entre as várias medidas tomadas pelo governo provisório podemos citar como exemplo a separação do Estado da Igreja Católica Apostólica Romana (término do padroado), criação do casamento e registro civil, Banimento da Família Imperial Brasileira das terras brasileiras, o Brasil passaria a ser denominado oficialmente de Estados Unidos do Brasil, comprometimento do cumprimento dos compromissos assumidos pelo império, fim do conselho de estado, a designação de pessoas para assumir o comando dos estados (antigas províncias), a decretação de uma república federativa, a mudança da bandeira do Brasil (o miolo central da bandeira nacional foi alterado, tendo sido trocado o símbolo que era do império pelo da república (o símbolo republicano é um conjunto de estrelas com uma faixa central com a inscrição positivista Ordem e Progresso)), o término do poder legislativo imperial (nos níveis municipal, provincial e central), além de determinar eleições para a formação de uma assembleia constituinte.
O Banimento da Família Imperial Brasileira ocorreu através do decreto 2 de 16 de novembro de 1889 (sábado), no qual o Governo Provisório bania esta família do Brasil e concedia 5.000:000$000 para o sustento da Família Imperial Brasileira. Como o ex-imperador não aceita este decreto através do decreto 21 de dezembro de 1889 (sábado) no qual este banimento é reafirmado e esta família seria proibida de possuir imóveis no Brasil, além de definir o prazo de 2 anos para a liquidação dos bens imóveis da Família Imperial Brasileira. O Banimento da Família Imperial Brasileira foi revogado pelo decreto 4.120 de 3 de setembro de 1920 (sexta-feira).
Não poderíamos deixar de mencionar outra decisão importante tomada pelo governo provisório que foi a Grande Naturalização (visava basicamente facilitar a incorporação da mão de obra estrangeira (imigrante) na sociedade brasileira) que foi nada mais do que a naturalização dos imigrantes que por ventura estivessem no Brasil quando tivemos a Proclamação da República e que não se declarasse contrário à naturalização até seis meses depois da promulgação da constituição.
Durante o mandato presidencial do marechal Manuel Deodoro da Fonseca tivemos a primeira legislação do período republicano sobre a imprensa, legislação esta que restringia a liberdade da imprensa sendo ela o decreto 85A (decreto-rolha) de 23 de dezembro de 1889 (segunda-feira), ampliando pelo decreto 295 de 29 de março de 1890 (sábado), ambas as legislações foram revogadas pelo decreto 1.069 de 22de novembro de 1890 (sábado).
Durante o governo provisório tivemos a política de emissão (expansão) de dinheiro instituída pelo ministro da fazenda Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923) no dia 17 de janeiro 1890 (sexta-feira) cujo objetivo era resolver o problema de falta de dinheiro. Esta política econômica ficou conhecida como Encilhamento.
Isto advém do fato que durante o império, quando ainda perdurava a escravidão no Brasil não havia tantas pessoas que recebiam salários e consumiam (os escravos de modo geral não recebiam salários) e consequentemente a necessidade de dinheiro circulando na economia brasileira neste momento era pequena.
O contexto histórico muda bastante devido à abolição da escravidão (os ex-escravos tornaram-se de modo geral assalariados) e a entrada de mão de obra imigrante (ingresso de mão de obra assalariada na economia), pois isto aumentou em muito a demanda por mais dinheiro circulando na economia tendo em vista a necessidade de pagar a massa salarial que tinha aumentado estrondosamente pelo motivo explicado anteriormente.
Podemos também mencionar que o governo provisório, adotou esta política de emissão de dinheiro com a intenção de favorecer a industrialização do Brasil, através do aumento do crédito no país facilitando assim a vida das empresas.
O Brasil foi dividido inicialmente em três regiões (Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre), valendo lembrar que foi acrescentado depois mais uma região (São Paulo) as anteriores, sendo que cada parte teria um banco particular responsável pela emissão do dinheiro.
Esta política provocou inflação além de especulação, cabendo lembrar que os especuladores de modo geral criavam negócios (investimentos) colocando as ações do mesmo na bolsa de valores e as vendendo por preço alto.
Como a política de Rui Barbosa de Oliveira não deu certo, ele mesmo instituiu que apenas um banco emitiria dinheiro.
No contexto histórico relativo ao reordenamento jurídico do Estado Brasileiro, devido à implantação da República em dentrimento da monarquia, tivemos a instituição do Código Penal dos Estados Unidos do Brasil no dia onze de outubro de mil oitocentos e noventa (sábado), através do decreto-lei 847. Este código penal substituiu o Código Criminal de 1830 e foi substituído pelo Código Penal Brasileiro de 1940.
A constituição de 1891 (foi promulgada no dia 24 de fevereiro) determinava que o Brasil tivesse três poderes (executivo, judiciário e legislativo) em vez de quatro poderes existentes no período imperial e o congresso nacional seria bicameral, ou seja, teria duas casas (o senado e a câmara dos deputados). O mandato de deputado federal seria de três anos e o senador de nove anos, sendo que os estados elegeriam um determinado número de deputados federais de acordo com o tamanho de sua população.
No poder executivo o mandato do presidente da república e vice-presidente da república seriam de quatro anos, não podendo o ocupante de esses cargos serem candidato à reeleição como acontece atualmente.
Em relação ao poder judiciário não poderíamos deixar de mencionar que o órgão máximo dele segundo a constituição seria o Superior Tribunal Federal.
De acordo com as determinações legais da primeira constituição republicana brasileira o voto seria aberto (não secreto) e facultativo.
Vale lembrar que a primeira constituição republicana brasileira transparece nitidamente a falta de interesse pelos mais desfavorecidos socialmente, preocupando-se mais com a classe dominante brasileira, demonstrando nitidamente assim os interesses das pessoas que fizeram esta carta magna.
Isto advém do fato que nesta constituição era vetado (proibido) analfabeto, mulher, mendigo e menor de vinte e um anos votarem, excluindo assim uma boa parte da população brasileira visto não terem estudos e serem pobres.
Complementando isto não poderíamos deixar de mencionar pela sua importância o fato que a constituição de 1891, estava mais preocupada com a organização do Estado Brasileiro o que era bem mais relevante para os interesses da classe dominante brasileira do que as questões sociais, visto que estas questões eram as que interessavam mais as classes menos favorecidas socialmente (pobres) da sociedade brasileira.
Com isto temos a montagem do novo sistema político (república) no Brasil de cima para baixo, ou seja, não havia uma preocupação social das classes dominantes brasileiras na instalação da república, o que apesar dos ganhos sociais obtidos até hoje, de modo geral a classe dominante brasileira continua a não tomar o problema social do país como prioridade nacional estando mais interessada com seus interesses.
Depois da aprovação da constituição, a assembleia constituinte tornou-se congresso nacional o qual inicialmente deveria eleger o presidente da república e o vice-presidente da república fato ocorrido no dia 25.02.1891.
Eram duas chapas que estavam concorrendo a esta eleição uma formada pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca e almirante Eduardo Wandenkolk (1838-1902) e a outra constituída por Prudente José de Moraes Barros e o marechal Floriano Vieira Peixoto (1839-1895).
O marechal Manuel Deodoro da Fonseca obtém êxito nas eleições para presidente da república com votação de 129 votos contra noventa e sete votos recebidos por Prudente José de Moraes Barros.
Para vice-presidente da república foi vitorioso neste pleito eleitoral o marechal Floriano Vieira Peixoto que obteve 153 votos contra cinquenta e sete votos obtidos pelo almirante Eduardo Wandenkolk.
Cabe lembrar que não era obrigatório o eleitor votar no candidato ao cargo de presidente da república e vice-presidente da república da mesma chapa.
O marechal Manuel Deodoro da Fonseca fechou o congresso nacional no dia 3 de novembro de 1891 (terça-feira), devido basicamente a tentativa desse órgão legislativo em aprovar uma lei que versava (tratava) sobre a responsabilidade do presidente da república.
Ao fechar o congresso nacional o marechal Manuel Deodoro da Fonseca acaba renunciando (23.11.1891) devido às reações negativas surgidas decorrentes do seu ato antidemocrático, apesar de apenas o governador do estado do Pará não apoiá-lo nesta decisão política.
Essas reações negativas a esta atitude antidemocrática do marechal Manuel Deodoro da Fonseca referem-se basicamente a Primeira Revolta da Armada, movimento rebelde acontecido na marinha de guerra o qual foi liderado pelo contra-almirante Custódio José de Melo (1840-1902), sendo que o então presidente da república achou por bem renunciar do que haver um conflito armado no Brasil.
Os presidentes dos estados que apoiaram o marechal Manuel Deodoro da Fonseca em relação ao fechamento do congresso nacional foi retirado desses cargos, pelo marechal Floriano Vieira Peixoto ao assumir o comando do governo federal.
O marechal Floriano Vieira Peixoto ao assumir o cargo de presidente da república com a saída do marechal Manuel Deodoro da Fonseca teve a sua continuidade no posto em questão questionada, pois segundo a constituição federal brasileira em vigor neste momento histórico caso o presidente da república que por ventura tivesse saído do cargo em questão antes de completar dois anos de mandato o vice-presidente da república não poderia ficar ocupando o cargo tendo em vista que o mesmo teria a obrigação de convocar eleições para prover o preenchimento do cargo.
Dando prosseguimento vale mencionar que o marechal Floriano Vieira Peixoto não deu cumprimento a este dispositivo legal tendo em vista que a própria constituição federal brasileira também afirmar que a obrigatoriedade de se fazer o pleito eleitoral para o caso já mencionado anteriormente, não deveria ser seguido no caso do mandato presidencial do marechal Manuel Deodoro da Fonseca.
No contexto histórico relativo ao questionamento da legitimidade do marechal Floriano Vieira Peixoto de continuar ocupando o cargo de presidente da república, tivemos o surgimento do Manifesto dos 13 Generais, que foi um manifesto político datado do dia trinta e um de março de mil oitocentos e noventa e dois (quinta-feira) e publicado no dia seis de abril do corrente ano (quarta-feira), no qual treze militares de alta patente colocaram-se a favor da realização de eleições presidenciais e como consequência disso os oficiais generais signatários desse manifesto foram encarcerados e/ou reformados. O nome desse manifesto político é devido ao fato que treze oficiais generais foram signatários do mesmo.
Os oficiais generais que foram signatários desse manifesto político foram os seguintes, a saber: vice-almirante Eduardo Wandenkolk (1838-1902), contra-almirante Dionísio Manhães Barreto (1842-1907), contra-almirante José Marques Guimarães (1838-1903), contra-almirante Manuel Ricardo de Cunha Couto (datas de nascimento e falecimento desconhecidas), Marechal José de Almeida Barreto (1827-1905), general de divisão Antônio Maria Coelho, barão de Amambaí (1827-1864), general de divisão Cândido José da Costa (1845-1909), general de divisão João Nepomuceno de Medeiros Mallet (1840-1907), general de divisão José Clarindo de Queirós (1841-1893), general de brigada João José de Bruce (1832-data de falecimento desconhecida), general de brigada João Luís de Andrade Vasconcelos (datas de nascimento e falecimento desconhecidas), general de brigada João Severiano da Fonseca (1836-1897) e general de brigada José Cerqueira de Aguiar Lima (1828-1898).
A Segunda Revolta da Armada foi outra frente de oposição à continuidade do marechal Floriano Vieira Peixoto no cargo de presidente da república até o fim do mandato não obtendo êxito no seu intento.
Cabe lembrar que ele continuou no cargo em questão baseando-se num artigo da constituição brasileira vigente na época, que abria esta possibilidade tendo o congresso nacional o apoiado.
A Revolução Federalista (1893-1895) foi um conflito armado surgido no estado do Rio Grande do Sul devido a desavenças políticas (disputa pelo controle político desse estado) entre os dois principais partidos políticos desse estado. Cabe lembrar que neste momento o Partido Republicano Rio-grandense estava governando este estado em questão tendo em vista que Júlio Prestes de Castilhos (1860-1903) estava governando esta unidade da federação e era membro desse partido e tinha apoio do governo federal, enquanto o Partido Federalista não estava governando este estado em questão e tinha apoio dos membros da Segunda Revolta da Armada. O resultado desse conflito armado foi a derrota dos revolucionários.
Marechal Floriano Vieira Peixoto ficou conhecido como Consolidador da República devido o fato dele ter conseguido consolidar o regime republicano e Marechal de Ferro devido ao fato de ter sido firme na repressão de movimentos de contestação da ordem pública.

11.2-REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1894-1930)
11.2.1-GOVERNO PRUDENTE DE MORAES (1894-1898)
Antonio Vicente Mendes Maciel (1830-1897) mais conhecido como Antonio Conselheiro e seus seguidores estabeleceram-se numa fazenda abandonada chamada de Canudos perto do Rio Vaza-Barris no ano de 1893. Neste local tivemos a instalação do Arraial do Bom Jesus.
O motivo imediato para a tentativa de esmagar o Arraial do Bom Jesus foi o fato de um comerciante da cidade de Juazeiro não ter entregado uma mercadoria (madeira) encomendada para a construção de uma igreja para o referido arraial na data prevista.
A partir dessa conjuntura há a intenção por parte do Antonio Conselheiro e seus seguidores de buscarem por conta própria a referida mercadoria, o que acabou provocando reação contrária bastante forte, pois este ato foi interpretado que Antonio Conselheiro invadiria a cidade.
Essa reação contrária deu-se inicialmente com envio de uma tropa da polícia do estado da Bahia para o Arraial do Bom Jesus, tendo que mencionar que esta primeira expedição não obteve o sucesso esperado pelo governo, sendo esta expedição foi comandado pelo tenente Manuel da Silva Pires Ferreira.
Com o fracasso da primeira expedição tivemos a segunda expedição comandada pelo major Febrônio de Brito e a terceira expedição comandada pelo coronel Antônio Moreira César (1850-1897) que também não tiveram êxito.
O Arraial do Bom Jesus foi aniquilado só na quarta expedição durante a qual morreu Antonio Conselheiro, isto aconteceu no ano de 1897.
Em relação a esta expedição vale lembrar que ela foi comandada inicialmente pelo general Artur Oscar de Andrade Guimarães, sendo que pelas dificuldades iniciais enfrentadas pela expedição em questão o ministro da guerra foi supervisionar (comandar) pessoalmente a expedição.

11.2.2-GOVERNO CAMPOS SALLES (1898-1902)
Tendo em vista à grave situação financeira do Brasil foi necessário um funding-loan que consistia basicamente num empréstimo de 10.000.000,00 de libras esterlinas que seria pago conjuntamente com as dívidas anteriores e em contrapartida o Brasil não contraria outros empréstimos e daria como garantia as rendas da alfândega do porto do Rio de Janeiro, e de outros portos se fosse necessário, além das rendas da Estrada de Ferro Central do Brasil. Este empréstimo foi negociado por Manuel Ferraz Campos Sales antes de tomar posse no cargo de presidente da república. O objetivo desse empréstimo era tentar equilibrar as contas públicas.
Por causa do funding-loan e da diminuição dos gastos por parte do governo federal, Manuel Ferraz Campos Salles conseguiu obter êxito no seu intento, ou seja, equilibrou as finanças públicas no nível federal. Cabe lembrar que funding-loan é nada do mais que um empréstimo cujo objetivo é pagar os juros e os empréstimos contraídos anteriormente.
Durante o governo de Manuel Ferraz Campos Sales houve a instituição da Política dos Governadores ou Política dos Estados, que nada mais era do que uma troca de favores entre os vários segmentos da elite dominante.
A Política dos Governadores foi instituída através de uma alteração no regimento da câmara dos deputados. Essa alteração consistiu basicamente em mudar quem seria o presidente da câmara dos deputados quando houvesse uma nova legislatura garantindo assim a influência do grupo político dominante nesta casa legislativa possibilitando a instituição da dessa política em questão. A mudança em questão refere-se ao fato que o presidente da câmara dos deputados dessa nova legislatura, não seria mais o deputado federal mais velho eleito nesta legislatura e sim o presidente da câmara dos deputados na legislatura anterior.
Esta mudança possibilitou manter o alinhamento político entre os principais grupos políticos dominantes porque o deputado que fosse eleito na nova legislatura não necessariamente seria alinhado com estes grupos políticos, enquanto o presidente da câmara dos deputados na legislatura anterior normalmente era reeleito e de modo geral era alinhado politicamente com estes grupos políticos.
Isto foi bastante relevante, pois nesta época não tínhamos a justiça eleitoral e havendo alguma suspeita sobre a legitimidade da eleição de algum candidato para senador, deputado federal e presidente da república a Comissão de Verificação de Poderes (comissão montada pelo presidente da câmara dos deputados) é que teria a incumbência de resolver esta relevante questão.
Com isso só os representantes estaduais ligados ao grupo político que por ventura estivesse no poder eram legitimados fortalecendo-os e em contrapartida os estados apoiariam o governo federal.
É importante ressaltar que este esquema de poder incluía as esferas estaduais e municipais completando o círculo vicioso, tendo em vista que a nível estadual havia a Comissão de Verificação dos Poderes que cumpria as mesmas funções que a sua congênere a nível federal.
Resumidamente este esquema político ficava esquematizado da seguinte maneira:
a-As lideranças municipais apoiavam os líderes estaduais nas eleições estaduais (estas legitimadas pela Comissão de Verificação dos Poderes) e ao vencerem as eleições estaduais apoiavam as lideranças municipais através da máquina pública estadual;
b-As lideranças estaduais apoiavam os líderes nacionais nas eleições nacionais (estas legitimadas pela Comissão de Verificação dos Poderes) e ao vencerem as eleições nacionais apoiavam as lideranças estaduais através da máquina pública federal.
Este esquema político é bastante interessante no sentido de deixar bem amostra a falta de interesse por parte da classe dominante brasileira de atender os anseios da população brasileira além da tentativa de afastar totalmente qualquer possibilidade das classes dominadas participarem do jogo político.

11.2.3-GOVERNO RODRIGUES ALVES (1902-1906)
Durante o governo de Francisco de Paula Rodrigues Alves tivemos o término da Questão do Acre com a assinatura do Tratado de Petrópolis (17.11.1903) no qual obtivemos ganhos territoriais.
Cabe lembrar que a Questão do Acre está ligada a uma forte seca que castigou severamente a região nordeste do Brasil durante os anos de 1877-1879, tendo como saldo a morte de 300.000 pessoas, além da migração nordestina para a região do Acre que na época ainda não fazia parte do território brasileiro. Vale lembrar que através do Tratado de Ayacucho (27.03.1867) a região do Acre seria da parte integrante da Bolívia.
Essa questão foi completada com o aumento do interesse pela borracha no mercado internacional, que é uma matéria-prima retirada da seringueira (Hevea brasiliensis) planta comum na região.
A situação começou a complicar-se ainda mais quando a Bolívia quis impor a sua autoridade nesta região (cobrança de imposto), o que acabou provocando o surgimento de uma revolta na região comandada por um espanhol no ano de 1899 na qual tivemos a independência do Acre que foi logo depois abafada.
No ano de 1900 tivemos outra rebelião na região do Acre por causa da Bolívia ter enviado tropas para o local, tendo esta rebelião como na anterior resultado na Independência do Acre e logo depois abafada.
Continuando temos que o governo boliviano comutou (trocou) o abatimento da metade dos impostos referentes à exportação da borracha com uma empresa multinacional (Bolivian Syndicate of New York City in North America), que ficaria com o direito de explorar região do Acre provocando assim a revolta dos brasileiros.
Com esta atitude por parte do governo boliviano tivemos outra revolta, agora liderada por José Plácido de Castro (1873-1908) a qual tivemos a proclamação da independência do Acre no ano de 1903.
Neste momento tivemos negociações entre os governos do Brasil e Bolívia o que resultou no Tratado de Petrópolis, no qual o Brasil ficaria com o Acre (o Acre foi incorporado ao território brasileiro ficando na situação de território até o ano de 1962 quando ele torna é transformado em estado) em troca de uma indenização de 2.000.000,00 de libras esterlinas e o comprometimento por parte do nosso país em construir a ferrovia Madeira-Mamoré, além de ceder uma pequena parcela do território nacional localizado no estado do Mato Grosso.
O engenheiro ferroviário Francisco Pereira Passos (1836-1913) foi escolhido para chefiar a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, tendo como objetivo central da sua administração a execução da reforma urbana da então capital federal.
A reurbanização da cidade do Rio de Janeiro era do interesse da classe dominante do Brasil, pois facilitaria bastante à entrada de investimentos visto ser esta cidade a capital do país servindo assim como vitrine ao mundo. Não poderíamos deixar de mencionar que o porto dessa cidade era um dos mais relevantes do Brasil, país de economia agroexportadora e devido a isso acabou fazendo parte do processo de reurbanização da cidade, atendendo assim os anseios das classes dominantes.
A Revolta da Vacina eclodiu em novembro do ano de 1904 devido basicamente ao fato que dentro do processo de reurbanização do Rio de Janeiro foi instituída a vacinação obrigatória, e tendo em vista que foi uma atitude autoritária a qual o povo não tinha sido consultado e muito menos instruído sobre o assunto. Esta revolta foi controlada pelo governo, mas a vacina deixou de ser obrigatória.
No início do ano de 1906 tivemos a assinatura do Convênio de Taubaté no qual entre outras coisas, ficou acertado que o governo compraria o excedente da produção cafeeira e haveria taxação sobre novas plantações de café. A intenção desse convênio era valorizar o café sendo que a primeira medida tinha como objetivo diminuir a oferta do produto e consequentemente proteger o preço da mercadoria enquanto a segunda medida era evitar que a oferta de café aumentasse ao longo do tempo e pressionasse o preço da mercadoria em questão para baixo.
É importante ressaltar que no ano de 1906 tivemos a realização do I Congresso Operário Brasileiro aprovou a criação da Confederação Operária Brasileira (COB) e este congresso foi basicamente de orientação anarcosindicalista.
Durante este mandato presidencial ocorreu um fato histórico bastante relevante para o Brasil do ponto de vista da religiosidade brasileira, que foi a instituição do primeiro cardinalato da América Latina, justamente ocupado por um sacerdote brasileiro (Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, cardeal Arcoverde).
Em relação ao presidente da república Francisco de Paula Rodrigues Alves vale lembrar que posteriormente ele vence novamente as eleições presidenciais, mas não governa devido ao fato dele morrer (gripe espanhola) antes de tomar posse. Com isso ele foi substituído pelo vice-presidente da república Delfim Moreira da Costa Ribeiro o qual fica no governo durante os anos de 1918-1919 tendo novas eleições presidenciais de acordo com a constituição brasileira em vigor neste momento em questão.

11.2.4-GOVERNO AFONSO PENA (1906-1909)/GOVERNO NILO PEÇANHA (1909-1910)
Afonso Augusto Moreira Pena não completou o seu mandato presidencial devido a sua morte fato ocorrido no ano de 1909, assumindo o cargo o vice-presidente da república Nilo Procópio Peçanha, que devido aos maus-tratos recebidos pelos indígenas instituiu o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) no ano de 1910, tendo ficado inicialmente o comando dessa instituição nas mãos do marechal Candido Mariano da Silva Rondon (1865-1958).
Durante o mandato de Nilo Peçanha houve um fato histórico importante que foi a Campanha Civilista, que surgiu a partir de um racha dentro da classe dominante brasileira, quando Afonso Augusto Moreira Pena optou por indicar para ficar no seu lugar no cargo de presidente da república o seu ministro da fazenda Davi Campista o que não foi aceito totalmente pelos mineiros, ocasionando uma cisão entre São Paulo e Minas Gerais.
São Paulo acabou aliando-se a Bahia e acaba lançando como candidato Rui Barbosa de Oliveira e Minas Gerais aliou-se ao Rio Grande do Sul lançando a candidatura do marechal Hermes da Fonseca (1855-1923), candidatura esta que acabou vencedora.
Rui Barbosa de Oliveira posicionou-se contra os militares, fazendo uma campanha (Campanha Civilista) à presidência da república na qual tinha como pilar mestra a negação da presença de militares na política e a favor da moralização da política.

11.2.5-GOVERNO HERMES DA FONSECA (1910-1914)
O governo Hermes Rodrigues da Fonseca foi caracterizado no plano econômico por uma postura conservadora na qual esteve ligado a valorização do café.
No plano político esteve caracterizado pela Política dás Salvações que consistia basicamente pela interferência por parte do governo federal na política de diversos estados para que houvesse a substituição das oligarquias (hostis ao governo federal) por outras oligarquias (favoráveis ao governo federal).
A Política das Salvações foi aplicada em diversos estados (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Sul), sendo que em alguns casos o governo federal obteve o resultado esperado enquanto em outros casos o governo federal não obteve o resultado esperado.
Cabe ressaltar que houve uma revolta na marinha de guerra durante o governo Hermes da Fonseca que foi a Revolta da Chibata (1910).
O líder da Revolta da Chibata foi o marinheiro João Cândido Felisberto (1880-1969), o Almirante Negro, tendo o movimento rebelde eclodido no dia 22 de novembro de 1910 (terça-feira) e terminando no dia 26 do mesmo mês e ano, cabendo lembrar que antes da eclosão dessa revolta houve algumas revoltas dentro da marinha de guerra brasileira devido aos maus-tratos recebidos pelos marinheiros da corporação.
Dos vários motivos para a eclosão dessa revolta foram os castigos corporais aplicados aos marinheiros que por ventura tivessem cometido alguma infração o principal motivo cabendo ressaltar que o castigo corporal mais comum era a chibata (daí vem o nome da revolta em questão). Dos outros motivos poderíamos citar o salário que era baixo, a comida que era de baixa qualidade e quantidade.
Este movimento terminou com a votação e aprovação da anistia aos revoltosos por parte do governo federal além da obtenção do fim do castigo corporal na marinha de guerra brasileira como os revoltos tanto desejavam.
O Contestado foi um movimento de contestação de ordem pública surgido com a intenção de defender as pessoas desfavorecidas socialmente que residiam na região do Contestado (região disputada entre os estados do Paraná e Santa Catarina).
Este movimento que tinha um caráter comunitário muito grande surgiu em torno do “monge” João Maria que depois de sua morte foi substituído por outro “monge” também chamado de João Maria.
Tendo em vista o caráter contestatório da estrutura este movimento social foi destruído pelas tropas federais.
O padre Cícero Romão Batista (1844-1934), mais conhecido como Padim Ciço, foi um dos principais líderes religioso e político do estado do Ceará na segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX.
Ele presidiu (liderou) o Pacto dos Coronéis (1912), que foi um acordo entre diversos coronéis e a família Accioly (família que controlava politicamente o estado do Ceará) no sentido de pacificar o estado do Ceará e submeter os líderes locais a autoridade dessa família.
No ano de 1912 o presidente do estado do Ceará (Antonio Pinto Nogueira Accioly) foi deposto do seu cargo através das Políticas das Salvações tendo sido colocado no seu lugar coronel Marcos Franco Rabelo.
A partir desse cenário político eclode a Sedição de Juazeiro (o padre Cícero Romão Batista participa intensamente desse movimento rebelde) que era a favor da família Accioly e o governo federal nomeia um interventor para o estado do Ceará que foi o coronel Fernando Setembrino de Carvalho.
A controvérsia se esgota definitivamente no momento que o interventor devolve o cargo de presidente do estado do Ceará ao Antonio Pinto Nogueira Accioly.
No ano de 1913 tivemos o II Congresso Operário Brasileiro que tinha como objetivo básico fazer oposição à lei que permitia a expulsão de estrangeiros que estivessem envolvidos em greves, sendo que acabou definindo um plano de ação para a obtenção do salário mínimo e a limitação da jornada de trabalho para os empregados em geral.

11.2.6-GOVERNO VENCESLAU BRÁS (1914-1918)
Durante o governo Venceslau Brás Pereira Gomes o Brasil entrou na Primeira Guerra Mundial, devido ao afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães. O Brasil teve uma pequena participação nesta guerra resumindo basicamente numa equipe médica, uma esquadrilha e uma divisão naval. Esta divisão naval foi duramente prejudicada no cumprimento de missão (patrulhamento) devido à tripulação ter sido fortemente acometida pela gripe espanhola.
A situação do operariado do Brasil no final do século XIX e início do século XX era extremamente precária e consequentemente o movimento operário expandiu-se muito, podendo ressaltar a forte presença do anarquismo e comunismo.
Neste contexto histórico surgiu a Greve Geral de 1917 (primeira greve geral do país), cabendo lembrar que houve uma forte influência do movimento anarquista.
Esta greve teve como reivindicação básica as seguintes, a saber: melhores condições de trabalho, salários dignos e o término da contribuição pró-pátria (contribuição cobrada por parte dos empresários europeus (mais exatamente da Itália)) para ajudar no esforço de guerra italiano.
A Greve Geral de 1917 começou como uma greve de operários têxteis, tendo expandindo-se lentamente para outros setores da economia até que durante uma manifestação operária José Martinez é morto num confronto com as forças policiais.
Com isto a greve alastra-se rapidamente (inclusive para fora do estado de São Paulo) tornando-se realmente uma greve geral e acaba havendo negociações entre as partes envolvidas do qual saiu um acordo que leva ao fim dessa greve. Este acordo acaba não sendo cumprido por parte dos empresários e autoridades.

11.2.7-GOVERNO EPITÁCIO PESSOA (1919-1922)
Com a morte de Francisco de Paula Rodrigues Alves, o qual tinha vencido as eleições presidenciais foi necessária à feitura de novas eleições para o preenchimento do cargo de presidente da república que acabou ficando vago, tendo vencido estas eleições o candidato Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa.
O governo Epitácio Pessoa ficou marcado pelo fato de ter ocorrido a Semana de Arte Moderna no ano de 1922 nos dias 13, 15 e 17 do mês de fevereiro ocorrida no Teatro Municipal localizado na cidade de São Paulo. Este evento cultural foi importante para a sociedade brasileira, pois ela representou uma ruptura em relação à produção cultural do Brasil do início do século XX e o início do modernismo na sociedade brasileira. A Semana de Arte Moderna chegou a ser noticiado nos jornais (Correio Paulistano, Folha da Noite e Gazeta de São Paulo) da época.
Diversos artistas participaram desse importante evento artístico podendo destacar os seguintes, a saber: Anita Catarina Malfatti (1889-1964), Cassiano Ricardo Leite (1895-1974), Guiomar Neves (1894-1979), Heitor Vila-Lobos (1887-1959), José Oswald de Sousa de Andrade (1890-1954), José Pereira da Graça Aranha (1868-1931), Mário de Andrade (1893-1945), Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886-1968), Paulo Menotti Del Pichia (1892-1988), Ronald de Carvalho (1893-1935), Tarsila do Amaral (1886-1973) e Victor Brecheret (1894-1955).
O modernismo no Brasil foi diretamente influenciado pela cultura europeia e apesar disso tinha um forte viés nacionalista. Cabe lembrar que este movimento cultural não era homogêneo podendo destacar as seguintes correntes, a saber: movimento antropofágico, movimento pau-brasil e movimento verde-amarelo.
Prosseguindo a análise histórica do governo Epitácio Pessoa não poderíamos deixar de ressaltar durante esse governo tivemos a fundação do Partido Comunista do Brasil no ano de 1922 na cidade de Niterói, sendo que logo a seguir o governo federal coloca este partido na ilegalidade.

11.2.8-GOVERNO ARTUR BERNARDES (1922-1926)
Em 1922 durante as eleições para presidente da república no qual Artur da Silva Bernardes venceu houve um acontecimento muito relevante para a História do Brasil que foi o surgimento de duas cartas falsas as quais Artur da Silva Bernardes mostrava-se bastante hostil em relação aos militares, tendo consequências relevantes para a política brasileira como ter incentivado a indisposição dos militares contra o governo, tendo isto feita através da revolta no Forte de Copacabana.
O tenentismo foi um movimento composto basicamente de militares de patentes médias (tenentes basicamente), os quais eram contra a situação política do momento (controle da política do país pela classe dominante que usava métodos imorais para manter-se no controle do Brasil). É bom ressaltar que este movimento pela moralização do país não previa uma revolução social na estrutura socioeconômica do Brasil atendendo basicamente assim os interesses da classe média urbana.
Esse movimento político surgiu pela primeira vez no dia 5 de julho de 1922 (quarta-feira) quando eclode uma revolta no Forte de Copacabana e em outras guarnições militares tendo a intenção de impedir a posse de Artur da Silva Bernardes no cargo de presidente da república, fato que não ocorreu historicamente.
Tivemos basicamente dois motivos que explicam a eclosão dessa revolta, sendo o primeiro motivo relacionado com a campanha eleitoral de Artur da Silva Bernardes para o cargo de presidente da república, pois os seus oponentes fizeram cartas falsas (uma dessas cartas acabou sendo publicada pelo jornal Correio da Manhã no final do ano de 1921) nas quais ele ofendia os militares em geral e o marechal Hermes Rodrigues da Fonseca especificamente. Com isso de modo geral os militares acabaram ficando bastante insatisfeitos com a pessoa de Artur da Silva Bernardes.
O segundo motivo é devido ao fato do marechal Hermes Rodrigues da Fonseca (chefe do Clube Militar) ter sido contra o uso de tropas do exército na intervenção ocorrida no estado de Pernambuco tendo o marechal em questão sido preso e o Clube Militar fechado por um período de seis meses.
Na cidade de São Paulo no dia 5 de julho de 1924 (sábado) eclode outra revolta tenentista que foi comandada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes e o major da força pública paulista Miguel Costa.
A Coluna Prestes (Coluna Miguel Costa-Prestes) foi uma coluna militar surgida no contexto histórico do questionamento da estrutura social do Brasil do qual é fruto direto do tenentismo, cabendo ressaltar que ela surgiu a partir da junção dos grupos revoltosos oriundos das revoltas tenentistas ocorridas nos estados de Rio Grande do Sul e São Paulo. Esta coluna militar percorreu 25.000 quilômetros durante dois anos visitando treze estados. Em relação à organização desse movimento militar vale ressaltar que Miguel Alberto Crispim Rodrigo da Costa (1885-1959) era o chefe dessa coluna rebelde enquanto Luís Carlos Prestes (1898-1990) era o chefe do estado-maior.
Tendo em vista que provavelmente não conseguiram derrubar o Governo Artur Bernardes os líderes desse movimento de contestação, desistiram desta empreitada e dissolveram esta coluna militar, cabendo ressaltar que os membros da Coluna Prestes se refugiaram na Bolívia e Paraguai.
Em relação ao quadriênio presidencial de Artur Bernardes é interessante ressaltar que durante este período presidencial, tivemos a realização da primeira maratona da Corrida Internacional de São Silvestre (tradicional corrida de rua do município de São Paulo). Os principais vencedores dessa tradicional corrida de rua foram os seguintes, a saber: atleta queniano Paul Kibii Tergat (1969-…) na prova masculina e atleta portuguesa Rosa Maria Correia dos Santos Mota (1958-…).

11.2.9-GOVERNO WASHINGTON LUÍS (1926-1930)
O governo Washington Luís Pereira de Sousa ficou caracterizado por priorizar a construção de estradas, organizar as finanças do país e ter sido o último governo da República Velha.

12-BRASIL-REPÚBLICA (ERA VARGAS (1930-1945))
12.1-REVOLUÇÃO DE 30
Um dos motivos da eclosão da Revolução de 30 foi à fissura dentro da oligarquia, pois Washington Luís Pereira de Sousa ao romper com a Política Café com Leite indica para a sucessão presidencial Júlio Prestes de Albuquerque que era do estado de São Paulo, quando a vez era do estado de Minas Gerais. Com isso o estado de Minas Gerais aproxima-se dos estados do Rio Grande do Sul e da Paraíba montando uma chapa de oposição chamada de Aliança Liberal, na qual o candidato para presidente da república foi Getúlio Dornelles Vargas e para vice-presidente da república João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (1878-1930).
A intenção do então presidente da república na indicação de Júlio Prestes de Albuquerque para a sucessão presidencial era manter a política de equilíbrio financeiro a qual ele estava praticando deixando assim de lado os interesses dos cafeicultores o que acabou criando uma grande insatisfação entre eles em relação ao Washington Luís Pereira de Sousa colaborando assim com a sua queda.
Complementando isto tivemos a crise financeira acontecida no ano de 1929 (Quebra da Bolsa de Valores de New York transcorrida nos Estados Unidos da América) a qual podemos colocar como um dos motivos para o surgimento da Revolução de 30. O problema ocorrido com a Bolsa de Valores de New York colaborou para a eclosão desse movimento através de dois aspectos.
O primeiro aspecto refere-se ao fato da crise econômica oriunda da Quebra da Bolsa de Valores de New York acabou provocando fortes reflexos negativos (desemprego, falências e dificuldades na exportação do café, por exemplo) para o Brasil com isso os cafeicultores ficaram bastante prejudicados pelas dificuldades em vender o seu produto, mas como já foi mencionado anteriormente Washington Luís Pereira de Sousa tinha a intenção de manter a sua política de contenção de gastos e acabou não tomando uma posição em defesa deles neste momento difícil, deixando os cafeicultores adversos à pessoa do presidente da república.
O segundo aspecto refere-se ao fato que os efeitos da crise financeira do ano de 1929 no Brasil foram tão fortes que abalaram a composição política naquele momento, forçando assim alteração do mesmo que correspondeu a ascensão de Getúlio Dornelles Vargas.
A chapa situacionista acaba vencendo as eleições presidenciais com 1.970.000 de votos contra 744.000 votos dados à chapa de oposição, cabendo lembrar que a derrota da Aliança Liberal de modo geral era esperada, pois só tinha aglutinado ao seu lado três estados, ficando contra ela os outros dezessete estados do Brasil. A chapa de oposição também recebera o apoio do tenentismo e da classe média.
O motivo imediato para a eclosão da Revolução de 30 foi o assassinato (26.07.1930) de João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, tendo sido o assassino João Duarte Dantas que cometeu esse bárbaro crime por motivos unicamente ligados a política do estado da Paraíba, mas apesar disso a morte de João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque foi considerada como uma atitude repressora por parte do governo federal acabou incentivando assim a tomada de poder pelas armas.
Vale lembrar que a Revolução de 30 começou no dia 3 de outubro de 1930 (sexta-feira) no estado do Rio Grande do Sul, terminando no dia vinte e quatro do mesmo mês e ano com a deposição de Washington Luís Pereira de Souza pela guarnição militar localizada no Rio de Janeiro, cabendo lembrar que uma junta militar composta pelos generais Augusto Tasso Fragoso, João de Deus Mena Barreto e o almirante José Isaías de Noronha assumem o governo federal. Esta junta militar passa o governo a Getúlio Dornelles Vargas no dia 3 de novembro de 1930 (segunda-feira).
A Revolução de 30 significou uma relevante mudança no cenário político brasileiro, pois a oligarquia perdeu parte do seu poder, ascendendo ao governo outros grupos políticos, entretanto não houve uma grande alteração no quadro político do Brasil neste momento histórico, sendo que a população em geral permaneceu afastada do governo.

12.2-GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934)
Nesta primeira fase da Era Vargas, podemos ressaltar que no dia 14 de novembro de 1930 (sexta-feira) tivemos a criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública no qual o primeiro titular foi Francisco Luís da Silva Campos (1891-1968) e no dia 26 de novembro de 1930 (quarta-feira) tivemos a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, no qual o primeiro titular foi Lindolfo Boeckel Collor (1890-1942).
A Revolução Constitucionalista estourou no dia 9 de julho de 1932 (sábado) tendo como objetivo oficial à obtenção por parte do governo federal de uma constituição para o Brasil, tendo como objetivo oculto a volta da situação política anterior a Revolução de 30 (isto significaria que o estado de São Paulo recuperaria o poder político perdido com este movimento político), porém só foi obtido o primeiro objetivo.
Em 1932 tivemos a criação do novo código eleitoral no qual tivemos a instituição do voto secreto, do voto feminino e da justiça eleitoral, um grande avanço político em relação ao período da República Velha.
No dia 16 de julho de 1934 (segunda-feira) tivemos a promulgação da segunda constituição republicana na qual os membros do senado federal teriam o mandato de oito anos e os deputados federais mandato de quatro anos.
O presidente da república continuaria com o mandato de quatro anos sem o direito de reeleição tendo sido extinto o cargo de vice-presidente da república. Em relação aos estados houve alteração institucional na sua organização que foi a substituição da nomenclatura presidente para governador.
A constituição de 1934 implantou um aspecto novo e interessante na representação política do Brasil, que foi a eleição de pessoas por instituições que representassem empregados ou empresários. No Brasil o fascismo foi representado principalmente pela Ação Integralista Brasileira (AIB) que foi fundada no ano de 1932. Este grupo político foi comandado por Plínio Salgado (1895-1975), sendo a favor de um governo forte e nacionalista e um dos seus símbolos era o lema: Deus, Pátria e Família.

12.3-GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937)
Getúlio Dornelles Vargas foi eleito de forma indireta (através do legislativo federal) para o cargo de presidente da república no dia 17 de julho de 1934 (terça-feira).
A Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi um grupo político fundado no ano de 1935 sendo de orientação comunista. Em relação ao seu programa podemos citar como alguns pontos relevantes dele os seguintes, a saber: a proteção do pequeno e médio proprietário de terra, reforma agrária e aversão ao fascismo e ao imperialismo.
Devido as suas severas críticas ao governo federal a Aliança Nacional Libertadora foi fechada pelo governo federal no ano de 1935. Depois do fechamento desse grupo político de modo geral os comunistas alojados nesta instituição fazem uma revolta no final do ano de 1935 (Intentona Comunista). O objetivo dessa revolta era derrubar o governo de Getúlio Dornelles Vargas e implantar um governo de orientação comunista.

12.4-ESTADO NOVO (1937-1945)
É importante ressaltar que a constituição de 1934 tinha fixado eleições presidenciais para o ano de 1937, sendo que se apresentaram três candidatos, a saber: Armando Sales de Oliveira (1887-1945), José Américo de Almeida (1887-1980) e Plínio Salgado.
Estas eleições presidenciais não foram realizadas devido ao fato que Getúlio Dornelles Vargas no dia 10 de novembro de 1937 (domingo) deferiu um golpe de estado através do qual instalou um regime autoritário que ficou conhecido na historiografia como Estado Novo. A intenção dele com este golpe de estado era dar prosseguimento ao seu governo contando com mais poderes.
No período do Estado Novo o Brasil foi regido por uma constituição pouco democrática, cabendo lembrar que o legislativo foi fechado nos três níveis institucionais (municipal, estadual e federal) e neste momento histórico a democracia sofreu restrição por parte do governo de Getúlio Dornelles Vargas.
Os integralistas fizeram uma revolta no ano de 1938 devido ao fato deles terem achado que teriam espaço no governo federal após a instalação do Estado Novo e acabaram tendo as suas expectativas políticas frustradas devido ao fato que não tiveram espaço dentro do governo de Getúlio Dornelles Vargas. Esta revolta foi reprimida pelo governo federal.
O DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) era o órgão do governo federal que era responsável pela censura tendo ela sido criado no ano de 1939.
Durante a Era Vargas o problema social não ficou descuidado, pois no ano de 1940 tivemos o surgimento do salário mínimo e 1943 houve a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) tendo um dos períodos da História do Brasil que mais houve preocupação social por parte do governo federal. Getúlio Dornelles Vargas de modo geral tinha a simpatia da classe trabalhadora.
No tocante ao trabalho de ação social promovido pelo governo federal durante a Era Vargas é interessante ressaltar que no ano de 1942 tivemos a fundação da Legião Brasileira de Assistência (LBA), cuja função básica era zelar pelas famílias dos militares que foram servir na Segunda Guerra Mundial. Com o término desse conflito armado a função básica dessa instituição muda para a assistência das famílias brasileiras em geral.
Em relação à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) vale lembrar que o Brasil em princípio tomou um posicionamento neutro entre as partes em conflito (Aliados e Eixo), mas com uma clara simpatia pelo Eixo.
O Brasil negociou o seu apoio entre ambas às partes visando obter vantagens para si, sendo que mais precisamente essas vantagens referem-se ao financiamento para a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), tendo à siderúrgica sido localizada na cidade de Volta Redonda (sul do estado do Rio de Janeiro).
Em relação ao financiamento da Companhia Siderúrgica Nacional os Estados Unidos da América tinham interesse em fornecer o empréstimo para a construção da siderúrgica com o intuito de evitar que a Alemanha expandisse a sua influência no Brasil, tendo o empréstimo sido concedido pelo Eximbank (Banco de Exportação e Importação) e o seu valor era de 20.000.000,00 de dólares.
O motivo imediato para a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial a favor dos Aliados foram os trinta e sete ataques a navios brasileiros nos quais tivemos trinta e cinco navios afundados. Estes ataques foram feitos basicamente pelos submarinos alemães e italianos com exceção do primeiro navio atacado que foi alvo da ação da aviação alemã.
O Brasil acabou declarando guerra à Itália e Alemanha no dia 22 de agosto de 1942 (sábado), tendo sido enviado para combater na Itália a Força Expedicionária Brasileira (FEB) que contava com 25.334 soldados, tendo sido o comandante de essa força militar o general João Batista Mascarenhas de Morais (1883-1968).
Não poderíamos deixar de mencionar o fato que o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial na Itália não apenas com a força terrestre (Exército Brasileiro), mas também com a força aérea (Força Aérea Brasileira) e a força naval (Marinha do Brasil). Vale à pena destacar que apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelas forças armadas brasileiras elas conseguiram cumprir com as suas tarefas de forma exemplar.
A Segunda Guerra Mundial teve um efeito semelhante à da Primeira Guerra Mundial em relação à economia brasileira, pois devido ao conflito armado em questão houve um esforço por parte dos brasileiros em produzir mercadorias para substituir as importações, pois os países que estavam envolvidos diretamente neste conflito mundial teriam muita dificuldade em produzir para exportar devido eles estarem no esforço de guerra. Isto acabou permitindo certo crescimento econômico no Brasil e em especial no setor industrial gerando assim benefícios para o país.
É bom ressaltar que a Segunda Guerra Mundial devido a sua amplitude ter sido bem maior que a Primeira Guerra Mundial, os seus efeitos na economia brasileira também foram bem maiores.
Durante os anos de 1930-1945 houve uma forte intervenção por parte do governo federal na economia brasileira com o intuito de desenvolvê-la sendo que o setor industrial fora o mais beneficiado com estas políticas.
No ano de 1945 surgiu um movimento chamado de Queremista cuja intenção era a implantação da assembleia constituinte com a presença de Getúlio Dornelles Vargas no poder, mas tendo o direito candidatar-se ao cargo de presidente da república movimento este que não conseguiu obter êxito no seu intento.
A participação brasileira na Segunda Guerra Mundial colaborou com o fim do Estado Novo, pois se criou uma contradição devido ao fato do país estar lutando contra o totalitarismo e internamente ser uma ditadura.
O motivo imediato para a saída de Getúlio Dornelles Vargas do governo no final do ano de 1945 foi devido ao afastamento de João Alberto do cargo de chefe da polícia do Distrito Federal colocando no seu lugar o seu irmão Benjamin Vargas.
Com isso houve pressão por parte do exército (havia a desconfiança por parte dessa instituição que esta atitude visasse uma eventual tentativa de Getúlio Dornelles Vargas manter-se no poder através de um a atitude incisiva) para a retirada do seu irmão atitude que não foi tomada pelo presidente da república então ele viu-se na obrigação de renunciar ao cargo que ele ocupava no governo federal.
Com a queda de Getúlio Dornelles Vargas no dia 29 de outubro de 1945 (segunda-feira) quem acabou assumindo o governo federal foi José Linhares membro do Supremo Tribunal Federal tendo ficado no cargo até o ano seguinte.
Com o término da Era Vargas devido à deposição de Getúlio Dornelles Vargas do cargo de presidente da república pelas forças armadas, encerra-se uma importante fase da História do Brasil no qual houve profundas mudanças na estrutura socioeconômica do Brasil, ressaltando que alguns aspectos fundamentais da mesma não foram alterados de forma significativa. A importância histórica desse período histórico foi tão grande que as influências da Era Vargas seriam sentidas por um longo tempo dentro da História do Brasil.

13-BRASIL-REPÚBLICA (REPÚBLICA NOVA (1945-1964))
13.1-GOVERNO DUTRA (1946-1951)
Nas eleições presidenciais realizadas no ano de 1946 tivemos basicamente quatro candidatos sendo eles os seguintes, a saber: Yedo Fiúza (PCB-Partido Comunista Brasileiro), brigadeiro Eduardo Gomes (UDN-União Democrática Nacional), Mário Rolim Teles (PAN-Partido Agrário Nacional) e o general Eurico Gaspar Dutra (PSD-Partido Social Democrático e PTB-Partido Trabalhista Brasileiro).
O general Eurico Gaspar Dutra obteve vitória nas eleições presidenciais conseguindo aproximadamente cinquenta e cinco por cento dos votos.
No dia 18.09.1946 tivemos a promulgação de mais uma constituição na qual foi restabelecido o cargo de vice-presidente da república, o mandato do presidente da república foi fixado em cinco anos, o dos senadores em oito anos e dos deputados federais em quatro anos. Nesta constituição em questão o poder legislativo federal seria bicameral e os analfabetos não poderiam votar.
É bom ressaltar que o presidente da república general Eurico Gaspar Dutra não deixou a sociedade brasileira totalmente sem cuidados por parte do governo, tendo em vista que durante o seu mandato foi implantado o Plano Salte que era um plano que visava orientar os gastos econômicos do governo e englobava (tratava) basicamente dos seguintes setores, a saber: energia, saúde, alimentação e transporte.
O Plano Salte foi um plano que acabou não sendo um êxito total, pois se a economia brasileira cresceu seis por cento ao ano durante o mandato presidencial do general Eurico Gaspar Dutra, tivemos aumento da dívida externa brasileira (a dívida externa brasileira é um problema que ainda não foi resolvido pela sociedade brasileira) e a falta de controle das divisas brasileiras que o Brasil obteve devido a Segunda Guerra Mundial.
Em relação à ação do general Eurico Gaspar Dutra no cargo de presidente da república é bom ressaltar que houve uma falha gravíssima desse governo que foi o fato do Brasil ter conseguido acumular uma quantidade razoável de dinheiro (divisas) durante a Segunda Guerra Mundial e não tê-las aplicado nas verdadeiras necessidades nacionais e sim na compra (importação) de mercadorias muitas das quais não eram produtos de relevância para o bom desenvolvimento socioeconômico da sociedade brasileira.
Resumindo preferiu-se comprar brinquedos, bebidas e outras coisas (sem maior relevância para o Brasil) em vez de investir na economia nacional ou importar produtos que de alguma forma ajudasse no desenvolvimento econômico brasileiro como, por exemplo, máquinas. Com isso o Brasil foi bastante prejudicado nos seus interesses em favor dos interesses do capitalismo internacional.
É interessante ressaltar que durante o mandato do presidente da república general Eurico Gaspar Dutra foi realizado no Brasil a Copa do Mundo FIFA de 1950, campeonato este que o Uruguai sacrou-se campeão mundial de futebol e o Brasil terminou em segundo lugar. O artilheiro desse campeonato foi Ademir Marques de Menezes (1922-1996) ao marcar 9 gols pela seleção do Brasil. As cidades-sede foram as seguintes, a saber: Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

13.2-SEGUNDO GOVERNO VARGAS (1951-1954)/GOVERNO CAFÉ FILHO (1954-1955)/GOVERNO CARLOS LUZ (1955)/GOVERNO NEREU RAMOS (1955-1956)
Nas eleições ocorridas no ano de 1950 Getúlio Dornelles Vargas concorreu ao cargo de presidente da república pelo PTB e o PSP (Partido Social Progressista) vencendo-as com aproximadamente quarenta e oito por cento dos votos, sendo que com ele concorreram o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN), Cristiano Machado (PSD) e João Mangabeira (PSB-Partido Socialista Brasileiro).
Getúlio Dornelles Vargas ao assumir pela segunda vez o comando do governo federal, não continuará a política liberal adotada para o setor econômico do seu antecessor. Durante o seu mandato presidencial ele adotou uma política nacionalista voltada para a industrialização do Brasil, daí temos a justificativa para a criação da Petrobrás o que ocorreu no ano de 1953 através da lei 2004.
Devido aos severos ataques feitos pela UDN, através de um dos seus representantes (Carlos Frederico Werneck de Lacerda (1914-1977) dono do jornal Tribuna da Imprensa), a Getúlio Dornelles Vargas, Gregório Fortunato prepara uma armadilha para Carlos Frederico Werneck de Lacerda.
A armadilha em questão consistia basicamente na tentativa de seu assassinado fato ocorrido no dia 5.08.1954 (o fato ocorreu na Rua Toneleros no bairro de Copacabana - zona sul do município do Rio de Janeiro), o que acabou ocasionando a morte do major-aviador Rubens Florentino Vaz guarda-costas de Carlos Frederico Werneck de Lacerda tendo este apenas ficado ferido.
Com isso tivemos a abertura de uma crise institucional gravíssima, pois através das investigações as quais começaram inicialmente na polícia civil, passando depois para a responsabilidade da aeronáutica quando foi aberto um IPM (Inquérito Policial Militar), concluiu que pessoas ligadas a Getúlio Dornelles Vargas tramaram contra a vida de Carlos Frederico Werneck de Lacerda.
Estas investigações acabaram descobrindo que o chefe da guarda pessoal de Getúlio Dornelles Vargas, Gregório Fortunato foi à pessoa que concebeu o crime e que Crimério Euriber de Almeida membro da referida guarda pessoal do presidente da república, foi à pessoa que tinha contratado Alcino João do Nascimento o qual teria a missão de assassinar Carlos Frederico Werneck de Lacerda.
Getúlio Dornelles Vargas acaba com esta crise política no dia 24.08.1954 cometendo suicídio com uma arma de fogo, cabendo ressaltar que a morte dele acaba provocando uma grande comoção nacional.
As eleições presidenciais ocorridas durante o ano de 1955 foram vencidas por Juscelino Kubitschek de Oliveira (PSD) com trinta e seis por cento dos votos, ressaltando que com JK (como Juscelino Kubitschek de Oliveira também era conhecido na época e até hoje) concorreram a este pleito eleitoral o general Juarez Távora por um conjunto de partidos, do qual faziam parte além da UDN alguns partidos de pequeno porte como o PL (Partido Libertador), PSB e PDC (Partido Democrático Cristão), Plínio Salgado (PRP-Partido da Representação Popular) e Ademar de Barros pelo PSP.
A eleição de Juscelino Kubitschek de Oliveira sofreu forte oposição da UDN por não ter obtido a maioria absoluta fato que não se firmou visto não ter base na legislação da época. Com isso tem-se a tentativa de impedir a posse de JK, sendo que neste momento o então presidente João Fernandes Campos Café Filho não estava no cargo por motivo de saúde (problemas cardíacos), ficando no seu lugar Carlos Coimbra Luz que era presidente da câmara dos deputados.
O ministro da guerra marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, queria a punição do coronel Jurandir Bizarria Mamede, pelo fato dele durante o enterro de outro militar (general Canrobert Pereira da Costa) posicionar-se contra a posse de Juscelino Kubitschek de Oliveira ao cargo de presidente da república.
O marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott não conseguiu punir o coronel Jurandir Bizarria Mamede devido o mesmo ser membro da diretoria da Escola Superior de Guerra (ESG) e como tal só poderia ser punido pelo presidente da república. Como Carlos Coimbra Luz que por sua vez estava alinhado com a UDN no intento de evitar a posse de Juscelino Kubitschek de Oliveira não queria que fosse aplicada uma punição ao coronel Jurandir Bizarria Mamede o marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott deu o Golpe da Legalidade entregando o comando do governo federal para Nereu Ramos (vice-presidente do senado) garantindo assim posse de Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Com o golpe que garantiu a posse de Juscelino Kubitschek de Oliveira no cargo de presidente da república, tivemos a tentativa da saída do cruzador Tamandaré (com Carlos Coimbra Luz e outras pessoas a bordo) da Baía da Guanabara em direção ao estado de São Paulo, onde eles achavam que contariam com apoio o que acabou não se efetivando na prática. O comando da embarcação (navio) estava nas mãos do almirante Sílvio Heck.
A motivação ideológica pra a oposição tenha tentado com tanto vigor impedir que Juscelino Kubitschek de Oliveira no cargo de presidente da república foi o fato do então futuro governo JK ter uma influência getulista.

13.3-GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHECK (1956-1961)
Juscelino Kubitschek de Oliveira implantou no Brasil o Plano de Metas cuja meta-síntese era a construção da cidade de Brasília, tendo esse plano trinta e uma metas as quais abordavam cinco aspectos da sociedade brasileira que são as seguintes, a saber: alimentação (metas 13 a 18), educação (meta 30), energia (metas 1 ao 5), indústria de base (metas 19 ao 29) e transporte (metas 6 a 12).
Através do Plano de Metas Juscelino Kubitschek de Oliveira tinha o intuito de incentivar o crescimento econômico do Brasil, principalmente o setor industrial. Este plano surtiu o efeito desejado, tendo o Brasil crescido muito do ponto de vista econômico principalmente no setor industrial.
Um dos fatores que favoreceu o “sucesso” do Plano de Metas foi à instrução 113 da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito) que foi instituída durante o governo de João Fernandes Campos Café Filho. Esta instrução favoreceu a execução do Plano de Metas devido ao fato dela facilitar a entrada de capitais estrangeiros no Brasil uma das fontes de financiamento do Plano de Metas. As outras duas fontes de financiamento foram o capital nacional e o capital oriundo do Estado.
Apesar dos bons frutos obtidos com o Plano de Metas nem tudo foram flores durante o mandato presidencial de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Isto advém do fato que uma das fontes de financiamento desse plano foi o capital externo, entretanto com a facilidade da entrada desse tipo de recurso no Brasil acabou atrelando ainda mais a economia brasileira aos interesses do capitalismo internacional comprometendo assim bastante a soberania nacional. Completando os pontos negativos do governo de JK tivemos um aumento considerável da dívida externa e da inflação.
É interessante ressaltar que no dia 3 de agosto de 1956 através do decreto 26.218, tivemos a instituição por parte do governo estadual paulista (governador Jânio da Silva Quadros (1917-1992)) de quatro museus históricos pedagógicos (em quatro municípios paulistas diferentes), relativos aos quatro presidentes da república de origem paulista durante a República Velha. A intenção dessa curiosa decisão administrativa por parte da administração estadual paulista, além de estimular a cultura paulista teve como serventia consolidar na memória da sociedade paulista e por extensão da sociedade brasileira, da consolidação do poder político de determinados grupos políticos na esfera política. Os quatros museus históricos e pedagógicos criados foram os seguintes, a saber: Museu Histórico e Pedagógico Conselheiro Rodrigues Alves, Museu Histórico e Pedagógico Prudente Moraes, Museu Histórico e Pedagógico Presidente Washington Luiz e Museu Histórico e Pedagógico Campos Sales (Museu Campos Sales).
É importante pontuar que durante este mandato presidencial, tivemos a obtenção por parte da seleção brasileira de futebol masculino, vitória na Copa do Mundo FIFA de 1958 (Suécia).

13.4-GOVERNO JÂNIO QUADROS (1961)/JOÃO GOULART (1961-1964)
Jânio da Silva Quadros venceu as eleições presidenciais concorrendo pela UDN, tendo como adversário o marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, o qual participou dessas eleições pelos seguintes partidos PTB, PSD e PSB.
Jânio da Silva Quadros renunciou ao cargo de presidente da república no dia 25.08.1961, tendo como objetivo a não aceitação por parte do congresso nacional de sua renúncia dando-lhe mais poderes caso que acabou não ocorrendo historicamente, tendo ele ficado apenas sete meses neste cargo.
O substituto legal do Jânio da Silva Quadros era João Belchior Marques Goulart (conhecido também como Jango), sendo que quem acabou assumindo temporariamente o cargo de presidente da república foi o deputado federal Pascoal Ranieri Mazzilli (1910-1975), que era neste momento o presidente da câmara dos deputados.
Houve resistência por parte dos três ministros militares (ministro da marinha almirante Sílvio Heck, ministro da guerra general Odílio Denys e o ministro da aeronáutica brigadeiro Gabriel Grün Moss) para a efetivação da posse do João Belchior Marques Goulart, sendo que Leonel de Moura Brizola então governador do estado do Rio Grande do Sul liderou um movimento legalista para garantir que a posse de Jango (que era seu cunhado) no cargo de presidente da república fosse respeitada.
Cabe lembrar que os governadores do estado do Paraná Ney Braga e do estado de Goiás Mauro Ludovico Borges Teixeira posicionaram-se a favor do cumprimento da constituição federal, posicionamento que também foi adotado pelo comandante do terceiro exército (atualmente Comando Militar do Sul) o general José Machado Lopes.
Visto a resistência contra a posse de João Belchior Marques Goulart houve uma solução conciliatória, que foi a aprovação de uma emenda constitucional na qual tivemos a instalação do parlamentarismo no Brasil. Vale lembrar que o parlamentarismo teve o seu término quando o plebiscito no qual a população brasileira seria consultada sobre a continuidade ou não do parlamentarismo previsto para o ano de 1965 foi antecipado para o ano de 1963 e neste momento o resultado oriundo das urnas decidiu de forma inquestionável pelo término do parlamentarismo.
Durante este período parlamentarista o Brasil teve três primeiros-ministros sendo eles pela ordem que exerceram o referido cargo político os seguintes, a saber: Tancredo de Almeida Neves, Francisco de Paula Brochado da Rocha e Hermes Lima.
João Belchior Marques Goulart queria implantar no Brasil as Reformas de Base, cujo objetivo era melhorar a situação social do Brasil e como era de se esperar a direita se posicionou totalmente contra as reformas que o presidente da república queria implantar por não atender os seus interesses.
No governo de João Belchior Marques Goulart houve o Plano Trienal, que foi um plano econômico cuja intenção era conter a inflação e fazer que o Brasil crescesse economicamente. Vale lembrar que este plano econômico estava baseado nas Reformas de Base (estas reformas abordavam vários aspectos da sociedade brasileira como a educação, fisco, bancos entre outras questões).
Se faz necessário ressaltar que no contexto histórico relativo as Reformas de Base, foi promulgada pelo presidente da república no final do ano de 1961 a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) legislação referente a educação, a qual estava prevista desde a constituição de 1934, sendo discutida no parlamento desde o ano de 1948. Esta legislação acabou representando um grande avanço na cultura brasileira pelo que ela representou para a educação brasileira.
É interessante ressaltar que no contexto histórico de instabilidade política interna o governo de João Belchior Marques Goulart teve que gerenciar o atrito (Guerra da Lagosta 1962-1963) ocorrido entre o Brasil e a França relativo a pesca de lagosta. O atrito em questão refere-se ao fato que ao esgotar as reservas desse crustáceo os pesqueiros franceses tentaram utilizar-se das nossas reservas desse animal sem autorização das autoridades brasileiras.
Depois dos dois países terem mobilizado as suas respectivas forças armadas os mesmos acabaram entrando num acordo diplomático e a França desistiu de utilizar as nossas reservas desse crustáceo em proveito próprio sem a autorização do Brasil.
É importante pontuar que durante este mandato presidencial, tivemos a obtenção por parte da seleção brasileira de futebol masculino, vitória na Copa do Mundo FIFA de 1962 (Chile).
Em relação ao governo de João Belchior Marques Goulart se faz necessário ressaltar que durante o seu mandado presidencial tivemos a aprovação da lei 4.070/62 a qual transformava o antigo território do Acre em estado do Acre.
No dia 31.03.1964 eclodiu uma revolta militar contra João Belchior Marques Goulart tendo tido apoio por parte dos Estados Unidos da América a qual deu muita ajuda para que ela tivesse êxito fazendo isto para que fossem garantidos os seus interesses imperialistas no Brasil. Isto ficou bastante claro com a Operação Brother Sam que foi nada mais do que navios estadunidenses capitaneados pelo porta-aviões USS Forrestal os quais vieram em direção do Brasil para apoiar os revoltosos, o que acabou não se efetivando devido ao fato que os militares rebelados terem derrubado o mandatário do governo federal sem terem encontrado maiores dificuldades para fazer isto.

14-BRASIL-REPÚBLICA (DITADURA MILITAR (1964-1985))
Depois da derrubada de João Belchior Marques Goulart do cargo de presidente da república quem assume o governo federal é Pascoal Ranieri Mazzilli (presidente da câmara dos deputados), sendo que o Alto Comando Revolucionário (era composto pelo almirante Augusto Rademaker, general Costa e Silva e o brigadeiro Francisco de Mello) logo depois da deposição de João Belchior Marques Goulart instituiu o AI-1 (Ato Institucional n.° 1), que permitiu a cassação de mandatos e direitos políticos por dez anos, permissão para a decretação do estado de sítio sem autorização do Congresso Nacional, além da determinação que as eleições presidenciais fossem indiretas (este item do AI-1 foi reafirmado no AI-2).
Cabe ressaltar que apesar da forte repressão política por parte dos governos militares existiu forte oposição a Ditadura Militar, sendo que parte da resistência contra este regime político se deu através do movimento armado (guerrilha) tanto a urbana como a rural. Entre os vários grupos guerrilheiros que faziam parte do movimento armado podemos citar como exemplo os seguintes grupos oposicionistas, a saber: Aliança Libertadora Nacional (ALN), Comando de Libertação Nacional (COLINA), Dissidência Comunista da Guanabara (DI-GB), Forças Armadas de Libertação Nacional (FALN), Frente de Libertação do Nordeste (FLNe), Marx, Mao, Marighella e Guevara (M3G), Movimento de Libertação Popular (MOLIPO), Movimento Nacionalista Revolucionário (MRN), Movimento de Resistência Militar Nacionalista (MRMN), Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), Partido Comunista do Brasil (PC do B), Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Partido Comunista Revolucionário (PCR), Partido Operário Comunista (POC), Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT), Resistência Armada Nacionalista (RAN), Resistência Democrática (REDE), Resistência Armada Nacionalista (RAN), União dos Comunistas (UC), Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).
De modo geral nenhum grupo armado de oposição chegou a fazer frente à Ditadura Militar a tal ponto de ameaçar de forma séria e direta a manutenção dos governos militares instalados após a queda de João Belchior Marques Goulart.
Durante a Ditadura Militar a repressão política também atingiu a imprensa, sendo bastante incisiva chegando ao ponto de se instituir a censura aos meios de comunicação. Neste contexto de controle político a sociedade civil é relevante mencionar que o SNI (Serviço Nacional de Informação) foi um órgão que tinha como função básica colaborar com a repressão política, missão esta que foi executada com êxito e devido a isto esta instituição era não era bem vista pelos setores liberais da sociedade brasileira. Esta instituição foi concebida pelo general Golbery do Couto e Silva.
É importante pontuar que o SNI não era a única instituição federal que trabalhava na repressão política no âmbito da inteligência, tendo em vista que cada força armada tinha uma unidade especializada na área de inteligência que durante da Ditadura Militar exerceram esta função. Estas unidades são as seguintes, a saber: Centro de Informação do Exército (CIE), Centro de Informação da Marinha (CENIMAR) e Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA).
É relevante mencionar que durante a Ditadura Militar a política econômica não favoreceu a maioria da população brasileira, pois neste período da História do Brasil tivemos um grande crescimento da economia e especialmente no setor industrial, mas como ponto negativo da economia brasileira neste período, podemos destacar o aumento do atrelamento da economia nacional aos interesses do capitalismo internacional (especialmente o capitalismo estadunidense) e o fato dos trabalhadores não terem sido beneficiados de uma forma mais consistente com os resultados da economia brasileira.

14.1-GOVERNO CASTELO BRANCO (1964-1967)
Durante o governo do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco houve o AI-2 (Ato Institucional n.° 2), no qual determinava que as eleições para os cargos de presidente da república e vice-presidente da república seriam indiretas e a extinção dos partidos políticos, entretanto o Ato Complementar n.° 4 determinava que para a formação de partidos políticos fosse necessário uma quantidade mínima de deputados federais e senadores, sendo que pela quantidade de deputados federais e senadores que o poder legislativo federal tinha dificilmente haveria mais de dois partidos políticos. Com isso tivemos instituição do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) sendo que a primeira agremiação política alojaria a oposição enquanto a segunda ficaria a situação.
A intenção dessa manobra política era enfraquecer a oposição política, pois havendo apenas dois partidos políticos e um deles sendo ligado ao governo militar evitaria em muito a existência de críticas ao governo militar devido ao fato que existiria apenas uma agremiação política disponível para se opuser ao poder constituído. Seguindo o raciocínio dos militares neste momento histórico a existência das críticas ao governo militares seria grande se houvesse mais de uma agremiação fazendo oposição a ela.
É interessante ressaltar que durante a gestão de Carlos Frederico Werneck de Lacerda no estado da Guanabara, tivemos a formalização do Plano Doxiadis, que redefinia as linhas gerais da urbanização desse estado, focando na implantação de seis vias de circulação de veículos automotores. Apesar de não ter sido implementado de forma imediata e nem na sua totalidade acabou tendo uma grande importância para este local. O Plano Doxiadis ficou popularmente conhecido como Plano Policromático devido ao fato do mesmo de ter tido como pilar mestre a implantação de seis vias de circulação veículos automotores, as quais seriam identificadas por cores (Linha Amarela, Linha Azul, Linha Lilás, Linha Marrom, Linha Verde e Linha Vermelha).

14.2-GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
Durante o governo de Artur da Costa e Silva tivemos no ano de 1968 a instituição do AI-5 (Ato Institucional n.° 5) que fortalecia bastante os poderes do poder executivo, podendo este intervir nos estados, territórios e municípios, instituir o estado de sítio, cassar os direitos políticos, além de ter autoridade de fechar o poder legislativo nos três níveis institucionais (federal, estadual e municipal).
O AI-5 foi decretado (13.12.1968) devido ao fato do deputado federal Márcio Moreira Alves, ter feito um pronunciamento (discurso) duro contra as forças armadas brasileiras devido à invasão da Universidade de Brasília (UnB) executada pelo exército. Com isso tivemos o pedido de autorização do governo federal dirigido ao congresso nacional para processá-lo, pedido o qual foi recusado, motivando o surgimento desse ato nefasto por parte dos militares cerceando bastante a democracia no Brasil.
Artur da Costa e Silva saiu do comando do governo federal devido a um derrame que ele sofreu, entretanto o vice-presidente da república acabou não assumindo o cargo que seria de direito segundo as normas legais devido ao fato dele ter sido contra a instituição do AI-5, assumindo no seu lugar uma junta militar composta pelos ministros militares. Com isso a Ditadura Militar mostrou mais uma vez a sua face contrária à democracia no Brasil, adotando mais uma atitude bastante autoritária.

14.3-GOVERNO MÉDICI (1969-1974)
É importante pontuar que durante este mandato presidencial, tivemos a obtenção por parte da seleção brasileira de futebol masculino, vitória na Copa do Mundo FIFA de 1962 (México).
A sociedade brasileira durante o Governo Médici ficou profundamente marcada por dois grandes incêndios ocorridos no município de São Paulo, sendo ambos ocorridos devido a curto-circuito. O primeiro incêndio ocorreu no dia 24.02.1972 (quinta-feira) no Edifício Andraus provocando a morte de 16 pessoas e ferimentos em 320 pessoas, enquanto o segundo incêndio ocorreu no dia 1º.02.1974 (sexta-feira) provocando a morte de 187 pessoas e ferimento em 300 pessoas.
O governo de Emílio Garrastazu Médici destacou entre os governos da Ditadura Militar como o mais repressivo, sendo por causa disso o período o qual ele governou o Brasil acabou ficando conhecido como Anos de Chumbo.
Em relação à economia brasileira neste governo militar cabe mencionar que o Milagre Econômico foi nada mais do que um grande crescimento do produto nacional bruto (PNB) num período curto de tempo). A taxa de crescimento anual foi onze por cento ao ano tendo ocorrido no período de 1968-1973.
Vários fatores favoreceram o surgimento do Milagre Econômico, podendo destacar a facilidade de pegar empréstimos externos tendo em vista os juros estarem baixos. Este aspecto foi muito relevante, pois quem financiou o Milagre Econômico foi o seguinte tripé: capital nacional, capital estrangeiro e capital estatal.
Isso ajudou imensamente o crescimento econômico brasileiro nesta época, mas acabou causando grandes transtornos para o Brasil, pois como houve uma grande entrada de capitais estrangeiros (investimento/empréstimo) no país, isto atrelou ainda mais a economia nacional aos interesses da economia internacional, prejudicando em muito a já enfraquecida soberania nacional do país. Paralelamente a isto não poderíamos deixar de mencionar que houve o aumento da dívida externa, tendo em vista que em parte o Milagre Econômico ocorreu devido à obtenção de empréstimos internacionais.
Completando a análise histórica é bom esclarecer que este crescimento econômico foi conseguido com a exploração dos mais desfavorecidos socialmente em benefício dos mais favorecidos socialmente.
Isto advém do fato que a política econômica visava unicamente ajudar os mais favorecidos socialmente incentivando a concentração de renda.
O Milagre Econômico começou a desmoronar e teve o seu fim por dois motivos. O primeiro refere-se ao fato de ter havido o aumento dos juros internacionais entravando o crescimento econômico brasileiro, pois drenou uma grande quantidade de dinheiro da economia brasileira (tendo em vista o maior volume de dinheiro necessário para o pagamento dos referidos juros internacionais) impedindo que esses recursos financeiros servissem de forma benéfica para a economia nacional.
O segundo motivo refere-se à crise do petróleo que consistiu basicamente nos reflexos dos conflitos ocorridos na região do Oriente Médio entre os países árabes e Israel, mais precisamente a Guerra do Yom Kippur no qual os países árabes perderam este confronto armado para o adversário (Israel).
Devido a isto e aproveitando do fato de serem um dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo (uma das principais matérias-primas do mundo contemporâneo) os países árabes elevaram o preço dessa matéria-prima, sendo que este aumento acabou acontecendo através da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), instituição fundada no ano de 1960, a qual os árabes representam o grupo mais significativo.
Como o Brasil importava mais da metade do seu consumo dessa matéria-prima, a elevação do preço do petróleo acabou provocando uma grande elevação nos gastos brasileiros com a importação da matéria-prima em questão drenando assim uma grande quantidade de recursos financeiros para fora do país, atrapalhando o bom desenvolvimento da economia nacional, pois isso evitava que grandes somas de dinheiro fossem utilizadas para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.
Completando temos que mencionar um fato bastante relevante acontecido nesta época que foi a elevação do preço do petróleo o que acabou pressionando bastante a elevação dos preços dentro do Brasil. Isto acabou provocando grandes prejuízos para a sociedade brasileira como um todo.
O Primeiro Choque do Petróleo deu-se no ano de 1973 e o Segundo Choque do Petróleo ocorreu em 1979.
Isto tudo acabou chegando à Crise da Dívida Externa quando o Brasil na década de oitenta do século XX não teve recursos financeiros para o pagamento dos seus compromissos relativos à dívida externa.

14.4-GOVERNO GEISEL (1974-1979)
Devido às dificuldades enfrentadas por parte do governo federal de fazer a reforma do poder judiciário, o governo militar acaba instituindo o que ficou conhecido na História do Brasil como Pacote de Abril, tendo isto transcorrido no ano de 1977. A dificuldade no prosseguimento à dita reforma refere-se basicamente a não obtenção da quantidade de votos necessários no congresso nacional para que houvesse a sua aprovação.
Com o Pacto de Abril o governo militar além de conseguir a reforma do judiciário, obteve a instituição dos “senadores biônicos” que eram senadores eleitos indiretamente cujo objetivo básico era garantir a eleição do presidente da república e vice-presidente da república que fossem alinhados com a Ditadura Militar.
Diante do desgaste do regime militar o general Ernesto Beckmann Geisel implementa a abertura democrática (abertura política), abertura política que seria mantida pelo seu sucessor.

14.5-GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
Neste governo tivemos a anistia a qual perdoou as pessoas que tivessem cometido algum crime por motivações políticas, entretanto a anistia atendeu tanto as pessoas da oposição como as pessoas da situação.
Para garantir resultados favoráveis nas eleições que seriam realizados no ano de 1982, a Ditadura Militar em 1979, acabou com o bipartidarismo político tendo a esperança de a oposição diluir-se em diversos partidos políticos enfraquecendo-se assim e por consequência favorecendo a obtenção de um bom resultado eleitoral por parte do partido político que apoiasse a Ditadura Militar.
Nesta manobra política o governo militar contava que o partido político que dava apoio político a ele não se dividisse em vários partidos políticos e o que fazia oposição a ele se dividisse. Cabe lembrar que esta ideia deu certo em parte, pois se a oposição se enfraqueceu os diversos partidos políticos que surgiram continuaram a fazer forte oposição ao governo militar que por sua vez estava bastante desgastado politicamente.
A ARENA mudou de nome tornando-se o PDS (Partido Democrático Social) fato ocorrido novamente em 1993 quando este partido político se funde com o PDC (Partido Democrático Cristão) formando o PPR (Partido Progressista Reformador). Posteriormente tivemos a agregação de novos partidos políticos ao PPR formando o PPB (Partido Progressista Brasileiro) que no ano de 2003 altera mais uma vez o seu nome assumindo o nome de PP (Partido Progressista).
O MDB por sua fez tem uma vida institucional mais tranquila do ponto de vista forma, pois muda seu nome para PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), voltando ao nome original no ano de 2017.
Durante o Governo Figueiredo é importante ressaltar que houve resistência à abertura política por parte de setores conservadores das forças armadas, porém o governo não esmoreceu e manteve esta política. A resistência à abertura política manifestou-se de forma variada podendo destacar, por exemplo, uma série de atentados terroristas cujo objetivo era desestabilizar este processo histórico.
No final da Ditadura Militar tivemos por parte do deputado federal Dante de Oliveira (PMDB-MT) a apresentação de uma emenda à constituição federal propondo o restabelecimento do voto direto para a escolha das pessoas para ocuparem os cargos de presidente da república e vice-presidente da república.
Tendo em vista o desejo da sociedade brasileira de ter o direito de eleger os representantes para o cargo de presidente da república e vice-presidente da república, tivemos um movimento político muito importante que ficou conhecido como Diretas Já, cujo objetivo básico era pressionar a classe política brasileira para a aprovação da emenda constitucional para a instituição das eleições diretas. Tivemos diversas manifestações políticas (passeatas e comícios) desse movimento político em diversos estados do Brasil.
A Emenda Dante de Oliveira foi à votação no dia vinte e cinco de abril de mil novecentos e oitenta e quatro (quarta-feira), votação esta que acabou postergando o sonho dos brasileiros de ter o direito de escolher de forma direta o mandatário máximo do seu país, tendo em vista o resultado dela, foi a não aprovação da emenda constitucional em questão.

15-BRASIL-REPÚBLICA (NOVA REPÚBLICA (1985-...))
O término da Ditadura Militar e a instituição da Nova República representou o amadurecimento da sociedade brasileira (tendo em vista que ocorreu sem maiores problemas) e a esperança de dias melhores para amplos setores da população brasileira por representar o surgimento de um novo período da nossa história em contraponto a um período bastante nebuloso em diversos aspectos.

15.1-GOVERNO TANCREDO NEVES/JOSÉ SARNEY (1985-1990)
Tancredo de Almeida Neves conseguiu obter vitória na eleição para o cargo de presidente da república ocorrida através do colégio eleitoral, tendo recebido nesta votação 480 votos contra os 180 votos dados ao candidato adversário que foi Paulo Salim Maluf (1931-...).
Devido aos problemas de saúde de Tancredo de Almeida Neves acaba não tomando posse do cargo de presidente da república. Com isso o seu vice-presidente José Sarney Costa (1930-...) toma posse do cargo de presidente da república de forma provisória, o que depois da morte do titular do cargo acaba ficando de forma definitiva.
José Sarney Costa inicialmente tinha dois problemas básicos muito relevantes como presidente da república para serem resolvidos que eram o controle da inflação e promover a instalação (término) da democracia ao país. No primeiro problema não houve êxito e no segundo problema este governo obteve mais sucesso não havendo maiores complicações no encaminhamento da solução do problema em questão.
Durante o mandato de José Sarney Costa no governo federal tivemos um plano econômico chamado de Plano Cruzado que foi lançado no dia 28.02.1986 sendo que este plano econômico determinava a troca de moeda circulante na economia brasileira (fim do cruzeiro e a sua substituição pelo cruzado), instituía a elevação dos salários uma vez por ano ou quando a inflação atingisse o patamar de vinte por cento, congelamento dos preços durante um ano, congelamento das prestações do Banco Nacional da Habitação (BNH) durante um ano e término da correção monetária.
Este plano econômico foi derrubado basicamente pelo aumento do consumo, falta de mercadorias e ágio (venda da mercadoria por um preço superior ao preço previsto pela tabela), entretanto apesar desse fracasso por parte do governo federal o mesmo não desiste de sua responsabilidade de controlar a inflação e posteriormente tivemos o Plano Cruzado II (21.11.1987).
Nesta segunda tentativa de controlar a inflação podemos destacar o reajuste dos preços de tarifas públicas e de mercadorias e a desvalorização do cruzado em relação à moeda estadunidense. Estes dois planos de estabilização econômica foram implementados pelo Dílson Domingos Funaro (1933-1989) que era o ministro da fazenda.
Tendo em vista o fracasso desses dois planos de estabilização econômica Dílson Domingos Funaro demite-se do cargo de ministro da fazenda sendo substituído por Luiz Carlos Bresser Pereira (1934-...).
Luiz Carlos Bresser Pereira implementou o Plano Bresser (16.06.1987) que constava das seguintes medidas, a saber: término do subsídio do trigo, instituição da Obrigação do Tesouro Nacional (OTN), congelamento de preços e salários durante três meses e a suspensão de obras públicas. Cabe lembrar que este plano de estabilização econômica não teve o êxito esperado.
Prosseguindo análise histórica não poderíamos deixar de abordar o fato que Luiz Carlos Bresser Pereira é substituído do cargo de ministro da fazenda por Mailson Ferreira da Nóbrega que implementa o Plano Verão (15.01.1989) que institui o congelamento de preços, término da OTN, substituição da moeda (cruzado por cruzado novo) e o prazo dos créditos são reduzidos. Este plano de estabilização econômica como os anteriores não obteve o êxito esperado.
O governo de José Sarney Costa acabou não conseguindo obter sucesso na tentativa de controlar a inflação tendo em vista os sucessos fracassos neste sentido e no último ano de seu mandato (1989) a inflação alcançou 1.764%.
A situação financeira do Brasil não era satisfatória, tanto que no dia 20.01.1987 o governo federal instituiu a moratória (suspendeu o pagamento dos juros da dívida externa) o que causou muito transtorno para o Brasil.
No dia 27.11.1985 tivemos aprovação de uma emenda constitucional que instituía a convocação de uma assembleia constituinte que foi instalada (1º.02.1987) sob a presidência de Ulysses Guimarães (PMDB).
Entre todas as constituições federais que o Brasil teve até o presente momento a constituição promulgada no dia 5.10.1988 foi à maior de todas elas e entre outros aspectos interessantes podemos mencionar o voto facultativo de analfabetos, pessoas com a idade entre dezesseis e dezoito anos e maiores de setenta anos, mandato presidencial com duração de cinco anos, independência entre os três poderes, diversos dispositivos de cunho social (ampliação da licença-maternidade de noventa dias para 120 dias, criação da licença-paternidade que abrangia cinco dias, diminuição da jornada de trabalho de quarenta e oito horas semanais para quarenta e quatro horas semanais, instituição do 13° salário para os aposentados, valor da hora-extra correspondendo a valor da hora normal acrescida em cinquenta por cento), notória preocupação com a preservação do meio ambiente e torna crime inafiançável e imprescritível o racismo e atividades de grupos armados contrários ao Estado Democrático. Complementado a enumeração das diversas determinações dessa constituição, podemos citar as transformações dos territórios do Amapá e Roraima em estados com os respectivos nomes, além do desmembramento do estado de Goiás em dois (estado de Goiás e estado de Tocantins).
Pelo fato da constituição de 1988 ter ampliado as liberdades públicas e os direitos individuais ela ficou conhecida como Constituição Cidadã.
Em relação ao governo Tancredo Neves/José Sarney não poderíamos deixar de ressaltar que ocorreu no ano de 1988 uma greve na Companhia Siderúrgica Nacional, na qual as forças legalistas entram nesta empresa com a intenção de cumprir decisão judicial de reintegração de posse (isto ocorreu devido à ocupação da empresa por parte dos funcionários).
Nesta operação de reintegração de posse (foi concluída com êxito) houve o falecimento de três funcionários (Carlos Augusto Barroso, Walmir Freitas Monteiro e William Fernandes Leite - este trio de operários tinham entre 19 e 27 anos de idade) devido a truculência das forças legalistas (Exército e Polícia Militar). Este movimento grevista termina com as reivindicações operárias atendidas parcialmente.
Durante os anos de 1989-1991 o Brasil uma missão de paz em Angola (Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola-UNIVEM I) possuindo o comando dela. O objetivo dessa missão era supervisionar a saída das tropas de Cuba que estavam em Angola, tendo alcançado êxito no seu intento.

15.2-GOVERNO COLLOR/ITAMAR FRANCO (1990-1994)
Fernando Affonso Collor de Mello (1949-...) vence as eleições presidenciais do ano de 1989 no segundo turno pelo PRN (Partido da Reconstrução Nacional) contra Luís Inácio Lula da Silva (1945-...) que concorria pela coligação de partidos chamada de Frente Brasil Popular que era composta pelos seguintes partidos a saber: PT (Partido dos Trabalhadores), PV (Partido Verde), PC do B (Partido Comunista do Brasil) e PSB.
O governo de Fernando Affonso Collor de Mello também se preocupou com o controle da inflação tanto que instituiu um plano de estabilização econômica que foi o Plano Brasil Novo mais conhecido como Plano Collor ou Plano Cruzeiro.
Este plano de estabilização econômica estabelecia o congelando contas bancárias e preços, o fim da indexação da economia, o término de órgãos públicos (demissão de funcionários públicos) além de abaixar as tarifas alfandegárias. Este governo acabou não conseguindo abaixar a inflação com esta tentativa (o governo federal persiste na tentativa de controlar a inflação, mas o presidente da república Fernando Affonso Collor de Mello não consegue sucesso no seu objetivo), conseguindo apenas levar o país para uma grave depressão econômica.
Com o insucesso do Plano Collor I tivemos a instituição do Plano Collor II que também não teve sucesso.
Cabe lembrar que o início da crise que levou ao término do governo de Fernando Affonso Collor de Mello deu-se quando as suspeitas de corrupção que existiam sobre o seu governo foram confirmadas pelo seu próprio irmão (Pedro Affonso Collor de Mello (1952-1994)), ao dar uma entrevista a uma revista no ano de 1992. A denúncia de Pedro Affonso Collor de Mello foi motivada basicamente por briga pela disputa do patrimônio da família (não esquecer que a família a qual eles pertenciam era uma das mais ricas e influentes do estado de Alagoas).
O esquema de corrupção que havia dentro do governo Collor ficou conhecido como Esquema PC (o nome desse esquema de corrupção refere-se ao tesoureiro da campanha de Fernando Affonso Collor de Mello tendo sido constado que este tesoureiro estava envolvido na corrupção).
Vale lembrar que através da pressão do PT, tivemos a instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) por parte do Congresso Nacional.
Através dos trabalhos da CPI, tivemos a comprovação dos atos imorais praticados pelo presidente da república, havendo primeiramente o seu afastamento provisório do cargo e depois de forma definitiva tivemos o desligamento de Fernando Affonso Collor de Mello da posição de presidência da república, tendo sido suspenso os seus direitos políticos por oito anos.
Com a retirada do Fernando Affonso Collor de Mello quem ascendeu ao comando do governo federal foi o seu vice-presidente da república que vinha a ser Itamar Augusto Cautiero Franco (1930-2011).
Fernando Henrique Cardoso (1931-...) inicialmente foi o titular do ministério das relações exteriores durante o mandato presidencial de Itamar Augusto Cautiero Franco, mas posteriormente ele foi deslocado para o cargo de ministro da fazenda posto do qual ele começou a implantar o Plano Real no ano de 1993.
A implantação desse plano de estabilização econômica se deu através da mudança da moeda (ocorreu em duas fases distintas) e a instituição do equilíbrio das finanças do governo federal.
Tivemos também a baixa dos impostos de importação com o intuito de evitar o aumento dos preços, além do aumento das taxas de juros com o objetivo de evitar um aumento do consumo provocando assim inflação. Complementando estas medidas tivemos o fim da indexação no ano de 1995.
É importante pontuar que durante este mandato presidencial, tivemos a obtenção por parte da seleção brasileira de futebol masculino, vitória na Copa do Mundo FIFA de 1994 (Estados Unidos da América).

15.3-GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002)
Fernando Henrique Cardoso é eleito para o cargo de presidente da república no ano de 1994 ainda no primeiro turno tendo alcançado o índice de cinquenta e quatro por cento dos votos.
Durante o seu primeiro mandato Fernando Henrique Cardoso deu prosseguimento ao plano econômico (Plano Real) que ele começou a implantar quando era ministro da fazenda, cabendo lembrar que do ponto de vista da estabilização econômica este plano obteve êxito, entretanto do ponto de vista social não houve benefício relevante para o povo brasileiro em geral, mantendo basicamente a estrutura opressora da sociedade brasileira, ou seja, FHC não alterou significamente a situação social do Brasil tendo os ricos permanecidos na posição de ricos e os pobres continuaram na situação de pobres.
É interessante ressaltar que no final do ano de 1996 foi promulgado pelo parlamento a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) referente à educação, o que foi um avanço considerável neste assunto, pois adequou a legislação brasileira referente a educação ao novo contexto histórico o qual o Brasil estava inserido, pois a legislação anterior ainda era reminiscência do Regime Militar e não tinha sido confeccionada de acordo com a constituição em vigor neste momento.
É importante ressaltar que no ano de 1996, tivemos no âmbito eleitoral uma grande inovação no processo de votação que foi a implementação das urnas eletrônicas, tendo em vista inibir uma série de fraudes no processo eleitoral e consequentemente garantir a participação da população em geral na democracia.
Fernando Henrique Cardoso no ano de 1998 reelegeu-se com aproximadamente cinquenta e três por cento dos votos ainda no primeiro turno, cabendo lembrar que de modo geral ele manteve as linhas gerais do seu primeiro mandato.
É importante pontuar que durante o segundo mandato do Fernando Henrique Cardoso ele fundou a Agência Brasileira de Informação (ABIN), órgão responsável pela captação de informações de valor estratégico para a segurança nacional.
É importante pontuar que durante este mandato presidencial, tivemos a obtenção por parte da seleção brasileira de futebol masculino, vitória na Copa do Mundo FIFA de 2002 (Coreia do Sul e Japão).

15.4-GOVERNO LULA (2003-2010)
No ano de 2002 foram realizadas eleições no Brasil em nível estadual (legislativo e executivo) e federal (legislativo e executivo) cabendo lembrar que o candidato oficial (da situação) para o cargo de presidente da república foi José Serra Chirico (1942-...) pela coligação Grande Aliança (PSDB-Partido da Social Democracia Brasileira e PMDB), enquanto havia vários candidatos de oposição podendo citar Luís Inácio Lula da Silva pela coligação Lula Presidente (PT, PL-Partido Liberal, PC do B, PMN-Partido da Mobilização Nacional e PCB), Ciro Ferreira Gomes pela coligação Frente Trabalhista (PPS, PDT-Partido Democrático Trabalhista e PTB), Anthony William Garotinho Matheus de Oliveira pela coligação Frente Brasil Esperança (PSB, PGT e PTC-Partido Trabalhista Cristão), José Maria de Almeida (PSTU-Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) e Rui Costa Pimenta (PCO-Partido da Causa Operária).
O principal candidato de oposição foi Luís Inácio Lula da Silva que não conseguiu obter a vitória ainda no primeiro turno tendo devido a isto, que disputar o segundo turno com José Serra Chirico. Com a realização do segundo turno o candidato de oposição acaba obtendo vitória neste pleito eleitoral.
Com a vitória de Luís Inácio Lula da Silva e a derrota do candidato situacionista tivemos pelo menos em nível federal a troca do projeto político que era de centro-direita para centro-esquerda, além de significar o reacendimento da esperança por dias melhores por amplos setores da sociedade brasileira (em especial dos setores menos favorecidos socialmente).
Luís Inácio Lula da Silva durante o seu mandato presidencial teve como objetivo atender as necessidades dos mais desfavorecidos socialmente, sem, portanto deixar de lado a manutenção da estabilidade econômica herdada do seu antecessor.
Um fato histórico muito relevante aconteceu durante o mandato presidencial de Luís Inácio Lula da Silva que foi a instituição da Missão das Nações Unidas Para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) no ano de 2004 pela ONU missão esta que o Brasil recebeu a tarefa de liderá-la. Inserido dentro do contexto da MINUSTAH o Brasil participou diretamente nas atividades de socorro as vítimas do terremoto ocorrido no ano de 2010, tendo inclusive algumas vítimas brasileiras decorrente desse sinistro.
Cabe lembrar que no ano de 2006 com o término do mandato de Luís Inácio Lula da Silva como presidente da república houve eleições com o intuito de haver o preenchimento desse cargo político. Ele candidatou-se novamente para este cargo político e conseguiu obter vitória neste pleito eleitoral no segundo turno tendo sido disputado com Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho (1952-...).
É interessante ressaltar que durante o governo Lula mais precisamente no ano de 2009, à cidade do Rio de Janeiro obteve vitória na sua candidatura para sediar os XXI Jogos Olímpicos a serem realizados em 2016. Será a primeira vez que uma cidade da América do Sul sediará este relevante evento esportivo.
Este presidente da república termina o seu mandato tendo dado uma grande contribuição para a sociedade brasileira em vários aspectos, mas apesar de todo este avanço o os problemas dessa sociedade são muito grandes podendo mencionar entre outras as seguintes, a saber: atraso tecnológico, desigualdades sociais, desorganização da administração pública, degradação do meio ambiente, reaparelhamento das forças armadas e violência.

15.5-GOVERNO DILMA ROUSSEFF/MICHEL TEMER (2011-2018)
Com o término do segundo mandato presidencial de Luís Inácio Lula da Silva no ano de 2010 houve eleições presidenciais neste ano para substituí-lo do cargo de presidente da república. Estas eleições contaram com os seguintes candidatos, a saber: Dilma Vana Rousseff (1947-...) pelo PT, Ivan Martins Pinheiro (1946-...) pelo PCB, José Maria Eymael (1939-...) pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC), José Serra Chirico pelo PSDB, José Levy Fidelix da Cruz (1951-2021) pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima (1958-...) pelo PV, Plínio Soares de Arruda Sampaio (1930-2014) pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Rui Costa Pimenta (1957-...) pelo PCO.
O resultado final do primeiro turno foi favorável a Dilma Vana Rousseff e José Serra ambos, cabendo lembrar que a candidatura de Dilma Vana Rousseff era situacionista enquanto a candidatura de José Serra Chirico era oposicionista.
No segundo turno as urnas acabaram favorecendo a candidatura da situação mantendo a política favorável aos desfavorecidos socialmente em contrapondo a política favorável aos favorecidos socialmente que seria implantada caso a oposição obtivesse vitória. É interessante ressaltar que a vitória de Dilma Vana Rousseff possibilitou a ascensão da primeira mulher ao cargo de presidente da república na História do Brasil.
O governo Dilma ficou caracterizado por ser continuação do governo Lula, cabendo lembrar que ela não conseguiu manter o mesmo nível de excelência do governo anterior porque as condições internacionais não estavam tão favoráveis como na gestão anterior e ter surgido uma série de escândalos de corrupção os quais contribuíram para que a administração pública perdesse eficiência.
O mandato presidencial da Dilma Vana Rousseff foi caracterizado pela realização de diversos eventos internacionais dos quais podemos destacar os seguintes, a saber: V Jogos Mundiais da CISM (2011), Copa das Confederações FIFA Brazil (2013), XXVIII Jornada Mundial da Juventude (2013) e Copa do Mundo FIFA de 2014.
Durante o ano de 2013 ocorreram diversas manifestações no Brasil durante os meses de abril-julho, manifestações estas que ficaram conhecidas como Jornadas de Junho (Manifestações dos Vinte Centavos e Manifestações de Junho) alusivos basicamente a má qualidade dos serviços públicos (em especial dos transportes públicos - nesta época os mesmos tiveram as tarifas reajustadas exaltando ainda mais os manifestantes), corrupção e impunidade descontrolada e gastos exorbitantes com eventos esportivos (especificamente Copa das Confederações e a Copa do Mundo FIFA de 2014).
Estas manifestações foram duramente reprimidas devido o fato que uma pequena parcela de manifestantes estarem extrapolando o seu direito de manifestar-se e estavam depredando o patrimônio particular e público, provocando assim uma celeuma na sociedade em torno dos direitos das pessoas de expressar as suas insatisfações em praça pública.
Em relação as estas manifestações é interessante ressaltar que as mesmas conseguiram obter êxito em algumas de suas reivindicações, podendo destacar a suspensão do aumento das tarifas de transportes públicas, equiparação do crime de corrupção a crime hediondo e o arquivamento da PEC 37 (proposta de emenda constitucional que visava reduzir os poderes do Ministério Público (MP)).
É interessante ressaltar que durante o primeiro mandato da presidenta da república Dilma Vana Rousseff foi realizado no Brasil a Copa do Mundo FIFA de 2014, campeonato este que a Alemanha sacrou-se campeã mundial de futebol e o Brasil terminou em quarto lugar. O artilheiro desse campeonato foi James David Rodríguez Rubio (1991-...) ao marcar 6 gols pela seleção da Colômbia. As cidades-sede foram as seguintes, a saber: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Com o término do mandado de Dilma Vana Rousseff no ano de 2014 houve eleições presidenciais para a escolha do novo presidente da república, porém ela foi reconduzida ao cargo de presidente da república numa disputa eleitoral bastante acirrada entre ela e Aécio Neves Cunha (1960-...) o qual concorreu a esta eleição pelo PSDB.
A condução da administração federal no segundo mandato de Dilma Vana Rousseff manteve-se semelhante a do primeiro mandato com exceção do fato que ela implementou uma política de austeridade devido o cenário internacional ser mais árido do cenário internacional relativo ao primeiro mandato.
Tendo em vista a perda de apoio político por parte Dilma Vana Rousseff devido dificuldades em conduzir diversos aspectos da política brasileira e a constatação de diversas irregularidades no gerenciamento das finanças públicas ela acabou sendo retirada do posto de presidente da república através de um processo de impeachment e automaticamente o vice-presidente Michel Miguel Elias Temer Lulia (1940-...) assumiu a gerência do governo federal.
O vice-presidente da república Michel Temer ao assumir o cargo de presidente da república, não dá prosseguimento a linha política de Dilma Vana Rousseff tendo em vista que ele implanta uma linha política de centro-direita. Um ponto negativo ocorrido neste governo foi o incêndio ocorrido no Museu Nacional, o qual destruiu 90 por cento do acervo do museu mais antigo do Brasil, o qual além da forte perda do material científico armazenado nesta instituição científica ficou bastante nítido o descaso com as instituições científicas brasileiras.
Com o término do mandato presidencial de Michel Miguel Elias Temer Lulia no ano de 2018 houve eleições presidenciais neste ano para substituí-lo do cargo de presidente da república. Estas eleições contaram com os seguintes candidatos, a saber: Álvaro Fernandes Dias (1944-…) pelo Podemos (PODE), Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos (1976-…) pelo Patriota (PATRI), Ciro Ferreira Gomes (1957-…) pelo PDT, Fernando Haddad (1963-…) pelo PT, Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho (1952-…) pelo PSDB, Guilherme Castro Boulos (1982-…) pelo PSOL, Henrique de Campos Meirelles (1945-…) pelo MDB, Jair Messias Bolsonaro (1955-…) pelo Partido Social Liberal (PSL), João Dionisio Filgueira Barreto Amoêdo (1962-…), João Vicente Fontella Goulart Filho (1956-…) pelo Partido Pátria Livre (PPL), José Maria Eymael (1939-…) pela Democracia Cristã (DC), Maria Osmarina da Silva Vaz de Lima pela Rede Sustentabilidade (REDE) e Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado (1967-…) pelo PSTU.
Estas eleições presidenciais foram as mais eletrizantes na história brasileira desde o término da Ditadura Militar, pois houve uma grande polarização entre direita e esquerda. Esta polarização foi estigmatizada pelas figuras de Jair Messias Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, tendo o primeiro sofrido um grave atentado a sua vida (deferido por Adélio Bispo de Oliveira) e o segundo preso pelo crime de corrupção (deferido pelo juiz federal Sérgio Fernando Moro) e consequentemente teve sua candidatura cancelada. Complementando não poderíamos deixar de mencionar que no rol de candidatos à presidência da república nestas eleições nós tivemos um candidato cujo progenitor foi presidente da república derrubado pelas forças armadas brasileiras. O resultado final do primeiro turno foi favorável a Jair Messias Bolsonaro e Fernando Haddad. No segundo turno o resultado foi favorável a Jair Messias Bolsonaro tendo em vista que o mesmo saiu vitorioso do pleito com 55,13% dos votos dos votos válidos.
É importante ressaltar que depois da vitória no Pleito Eleitoral de 2018, Jair Messias Bolsonaro começou a questionar a lisura das urnas eletrônicas, com o intuito de levar a população em geral ao descrédito em relação ao sistema eleitoral brasileiro, devido a sua intenção de desacreditando o sistema eleitoral brasileiro conseguir eventualmente base política para questionar o mesmo e consequentemente pleitear algum questionamento sobre o mesmo caso haja algum resultado em votações futuras.

15.6-GOVERNO JAIR BOLSONARO (2019-2022)
Com a ascensão de Jair Messias Bolsonaro ao cargo máximo do poder executivo temos a ascensão de um projeto conservador no Brasil, projeto este que encontrou eco na sociedade brasileira devido em parte a fatores culturais e a fatores políticos. Em relação a isto cabe ressaltar que a expansão do projeto conservador no Brasil aconteceu devido a influência de setores relevantes de cristãos protestantes (fatores culturais) e o encolhimento do projeto progressista (fatores políticos).
O Governo Jair Bolsonaro ficou caracterizado pela profusão de polêmicas levianas, polêmicas levianas estas que desvirtuavam a sociedade brasileira das suas principais questões nacionais, mostrando assim que os setores das forças conservadoras alçada ao poder em torno da pessoa de Jair Messias Bolsonaro não estava preparado para assumir a responsabilidade de gerir um país com o nível de complexidade do Brasil. Cabe ressaltar que durante este governo houve forte influência dos parentes mais próximos do presidente da república, mais exatamente dos seus filhos Flávio Nantes Bolsonaro (1981-…), Carlos Nantes Bolsonaro (1982-…) e Eduardo Nantes Bolsonaro (1984-…). Complementando este aspecto é interessante pontuar que este governo foi bastante instável do ponto de vista administrativo, tendo em vista a constante mudança dos titulares das pastas ministeriais podendo destacar os seguintes casos, a saber: Ministério da Educação (Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub (1971-…), Antonio Paulo Vogel de Medeiros (1973-…), Milton Ribeiro (1958-…), Ricardo Vélez Rodríguez (1943-…) e Victor Godoy Veiga (datas de nascimento e falecimento desconhecidas)), Ministério da Cidadania (João Inácio Ribeiro Roma Neto (1972-…), Onyx Dornelles Lorenzoni (1954-…) e Osmar Gasparini Terra (1950-…)) e Ministério da Saúde (Eduardo Pazuello (1963-…), Luiz Henrique Mandetta (1964-…), Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes (1965-…) e Nelson Luiz Sperle Teich (1957-…)).
Dando prosseguimento a análise histórica da gestão federal de Jair Messias Bolsonaro é bastante nítida a forte influência do pseudointelectual Olavo Luiz Pimentel de Carvalho (1947-...), ao ponto de mesmo residindo em outro país (Estados Unidos da América) influencia na nomeação e destituição de cargos na administração federal. A influência desse pseudointelectual era tão ampla, que acabou se formando um grupo político na administração federal denominado olavetes. É interessante pontuar que ao longo do tempo o mesmo perdeu influência sob o Governo Jair Bolsonaro a tal ponto que o mesmo não tinha mais ascendência sobre o mesmo.
Um dos aspectos mais marcantes da gestão federal de Jair Messias Bolsonaro é a tentativa de consolidar o bolsonarismo (movimento populista de cunho conservador) na sociedade brasileira (especialmente na administração pública federal com especial foco nas forças armadas). Isto ficou claro quando este gestor público retirou o general de exército Fernando Azevedo e Silva (1954-…) do cargo de Ministro da Defesa, o almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior (1954-…), o general de exército Edson Leal Pujol (1955-…) do cargo de Comandante do Exército e o tenente-brigadeiro Antônio Carlos Moretti Bermudez (1956-…) do cargo de Comandante da Aeronáutica, com a nítida intenção de substituí-los por militares alinhados com o bolsonarismo, provocando assim forte agitação política na sociedade brasileira, tendo em vista a forte conotação autoritária por parte desse gestor público. Este fato politico foi complementado pela tentativa de autogolpe defenestrado pela gestão federal de forma indireta, quando o deputado federal major Vitor Hugo de Araújo Almeida (PSL) tenta passar um projeto de lei alterando a Lei de Segurança Nacional o qual possibilitaria ampliar imensamente os poderes de Jair Messias Bolsonaro (esta tentativa de autogolpe foi devidamente impedida pelas forças democráticas da sociedade brasileira).
O descalabro desse político na sociedade brasileiro chegou a tal ponto que o mesmo deixou de ser chamado de bolsomito (clara alusão mística a sua pessoa) para ser chamado de bolsonero (clara alusão histórica a sua pessoa tendo como referência histórica o excêntrico imperador romano Nero Cláudio César Augusto Germânico (37-68)). Complementando isto não poderíamos deixar de mencionar que devido a insistência do presidente da república em divulgar a cloroquina (C18H26ClN3) e a sua variante hidroxicloroquina (C18H26ClN3O), como falácia para resolver o problema de saúde publica relativa a pandemia da COVID-19, o mesmo foi alcunhado de Capitão Cloroquina (CC).
No mês de maio de 2021 ocorreu uma das maiores tragédias relacionadas a segurança pública no Brasil (mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro-RJ), quando numa operação policial na Comunidade do Jacarezinho resultou a morte de 29 pessoas (1 agente de segurança e 28 suspeitos) com claros sinais de execuções sumárias, um verdadeiro crime contra a humanidade, o qual trouxe resultados pífios para a segurança pública brasileira. Este fato histórico ficou conhecida como Chacina do Jacarezinho.
No mês de maio de 2022 ocorreu uma das maiores tragédias relacionadas a segurança pública no Brasil (mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro-RJ), quando numa operação policial na Comunidade da Vila do Cruzeiro (Complexo da Penha) resultou a morte de 23 pessoas (1 morador do local e 22 suspeitos) com claros sinais de execuções sumárias, um verdadeiro crime contra a humanidade, o qual trouxe resultados pífios para a segurança pública brasileira. Este fato histórico ficou conhecida como Chacina da Vila do Cruzeiro.
No mês de julho de 2022 ocorreu uma das maiores tragédias relacionadas a segurança pública no Brasil (mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro-RJ), quando numa operação policial na Comunidade da Fazendinha (Complexo do Alemão) resultou a morte de 19 pessoas (1 agente de segurança, 2 moradores do local e 16 suspeitos) com claros sinais de execuções sumárias, um verdadeiro crime contra a humanidade, o qual trouxe resultados pífios para a segurança pública brasileira. Este fato histórico ficou conhecida como Chacina do Alemão.
É importante ressaltar que as três chacinas mencionadas anteriormente, além de serem um problema crônico no âmbito de segurança pública e social, aconteceu em parte devido ao avanço conservador na sociedade brasileira, cujo clímax foi a eleição de Jair Messias Bolsonaro para o cargo de presidente da república.
As discussões políticas relativas às Eleições Presidenciais de 2022 começaram de forma mais incisiva a partir do segundo semestre de 2021, cabendo ressaltar que apesar de inicialmente (durante a campanha eleitoral de 2018) Jair Messias Bolsonaro ter negado que seria candidato à reeleição presidencial, o mesmo ao longo do seu mandato presidencial mudou de opinião e resolveu a candidatar-se novamente ao cargo de presidente da república. Cabe ressaltar que por questões políticas este agente político desfiliou-se do partido político (PSL) que serviu de legenda para a sua eleição política. Depois de algum tempo sem partido político e algumas movimentações políticas Jair Messias Bolsonaro optou por filiar-se no PL.
Com o desgaste político ocorrido ao longo do mandato presidencial de Jair Messias Bolsonaro e a reabilitação política/eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva devido a uma série de decisões judiciais favoráveis o cenário político brasileiro mudou significamente, a tal ponto que a maioria das pesquisas eleitorais apontam para a derrota eleitoral do mandatário presidencial em relação a qualquer candidato presidencial que dispute o segundo turno. É interessante ressaltar que ao longo de 2022 todas as pesquisas eleitorais apontaram que o segundo turno seria disputado entre Jair Messias Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva com clara vantagem do segundo em relação ao primeiro.
Com o término do mandato presidencial de Jair Messias Bolsonaro no ano de 2022 houve eleições presidenciais neste ano para substituí-lo do cargo de presidente da república. Estas eleições contaram com os seguintes candidatos, a saber: Ciro Ferreira Gomes (1957-...) pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), Jair Messias Bolsonaro (1955-…) pelo Partido Social Liberal (PSL), José Maria Eymael (1939-…) pela Democracia Cristã (DC), Kelmon Luis da Silva Sousa (1976-…) pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Luiz Felipe Chaves d’Avila (1963-…) pelo Partido Novo (NOVO), Leonardo Péricles Vieira Roque (1981-…) pela União Popular (UP), Luís Inácio Lula da Silva (1945-…) pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Pablo Marçal (1987-…) pelo partido Partido Republicano da Ordem Social (PROS), Simone Nassar Tebet (1970-...) pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Sofia Padua Manzano (1971-…) pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), Soraya Vieira Thronicke (1973-…) pela União Brasil (UNIÃO) e Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado (1967-…) pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU).
O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais de 2022, representou fielmente o clima de polarização política no Brasil, no qua os dois principais candidatos (Luís Inácio Lula da Silva com 57.259.504 votos perfazendo 48,43% dos votos válidos e Jair Messias Bolsonaro com 51.072.345 votos perfazendo 43,20% dos votos válidos) ao cargo de presidente da república foram para o segundo turno. No segundo turno as forças progressistas voltaram a direção máxima do Brasil, através da vitória de Luís Inácio Lula da Silva com 60.345.999 dos votos perfazendo 50,90% dos votos válidos contra 58.206.354 dos votos perfazendo 49,10% dos votos válidos.
Tendo em vista os resultados adversos nas eleições presidenciais de 2022, apoiadores de Jair Messias Bolsonaro saíram as ruas, questionando os resultados legítimos dessas eleições. Isto acorreu através de bloqueio de estradas pelos caminhoneiros e manifestações em frente de quartéis, com o intuito de desmoralizar o processo eleitoral e favorecer o surgimento de uma intervenção militar (baseada no artigo 142º da Constituição Federal), com o intuito manter Jair Messias Bolsonaro no cargo de presidente da república. Como as instituições brasileiras estão sólidas do ponto de vista institucional, estas manifestações não lograram êxito no seu intento. Inserido neste contexto de resultados adversos ao então presidente da república, o mesmo resolve não passar a faixa presidencial para o candidato eleito e faltando 2 dias para a posse do novo presidente da república, Jair Messias Bolsonaro viaja para os Estados Unidos da América com o intuito de passar uma temporada (“férias”) neste país e por extensão Jair Messias Bolsonaro acaba provocando uma grande decepção aos seus seguidores mais radicais.
Concluindo a análise histórica sobre à administração pública do Jair Messias Bolsonaro ficou caracterizada pela grande instabilidade política tendo em vista a tentativa de implementar um governo autoritário (houve diversas manifestações públicas a favor desse projeto autoritário enquanto houve diversas manifestações públicas contrárias a esse projeto autoritário) com nítido viés conservador a favor das classes abastadas.

15.7-GOVERNO LULA (2023-...)
Com a ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva ao cargo máximo do poder executivo pela terceira vez, temos a volta das forças progressistas a liderança política do Brasil, tendo como objetivo básico o retorno do país ao projeto político progressista, de reduzir as desigualdades sociais da sociedade brasileira e garantir a estabilidade política. Em paralelo a isto este governo terá como missão relevante recolocar o Brasil no mapa geopolítico de forma positivo, além de pacificar politicamente a sociedade brasileira.
O primeiro grande desafio desse governo neste sentido ocorreu no início do ano de 2023 quando houve a invasão por parte de manifestantes golpistas das sedes dos poderes executivo, legislativo e judiciário, invasão esta que provocou grande desgaste institucional a ordem constitucional, tendo havido grave falha no sistema de segurança pública no sentido de evitar danos ao patrimônio público e questionamento da ordem democrática. Esta tentativa de Golpe de Estado foi contornada pelas forças de segurança, demissão do Secretário de Segurança Pública e Paz Social do Distrito Federal (Anderson Gustavo Torres) e intervenção na Secretaria de Segurança Pública e Paz Social do Distrito Federal por parte do Governo Federal. Complementando a análise histórica desse lamentável fato histórico é interessante ressaltar que diversos países se solidarizaram com o Brasil.
Do ponto de vista esportivo o principal destaque foi o desportista (praticante de atletismo) Erick Felipe Barbosa Cardoso (2000-...), que durante o Campeonato Sul-Americano de Atletismo (final da competição dos 100 metros rasos) realizados no município de São Paulo (SP), foi o primeiro atleta brasileiro a conseguir correr os 100 metros rasos em menos de 10,00 segundos, perfazendo 9,97 segundos. O resultado final dessa competição esportiva foi a seguinte, a saber: 1º Asinga Issamade (atleta surinamês) com 9,89s, 2º Erick Felipe Barbosa Cardoso (atleta brasileiro) com 9,97s, 3º Ronal Longa Mosquera (atleta colombiano) com 9,99s, 4º Paulo Andre Camilo de Oliveira (atleta brasileiro) com 10,03s, 5º Alonso Reno Edward Henry (atleta panamenho) com 10,14s, 6º David Alejandro Vivas Larrua (atleta venezuelano) com 10,24s, 7º Katriel Aldair Ângulo Mendez (atleta equatoriano) com 10,28s e 8º Neiker Jesus Abello Sanchez (atleta colombiano) com 10,33s.
O terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, ficou caracterizado pelas importantes perdas na area de ciências humanas com a morte dos historiadores Boris Fausto (1930-2023), José Murilo de Carvalho (1939-2023) e Maria Lúcia Pereira Hippolito (1950-2023).

16-SOCIEDADE BRASILEIRA (CULTURA BRASILEIRA)
Nesta seção analisaremos os principais aspectos culturais e geográficos da sociedade brasileira ao longo do tempo, cabendo lembrar que a cultura brasileira é baseada no tripé formado pela cultura ameríndia, cultura africana e cultura europeia. Cabe ressaltar que isto não ocorreu de forma homogênea devido ao fato que a colonização das terras brasileiras não ter sido homogênea. Na região sul há uma forte influência da cultura alemã e italiana em detrimento da cultura africana, enquanto na região norte há uma forte influência cultural ameríndia em detrimento da cultura africana. É importante pontuar que a cultura brasileira transformou-se ao longo do tempo, apesar de ter mantido alguns aspectos estruturais.
O folclore brasileiro (cultura popular brasileira) é bastante rica e diversificada devido a formação da sociedade brasileira, podendo destacar as danças folclóricas (batuque, bumba meu boi, catira, frevo, jongo, maracatu, quadrilha, samba de roda e xaxada), festas (Carvalhadas, Congada, Farras do Boi, Festa do Divino Espírito Santo, Festa Junina e Folia dos Reis) e lendas/mitos (alamoá, boitatá, boto, capelobo, casa das 365 janelas, cobra-grande (boiúna),comadre fulozinha, cuca, curupira, macaxeira, mapinguari, mula sem cabeça, negrinho do pastoreio, papa-figo, pisadeira, saci pererê e vitória-régia).
Antes de analisarmos a cultura brasileira é interessante ressaltar que o termo cultura é complexo de ser definido, mas de forma simplória pode ser considerado como o resultado de todo ou qualquer atividade humana que nos diferencia dos outros seres vivos.
Cabe ressaltar que a sociedade brasileira como as sociedades modernas em geral não é homogênea e consequentemente a análise da cultura brasileira levada ao cabo neste texto será apenas superficial.

16.1-BRASIL-COLÔNIA (1500-1822)
Este período da História do Brasil foi fortemente caracterizado pelo fato da sociedade brasileira ter iniciado a sua formação e este processo histórico foi moldado a partir da cultura portuguesa que submeteu as culturas africana e indígena.
A história da literatura brasileira pode ser dividida em dois períodos históricos, a saber: Era Colonial (1550-1836) e Era Nacional (1836-...). As correntes literárias da Era Colonial foram as seguintes, a saber Quinhentismo (1550-1601), Barroco (1601-1768) e Arcadismo (1768-1836). As correntes literárias da Era Nacional foram as seguintes, a saber: Romantismo (1836-1881), Realismo/Naturalismo/Parnasianismo (1881-1893), Simbolismo (1893-1902), Pré-Modernismo (1902-1922), Modernismo (1922-1960) e Pós-Modernismo (1960-...). A literatura apesar de ter surgido da literatura portuguesa, faz parte da literatura latino-americana, sendo a única em língua portuguesa. O elo da ligação da literatura brasileira, o qual também serve de marco inicial das letras brasileiras é a Carta de Pero Vaz de Caminha.
O primeiro gênero literário do período colonial foi o Quinhentismo que corresponde genericamente às expressões literárias do primeiro século da história brasileira. O Quinhentismo englobava basicamente a Literatura Informativa (Literatura dos Viajantes ou Literatura dos Cronistas) e Literatura dos Jesuítas.
A Literatura Informativa é caracterizada pelo enfoque na descrição das terras brasileiras, sendo que ela ao descrever o Brasil exaltava-o bastante. Podemos citar como expoente desse gênero literário Pero Vaz de Caminha do qual podemos destacar a Carta a El-Rei Dom Manuel Sobre o Achamento do Brasil (1500), mais conhecido como Carta de Caminha.
A Literatura dos Jesuítas é caracterizada pelo enfoque religioso (mais precisamente na catequese dos indígenas) englobando basicamente poesia, dramaturgia e documentos oficiais. Podemos citar como expoente desse gênero literário Padre José de Anchieta (1534-1597) do qual podemos destacar o poema De Beata Virgine Dei Matre Maria (mais conhecido como Poema da Virgem) do ano de 1563.
Neste período histórico podemos destacar na literatura o Arcadismo (movimento literário surgido na Europa no século XVIII) o qual influenciou fortemente a produção poética brasileira nesta época sendo caracterizado pelo fingimento poético, utilização de pseudônimos e simplicidade. O marco inicial do Arcadismo foi à publicação de Obras de autoria de Cláudio Manuel da Costa no ano de 1768.
Podemos destacar os seguintes expoentes desse movimento literário, a saber: Cláudio Manoel da Costa (1729-1789), Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744-1793), Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814) e Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
Da poesia árcade podemos destacar o poema Cartas Chilenas de autoria de Cláudio Manoel da Costa, poema que criticava o governo de Luís da Cunha Menezes a frente da capitania de Minas Gerais, governo este que durou entre os anos de 1783-1788.
Dando prosseguimento a análise da cultura do Brasil-Colônia não poderia deixar de ressaltar a forte presença do Barroco (movimento artístico surgido na Europa no século XVII e que tinha uma forte influencia do catolicismo), tendo em vista ter influenciado em muito a cultura brasileira. O marco inicial do Barroco foi a publicação do poema Prosopopeia de autoria de Bento Teixeira (c.1561-c.1618) que ocorreu no ano de 1601. No Brasil ela manifestou-se sob duas formas, a saber: Barroco Litorâneo e Barroco Mineiro.
A figura mais conhecida do Barroco foi Antônio Francisco Lisboa (1730 ou 1738-1814), mais conhecido como Aleijadinho, tendo tido uma produção centralizada na arquitetura e escultura. Podemos destacar como obra de sua autoria dois templos católicos dedicados a São Francisco de Assis (localizados nas cidades de Ouro Preto e São João Del Rei – estado de Minas Gerais), ornamentação de diversos templos católicos e a escultura dos Doze Profetas (localizada na cidade de Congonhas do Campo – estado de Minas Gerais). Em relação a este estilo artístico não poderíamos deixar de citar o principal pintor barroco que foi Manuel da Costa Ataíde, Mestre Ataíde (1762-1830).
A dramaturgia brasileira neste período histórico foi profundamente marcada pela influência católica, tendo em vista que a Companhia de Jesus usou amplamente peças de teatro para catequizar os indígenas, cabendo lembrar que apesar da presença da dramaturgia desde o início da História do Brasil o primeiro teatro que o Brasil viria a ter seria o Real Theatro São João atual Teatro João Caetano fundado apenas em 1813 na cidade do Rio de Janeiro.
A música esteve fortemente presente na sociedade colonial brasileira, tanto a laica como a religiosa. Podemos destacar as seguintes figuras (regentes-compositores) Antônio de Souza Lobo (1840-1909), José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita (1746-1805) e o padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830).
Em relação à cultura brasileira é interessante ressaltar que a filosofia foi contemplada com atenção de algumas pessoas da época podendo destacar as seguintes, a saber: padre Francisco de Farias autor de Conclusões Metafísicas, frei Gaspar da Madre de Deus autor de Filosofia Platônica, padre Mateus da Encarnação Pina autor de Tratado Político e Tomás Antônio Gonzaga autor de Tratado de Direito Natural.
A arquitetura brasileira durante o período colonial ficou marcado basicamente por dois aspectos básicos que foram o catolicismo (tendo em vista o fato que neste período histórico houve grande quantidade de construções de igrejas do credo católico) e a defesa do território (tendo em vista o fato do Brasil está constantemente ameaçado por invasões estrangeiras e tivemos a construção de grande quantidade de fortalezas). A escultura e a pintura foram extremamente influenciadas pelo catolicismo.
Durante o período colonial a publicação e a circulação de livros e periódicos sofreu grande restrição por questões políticas (a Coroa Portuguesa tinha receio que houvesse a circulação de ideais considerados subversivos os quais poderiam questionar a autoridade de Portugal em relação ao Brasil), sendo que o surgimento dos primeiros periódicos no Brasil aconteceu no início do século XIX no contexto histórico que levou a independência brasileira. Podemos citar como exemplos de periódicos fundados nesta época os seguintes, a saber: Correio Braziliense (1808-1822), Gazeta do Rio de Janeiro (1808-1822), Idade d`Ouro do Brasil (1811-1823), As Variedades ou Ensaios de Literatura (1812), O Patriota (1813-1814) e O Amigo do Rei e da Nação (1821) e Diário do Rio de Janeiro (1821-1878). A imprensa brasileira acabou consolidando-se durante os séculos XIX e XX.
Dentro do contexto histórico da Transmigração da Família Real Portuguesa para o Brasil, houve a contratação da Missão Artística Francesa com o intuito de fundar uma academia de artes. Marquês de Marialva (Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho (c. 1775-1823)) foi o responsável pela contratação desse grupo de artistas em nome da Coroa Portuguesa.
Esta missão chegou ao Brasil (mais precisamente no Rio de Janeiro) no dia 26.03.1816 sendo liderada por Joachim Lebreton (1760-1819). Ela era composta entre outras pessoas por: Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny (1776-1850), Auguste-Marie Taunay (1768-1824), Jean-Baptiste Debret (1768-1848) e Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830).
O objetivo dessa missão acaba sendo alcançado através da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios (1816-1822), transformada em Academia Imperial de Belas Artes (1822-1889), Escola Nacional de Belas Artes (1890-1965) e finalmente Escola de Belas Artes (1965-...). Desde 1931 esta instituição deixa de ser uma instituição autônoma e passa a integrar a Universidade do Rio de Janeiro atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

16.2-BRASIL-IMPÉRIO (1822-1889)
Tendo em vista a independência do Brasil em relação a Portugal tivemos a tentativa por parte da sociedade em geral (mais especificamente de alguns setores da intelectualidade da época) em reafirmar culturalmente o Brasil em contraponto a Portugal. Houve um grande desenvolvimento da literatura brasileira durante o Brasil-Império.

16.2.2-PRIMEIRO REINADO (1822-1831)
Ponto relevante da cultura da sociedade brasileira neste período histórico é o fato que foi instituído o catolicismo como religião oficial do Brasil através da constituição imperial.

16.2.3-REGÊNCIA (1831-1840)
Neste período histórico é interessante ressaltar o surgimento de um novo movimento literário (Romantismo (fazia contraponto ao Arcadismo)) no Brasil através da obra Suspiros Poéticos e Saudades (1836) de autoria de Domingos José Gonçalves Magalhães (1811-1882). Este movimento literário tinha como característica o nacionalismo, sentimentalismo e versificação livre, cabendo ressaltar que uma das suas principais marcas foi o fato de ter sido um dos principais movimentos literários da História da Literatura Brasileira.
Os três principais escritores românticos das letras brasileiras foram os seguintes, a saber: Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) e José Martiniano de Alencar (1839-1877).
No caso de Joaquim Maria Machado de Assis, este escritor é considerado o principal literato da sociedade brasileira de todos os tempos e um dos maiores escritores da língua portuguesa (o principal escritor de língua portuguesa foi o poeta português Luís Vaz de Camões (c. 1524-c.1580)). Este autor brasileiro produziu 5 coletâneas de poemas e sonetos, 219 contos, 663 crônicas, 10 peças de teatro e 10 romances.
É interessante ressaltar que este período histórico foi bastante agitado socialmente (culturalmente e politicamente) e isto refletiu no surgimento de diversos periódicos nesta época dos quais podemos citar os seguintes, a saber: A Gazeta Mercantil (1836), Correio Oficial da Província de São Pedro (1834-1835), Inexorável (1833-1834), Democrata Rio-Grandense (1834), O Campeão da Legalidade (1837), O Federal (1834), O Legalista (1836), O Mensageiro (1836), O Pobre (1834) e O Republicano (1834).
Em relação à produção cultural brasileira é muito importante ressaltar que no ano de 1838 tivemos a formação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB) e do Arquivo Nacional, tendo em vista que ambas as instituições contribuíram diretamente para a formação cultural do Brasil.

16.2.4-SEGUNDO REINADO (1840-1889)
Um dos pontos relevantes da cultura brasileira durante o Segundo Reinado foi o fato do imperador dom Pedro II ter dado imenso apoio a classe artística.
É interessante que durante este período histórico a sociedade brasileira foi diretamente influenciada pelo positivismo, sendo que esta corrente filosófica contribuiu bastante para o desenvolvimento do processo histórico que levou a substituição da monarquia pela república.
O marco inicial do Realismo no Brasil foi a obra O Mulato (1881) de autoria de Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (1857-1913). Os três principais escritores realistas das letras brasileiras foram os seguintes, a saber: Alfredo Maria Adriano d´Escragnole Taunay, visconde de Taunay (1843-1899), Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) e Raul d´Ávila Pompeia (1863-1895).
Neste período histórico é interessante ressaltar a influência do positivismo (corrente filosófica surgida na primeira metade do século XX na França pelas mãos de Augusto Comte), que esta baseada numa concepção evolucionista e racionalista.
Curiosamente apesar de o racionalismo ser um dos principais pilares dessa corrente filosófica, acabou surgindo a partir dela uma religião baseada na humanidade conhecida como Religião da Humanidade. O Positivismo Religioso como está religião também é conhecida foi criada no ano de 1854 e a Igreja Positivista do Brasil foi fundada no dia 11 de maio de 1881 por Miguel Lemos (1854-1917). É interessante ressaltar que atualmente existem apenas dois templos relativos a Igreja Positivista do Brasil, sendo um deles localizado no município do Rio de Janeiro (província do Rio de Janeiro) e o outro localizado no município de Porto Alegre (província do Rio Grande do Sul).
No processo de modernização conservadora no qual o Brasil passou durante o último quartel do século XIX e o primeiro quartel do século XX, tivemos a fundação de vários teatros municipais dos quais podemos os seguintes, a saber: Teatro de Belém (15.II.1878), Teatro Amazonas (31.XII.1896), Theatro Municipal do Rio de Janeiro (14.VI.1909) e Theatro Municipal de São Paulo (12.IX.1911).

16.3-BRASIL-REPÚBLICA (1889-...)
Em relação à cultura brasileira no período republicano podemos citar de forma categórica que o mesmo chegou a sua maturidade e ao reconhecimento internacional, cabendo lembrar que devido ao grande desenvolvimento tecnológico iniciado no século XIX e acelerado ao longo dos séculos XX e XXI, tivemos a novas artes (cinema) e meios de difusão da arte (rádio, rede mundial de computadores (internet) e televisão).

16.3.1-REPÚBLICA VELHA (1889-1930)
É interessante ressaltar que neste período histórico um ponto fundamental da cultura brasileira foi o início das transmissões radiofônicas, transmissões estas que seriam relevantes para a sociedade brasileira ao longo dos séculos XX (principalmente na primeira metade) e XXI.
Durante a República Velha surgiu no seio das classes populares da cidade do Rio de Janeiro um novo gênero musical que iria identificar a cultura brasileira que foi o samba. O primeiro samba gravado foi Pelo Telefone, tendo isto ocorrido no ano de 1917.
O Simbolismo foi um movimento literário caracterizado pela musicalidade e subjetivismo, tendo como marco inicial a publicação de Missal e Broquéis no ano de 1893 duas obras de João da Cruz e Souza (1861-1898). Os três principais escritores simbolistas das letras brasileiras foram os seguintes, a saber Alphonsus de Guimarães, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (1870-1921), Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914) e João da Cruz e Souza (1861-1898).
O Modernismo foi um movimento literário caracterizado pelo nacionalismo, valorização dos indígenas e a ruptura em relação ao passado. O marco inicial do Modernismo foi a Semana de Arte Moderna (1922).
A Academia Brasileira de Letras (ABL) foi fundada no dia 20 de julho de 1897sob a liderança de Joaquim Maria Machado de Assis, sendo localizada no município do Rio de Janeiro (RJ) e a Academia Paulista de Letras foi fundada no dia 27 de novembro de 1909 sob a liderança de Joaquim José de Carvalho, sendo localizada no município de São Paulo (SP).
Ao longo desse período histórico podemos fazer referência a fundação dos seguintes museus, a saber: Museu Paulista da Universidade de São Paulo fundado no dia 7 de setembro de 1895 no município de São Paulo (estado de São Paulo) e Museu Histórico Nacional fundado no dia 12 de outubro de 1922 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro).

16.3.2-ERA VARGAS (1930-1945)
Apesar de o Brasil ter tido uma forte repressão e falta de liberdade devido a Era Vargas corresponder a uma forte ditadura, houve um grande desenvolvimento cultural da sociedade brasileira e apesar de parecer contraditório o governo brasileiro teve grande participação neste desenvolvimento cultural.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Artístico Nacional (IPHAN) é uma autarquia federal criada no dia 13 de janeiro de 1937 (quarta-feira), com o intuito de preservar e divulgar o patrimônio cultural (material e imaterial) sociedade brasileira. Esta autarquia federal atualmente tem a sua sede localizada em Brasília-DF e conta com 27 superintendências estaduais, além de 6 unidades especiais (Centro Cultural Paço Imperial, Centro de Documental do Patrimônio, Centro Lúcio Costa, Centro Nacional de Arqueologia, Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e Sítio Roberto Burle Marx).
Do ponto de vista institucional é importante pontuar que inicialmente que o IPHAN estava vinculado ao Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública e atualmente está vinculado ao Ministério do Turismo. Ao longo do tempo houve diversas alterações no seu nome, podendo pontuar os diversos nomes dessa autarquia federal os seguintes, a saber: Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) – 1937, Departamento do Patrimônio Histórico (DPHAN) – 1946, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – 1970, Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e Fundação Nacional Pró-Memória (FNPM) – 1979, Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural (IBPC) – 1990 e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) - 1994.
É interessante ressaltar que ao longo do tempo, foram produzidos diversos documentos (cartas) por especialistas na área patrimonial cujo objetivo seria padronizar os procedimentos relativos a conservação podendo citar como exemplos as seguintes, a saber: Carta de Brasília (1995 e 2010), Carta de Nova Olinda (2009), Carta de Fortaleza (1997), Carta de Lausanne (1990), Carta de Washington (1987), Carta de Petrópolis (1987), Carta de Veneza (1964) e Carta de Atenas (1931-1933).
Podemos citar como exemplos de patrimônio cultural material os seguintes, a saber: Centro Histórico de Ouro Preto (MG), Conjunto Moderno da Pampulha (MG) e Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (MG), enquanto podemos citar como exemplos de patrimônio imaterial os seguintes, a saber: Carimbó (PA), Círio de Nossa Senhora de Nazaré (PA) e Festival Folclórico de Parintins (AM).
Complementando a análise histórica sobre a cultura brasileira neste período histórico, é interessante ressaltar que no ano de 1932, tivemos a instituição de forma oficial do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (um dos principais traços culturais da sociedade brasileira) o qual foi desdobrou para outras cidades brasileiras. As principais escolas de sambas brasileiras são as seguintes, a saber: Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Anil, Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, Grêmio Recreativo Escola de Samba Estácio de Sá, Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano, Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Tijuca e Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. É importante ressaltar que a baixada de Jacarepaguá é uma importante região localizada no município do Rio de Janeiro (RJ), que tem forte tradição no cenário cultural do estado do Rio de Janeiro em especial no carnaval/samba, podendo destacar a presença das seguintes agremiações carnavalescas neste local, a saber: Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos de Jacarepaguá, Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Unida da Cidade de Deus, Grêmio Recreativo Escola de Samba Renascer de Jacarepaguá, Grêmio Recreativo Escola de Samba União de Jacarepaguá, Grêmio Recreativo Escola de Samba União do Parque Curicica e Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Barra da Tijuca.
A Academia Brasileira de Música (ABM) foi fundada no dia 14 de julho de 1945 sob a liderança de Heitor Villa-Lobos, sendo localizada no município do Rio de Janeiro (RJ).
Ao longo desse período histórico podemos fazer referência à fundação dos seguintes museus, a saber: Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro de Janeiro fundado no dia 13 de outubro de 1934 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro), Museu Nacional de Belas Artes fundado no dia 13 de janeiro de 1937 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro), Museu das Missões fundado no dia 8 de março de 1940 no município de São Miguel das Missões (estado do Rio Grande do Sul), Museu Imperial fundado no dia 29 de março de 1940 no município de Petrópolis (estado do Rio de Janeiro) e Museu da Inconfidência fundado no dia 11 de agosto de 1944 no município de Ouro Preto (estado de Minas Gerais).

16.3.3-REPÚBLICA NOVA (1945-1964)
Neste período histórico houve uma grande efervescência cultural podendo destacar a indústria cinematográfica. As principais desse período foram às seguintes, a saber: Atlântida Cinematográfica (1941-1962), Cinédia Estúdios Cinematográficos (1930-...) e Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949-1954).
Outro ponto relevante que merece especial destaque foi à implantação das transmissões de televisão a partir do ano de 1950 com a inauguração da TV Tupi na cidade de São Paulo. No ano de 1972 a TV Tupi transforma-se em Rede Tupi e encontra o seu término no ano de 1980.
A Academia Brasileira de Belas Artes (ABBA) foi fundada no dia 12 de maio de 1950 sob a liderança de José Venturelli Sobrinho, sendo localizada no município do Rio de Janeiro (RJ).
Ao longo desse período histórico podemos fazer referência à fundação dos seguintes museus, a saber: Museu do Ouro fundado no dia 16 de maio de 1946 no município de 1946 no município de Sabará (estado de Minas Gerais), Museu de Biologia Professor Mello Leitão fundado no dia 26 de junho de 1949 no município de Santa Teresa (estado do Espírito Santo), Museu Victor Meirelles fundado no dia 15 de novembro de 1952 no município de Florianópolis (estado de Santa Catarina), Museu do Diamante fundado no dia 12 de abril de 1954 no município de Diamantina (estado de Minas Gerais), Museu Histórico e Pedagógico Conselheiro Rodrigues Alves fundado no dia 3 de agosto de 1956 no município de Guaratinguetá (estado de São Paulo), Museu Histórico e Pedagógico Prudente Moraes fundado no dia 3 de agosto de 1956 no município de Batatais (estado de São Paulo), Museu Histórico e Pedagógico Presidente Washington Luiz fundado no dia 3 de agosto de 1956 no município de Piracicaba (estado de São Paulo), Museu Histórico e Pedagógico Campos Sales (Museu Campos Sales) fundado no dia 3 de agosto de 1956 no município de Campinas (estado de São Paulo), Museu Histórico e Pedagógico Cesário Motta fundado no dia 10 de dezembro de 1957 no município de Capivari (estado de São Paulo), Museu Histórico Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina fundado no dia 10 de dezembro de 1957 no município de Pindamonhangaba (estado de São Paulo), Museu da Abolição fundado no dia 22 de dezembro de 1957 no município de Recife (estado de Pernambuco), Museu Histórico e Pedagógico Visconde de Mauá fundado no dia 19 de novembro de 1958 no município de Mogi das Cruzes (estado de São Paulo), Museu Histórico e Pedagógico dos Andradas fundado no dia 19 de novembro de 1958 no município de Santos (estado de São Paulo), Museu Villa-Lobos fundado no dia 22 de junho de 1960 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro), Museu da República fundado no dia 15 de novembro 1960 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro) e Museu de Arte Brasileira fundado no dia 10 de agosto de 1961 no município de São Paulo (estado de São Paulo).

16.3.4-DITADURA MILITAR (1964-1985)
A cultura brasileira neste período histórico foi fortemente marcada pela repressão do governo militar em relação as expressões culturais consideradas subversivas, cabendo lembrar que apesar disso a produção cultural brasileira nesta época merece destaque tendo em vista a sua qualidade. Neste aspecto é interessante ressaltar a realização do festival de música Rock in Rio no início do ano de 1985, no qual houve a apresentação musical de diversos cantores nacionais e internacionais de Rock, tendo este festival de música alcançado repercussão internacional nesta época. Este festival musical ocorre até os dia de hoje com grande sucesso, tendo alcançado o mundo devido o fato que o mesmo foi realizado em diversas cidades (Lisboa (POR), Las Vegas (EUA), Madri (ESP) e Rio de Janeiro (BR)) ao redor do planeta.
Um traço cultural da sociedade brasileira durante a Ditadura Civil-Militar foram os Festivais de Música Popular Brasileira, mais conhecidos como Festivais da Canção, tendo sido organizados pela TV Excelsior (1960-1970) e Record TV (1953-...). Estes festivais foram criados sob inspiração no Festival de Sanremo (Festival da Canção Italiana).
No contexto cultural da Ditadura Civil-Militar podemos destacar a existência do grupo de comédia Os Trapalhões (quarteto formado pelos comediantes Antônio Renato Aragão (1935-...) – Didi, Antônio Carlos Bernardes Gomes (1941-1994) – Mussum, Manfried Sant`Anna (1936-...) – Dedé e Mauro Faccio Gonçalves (1934-1990) - Zacarias), tendo existido durante os anos de 1965-1995. Este grupo de comédia ficou caracterizado por ser um dos ícones da cultura brasileira, tendo protagonizado um programa televisivo (Os Trapalhões transmitido pela TV Tupi (1974-1976) e a Rede Globo (1977-1995) e 43 produções cinematográficas.
Durante o período de agosto de 1983 e fevereiro de 1984 a harmonia do quarteto esteve bastante estremecida, devido a divergências relativas a divisão dos lucros entre Renato Aragão Produções e Antônio Carlos Bernardes Gomes, Manfried Sant`Anna e Mauro Faccio Gonçalves, devido as produções cinematográficas. Este problema foi resolvido com a instituição de uma repartição mais harmoniosa entre as partes envolvidas.
Na segunda metade do século XX (mais precisamente nos anos de 1967-1969), houve um movimento cultural chamado de Tropicália (Tropicalismo ou Movimento Tropicalismo), envolvendo diversas expressões culturais (cinema, música, poesia e teatro). Podemos citar como exemplo de artistas tropicalistas os seguintes, a saber: Antônio José Santana Martins (1936-...), Caetano Emanoel Viana Teles Veloso (1942-...), Maria das Graça Costa Penna Burgos (1945-...), Nara Lofego Leão (1942-1989), Gilberto Passos Gil Moreira (1942-...), Rita Lee Jones de Carvalho (1947-2023) e Torquato Pereira de Araújo Neto (1944-1972).
Ao longo desse período histórico podemos fazer referência à fundação dos seguintes museus, a saber: Museu Lasar Segall fundado no dia 21 de setembro de 1967 no município de São Paulo (estado de São Paulo), Museu Geológico Valdemar Lefèvre no dia 14 de novembro de 1967 no município de São Paulo (estado de São Paulo), Museu Carlos Costa Pinto no dia 5 de novembro de 1969 no município de Salvador (estado de São Paulo), Museu Casa de Portinari fundado no dia 14 de março de 1970 no município de Brodowski (estado de São Paulo), Museu da Música de Mariana fundada no dia 6 de julho de 1973 no município de Mariana (estado de Minas Gerais), Museu Carmen Miranda fundado no dia 5 de agosto de 1976 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro), Museu Aeroespacial fundado no dia 18 de outubro de 1976 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro), Museu do Escravo fundado no dia 10 de abril de 1977 no município de Belo Vale (estado de Minas Gerais), Museu da Borracha fundado no 3 de abril de 1978 no município do Rio Branco (estado do Acre), Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil no município de São Paulo (estado de São Paulo), Museu Histórico de Santa Catarina fundado no dia 4 de outubro de 1979 no município de Florianópolis (estado de Santa Catarina), Museu de Arte Brasileira fundado no dia 19 de maio de 1980 no município de Maceió (estado de Alagoas), Museu Afro-brasileiro fundado no dia 7 de janeiro de 1982 no município de Salvador (estado da Bahia), Museu Casa Benjamin Constant fundado no dia 18 de outubro de 1982 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro), Museu do Mar fundado no dia 30 de junho de 1984 no município de Santos (estado de São Paulo), Museu de Astronomia e Ciências Afins fundado no dia 8 de março de 1985 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro).

16.3.5-NOVA REPÚBLICA (1985-...)
A produção cultural brasileira neste período histórico ficou profundamente marcado pela flexibilização política (tendo em vista o término da Ditadura Militar) e pela globalização (tendo em vista que possibilitou uma maior interação cultural entre as diversas sociedades humanas).
Um aspecto cultural bastante relevante na sociedade brasileira que merece a devida atenção é a mudança da composição religiosa da população brasileira, tendo em vista que se o cristianismo continuou a ser a principal religião professada pelos brasileiros, a distribuição dos fiéis entre as diversas denominações cristãs alterou de forma significativa, pois a quantidade de católicos diminuiu em prol do aumento da quantidade de protestantes aumentou. Cabe ressaltar que a quantidade de pessoas que se declararam sem religião aumentou. Em relação ao crescimento do protestantismo no Brasil, não poderíamos deixar de ressaltar o grande crescimento do neopentecostalismo (um dos principais ramos do protestantismo), podendo destacar os seguintes líderes religiosos neopentecostais, a saber: Edir Macedo Bezerra (1945-…), Romildo Ribeiro Soares (1947-…), Silas Lima Malafaia (1958-…) e Valdemiro Santiago de Oliveira (1963-…).
Um dos pontos relevantes da produção audiovisual da sociedade brasileira durante a Nova República foi a apresentadora de televisão e cozinheira Palmira Nery da Silva Onofre (mais conhecida como Palmirinha Onofre e/ou Palmirinha), que encantou a sociedade brasileira com as suas participações em programas de televisão (Grupo Fox, Grupo Globo, Rede Bandeirantes, Rede Record e TV Gazeta) sobre culinária, podendo considerar um verdadeiro ícone da cultura brasileira.
As Bandeiras Históricas do Brasil são as seguintes, a saber: Bandeira da Ordem Militar de Cristo (1332-1651), Bandeira Real (1500-1521), Bandeira de D. João III (1521-1616), Bandeira do Domínio Espanhol (1616-1640), Bandeira da Restauração (1640-1683), Bandeira do Principado do Brasil (1645-1816), Bandeira de D. Pedro II de Portugal (1683-1706), Bandeira do Reino do Unido de Portugal, Brasil e Algarve (1816-1821), Bandeira do Regime Constitucional (1821-1822), Bandeira Imperial do Brasil (1822-1889) e a Bandeira Provisória da República (1889).
A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA) foi fundada no dia 20 de maio de 2002 sob a liderança de Luiz Antonio Viana, sendo localizada no município do Rio de Janeiro (RJ).
Ao longo desse período histórico podemos fazer referência à fundação dos seguintes museus, a saber: Museu SPTrans dos Transportes Públicos – Gaetano Ferolla fundado no dia 20 de março de 1985 no município de São Paulo (estado de São Paulo), Museu Municipal Dr. José Olavo Machado fundado no dia 8 de outubro de 1985 no município de Santo Ângelo (estado do Rio Grande do Sul), Museu Histórico Desembargador Edmundo Mercer Júnior fundado no dia 3 de abril de 1987 no município de Tibagi (estado de Paraná), Museu da Aviação Naval fundado no dia 23 de agosto de 2000 no município de São Pedro de Aldeia (estado do Rio de Janeiro), Museu WEG de Ciência e Tecnologia fundado no dia 16 de setembro de 2003 no município de Jaraguá do Sul (estado de Santa Catarina), Museu de Artes e Ofícios fundado no dia 14 de dezembro de 2005 no município de Belo Horizonte (estado de Minas Gerais), Museu de Arte Murilo Mendes fundado no dia 20 de dezembro de 2005 no município de Juiz de Fora (estado de Minas Gerais), Museu Nacional da República fundado no dia 15 de dezembro de 2006 em Brasília (Distrito Federal), Museu Histórico da Serra fundada no dia de 4 maio de 2007 no município de Serra (estado do Espírito Santo), Museu Catavento fundado no dia 26 de março de 2009 no município de São Paulo (estado de São Paulo), Museu Hering fundado no dia 26 de novembro de 2010 no município de Blumenau (estado de Santa de Catarina), Museu da Gente Sergipana fundado no dia 26 de novembro de 2011 no município de Aracaju (estado de Sergipe), Museu do Amanhã fundado no dia 17 de dezembro de 2015 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro), Museu das Remoções fundado no dia 18 de maio de 2016 no município do Rio de Janeiro (estado do Rio de Janeiro) e Museu Regional do Sal fundado no dia 30 de maio de 2023 no município de São Pedro da Aldeia (estado do Rio de Janeiro).

16.3.6-PANORAMA GERAL (1500-...)
Concluindo a análise histórica da cultura brasileira é importante ressaltar que ela aprimorou-se ao longo do tempo acompanhando as tendências internacionais, sem perder de vista as suas matrizes culturais.

16.4-DESCRIÇÃO GEOGRÁFICA DO BRASIL
16.4.1-ASPECTOS GERAIS
O Brasil é o quinto país com maior extensão territorial do planeta Terra ficando atrás apenas da Rússia. Canadá, China e Estados Unidos da América e o quinto país com maior população do planeta Terra ficando atrás apenas da Índia, China, Indonésia e Estados Unidos da América.
Este país tem 8.515.767 quilômetros quadrados de extensão territorial fazendo fronteira (16.145 quilômetros de extensão) com os seguintes países, a saber: Argentina, Bolívia, Colômbia, França, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela. Do subcontinente sul-americano o Brasil só não faz fronteira com Chile e Equador.
Do ponto de institucional o Brasil é formado por 5.570 municípios, 26 estados, 1 distrito federal e 5 regiões. As regiões brasileiras mais desenvolvidas são as regiões Sul e Sudeste, enquanto as regiões menos desenvolvidas são as regiões Norte e Nordeste.

16.4.2-BIOMAS BRASILEIROS
Devido a sua imensa extensão territorial, o Brasil tem uma grande diversidade de biomas (biomas terrestres (Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal) e bioma marinho (Marinho Costeiro)) é interessante ressaltar que devido à extensão territorial o Brasil tem uma grande biodiversidade, inclusive havendo uma grande quantidade de espécies de seres vivos endêmicos neste país.

16.4.3-CLIMATOLOGIA BRASILEIRA
Do ponto vista climático o Brasil tem 92% da sua extensão territorial na zona intertropical e 8% de sua extensão territorial na zona extratropical, sendo que de acordo com a Classificação Climática de Köppen-Geiger este país tem os seguintes climas, a saber: clima tropical, clima subtropical e clima semi-árido.

16.4.3-HIDROGRAFIA BRASILEIRA
Do ponto de vista hidrográfica o Brasil é destaque por possuir uma importante rede hidrográfica e conter 15% das águas doces do planeta Terra. Complementando esta análise não poderíamos deixar de pontuar que este país tem dois dos principais rios (Rio Amazonas e Rio Paraná) e duas das principais bacias hidrográficas (Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas e Bacia Hidrográfica do Rio da Prata) do planeta Terra. As bacias hidrográficas brasileiras são as seguintes, a saber: Bacia Hidrográfica Amazônica, Bacia Hidrográfica do Tocantins, Bacia Hidrográfica do Tocantins, Bacia Hidrográfica do Norte-Nordeste, Bacia Hidrográfica do São Francisco, Bacia Hidrográfica do Leste, Bacia Hidrográfica do Paraná, Bacia Hidrográfica do Uruguai e Bacia Hidrográfica do Sul-Sudeste.

16.5.4-GEOMORLOGIA BRASILEIRA
A geomorfologia brasileira é dividida em duas partes, a saber: escudo cristalino e bacia sedimentar. A geomorfologia brasileira é caracterizada pela inexistência de vulcanismo e a baixa atividade sísmica. O relevo brasileiro é caracterizado pela forte presença de depressão, planalto, planície e ausência de cordilheira.

TEXTO PARA REFLEXÃO
A história é o resultado do esforço, num sentido criador, através do qual o historiador, o sujeito do conhecimento, estabelece essa relação entre o passado que ele evoca e o presente que é o seu.” Henri-Irénée Marrou (1904-1977) 
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