INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS
1-APRESENTAÇÃO
O foco de estudos da história são os fatos ocorridos até o presente momento tendo como objetivo básico compreender melhor a sociedade humana atual, tendo em vista que a atualidade é o produto do desenvolvimento da sociedade humana até os dias atuais. A pesquisa histórica é o conjunto de procedimentos no qual os historiadores adotam, com a intenção de obter as informações necessárias para a reconstituição do passado histórico. A seguir veremos os principais aspectos da Introdução aos Estudos Históricos.

2-PESQUISA HISTÓRICA 
O primeiro aspecto interessante a ser abordado nesta seção se refere basicamente aos significados da palavra história. Em relação a isto é bom ressaltar que existem vários significados para o termo história dentro da língua portuguesa, sendo os mais interessantes para o propósito do nosso estudo são os que correspondem aos fatos ocorridos anteriormente ou o estudo dos fatos ocorridos anteriormente.
É notório que as duas concepções apresentadas são intimamente ligadas entre si, sendo bom ressaltar que a História na segunda concepção da palavra é extremamente relevante, pois através dos estudos dos acontecimentos já ocorridos, podemos compreender melhor a situação atual das sociedades humanas. Isto é claro se levarmos em consideração o fato do passado não é desprendido do presente e nem do futuro.
Dando prosseguimento temos que ressaltar o fato que para a feitura dos seus trabalhos os professores de história e/ou historiadores utilizam de diversas fontes as quais são agrupadas de modo geral em dois grupos que são as seguintes, a saber: fontes históricas escritas e fontes históricas não escritas.
Podemos destacar como exemplos de fontes históricas escritas as seguintes, a saber: cartas, cartazes, documentos oficiais, jornais, livros, manuais técnicos, memorandos, notas fiscais, revistas e trabalhos acadêmicos (artigos e monografias), enquanto podemos destacar como fontes históricas não escritas as seguintes, a saber: construções, esculturas, filmes, fotografias, gravações de música, pinturas e vestimentas.
A pesquisa histórica não é feita de forma isolada, pois ela conta com o auxílio de diversas áreas do conhecimento humano (ciências auxiliares da história) que são as seguintes, a saber: arqueologia (estuda os restos de atividade humana), bibliografia (estuda as obras impressas relativas ao conhecimento humano relativo ao passado humano), cartografia (estuda a representação do espaço geográfico), codicologia (estuda as obras impressas relativas ao conhecimento humano relativo ao passado humano do ponto de vista material), criptografia (estuda os textos escritos em código e as escritas não decifradas), cronologia (estuda as diversas formas de divisão do tempo e organização dos diversos fatos da História da Humanidade de acordo com a ordem dos acontecimentos), diplomacia (estuda documentos e diplomas), epigrafia (estuda a escrita feita em material de longa durabilidade (por exemplo, madeira, metal e rocha)), filatelia (estuda selos usados no envio de correspondências), genealogia (estuda a árvore genealógica das pessoas), geografia (estuda a superfície do planeta Terra sob os aspectos físicos e humanos), heráldica (estuda os brasões), heurística (estuda a veracidade das informações contidas nas fontes históricas), linguística (estuda as línguas durante o processo histórico e de forma comparada entre si), nobiliarquia (estuda os nomes referentes à nobreza), numismática (estuda medalhas, moedas e sinetes), onomástica (estuda os nomes próprios), papirologia (estuda os papiros), paleografia (estuda formas antigas de escrita), prosopografia (estuda as características sociais de grupos de pessoas) e sigilografia (estuda os selos e sinais que autenticam documentos oficiais).
Inserido no processo de pesquisa histórica é interessante ressaltar que os historiadores fazem a crítica (crítica externa e crítica interna (hermenêutica)) dos documentos históricos, com a intenção de obtermos informações históricas mais fidedignas em relação aos fatos históricos. A crítica externa faz referência aos procedimentos acadêmicos no sentido de sabermos a natureza dos documentos históricos no sentido de definimos se a documentação histórica é original ou cópia, verdadeira ou falsa e por fim a determinação de autoria, enquanto a crítica interna faz referência aos procedimentos acadêmicos no sentido de sabermos qual a mensagem que o autor da documentação histórica queria passar ao público em geral, constatando eventualmente a veracidade ou a inveracidade das informações contidas no material em questão. O sucesso da pesquisa histórica depende fundamentalmente da conjunção perfeita dessas duas atividades.
Faz-se necessário ressaltar que o conhecimento histórico é importante porque elucida o desenvolvimento da sociedade humana ao longo do tempo e consequentemente traz a luz do conhecimento humano aspectos estruturais da civilização humana.
Alinhado com isso não podemos deixar de mencionar que de modo geral as sociedades humanas no decorrer de suas trajetórias históricas não formaram sociedades igualitárias, ou seja, dentro das sociedades humanas não tem havido de modo geral repartição igualitária da riqueza produzida, havendo opressão das classes sociais menos abastadas por parte das classes sociais mais abastadas (esta relação também acontece entre os diversos países/regiões do mundo).

3-HISTORIOGRAFIA E HISTORIADORES
Em relação à produção do conhecimento histórico é interessante ressaltar que a mesma é confeccionada a partir de determinados embasamentos teóricos, embasamentos teóricos estes que forma a base teórica das correntes historiográficas. As correntes historiográficas têm como finalidade orientar (direcionar) os historiadores no sentido de instrumentalizar os mesmos com as ferramentas necessárias para a viabilidade de suas pesquisas históricas e consequentemente obterem reconhecimento dos seus pares em relação a sua produção acadêmica. É importante pontuar que de modo geral as correntes historiográficas não são um cabedal teórico estático podendo haver variações ao longo do tempo e espaço devido ao desenvolvimento das ciências históricas. Podemos citar como exemplos de correntes historiográficas as seguintes, a saber:
a-Positivismo: corrente historiográfica surgida no século XIX, a partir das análises Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1798-1857) sobre a sociedade humana, sendo caracterizada pela concepção evolucionista do desenvolvimento da humanidade (três etapas – teológico, metafísico e positivo (Lei dos Três Estados)) e numa história política (história factual). Podemos citar como exemplos de historiadores positivistas os seguintes, a saber: David Antonio da Silva Carneiro (1904-1990), Fustel de Coulanges (1830-1899) e Joseph Ernest Renan (1823-1892);
b-Escola Metódica: corrente historiográfica surgida no século XIX, a partir das análises de Gabriel Mood (1844-1912) e Gustave Charles Fagniez (1842-1927) através de uma publicação francesa e consolidada pelas análises de Charles-Victor Langlois (1863-1929) e Charles Seignobos (1854-1942) sobre o método científico voltado para as ciências históricas as quais vieram a tona através da publicação da obra Introdução aos Estudos Históricos (1898), sendo caracterizada pela rigidez do método científico, apreço pelo documento histórico e pela constituição da história como ciência. Podemos citar como exemplos de historiadores metódicos os seguintes, a saber: Charles-Victor Langlois (1863-1929) e Charles Seignobos (1854-1942) e Leopold Von Ranke (1795-1886);
c-Materialismo Histórico: corrente historiográfica surgida no século XX, a partir das análises de Karl Heinrich Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) sobre a sociedade humana, sendo caracterizada pela concepção evolucionista do desenvolvimento da humanidade (modo de produção primitivo, modo de produção asiático, modo de produção feudal, modo de produção capitalista, modo de produção socialista e modo de produção comunista) e numa história econômica. Podemos citar como exemplos de historiadores marxistas os seguintes, a saber: Edward Palmer Thompson (1924-1993), Eric John Ernest Hobsbawm (1917-2012), John Edward Christopher Hill (1912-2003), Nelson Werneck Sodré (1911-1999) e Rodney Howard Hilton (1916-2002);
d-Escola dos Annales: corrente historiográfica surgida no século XX, a partir de uma publicação francesa publicada por Marc Léopold Benjamim Bloch (1886-1944) e Lucien Paul Victor Febvre (1878-1956), sendo caracterizada concepção estruturalista do desenvolvimento da humanidade, ou seja, a história seria analisada a partir de diversos aspectos estruturas da sociedade humana e levando em consideração três períodos de tempo (curta duração, média duração e longa duração). É interessante ressaltar que está corrente historiográfica é dividida em quatro fases, a saber: Primeira Geração (1929-1946), Segunda Geração (1946-1968), Terceira Geração (1968-1989) e Quarta Geração (1989-...). Podemos citar como exemplos de historiadores dos Annales os seguintes, a saber: Edward Palmer Thompson (1924-1993), Eric John Ernest Hobsbawm (1917-2012), John Edward Christopher Hill (1912-2003), Nelson Werneck Sodré (1911-1999) e Rodney Howard Hilton (1916-2002);
Podemos citar como exemplo de historiadores latinoamericanos os seguintes, a saber: Alice Piffer Canabrava (1911-2003), Alfredo López Austin (1936-2021), Américo Jacobina Lacombe (1909-1993), Arthur César Ferreira Reis (1906-1993), Benjamín Vicuña Mackenna (1831-1886), Boris Fausto (1930-2023), Caio da Silva Prado Júnior (1907-1990), Ciro Flamarion Santana Cardoso (1942-2013), Daniel Aarão Reis Filho (1946-...), David Antonio da Silva Carneiro (1904-1990), Déa Ribeiro Fenelon (1933-2008), Diego Barros Arana (1830-1907), Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888), Emília Viotti da Costa (1928-2017), Eulália Maria Lahmeyer Lobo (1924-2011), Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), Francisco Fernando Monteoliva Doratioto (1956-…), Gustavo Alberto Armendáriz Ruiz (1923-2004), Gustavo Adolfo Luiz Guilherme Dodt da Cunha Barroso (1888-1959), Héctor Pérez Martínez (1906-1948), Heitor Ferreira Lima (1905-1989), Jacob Gorender (1923-2013), João Capistrano Honório de Abreu (1853-1927), José Fernando Ramirez (1804-1871), José Francisco da Rocha Pombo (1857-1933), José Santos Vargas (1796-1854), Justo Serra Méndez (1848-1912), Luiz Felipe de Alencastro (1946-...), Manoel Luiz Lima Salgado Guimarães (1952-2010), Manoel Maurício de Albuquerque (1927-1981), Maria Beatriz Nascimento (1942-1995), María del Carmen Angélica de Reparaz Zamora (1959-...), Maria Lúcia Pereira Hippolito (1950-2023), Maria Yedda Leite Linhares (1921-2011), Miguel León-Portilla (1926-2019), Nelson Werneck Sodré (1911-1999), Pedro Brasil Bandechi (1917-1985), Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985), Rafael Gracía-Granados y Campero (1893-1956), Rebeca Carrión Cachot (1901-1960), René Armand Dreifuss (1945-2003), Ricardo Henrique Salles (1950-2021), Ricardo Levene (1885-1959), Rodrigo Hemerly Costa (1975-...), Sandra Jatahy Pesavento (1945-2009), Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), Tito Lívio Ferreira (1894-1988), Túlio Halperin Donghi (1926-2014), Vasco Mariz (1921-2017), Vicente Cutolo (1922-2005) e Virgílio Benjamin Noya Pinto (1929-...).
É interessante ressaltar que apesar de todas as dificuldades relativas às questões de gênero as historiadoras latinoamericanas contribuíram imensamente para a historiografia latinoamericana das quais podemos destacar as seguintes, a saber: Alice Piffer Canabrava (1911-2003), Déa Ribeiro Fenelon (1933-2008), Emília Viotti da Costa (1928-2017), Eulália Maria Lahmeyer Lobo (1924-2011), María del Carmen Angélica de Reparaz Zamora (1959-...), Maria Lúcia Pereira Hippolito (1950-2023), Maria Yedda Leite Linhares (1921-2011) e Sandra Jatahy Pesavento (1945-2009).

3.1-HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA
Podemos definir historiografia brasileira, toda e qualquer produção relacionada ao conhecimento histórico (tanto a Filosofia da História/Teoria da História como a Análise Histórica/Registro Histórico), levado a cabo por intelectuais e instituições brasileiras. A partir da década de 60 do século XX, tivemos uma grande expansão historiográfica brasileira, tanto na qualidade como na quantidade, expansão esta incentivada pela administração federal, tendo como base para isto o emprenho da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – fundada no dia 11 de julho de 1951 (quarta-feira). A nível estadual existe diversos órgãos administrativos que estimulam a produção historiográfica, podendo citar como exemplos os seguintes, a saber: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Apesar de a historiografia brasileira ter tido início através das mãos do Vicente Rodrigues Palha, frei Vicente do Salvador a mesma teve as suas bases teorico-metodológicas lançadas em meados do século XIX, através das mãos do Francisco Adolfo de Varnhagen, visconde de Porto Seguro. Dos diversos intelectuais que contribuíram excepcionalmente para o desenvolvimento do pensamento intelectual brasileiro das ciências humanas (em especial das ciências históricas) os seguintes intelectuais, a saber: Boris Fausto (1930-2023), Caio da Silva Prado Júnior (1907-1990), Florestan Fernandes (1920-1995), Francisco Adolfo de Varnhagen, visconde de Porto Seguro (1816-1878), Gilberto de Melo Freyre (1900-1987), João Capistrano Honório de Abreu (1853-1927), Nelson Werneck Sodré (1911-1999), Sílvio Vasconcelos Silveira Ramos Romero (1851-1814) e Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982). É importante pontuar que no período anterior a formatação teorico-metodológica da historiográfica brasileira, nós tivemos os seguintes corógrafos/historiadores, saber: Gabriel Soares de Sousa (1540-1591), Pero de Magalhães Gândavo (1540-1580), Sebastião da Rocha Pita (1660-1738) e frei Vicente do Salvador (1564-1636).
Gabriel Soares de Souza foi um colono português radicado no Brasil que participou intensamente do processo de colonização das terras brasileiras, o qual publicou um livro (Tratado Descritivo do Brasil Em 1587) no estilo corográfico.
Pero de Magalhães Gândavo foi historiador e professor de latim/português, nascido em Portugal, mas de origem flamenga (belga), o qual trabalhou como funcionário público (Arquivo Geral do Reino – atual Arquivo Nacional do Tombo (ANTT)) e Capitania da Bahia (atual Estado da Bahia). Ele escreveu duas obras (Tratado da Província do Brasil e Tratado da Terra do Brasil) de caráter corográfico, as quais foram publicadas conjuntamente no ano de 1576 com o nome de História da Província Santa Cruz a Que Vulgarmente Chamamos Brasil. A intenção dessa publicação era estimular à migração portuguesa em direção as terras brasileiras.
Vicente Rodrigues Palha, frei Vicente do Salvador, foi um religioso católico pertencente à Ordem dos Frades Menores (OFM), tendo a sua produção intelectual sobre a história brasileira resumida em duas obras, a saber: Crônicas de Custódia do Brasil (1618) e História do Brasil (1627).
A primeira obra teve os seus originais extraviados e nunca foi publicada na íntegra, enquanto a segunda obra ficou desaparecida até o ano de 1881, quando os manuscritos originais foram descobertos por João Capistrano de Abreu na Biblioteca Nacional. A obra História do Brasil apesar de ter sido o primeiro livro escrito em terras brasileiras sobre a história brasileira, a mesma só foi publicada no ano de 1889 através das mãos do intelectual supracitado.

3.2-BRASILIANISMO
É interessante pontuar o surgimento do brasilianismo (que foi um movimento intelectual surgido na década de 30 do século XX e alavancado na década de 60 desse século), o qual consistia basicamente no estudo de temas brasileiros (especialmente temas históricos) por parte de estrangeiros (basicamente estadunidense). Podemos citar como exemplos de brasilianistas os seguintes, a saber: Claude Lévi-Strauss (1908-2009), Francis Daniel McCann (1938-2021), Joseph LeRoy Love (1938-...), Kenneth Robert Maxwell (1941-...), Leslie Michael Bathell (1937-...), Robert Michael Levine (1941-2003), Warren Kempton Dean (1932-1994) e Thomas Elliot Skidmore (1932-2016).

3.3-ENSINO DE HISTÓRIA DO BRASIL
Em relação ao Ensino de História no Brasil durante o período colonial, era praticamente inexistente e o pouco que havia era ministrada por instituições religiosas (cristã), enfocando no Ensino de História Sagra.
Com a emancipação política brasileira ocorrida no ano de 1822, houve a necessidade de fazer-se a construção da história brasileira do ponto de vista oficial e consequentemente tivemos a instauração do Ensino de História do Brasil através do Imperial Colégio de Pedro II (atual Colégio Pedro II (CPII)), cabendo lembrar que isto não aconteceu de forma imediata, pois de certa maneira ainda ficou atrelada ao Ensino de História Geral (tanto dentro desse estabelecimento educacional, como fora desse estabelecimento educacional). O Ensino de História do Brasil, só foi consolidado ao longo do século XX. Inserido neste processo histórico é interessante pontuar que os cursos de história a nível superior só foram implantados a partir da década de 30 do século XX, sendo interessante pontuar que enquanto estes cursos superiores não foram implantados de forma ampla em terras brasileiras as pessoas que lecionavam história de modo geral não tinham formação técnica nesta área do conhecimento humano. Atualmente existem no Brasil cursos de história em nível de graduação e pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado).

4-LUGARES DE MEMÓRIA
Em relação ao Brasil, temos diversas instituições que pelo seu esmero no sentido de preservar a memória nacional merecem serem lembrados pela sociedade brasileira, das quais podemos citar como exemplo os seguintes, a saber: Arquivo Histórico do Exército (AHEx), Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (AGCRJ), Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ), Arquivo Nacional (AN), Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IHGMB), Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro (IHGRJ), Museu Aeroespacial (MUSAL), Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), Museu Nacional (MN), Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Museu Histórico e Diplomático (MHD) e Museu Histórico Nacional (MHN). Em relação ao processo de divulgação da cultura nacional, não poderíamos deixar de citar os seguintes centros culturais, a saber: Caixa Cultural, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural dos Correios, Centro Dragão do Mar de Arte, Centro Cultural da Justiça Federal, Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha e Santander Cultural.

5-PERIODIZAÇÃO
A periodização é muito relevante para a compreensão da história, pois é através do tempo que a história se manifesta. É interessante ressaltar que a periodização da história não é influenciada apenas por questões acadêmicas e sim por diversos motivos dos quais podemos mencionar os seguintes, a saber: cultura, meio ambiente/natureza, política e religião. Estudaremos nesta parte da seção dois aspectos relevantes que o calendário e a periodização da história.

5.1-CALENDÁRIO
A sigla d.C. significa depois de Cristo e a sigla a.C. corresponde antes de Cristo e as décadas, séculos e milênios começam sempre em anos terminados em um, visto o nascimento de Jesus Cristo (é usado como ponto de referência para o início da contagem de tempo para os membros do cristianismo, tendo em vista ser o marco da civilização cristã) foi considerado ano um e não ano zero.
O calendário baseado no cristianismo é normalmente usado nos países cuja população seja basicamente cristã, enquanto países cuja cultura não seja a cristã o usual é a utilização do calendário que seja da sua cultura (de modo geral nas relações exteriores é usado o calendário cristão). O calendário cristão foi implantado no século VI a partir do calendário juliano que por sua vez foi implantado no ano de 46 a.C. pelo imperador romano Júlio César (100 a.C.-44 a.C.).
Ambos os calendários são solares, ou seja, eram baseados na translação da Terra em torno do Sol que acontece em 365 dias, cinco horas, quarenta e oito minutos e quarenta e seis segundos e como havia este tempo a mais (em relação aos 365 dias) foi criado o ano bissexto.
No calendário juliano o ano bissexto seria aquele cujo número que o representa é divisível por quatro.
Como esta solução não resolveu o problema de medir o tempo e estava causando transtornos na definição das festas religiosas a Igreja Católica Apostólica Romana no ano de 1582 instituiu o calendário gregoriano (supressão de dez dias no mês de outubro de 1582 e alteração na determinação do ano bissexto).
Isto ocorreu a partir do ano de 325 quando esta instituição religiosa determinou que a Páscoa devesse coincidir com o primeiro domingo depois do equinócio da primavera ou no próprio domingo que coincidisse com este fenômeno astronômico.
Como isto não estava ocorrendo devido à deficiência na marcação de tempo, tivemos como foi mencionado anteriormente, o calendário gregoriano que determinou que se passasse do dia 4 de outubro de 1582 para o dia 15 de outubro de 1582 e o ano bissexto seria aquele cujo número que o representa é divisível por quatro, exceto os anos terminados em dois zeros não divisíveis por 400.
Continuando não poderíamos deixar de mencionar o fato que a Igreja Católica Apostólica Romana não teve facilidades na implantação desse calendário, pois demorou a ser implantado totalmente (nos países europeus e suas colônias isto ocorreu no século XVIII e na Rússia no século XX com a Revolução Russa).
O calendário judaico tem como marco inicial a saída dos hebreus da cidade de Ur (Mesopotâmia) sob a liderança de Abraão em direção a Canaã (Terra Prometida), tendo isto acontecido no ano de 3760 a.C., calendário muçulmano tem como marco inicial a fuga de Maomé da cidade de Meca (Hégira) em direção à cidade de Medina (Oriente Médio (Ásia)), tendo isto ocorrido no ano de 622 e o calendário republicano tem como marco inicial a instalação da república na França durante a Revolução Francesa tendo isto ocorrido no ano de 1792.
Normalmente os séculos são marcados com numerais romanos e se a pessoa quiser saber qual século pertence determinado ano há três procedimentos, a saber:
a-Quando o ano terminar em dois zeros, cortam-se estes dois últimos algarismos e teremos o século;
b-Quando o ano não terminar em dois zeros, corta os dois últimos algarismos e ao número que sobrou soma um e teremos o século;
c-Quando o ano estiver entre um e noventa e nove ele pertence ao século I.
Complementando o estudo sobre calendário não poderíamos deixar de abordar que milênio corresponde a 1000 anos, século corresponde a 100 anos, quartel corresponde a vinte e cinco anos, década corresponde a dez anos, quinquênio ou lustro corresponde a cinco anos, quadriênio corresponde a quatro anos, triênio correspondente a três anos, biênio corresponde a dois anos, ano corresponde a trezentos e sessenta e cinco dias (ano bissexto tem trezentos e sessenta e seis dias), semestre corresponde a seis meses (ficou conveniado que um semestre corresponde a cento e oitenta dias por questões práticas), quadrimestre corresponde a quatro meses, trimestre corresponde a três meses, bimestre corresponde a dois meses, mês corresponde a trinta dias (ficou convencionado que o mês correspondente a trinta dias por questões práticas, mas no cotidiano a quantidade de dias varia conforme o mês do ano indo de 28 dias a 31 dias), quinzena corresponde a quinze dias, semana corresponde a sete dias, dia corresponde a vinte e quatro horas, hora corresponde a sessenta minutos e minuto corresponde a sessenta segundos.
É interessante ressaltar que os séculos são marcados com algarismos romanos (criado pelos romanos e usado por todo o Império Romano) em vez de algarismos indoarábicos (que é sistema usado atualmente nas diversas sociedades humanas). Cada letra corresponde a uma quantidade, sendo que ao serem colocados à direita (sempre do maior para o menor) soma os valores, caso for colocado uma letra correspondendo a valor inferior a direita diminui do valor total. Só pode haver três letras iguais juntas e o símbolo — em cima de alguma letra, a mesma é multiplicada por 1.000. No sistema numérico romano não havia nenhuma notação (simbologia) para o zero. A correspondência dos numerais romanos com os algarismos indoarábicos é a seguinte, a saber: I 1, V 5, X 10, L 50, C 100, D 500 e M 1.000.

5.2-PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA
Para facilitar o estudo da história foi instituída a divisão da mesma por períodos de tempo os quais tem características próprias, cabendo lembrar que em alguns casos estas características são encontradas em outras épocas históricas (tanto anteriormente como posteriormente), visto que alguns aspectos históricos são gestados anteriormente ou continuam em épocas históricas futuras.
De modo geral a História da Humanidade é dividida em dois períodos, a Pré-história e História, no qual o primeiro refere-se à época a qual a escrita ainda não tinha sido inventada e o segundo é a época posterior ao surgimento da escrita. Com isso temos a seguinte divisão da história:
a-Pré-história: de 500000 a.C. (surgimento da espécie humana) até 4000 a.C. (surgimento da escrita);
b-História: de 4000 a.C. em diante.
A Pré-história é dividida em três partes que são as seguintes, a saber: Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. A data de 4000 a.C. é o marco histórico entre a Pré-história e História e faz referência ao surgimento da escrita. Dando prosseguimento temos que o período chamado de História é dividido em vários outros períodos que são os seguintes, a saber:
a-Idade Antiga: de 4000 a.C. até o desmoronamento do Império Romano do Ocidente ocorrida ano de 476 d.C.;
b-Idade Média: de 476 até o desmoronamento do Império Bizantino ocorrida no ano de 1453;
c-Idade Moderna: de 1453 até o surgimento da Revolução Francesa ocorrida no ano de 1789;
d-Idade Contemporânea: de 1789 em diante.
Cabe lembrar que esta divisão é a tradicional, havendo, entretanto algumas variações referentes aos nomes dos períodos históricos como, por exemplo, Antiguidade/História Antiga ao invés de Idade Antiga. Esta divisão da história em questão tem sido questionada por alguns historiadores, consequentemente temos que ressaltar que existem diversas formas de periodizar o processo histórico.
A História da Humanidade não é dividida apenas em períodos de tempos havendo outros tipos de periodização, podendo destacar as seguintes, a saber: História da Ciência, História das Crianças, História Econômica, História da Educação, História Militar, História das Mulheres, História Política, História da Religião, História Regional, História da Sexualidade e História Social entre outros.
A História do Brasil também foi dividida temporalmente com o intuito do seu estudo ser facilitado, sendo o período anterior à chegada dos lusitanos ao Brasil é conhecido como Pré-história do Brasil.
A História do Brasil depois da chegada dos portugueses ficou dividida da seguinte maneira, a saber:
a-Brasil-Colônia: do Descobrimento do Brasil em 1500 até a Independência do Brasil em 1822;
b-Brasil-Império: de 1822 até a Proclamação da República em 1889;
c-Brasil-República: de 1889 em diante.

TEXTO PARA REFLEXÃO
A História é uma ciência humana. Isto quer dizer que ela tem uma certa relatividade dependendo muito da visão do historiador. A história tem uma lógica, tem normas, tem um processo, portanto tem uma objetividade.” Boris Fausto (1930-...)
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