HISTÓRIA MEDIEVAL
1-APRESENTAÇÃO
A História Medieval (476-1453) é a segundo período da História sendo caracterizado pelo surgimento do feudalismo (sistema social) e grande influência do catolicismo na sociedade europeia. É interessante ressaltar que o feudalismo é caracterizado entre outras coisas pela economia agrária, descentralização política e pouca mobilidade social. Cabe ressaltar que no ano de 622 houve o surgimento do islamismo, fato histórico o qual marcou profundamente a sociedade humana. Neste período histórico tivemos o início do processo de globalização através da Expansão Marítima e Comercial (iniciada com a tomada da cidade de Ceuta das mãos dos muçulmanos por parte dos portugueses), o qual teve o seu ponto culminante durante a História Contemporânea (1453-1789). 
Durante o período medieval as condições sociais desse período histórico não era satisfatório sendo as catástrofes sociais (epidemia, fome e guerra) eram comuns podendo destacar a Peste Negra (conhecida também como Grande Peste) que foi uma infecção provocada pela bactéria Yersinia pestis, sendo transmitida para a espécie humana através da pulga de roedores (é mais comum através do rato-preto (Rattus rattus)). Esta doença provocou uma grande mortandade entre as pessoas a tal ponto de vitimar aproximadamente trinta por cento da população europeia.
Esta doença poderia manifestar-se através de três formas, a saber: peste pneumônica (quando afetava os pulmões), peste septicêmica (quando afetava o sangue) e peste bubônica (quando afetava a pele). Pelo fato da forma bubônica ser a mais difundida a Peste Negra é conhecida também como Peste Bubônica.
A Grande Peste teria chegado à Europa vinda da Ásia através das rotas comerciais de seda e pele tendo entrado em território europeu pela cidade de Constantinopla (Istambul na Turquia) através de navios mercantes de origem italiana e espalhada para outros lugares do continente europeu. A chegada e a difusão (epidemia) dessa doença aconteceram durante o século XIV.
Um dos aspectos mais relevantes do período medieval é a grande relevância que a sociedade europeia dava para a religiosidade das pessoas, que a Igreja Católica Apostólica Romana tinha grande influência na vida do continente europeu. A partir desse cenário esta instituição acaba conseguindo impor sua visão de mundo a esta sociedade e não tolerava questionamentos aos seus dogmas, consequentemente o combate as heresias costumava ser bastante severo. Podemos citar como exemplo de heresias medievais os seguintes, a saber: Catarismo, Bogomilismo, Patarismo e Valdismo. Durante o período medieval ocorreu um fato histórico muito relevante que foi o Cisma do Oriente (1054) que representou uma importante cisão na cristandade, cisão esta a qual tem desdobramentos contundentes na História Humana até os dias atuais. A partir dessa situação tivemos o surgimento do cristianismo ortodoxo que vem a ser uma das três vertentes do cristianismo.
Durante a História Medieval houve diversos conflitos armados dos quais podemos citar os seguintes, a saber: Cruzada dos Mendigos (1096), Primeira Cruzada (1096-1099), Segunda Cruzada (1147-1149), Terceira Cruzada (1189-1192), Quarta Cruzada (1202-1204), Cruzada das Crianças (1212), Quinta Cruzada (1218-1221), Sexta Cruzada (1228-1229), Sétima Cruzada (1250), Oitava Cruzada (1270) e Guerra dos Cem Anos (1337-1453). As Cruzadas foram convocadas pelo papa Urbano II (1088-1099) durante o Concílio de Clermont (1095), a partir de um pedido de ajuda do imperador bizantino (Aleixo I Comneno (1081-1118)), no sentido de combater os muçulmanos. Cabe ressaltar, que devido a diversos motivos as Cruzadas acabaram não alcançando o êxito esperado pela cristandade. A seguir veremos os principais aspectos da História Medieval.

2-IMPÉRIO BIZANTINO
O Império Bizantino de certa maneira surgiu (foi continuação) do Império Romano, tendo em vista que a capital do Império Romano foi transferida de Roma para Constantinopla (cidade construída no local onde ficava a colônia grega de Bizâncio, atualmente Istambul cidade localizada na Turquia) no ano de 330 e em 395 o Império Romano acabou sendo dividido em duas partes, a saber: Império Romano do Ocidente (cuja capital foi localizada em Milão) e o Império Romano do Oriente (cuja capital foi localizada em Constantinopla). O Império Bizantino corresponde ao Império Romano do Oriente.
Complementando isso não poderíamos deixar de mencionar o fato que várias características do Império Romano ainda continuaram no Império Bizantino, podendo citar como exemplos a legislação e a língua (o latim acabou sendo substituído pelo grego), entretanto cabe lembrar que a cultura grega teve bastante relevância para o cotidiano do Império Bizantino.
É interessante ressaltar que o Império Bizantino era teocrático e a autoridades desse império sobre a Igreja Cristã é conhecida como cesaropapismo.

2.1-ASPECTOS POLÍTICOS
A divisão administrativa do Império Bizantino era feita através de três aspectos, a saber: themata (aspecto militar), eparquias (aspecto administrativo) e episkeseis (aspecto fiscal).
O imperador Justiniano I (527-565) foi um dos principais imperadores que o Império Bizantino teve, cabendo lembrar o fato que ele tentou reconstituir (reconquistar) os territórios do antigo Império Romano tendo conseguido obter parcialmente sucesso neste intento (objetivo), pois ele não conseguiu reaver todas as áreas que pertenciam ao império romano, tendo conseguido obter os seguintes territórios, a saber: norte da África, parte da Península Ibérica e Itália.
Uma das grandes obras do reinado do imperador Justiniano I foi o Corpus Juris Civilis (Corpo do Direito Civil) que consistiu em forma genérica na cópia de algumas leis romanas. Este levantamento (organização) da legislação romana acabou servindo de base para a formação de vários códigos civis vigentes atualmente e a sua feitura foi feita entre os anos de 533-565.
O Corpus Juris Civilis era composto basicamente por quatro partes que são as seguintes, a saber: Código: levantamento de leis romanas, Digesto (Pandectas): princípios jurídicos, Institutas: material para ser utilizado pelos estudantes de direito e Novelas (Autênticas): legislação do próprio imperador Justiniano.
Em relação à obra realizada por Justiniano I como imperador podemos destacar o combate a corrupção existente dentro do Estado Bizantino.
Cabe lembrar que nem tudo foram flores no reinado do imperador Justiniano, tendo em vista que no ano de 532 eclodiu na cidade Constantinopla uma rebelião chamada Revolta Nika (o nome dessa rebelião advém do fato que a população revoltada gritava a palavra nika-palavra grega que significa vitória) tendo sido o motivo básico dessa revolta os altos impostos e a maneira agressiva pela qual eram cobrados pelo governo bizantino.
A revolta foi reprimida pelo general Belisário o que acabou provocando o falecimento de aproximadamente 35.000 revoltosos. O controle da Revolta Nika acabou reforçando a posição de Justiniano I como imperador.
O Império Bizantino entrou em decadência depois da morte do imperador Justiniano I, que apesar de sua decadência este império só desmoronaria de vez no dia 25.05.1453 quando as tropas muçulmanas (turcas) conseguem tomar a cidade de Constantinopla na qual tivemos a morte do imperador Constantino XI (1448-1453) que lutou na defesa da referida cidade.
Vale lembrar que a queda da cidade de Constantinopla é o marco que separa a Idade Média da Idade Moderna.

2.2-ASPECTOS SOCIAIS
A sociedade bizantina estava dividida basicamente em dois grupos, a saber: classe dominante (latifundiários e funcionários do alto escalão do Estado Bizantino) e classe dominada (trabalhadores livres e escravos).
A sociedade bizantina era baseada na família (modelo greco-romana) e os casamentos de modo geral eram feitos com os noivos em tenra idade.
As mulheres não tinham uma posição valorizada dentro da sociedade bizantina.
A cultura bizantina tinha como centro difusor a cidade de Constantinopla e teve forte influência da cultura oriental.
Uma das principais expressões da cultura bizantina foi o mosaico (figura feita a partir de pequenas pedras).
A literatura bizantina é dividida em três períodos, a saber: Primeiro Período (século IV ao século VI): ficou caracterizada pela passagem da cultura grega para a cultura bizantina, Segundo Período (século VI ao século XI): ficou caracterizado pela constituição de uma cultura bizantina original e Terceiro Período (século XI ao século XV): ficou caracterizada pelo renascimento do humanismo.
O grande destaque da arquitetura bizantina é a construção de igrejas tendo em vista o Império Bizantino ser teocrático. O caso mais conhecido é a Igreja de Santa Sofia (construída na cidade de Constantinopla).
A Igreja de Santa Sofia foi uma catedral que foi dedicada à sabedoria divina, tendo sido construída entre os anos de 532-537 durante o reinado de Justiniano I. Os arquitetos responsáveis por esta relevante construção bizantina foram Antêmios de Tralles (c. 474-c. 534) e Isidoro de Mileto (c. 480-540).
Com a queda do Império Bizantino a Igreja de Santa Sofia foi transformada numa mesquita (foi acrescentado quatro minaretes – elemento típico da arquitetura muçulmana). Após a implantação da república na Turquia ela foi transformada num museu.
No ano de 1054 houve uma profunda separação dentro do cristianismo, tendo em vista importantes divergências ocorridas entre os cristãos ocidentais e os cristãos orientais que não foram equacionadas ao longo do tempo. O resultado final foi o surgimento da Igreja Católica Ortodoxa Grega em contrapondo a Igreja Católica Apostólica Romana. É importante pontuar que a Igreja Católica Apostólica Romana surgiu como instituição formalmente organizada no Concílio de Nicéia I (325), que foi um dos diversos concílios ecumênicos que o catolicismo teve ao longo de sua história.
O motivo imediato para esta divisão foi à disputa entre o papa Leão IX (1049-1054) e o patriarca de Constantinopla Miguel Cerulário (1043-1058) pela autoridade sobre as dioceses localizadas na região meridional da Itália, disputa esta que tinha como pano de fundo a disputa pelos frutos financeiros (arrecadação de dinheiro) que gerariam a posse dessas dioceses..3-ASPECTOS ECONÔMICOS
O Império Bizantino tinha a sua economia baseada na agricultura, seguindo o modelo econômico do Império Romano. As duas principais províncias bizantinas eram o Egito (tradicional produtor de trigo) e a Síria, sendo que as províncias europeias não tinham relevância dentro desse império.
O principal problema enfrentado pela agricultura bizantina foi o fato que os grandes proprietários de terra absorverem os pequenos proprietários de terra, provocando sérios problemas sociais no Império Bizantino.
Os setores industrial e comercial estavam diretamente sob a jurisdição do Estado Bizantino.
Cabe lembrar que o Império Bizantino fazia comércio com o Império Chinês através da rota da seda e a caravana que ligava estes dois impérios levava aproximadamente 230 dias para percorrer esta rota comercial.
A moeda bizantina (hyperpere) foi desvalorizada ao longo da história bizantina o que acabou prejudicando o comércio internacional do Império Bizantino e incentivou os países ocidentais a cunharem as suas próprias moedas.

3-CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA
A história da civilização islâmica ocorreu inicialmente na Península Arábica (tem aproximadamente duas vezes a extensão do território do estado do Amazonas) sendo uma região bastante inóspita para a espécie humana fixar moradia. Este local é dividido em duas partes, a saber:
a-Arábia Feliz (Hedjaz): está localizada no litoral banhado pelo Mar Vermelho e era habitado por uma população sedentária. Viviam do comércio e da agricultura;
b-Arábia do Deserto (Arábia do Interior): está localizada na parte não ocupada pela Arábia feliz e era habitada por uma população nômade. Viviam da pecuária e transporte de mercadorias.

3.1-SURGIMENTO E DIFUSÃO DO ISLAMISMO
Em relação ao surgimento do islamismo consta que Maomé (c. 570-632) quando estava com aproximadamente quarenta anos de idade teria recebido a visita do anjo Gabriel pedindo para que ele pregasse a palavra de Alá e como não estava certo da “visita” recebida, ele num primeiro momento não cumpriu a missão a ele confiada, só falando para um pequeno grupo de pessoas, sendo no ano de 613 ele exteriorizou a missão recebida.
Inicialmente Maomé pregou que as pessoas deveriam ter obediência única e exclusivamente a Alá (neste caso também não deixava de criticar uma das práticas religiosas ligadas a Caaba (neste local era colocado imagens dos deuses das tribos árabes)) e criticava as pessoas que não seguissem a Alá ou que fossem ricas (neste caso devido à falta de compaixão pelos mais pobres e segundo Maomé estas pessoas seriam condenadas no julgamento final).
Devido as suas pregações estarem contrariando determinados interesses (as suas pregações poderiam eventualmente prejudicar os negócios oriundos da religiosidade ligada a Caaba) da tribo de coraixitas, começou a ter resistências à pessoa dele e devido a isso teve que fugir (os seguidores foram com ele) de Meca indo para a cidade de Iatreb.
A saída aconteceu no ano de 622 sendo conhecida como Hégira e é a partir desse ano que os muçulmanos fazem à contagem de tempo (do ponto de vista da contagem de tempo a Hégira estaria para os membros do islamismo tal como o nascimento de Jesus Cristo está para os membros do cristianismo).
Na cidade de Iatreb Maomé é acolhido chegando a ponto de administrar a cidade em questão e para homenageá-lo a cidade abandona o nome dela e passa a ser chamada de Medina (cidade do profeta). No ano de 630, Maomé acaba conseguindo tomar a cidade de Meca e quando falece deixa o povo árabe unificado do ponto de vista político e religioso.
Depois do falecimento de Maomé os árabes/muçulmanos passaram a serem liderados pelos califas (eram chefes políticos e religiosos), sendo que eles tinham em suas mãos tanto a autoridade política como a autoridade religiosa. Em relação aos califas vale lembrar que depois dos quatro califas iniciais (Abu-beks (632-634), Omar (634-644), Otmã (644-656) e Ali (656-660)) tivemos a ascensão da dinastia dos Omíadas (660-750) através da pessoa de Moawiya (660-680), tendo com isso o califado passado a ser uma monarquia hereditária.
Os quatro primeiros califas residiam (moravam) na cidade de Meca, entretanto com a ascensão da dinastia dos Omíadas o califado tem a sua sede transferida para a cidade de Damasco (Síria).
A dinastia dos Omíadas caiu no ano de 750, ascendendo à dinastia dos Abássidas (750-1258), sendo o primeiro califa dessa dinastia Abul-Abbas al Saffh (750-754). Esta dinastia transferiu a capital do califado para a cidade de Bagdá (atual Iraque).
Depois do falecimento do fundador do islamismo tivemos a expansão dos árabes/muçulmanos que ocorreu por diversos motivos tais como procura por terras férteis, interesses comerciais, aumento da população e propagação do islamismo.
Os árabes/muçulmanos nesta expansão chegaram a dominar o norte da África, boa parte da Península Ibérica e anexar o Império Bizantino quando tomam a cidade de Bizâncio (capital do Império Bizantino).
Em relação à expansão árabe/muçulmana é bom lembrar que nem tudo foram flores tendo em vista que os territórios dominados pelos seguidores de Maomé acabam não ficando sob o comando da mesma pessoa (ao longo do tempo surgiram alguns califados).
Em relação à expansão muçulmana ocorrida durante a História Medieval cabe lembrar que ela foi feita em três momentos diferentes que são os seguintes, a saber:
a-Primeira Fase (632-661): a expansão na primeira fase aconteceu basicamente sob a égide dos califas que sucederam imediatamente a pessoa de Maomé no comando dos islâmicos. Nesta fase podemos mencionar como áreas conquistadas o Egito e Pérsia;
b-Segunda Fase (661-750): neste período a expansão ocorreu sob a égide da dinastia Omíada e conquistaram parte da Península Ibérica, China e África;
c-Terceira Fase (750-1258): neste período a expansão se deu sob a égide da dinastia Abássida e os muçulmanos conquistaram algumas terras na Europa.
Dentro da religião muçulmana podemos constatar uma divisão entre os seus seguidores, tendo em vista que o Alcorão faz menção que o líder dos muçulmanos deveria ser algum parente de Maomé, enquanto na Suna não faz referência a isto. Com isso temos um grupo que segue o que consta no Alcorão sendo chamados de xiitas enquanto temos outro grupo que não segue o Alcorão neste aspecto alinhando-se com a Suna e devido a isto toma uma posição mais liberal não fazendo questão que o líder dos muçulmanos seja necessariamente parente de Maomé sendo conhecidos como Sunitas.
É relevante mencionar que Maomé teria recebido influências tanto do judaísmo como do cristianismo, podendo citar como aspectos fundamentais do islamismo os seguintes pontos, a saber: rezar cinco vezes ao dia em direção à cidade de Meca (Salá), peregrinar para Meca pelo menos uma vez na vida (Hajj), jejum anual (Ramadã), recitação da profissão de fé/monoteísmo (Chahada) e dar esmolas aos necessitados (Zakat).
Os preceitos do islamismo estão contidos em dois livros que são os seguintes, a saber: Alcorão (Corão) que é o livro sagrado dos muçulmanos e a Suna que contém a vida e os ensinamentos de Maomé.
A mesquita era o local onde os muçulmanos se encontravam para realizar as atividades religiosas inerentes ao islamismo. A primeira mesquita foi instituída na cidade de Medina.

3.2-ASPECTOS CULTURAIS
Em relação ao islamismo é interessante ressaltar que esta religião é a segunda maior do mundo em número de adeptos ficando atrás apenas do cristianismo e tem membros em diversas partes do planeta.
A civilização muçulmana foi relevante entre outros motivos devido aos seus aspectos culturais que foi bastante desenvolvido, apesar de nem sempre ser original, pois os muçulmanos absorveram muita coisa de outras culturas.
A literatura da civilização muçulmana era bastante interessante podendo destacar Omar Khayan (1048-1131) autor de As Mil e Uma Noites, Livro dos Reis e Rubayat.
Avicena (980-1037) é um dos principais filósofos da civilização muçulmana, tendo tido grande influência da filosofia da Antiguidade.
Esta civilização teve grande desenvolvimento na área científica podendo destacar as seguintes, a saber: astronomia, física, química e matemática.
É interessante ressaltar que a ocupação muçulmana na Península Ibérica não passou despercebida do ponto de vista cultural, tendo em vista que a influência cultural dos invasores nesta região. Podemos citar como exemplo, diversas palavras de origem árabe na língua portuguesa das quais podemos citar como exemplo as seguintes, a saber: açúcar, açude, açougue, álcool, algarismo, álgebra, algema, algodão, alcaide, alcatifa, alface, alfaiate, alfândega, alfafa, algibeira, almaço, almofada, arsenal, arroba, arroz, atalaia, azar, azeite, azenha, azimute, azul, azulejo, bazar, café, carmesim, cifra, Damasco, elixir, emir, emirado, esfirra, esmeralda, frango, fulano, garrafa, harém, haxixe, jarra, laranja, limão, masmorra, matraca, mesquita, marroquim, mesquinho, prisão, nora, quibe, salada, sorvete, sultanato, sultão, talco, tapete, tambor, tâmara, tarifa, tufão, xadrez, xarope, xerife, xeque-mate, zero e zênite.

4-REINOS GERMÂNICOS DURANTE A IDADE MÉDIA
4.1-GERMÂNICOS
Os germânicos eram um conjunto de povos dos quais podemos destacar os alamanos, anglos, burgúndios, francos, godos (este grupo era dividido em ostrogodos, godos do leste e visigodos, godos do oeste), hérulos, lombardos, saxões, suevos e vândalos que migraram do norte do continente europeu para a África e outras partes da Europa, com o intuito de encontrar lugares melhores para viver ou afastando-se (fugindo) da migração dos povos tártaro-mongol (basicamente os hunos) que vieram da Ásia Central.
Em relação à organização política dos germânicos, cabe lembrar que a concepção de Estado era praticamente nula, e um conjunto de aldeias correspondia a uma tribo cujo chefe era denominado de Koenig sendo ele eleito.
Os germânicos eram politeístas e a sua religião tinha ligação direta com a natureza tanto que algumas de suas divindades eram ligadas aos elementos da natureza. Podemos citar como exemplo de divindades desse grupo étnico os seguintes, a saber: Mon seria ligado à Lua, Odin (Uotã ou Wotan) que dava proteção aos guerreiros, Suna teria ligação com o Sol e Tor (Thor) ligado ao raio e trovão.
Quando os germânicos morriam, segundo os seus costumes ou eles iam para o Palácio de Valhala localizado em Asgard (local de moradia dos deuses) conduzidos pelas Valquírias caso fosse um guerreiro morto em combate ou se não fosse o caso as pessoas iriam para o Hell onde elas encontrariam apenas escuridão e esquecimento.
A base familiar da sociedade germânica era bastante forte, sendo o casamento monogâmico (um homem para uma mulher) e quando um membro de uma família era ofendido toda a comunidade familiar se unia em torno da pessoa para defendê-la.

4.2-REINOS GERMÂNICOS (411-927)
Quando houve o fim do Império Romano não houve um vazio político total no seu lugar, tendo em vista que a parte oriental desse império ainda se manteve existindo por vários anos e no lugar da parte ocidental foram implantados os reinos germânicos, dos quais o mais relevante foi o Reino Franco.

4.2.1-REINOS ANGLO-SAXÕES - HEPTARQUIA (SÉCULO VI-927)
Houve diversos Reinos Anglo-Saxões ao longo da História Medieval Inglesa, sendo os mais importantes, os reinos que faziam parte da Heptarquia, que foram os seguintes, a saber: Reino da Ânglia Oriental (século VI-918), Reino de Essex (527-825), Reino de Kent (455-871), Reino da Mercia (527-918), Reino da Nortúmbria (654-954), Reino de Sussex (477-860) e Reino de Wessex (século VI-927). Cabe ressaltar que a unificação inglesa ocorreu no século X forte sob influência escandinava.

4.2.2-REINO FRANCO (482-843)
Os francos se instalaram na Gália e o Reino Franco foi formado quando Clóvis unificou todas as tribos francas, sendo que este reino se desenvolveu historicamente sob a dinastia merovíngia (século V ao século VIII) e a dinastia carolíngia (século VIII ao século IX).
Em relação à dinastia merovíngia é bom ressaltar que ela é composta basicamente pelos descendentes de Meroveu que foi um relevante líder do povo franco no século V.
Clóvis (neto de Meroveu) governou o Reino Franco entre os anos de 482-511 e se converteu ao cristianismo tendo em vista que a sua esposa (Clotilde) era cristã e ter prometido a ela caso obtivesse vitória contra os alamanos em combate se converter ao cristianismo o que acabou ocorrendo. Esta conversão aconteceu no ano de 496.
Esta conversão foi relevante historicamente, pois como os guerreiros germânicos normalmente seguiam o seu líder, está mudança de religião fez com que a população franca de modo geral virasse cristã, ampliando o espaço do cristianismo dentro desse povo germânico.
Completando isto não poderíamos deixar de mencionar que esta mudança de religião acabou atraindo apoio da igreja cristã e da população cristã da Gália.
No ano de 511 Clóvis faleceu e o Reino Franco acabou sendo dividido entre os seus quatro filhos e a fragmentação desse Reino Germânico perdurou até a reunificação no reinado de Dagoberto (629-639).
A reunificação do Reino Franco sob o reinado de Dagoberto não representou estabilidade política para este Reino Germânico, tendo em vista que depois do término do governo de Dagoberto existiu um conjunto de reis conhecidos como reis indolentes, o que possibilitou a mudança da dinastia reinante.
Isto ocorreu devido ao fato que os reis indolentes não se preocuparam com a administração do Reino Franco (daí a origem do termo reis indolentes) abrindo espaço para a ascensão do prefeito do palácio (mordomo do paço ou majordomus) ocupando assim o espaço político originalmente reservado ao monarca.
Prosseguindo temos que Pepino d´Heriscal consegue que o cargo de prefeito do paço fosse exclusivo de sua família e devido a isto este cargo passa para Pepino, o Breve que era seu neto.
O ápice dessa questão política chega quando Pepino, o Breve no ano de 751 afasta Childerico III do trono do Reino Franco, terminando com a dinastia Merovíngia e inicializa a dinastia Carolíngia, a qual ele é o primeiro representante.
O papa Zacarias (741-752) acaba reconhecendo esta importante alteração política no Reino franco, o que vai ocasionar em benefício para a Igreja Cristã tendo sido o benemérito Pepino, o Breve.
Esse favor se refere ao fato que os lombardos tentaram unificar a Península Itálica sob seu comando o que foi considerado uma ameaça à Igreja Cristã e devido esta situação Pepino, o Breve socorre a instituição religiosa em questão.
Com isso os francos e lombardos se confrontam militarmente e os primeiros vencem o segundo no ano de 754, conseguindo se apoderar da região central da Península Itálica, além de proteger a igreja cristã.
No ano de 756 Pepino, o Breve doou a esta instituição religiosa esta área da Península Itálica, constituindo assim o Patrimônio de São Pedro (este território ficou nas mãos da Igreja Católica Apostólica Romana até o século XIX, sendo recuperados em parte no século XX).
Com a morte de Pepino, o Breve no ano de 768 o Reino Franco fica com nas mãos dos seus dois filhos (Carlos Magno e Carlomano), mas por pouco tempo, pois Carlomano faleceu pouco tempo depois possibilitando assim Carlos Magno unificar o Reino Franco.
Durante o reinado de Carlos Magno que durou entre os anos de 768 e 814, ele transformou o Reino Franco no Império Carolíngio tendo em vista que este monarca conquistou várias terras tendo feito isto ao longo de cinquenta e quatro guerras.
Dando prosseguimento cabe lembrar que o Império Carolíngio estava dividido administrativamente em províncias e os responsáveis por administrá-las eram escolhidos pelo monarca, sendo chamados de condes.
As províncias localizadas nas fronteiras do Império Carolíngio eram chamadas de marcas e quem administrava levava o nome de marquês.
Acima dos condes e marqueses existiam os missi domici (enviados do imperador), que eram nada mais do que pessoas que fiscalizavam as atividades dos administradores das províncias quatro vezes ao ano.
Carlos Magno não teve apenas preocupações em expandir o território do seu império, dando atenção especial para a parte cultural mais especificamente com a educação havendo um florescimento cultural muito grande (Renascimento Carolíngio).
O Império Carolíngio acabou não se mantendo depois do fim do reinado de Carlos Magno devido a uma série de motivos, por exemplo, o sucessor dele que veio a ser o seu filho (Luís, o Piedoso) não teve a habilidade necessária para lidar com que os administradores das províncias tivessem mais poderes, enfraquecendo o poder central.
Continuando temos que a grande extensão do território do Império Carolíngio contribuiu para o seu fim, tendo em vista que este império não tinha meios de comunicação satisfatórios prejudicando o funcionamento da administração. Isto acabou sendo agravado pela diversidade de povos que viviam no seu território.
As diversas invasões sofridas pelo Império Carolíngio acabaram contribuindo para o seu enfraquecimento.
Finalizando não poderíamos de mencionar que a morte de Luís, o Piedoso e a disputa (guerra civil) entre os seus três filhos pelo trono desse império esfarelou de vez com o Império Carolíngio.
Esta feroz disputa acabou quando foi firmado um acordo entre as partes, que ficou conhecido como Tratado de Verdun (843).
O Tratado de Verdun determinou a divisão do Império Carolíngio entre os três filhos de Luís, o Piedoso tendo ficado a partilha da seguinte maneira, a saber:
a-França Central (Lotaríngia): região localizada entre a França Ocidental e França Oriental, compreendendo as áreas entre a Península Itálica e o norte da Europa e ficou com Lotário;
b-França Ocidental (Germânia): região localizada a leste do Rio Reno e ficou com Luís, o Germânico;
c-França Oriental (França): região localizada a oeste dos rios Escalda, Sacena e Ródano tendo ficado com Carlos, o Calvo.
Cabe lembrar que com a morte do Lotário II (filho de Lotário) a Lotaríngia ficou com seus tios, cabendo lembrar que depois do Tratado de Verdun estas terras só se unificariam e brevemente de novo como território franco no século IX.
Depois dessa separação definitiva a parte oriental e a ocidental seguem cada qual o seu processo histórico em separado pelo menos em parte.
A dinastia Carolíngia acaba terminando em ambas as partes ao longo tempo.

4.2.3-REINO OSTROGODO (493-553)     
O Reino Ostrogodo foi um reino germânico localizado na Europa (mais precisamente na Península Itálica) do qual podemos mencionar o fato que ele tinha o costume de restaurar monumentos relativos ao Império Romano com o intuito de preservar a memória dele.
O término do Reino Ostrogodo ocorreu quando o Império Bizantino o conquistou no ano de 553.

4.2.4-REINO SUEVO (411-585)
O Reino Suevo foi um reino germânico localizado na Europa (mais precisamente na Península Ibérica) que teve o seu término quando o Reino Visigodo o conquistou no ano de 585.

4.2.5-REINO VÂNDALO (418-711)
O Reino Vândalo era localizado no norte da África e teve uma história conturbada devido basicamente a questões religiosas e seu relacionamento com os berberes.
A perturbação da ordem pública a que nós estamos referindo é em parte devido à perseguição que os cristãos arianos faziam contra os cristãos católicos. Os cristãos católicos eram punidos com o exílio no deserto.
Cabe lembrar que os constantes atritos com os berberes também traziam intranquilidade ao Reino Vândalo.
O término do Reino Vândalo ocorreu quando o Império Bizantino o conquistou no ano de 534.

5-FEUDALISMO
Trataremos nesta parte da seção relativa à História Medieval um fato histórico muito relevante da História da Humanidade (principalmente da História da Europa) sem o qual não poderíamos compreender a Idade Média e alguns aspectos importantes da sociedade humana atualmente.
Vale ressaltar que o feudalismo não era uma organização social homogênea havendo diferenças regionais, sendo que nós nesse estudo veremos apenas as características gerais dessa organização social, não levando em consideração essas diferenças regionais apesar de sua importância histórica.

5.1-FORMAÇÃO DO FEUDALISMO
O feudalismo foi uma forma de organização social característica da Europa Ocidental durante a Idade Média, tendo surgido a partir do contexto histórico da desagregação do Império Romano, tendo contado para a sua formação a influência da cultura romana e germânica.
Da cultura germânica podemos destacar três aspectos relevantes que são os seguintes, a saber: atividade econômica, comitatus e o beneficium.
Em relação ao primeiro aspecto vale ressaltar que os germânicos não tinham a preocupação de produzir para gerar excedente (para comercialização) e a sua principal atividade econômica era a agricultura e a criação de animais. Estas características acabaram passando para o feudalismo, pois não havia a preocupação na sociedade feudal da produção para a comercialização e a principal atividade econômica do sistema feudal eram as atividades rurais (que de certa maneira é oriunda dessa característica germânica).
O comitatus era o costume que estabelecia a fidelidade entre o líder guerreiro e os seus liderados, sendo que isto é muito relevante, pois no feudalismo havia o conceito de fidelidade entre os suseranos e os vassalos o que de certa maneira é tributário dessa característica germânica.
O beneficium representava basicamente a recompensa recebida pelos guerreiros por parte dos seus líderes, recompensa esta que eram terras que de certa maneira iria desembocar nos feudos.
A cultura romana contribuiu basicamente com o esfarelamento do poder político e o colonato.
Estes dois aspectos estão diretamente ligados, pois com o esfarelamento do poder político romano (além da saída das pessoas das cidades) contribuiu para a formação do feudalismo devido ao fato que o poder central perdeu espaço e propiciou que os latifúndios romanos tivessem mais poder.
Isto de certa maneira contribuiu com o feudalismo devido ao fato do feudalismo o poder central ser fraco e os feudos (de certa maneira oriundo dos latifúndios romanos) tinham grande autonomia.
O colonato foi uma forma de trabalho surgido durante o processo de desmoronamento do Império Romano (e de certa maneira ligado ao primeiro aspecto abordado) que consistia no trabalho de pessoas (colonos) em terras alheias em troca de proteção e tinham a obrigação de trabalhar para o dono das terras. Isto de certa maneira contribuiu para o surgimento da figura histórica dos servos.
Em relação ao feudalismo cabe lembrar que a principal atividade econômica dos feudos foi à atividade agropastoril.

5.2-CARACTERÍSTICAS GERAIS
O feudalismo tinha várias características podendo destacar que o poder era descentralizado, no qual o rei tinha pouco poder em contrapartida ao senhor feudal que tinha um poder muito grande dentro dos seus respectivos feudos.
Continuando temos que a sociedade feudal era basicamente rural e tínhamos como uma de suas bases o feudo que de modo geral eram terras sendo praticamente autossuficiente em tudo, havendo muito pouco comércio durante o feudalismo e o uso de moeda era muito pequeno. Cabe ressaltar, entretanto que durante a Idade Média a vida urbana não foi extinta totalmente do continente europeu.
A sociedade feudal era uma sociedade que havia pouquíssima mobilidade social podendo destacar que nesta sociedade havia a nobreza que de modo geral eram os responsáveis pelos feudos, o clero que de modo geral cuidavam da parte espiritual (cristianismo) e os servos que trabalhavam nos feudos, sendo basicamente estes três grupos os principais grupos sociais existentes dentro do feudalismo.
Dentro da sociedade feudal podemos citar além desses três grupos anteriormente citados mais quatro que são os seguintes, a saber: escravos, ministeriais (pessoas que administravam o feudo em nome dos senhores feudais (nobreza)), os habitantes da cidade e os vilões que eram de modo geral pessoas que tinham pequenas terras que devido a algum motivo cederam as suas terras ao senhor feudal, sendo que os vilões eram pessoas livres apesar de terem algumas obrigações perante os senhores feudais.
Outra característica do feudalismo foi à relação suserano-vassalo, na qual o primeiro cede à responsabilidade do feudo ao vassalo, cabendo lembrar que as pessoas poderiam ser ao mesmo tempo vassalas e suseranas.
A entrega de um feudo normalmente era feita através da Cerimônia de Investidura ou Cerimônia de Adubamento, nesta cerimônia nós tínhamos a confirmação da fidelidade do vassalo com seu suserano e o recebimento do benefício do vassalo por parte do suserano.
Os servos tinham várias obrigações perante o seu senhor feudal podendo destacar as seguintes, a saber:
a-Albergagem: era a obrigação de conceder abrigo e mantimentos ao senhor feudal e as pessoas que os acompanhavam durante uma viagem;
b-Banalidades: refere-se ao pagamento de uma quantia relativa à utilização por parte dos servos dos equipamentos do feudo como, por exemplo, celeiro, forno, moinho, largar (recipiente o qual as uvas eram exprimidas para a obtenção do vinho) e tonéis;
c-Champart: era um pagamento a ser feito pelo uso das terras arroteadas (eram terras que se tornaram terras aráveis) pelos servos;
d-Corveia: trabalho a ser feito pelo servo no manso senhorial podendo ser de diversas ordens como, por exemplo, trabalhar na agricultura, cuidar de animais, feitura e conservação de estrada, caçar e pescar;
e-Direito de Consórcio: o servo só poderia casar-se com autorização do senhor feudal;
f-Formariage: era um pagamento a ser feito para o servo poder casar-se com uma pessoa ligada a outro senhor feudal;
g-Mão Morta: era um pagamento no qual os familiares do servo falecido tinham que fazer para poderem continuar a explorar as terras;
h-Talha: era um pagamento a ser feito correspondendo a uma determinada porcentagem da produção agrícola do servo.
O feudo era dividido em três partes, a saber:
a-Manso Comunal: eram as terras utilizadas em benefício tanto dos servos como dos senhores feudais;
b-Manso Senhorial: eram as terras utilizadas em benefício dos senhores feudais;
c-Manso Servil: eram as terras utilizadas em benefício dos servos.
As terras do feudo eram exploradas a partir da rotação de terras que visava melhorar o trabalho agrícola (evitar o desgaste das terras e consequentemente haver queda na produtividade). Elas eram divididas em três partes, duas produzindo e uma descansando, havendo anualmente mudanças entre elas.
Em relação às cidades é interessante abordar que de modo geral elas estavam ligadas ao algum feudo e como esta situação não atendia os seus interesses surgiu um movimento conhecido como movimento comunal que visava obter mais autonomia para elas tendo persistido entre os séculos XI-XIII.
Não poderíamos deixar de ressaltar que a sociedade feudal era bastante influenciada pela religião cristã (católica) e durante a Idade Média tivemos a criação por parte da Igreja Católica Apostólica Romana (papa Gregório IX no ano de 1231) do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição cujo objetivo básico era combater as heresias.
A principal forma de trabalho dentro do feudalismo foi à servidão que consistia basicamente no trabalho dos servos, que não eram propriedades dos senhores feudais, mas estavam presos às terras aonde residiam.
Não poderíamos deixar de ressaltar que o comércio era muito reduzido, mas quando houve aumento dessa atividade econômica surgiram associações que visavam proteger os interesses dos comerciantes. O nome dessas associações era liga ou hansa, sendo a mais famosa a Liga Hanseática (Hansa Teutônica) a qual englobava 90 cidades alemães e controlava o comércio do Mar Báltico, tendo sido fundada no ano de 1161.
Os artesãos por sua vez se aglutinavam em torno das corporações de ofício que regulamentava a profissão, cabendo lembrar que os artesãos eram divididos em três grupos, a saber: mestres (artesãos autorizados a trabalharem na sua profissão e que eram proprietários de oficinas), artesãos (artesãos autorizados a trabalharem na sua profissão e que não eram proprietários de oficinas) e aprendizes (artesãos “não autorizados” a trabalharem na sua profissão devido ao fato de ainda estarem aprendendo a sua profissão, tendo a necessidade de passar no exame das corporações de ofício).

6-CULTURA MEDIEVAL
Nesta seção estudaremos os principais aspectos relativos à cultura medieval, merecendo uma atenção especial o fato que a Idade Média não pode ser considerada como a “Idade das Trevas” como este período histórico ficou conhecido por muitas pessoas.
Isto advém do fato que a Idade Média teve uma produção cultural muito interessante e apesar disso este período histórico teve uma resistência muito grande, partindo das pessoas que eram ligadas ao Renascimento devido ao fato que elas não concordavam com a cultura medieval.
Complementando cabe lembrar que veremos também nesta seção o Renascimento que apesar de normalmente ser colocado na parte referente à História Moderna nos optamos de estudar neste momento devido ao fato que este relevante fato histórico surgiu durante a História Medieval.

6.1-IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA
A Igreja Católica Apostólica Romana foi uma das principais instituições existentes durante a Idade Média e devido a isto ela acabou moldando a cultura europeia medieval. Cabe lembrar que o fato de a cultura medieval ter sido influenciada diretamente pela religião ficou conhecido como teocentrismo cultural.

6.1.1-QUERELA DAS INVESTIDURAS
A Querela das Investiduras (1075-1122) foi o atrito entre o poder religioso (representado pela Igreja Católica Apostólica Romana) e o poder laico (representado pelo Santo Império Romano-Germânico), tendo em vista que a instituição religiosa em questão tentou restringir a interferência laica em seus assuntos internos e moralizar algumas práticas comuns como o casamento de padre e a simonia (comércio de objetos sagrados).
Estas medidas tomadas pela Igreja Católica Apostólica Romana desagradaram o Santo Império Romano-Germânico através da pessoa do imperador Henrique IV (1056-1106) que promoveu um concílio que destituiu o papa Gregório VII (1073-1086).
O papa Gregório VII excomungou o imperador do Santo Império Romano-Germânico que devido a isto perdeu apoio político e aproximou-se do papa com a intenção de recuperá-lo. Este fato histórico ficou conhecido como Humilhação de Canossa e ocorreu no ano de 1077.
A Querela das Investiduras terminou quando há um acordo entre ambas as partes envolvidas o que ocorreu no ano de 1122 através da Concordata de Worms. Este acordo determinou que a escolha e a posse de cargos eclesiásticos seriam de responsabilidade da Igreja Católica Apostólica Romana, enquanto a posse de terras por parte do bispado deveria ser feita depois de um juramento de fidelidade ao Santo Império Romano-Germânico.

6.1.2-CRUZADAS
Um caso interessante disso foram as Cruzadas ou Movimento da Cruz, que foi um fato histórico que consistiu na tentativa de conquistar militarmente a Terra Santa (local onde ocorreram os principais fatos do cristianismo) devido às questões religiosas e outros motivos (questões econômicas e políticas).
O motivo imediato para o surgimento das Cruzadas deve-se ao fato do imperador bizantino Aleixo I Comneno (1081-1118) ter solicitado ajuda no combate aos muçulmanos ao papa Urbano II (1088-1099) durante o Concílio de Clermont (1095).
Os resultados das Cruzadas não foram duradouros, sendo que para conservar os territórios conquistados foram criados as Ordens de Cavalaria (Hospitalários (1120), Templários (1120) e Teutônicos (1198)). Eram formados basicamente por cavaleiros-monges os quais faziam votos (promessa) de castidade, pobreza e submissão ao papa.
As Cruzadas podem ser divididas em dois grupos, a saber: Cruzadas Não Oficiais e Cruzadas Oficiais.
As Cruzadas Não Oficiais foram às seguintes, a saber:
a-Cruzada dos Mendigos (1096): foi comandada por Pedro, o Eremita e Gautier Sem-Vintém, sendo esta Cruzada de cunho popular.
Ela foi desmantelada pelos turcos.
b-Cruzada das Crianças (1212): teve forte presença de crianças, pois acreditavam que apenas pessoas com almas puras conseguiriam conquistar Jerusalém.
Esta Cruzada não prosseguiu no seu intento, tendo sido as crianças vendidas como escravas na África.
As Cruzadas Oficiais foram às seguintes, a saber:
a-Primeira Cruzada – Cruzada dos Nobres (1096-1099): esta Cruzada foi comandada basicamente por Balduíno de Flandres, Boemundo de Tarento, Godofredo de Bulhão, Raimundo de Tolosa, Roberto II de Flandres e Tancredo.
Nesta cruzada foram conquistados diversos locais das mãos dos muçulmanos inclusive a cidade de Jerusalém.
b-Segunda Cruzada (1147-1149): esta cruzada foi comandada por Conrado III (Sacro Império Romano-Germânico) e visava reconquistar os territórios perdidos para os turcos.
Não obteve sucesso na sua empreitada.
c-Terceira Cruzada – Cruzada dos Reis (1189-1192): foi comandada por Frederico I, o Barba-Ruiva (Sacro Império Romano-Germânico), Filipe Augusto (França) e Ricardo Coração de Leão (Inglaterra) e não conseguiu obter sucesso esperado, pois não retomou Jerusalém.
O único resultado positivo foi um acordo firmado entre Ricardo Coração de Leão e Saladino no sentido de permitir a peregrinação dos cristãos a Jerusalém;
d-Quarta Cruzada – Cruzada Comercial (1202-1204): nesta Cruzada ficou bem nítido como o movimento cruzadista tinha outros interesses e se afastou dos seus princípios básicos (motivos religiosos).
Como os cruzados deveriam atravessar o Mar Mediterrâneo para alcançar o Egito (objetivo dessa Cruzada), eles precisariam de embarcações as quais foram fornecidas pelos venezianos.
Os cruzados fizeram a vontade dos venezianos e rumaram em direção a Constantinopla tendo em vista que eles foram a intervir nos assuntos internos do Império Bizantino através dos venezianos.
Depois da intervenção bem sucedida em Constantinopla e a fundação do Império Latino de Constantinopla (1204-1261) esta Cruzada encontra seu término.
e-Quinta Cruzada (1218-1221): esta Cruzada foi liderada por André II (Hungria) e tinha como objetivo a conquista do Egito. Esta Cruzada foi abordada porque os cruzados ficaram isolados no Egito devido às inundações do Rio Nilo.
f-Sexta Cruzada (1228-1229): Frederico II (Sacro Império Romano-Germânico) liderou esta Cruzada e conseguiu através de negociações com os turcos as cidades de Belém, Jerusalém e Nazaré.
g-Sétima Cruzada (1250): esta Cruzada foi liderada por Luís IX (França) e visava conquistar o Egito, sendo que não obteve o resultado esperado.
Luís IX foi feito prisioneiro e foi pago resgate no valor de 500.000,00 libras tornesas.
h-Oitava Cruzada (1270): esta Cruzada foi liderada por Luís IX e visava conquistar o Egito, sendo que não obteve o resultado esperado. Luís IX faleceu durante esta Cruzada.

6.1.3-HERESIAS
As heresias são uma das características mais relevantes da Idade Média do ponto de vista cultural, podendo defini-las como um conjunto de práticas religiosas que destoavam das práticas consideradas corretas pela religiosidade oficial (no caso que estamos estudando a Igreja Católica Apostólica Romana).
Podemos citar como exemplo de heresias as seguintes, a saber:
a-Heresia dos Cátaros (Catarismo): esta heresia surgiu na província francesa de Limousin no século XI tendo expandido para diversas partes da França.
Eles rejeitavam os sacramentos da Igreja Católica Apostólica Romana e acreditavam que existiam dois deuses (Bem e o Mal). O Bem era responsável pelo mundo espiritual enquanto o Mal seria responsável pelo mundo material.
Os cátaros acreditavam que as almas salvas iam para o céu enquanto as almas perdidas reencarnavam num corpo de animal.
Esta heresia foi desmontada através da Cruzada dos Albigenses (1209-1229).
b-Heresia dos Bogomilos (Bogomilismo): esta heresia surgiu na Península Balcânica (mais precisamente na Bulgária) no século X tendo expandido para a Ásia e Rússia.
Os bogomilos acreditavam que a Igreja Católica Apostólica Romana estava corrompida pela riqueza e o verdadeiro cristianismo era praticado através da pobreza e tendo uma vida simples. Paralelamente a isto este grupo herético era contrário ao culto prestado a Maria (mãe de Jesus Cristo) e santos.
c-Heresia dos Patarinos (Patarismo): esta heresia surgiu no século XII na cidade italiana de Milão e questionavam a validade dos sacramentos ministrados pelos clérigos que fossem pecadores.
d-Heresia dos Valdenses (Valdismo): esta heresia surgiu no século XII através das mãos de Pedro Valdês e os membros dela residiam na França e na Itália.
Eram contrários as indulgências, purgatório e os sacramentos ministrados por clérigos que fossem pecadores.
Os valdenses desapareceram por terem sido absorvidos pela Reforma Protestante.

6.1.3.1-TRIBUNAL DO SANTO OFÍCIO DA INQUISIÇÃO
Não poderíamos de mencionar que no ano de 1231 foi fundado o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição que visava combater as heresias (movimento religioso que não seguia os dogmas da Igreja Católica Apostólica Romana), fazendo isto através do julgamento e posterior punição pelo poder temporal.
Cabe lembrar que este órgão da Igreja Católica Apostólica Romana acabou servindo também para combater as pessoas que não seguissem fielmente a ordem social vigente e consequentemente questionava as estruturas sociais, atendendo assim os interesses da classe dominante.
O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição acabou tornando-se anacrônico socialmente e a Igreja Católica Apostólica Romana acabou desativando este órgão nos moldes que ele funcionava e atualmente temos a Congregação Para a Doutrina da Fé o qual é herdeiro direto desse antigo órgão da administração católica.

6.2-ARQUITETURA
Uma das principais expressões culturais da Idade Média foi à arquitetura podendo destacar os estilos arquitetônicos, a saber: românico e o gótico.

6.2.1-ARQUITETURA ROMÂNICA
Este estilo é caracterizado pela utilização de elementos da cultura romana, além de ser uma arquitetura de linhas mais sóbrias havendo pouco acesso da luz solar fazendo com que o ambiente das catedrais românicas fosse escuro.

6.2.2-ARQUITETURA GÓTICA
Este estilo é caracterizado por ser uma arquitetura mais alegre e despojada que a arquitetura românica havendo normalmente uma claridade melhor devido ao fato a luz solar tinha mais acesso ao interior das construções fazendo com que as catedrais góticas tivessem um ambiente claro.

6.3-FILOSOFIA
A filosofia foi uma das áreas do conhecimento humano que durante a Idade Média mais recebeu influência do cristianismo e consequentemente não podemos analisá-la sem perceber por trás dela a presença dessa religião.
Em relação a esta área do conhecimento humano não poderíamos deixar de mencionar o caso do teólogo Santo Agostinho que afirmava que a espécie humana por definição não era íntegra (moralmente correta) e que a fé possibilitava a correção dos desvios morais das pessoas. Ele escreveu Cidade de Deus e Confissões.
Em contraposição a teologia agostiniana não poderia deixar de mencionar a existência da filosofia escolástica que tentava conciliar a fé com a razão e tinha uma visão positiva da espécie humana. Podemos destacar como representante ilustre da filosofia escolástica Pedro Aberlado (1079-1142) e São Tomas de Aquino (1225-1274), tendo o primeiro escrito Sim e Não e o segundo escreveu Suma Teológica.

6.4-MÚSICA
A música foi fortemente influenciada pelo cristianismo podendo ressaltar que durante o período medieval as notas musicais (dó, ré, mi, fá, sol, lá e si) receberam os seus respectivos nomes através do monge beneditino Guido d´Arezzo (990-1050). Ele fez isto a partir das iniciais das silabas de cada verso da primeira estrofe de um hino em celebração a São Sebastião (256-286). São Sebastião foi um mártir cristão que posteriormente ao seu falecimento foi canonizado pela Igreja Católica Apostólica Romana.

6.5-RENASCIMENTO
Um dos fatos históricos mais interessantes da História da Humanidade foi o Renascimento (Renascença), podendo afirmar que foi um movimento cultural (não era um movimento de cunho religioso) transcorrido nos séculos XIV-XVI, recebendo uma grande influência da cultura greco-romana. Este movimento cultural era basicamente elitista e urbano.
O Renascimento surgiu basicamente a partir dos seguintes motivos, a saber: humanismo, mecenas e a desagregação do Império Bizantino (fuga dos eruditos bizantinos).
O humanismo foi um movimento intelectual interessado em alterar o funcionamento do ensino das universidades e tinha particular interesse pelos estudos sobre a cultura da Antiguidade Clássica (Roma e Grécia) o que acabou incentivando o surgimento do Renascimento tendo em vista que este movimento cultural estava baseado na cultura da Antiguidade Clássica.
Em relação aos mecenas é relevante mencionar que eram pessoas ou instituições de posses que ajudavam financeiramente os artistas renascentistas no seu trabalho facilitando a existência do Renascimento, pois os artistas renascentistas como outras pessoas precisam de recursos financeiros para viver.
O Império Bizantino estava em decadência há muito tempo sendo constantemente ameaçado por invasões estrangeiras, tendo em vista este cenário de desordem social diversos eruditos bizantinos se evadiram desse império e de modo geral eles encontraram refúgio na Itália. Faz-se necessário ressaltar um aspecto importante que foi o fato que ao fugiram do Império Bizantino os eruditos mencionados anteriormente obviamente iam carregados de sua sabedoria e quando chegavam ao local de chegada acabavam contribuindo culturalmente para a sociedade local.
Dentro desse contexto histórico é relevante pontuar que ao chegarem à Itália os seus conhecimentos sobre a cultura grega em parceria com os conhecimentos da cultura romana remanescente da época do Império Romano acabou contribuindo diretamente para o surgimento do Renascimento.
O Renascimento teve o seu início na Itália local onde este movimento cultural foi mais desenvolvido, cabendo lembrar que o Renascimento é dividido em três partes, a saber: Trecento, Quattrocento e Cinquecento.
O Renascimento teve diversas características relevantes das quais podemos destacar as seguintes, a saber: racionalismo que consistia na crença na explicação de todas as coisas através do uso da razão humana e da ciência (a partir dessa característica renascentista houve um grande desenvolvimento científico), antropocentrismo (colocar a espécie humana no centro das coisas (universo) em contraposição ao teocentrismo no qual Deus era colocado no centro das coisas (universo)), naturalismo (representação a natureza) e forte influência da cultura da Antiguidade Clássica (cabe ressaltar que não houve a transferência pura e simples da cultura greco-romana da Idade Antiga para a Idade Média e sim a sua releitura a partir do contexto histórico medieval).
Vale ressaltar que o Renascimento desabrochou numa vertente científica e em relação a esta vertente é interessante destacar as seguintes pessoas, a saber: o polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) criador da teoria heliocêntrica (esta teoria afirmava que a Terra e os demais planetas do sistema solar giravam em torno do Sol, posição contrária da Igreja Católica Apostólica Romana que achava que o Sol e os demais planetas do sistema solar é que giravam em torno da Terra), teoria a qual posteriormente teve contribuição tanto do italiano Galileu Galilei (1564-1642) como do alemão Johann Kepler (1571-1630).
Podemos citar diversos artistas renascentistas sendo que destacamos alguns dos interessantes, a seguir:
Renascimento Alemão
a-Albrecht Dürer (1471-1528): destacou-se como pintor, fazendo parte de sua obra Adoração dos Magos (1504) e Adoração da Santíssima Trindade (1511);
Renascimento Espanhol
b-Diego Rodrigues da Silva y Velázquez (1599-1660): destacou-se como pintor, fazendo parte de sua obra As Meninas (1656) e Os Bêbados (1629);
c-Domenikos Theotokopoulos (1541-1614): mais conhecido como El Greco destacou-se como pintor, fazendo parte de sua obra O Enterro do Conde Orgaz (1587);
d-Miguel de Cervantes de Saavedra (1547-1616): destacou-se como escritor, fazendo parte de sua obra Dom Quixote de la Mancha.
Renascimento Francês
a-François Rabelais (1483-1553): destacou-se como escritor, fazendo parte de sua obra Gargântua e Pantagruel;
b-Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592): destacou-se como escritor, fazendo parte de sua obra Ensaios.
Renascimento Inglês
c-Isaac Newton (1643-1727): destacou na área científica (Renascimento Científico) criando a Lei da Gravitação Universal;
d-Thomas Morus (1478-1535): destacou-se como escritor, fazendo parte de sua obra Utopia;
e-William Shakespeare (1564-1616): destacou-se como um grande dramaturgo (este autor foi um dos maiores escritores de língua inglesa), fazendo parte de sua obra A Comédia dos Erros, A Megera Domada, Conto de Inverno, Hamlet, Henrique V, Júlio César, Macbeth, Otelo, o Mouro de Veneza, Rei Lear, Romeu e Julieta, Sonho de uma Noite de Verão e Troilo e Cressida.
Renascimento Italiano
a-Donatello (1445-1510): destacou-se como escultor, fazendo parte de sua obra Gattamelata e SãoJorge;
b-Giovani Boccaccio (1313-1375): destacou-se como escritor, fazendo parte de sua obra O Decameron;
c-Giovani Pierluigi da Palestrina (1525-1594): destacou como excelente músico, tendo contribuído diretamente pela renovação da música da Idade Moderna;
d-Leonardo di Ser Piero da Vinci (1452-1519): destacou-se em várias áreas tais como a escultura, engenharia e pintura, fazendo parte de sua obra às pinturas A Anunciação, Mona Lisa (La Gioconda), A Última Ceia e a Virgem dos Rochedos;
e-Miguel Ângelo Buonarroti (1475-1564): destacou-se como arquiteto, escultor e pintor, sendo que foi dele a autoria de uma parte da pintura da cúpula da catedral de São Pedro, além de ter feito as esculturas conhecidas como David, Moisés e Pietá;
f-Rafael Sanzio (1483-1520): destacou-se como pintor, fazendo parte de suas obras as telas A Escola de Atenas e a A Virgem Com o Menino;
g-Sandro Botticelli (1445-1510): destacou-se como pintor, fazendo parte de suas obras as telas Primavera, Madona do Magnificat e O Nascimento de Vênus.
Renascimento Português
a-Luís Vaz de Camões (1524-1580): se destacou como grande poeta (este autor foi um dos maiores escritores de língua portuguesa) fazendo parte de sua obra Os Lusíadas (uma das maiores obras literárias da língua portuguesa) cabendo ressaltar que era uma obra baseada na História de Portugal (mais precisamente na parte referente à Expansão Marítima e Comercial).

7-CRISE DO FEUDALISMO E A FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS
O Feudalismo sofreu grande desgaste ao longo de sua história, desgaste este que acabou culminando com o seu término possibilitando assim o surgimento das monarquias nacionais.

7.1-CRISE DO FEUDALISMO
Inicialmente em relação ao feudalismo (mais precisamente sobre a crise que o abateu) é bom ressaltar que na passagem do século X para o século XI por uma série de motivos tivemos um aumento da população no continente europeu, que logo depois foi acompanhado de avanços na agricultura como, por exemplo, à troca do arado de madeira pelo arado de ferro (charrua), ajudando assim na alimentação da população e o que faltasse era complementado com a produção oriunda da utilização de novas terras.
Vale lembrar que este crescimento no setor agrícola foi relevante para favorecer o crescimento das cidades (renascimento urbano) visto que além de suprir a necessidade básica de alimentar a população, a produção rural servia para ser vendida nas cidades incentivando o comércio (renascimento comercial) e acabou contribuindo para o desgaste do feudalismo devido à existência de uma vida urbana mais intensa. Neste aspecto está relacionado o fato de ter tido um aumento do comércio (aspecto contraditório em relação ao feudalismo tendo em vista que praticamente não havia atividade comercial neste sistema social, contribuindo para o seu término) e aumento da população urbana (aspecto contraditório em relação ao feudalismo tendo em vista de modo geral a população vivia na área rural neste sistema social, contribuindo para o seu término).
Nem tudo foram flores visto que a partir de um determinado momento a agricultura passou a não conseguir abastecer o mercado de forma adequada visto as terras não serem infinitas, havendo as quebras nas safras ocorridas devido a fatores climáticos (ocorreram no início do século XIV), ajudando assim a desestabilizar o feudalismo o que foi complementado com a Peste Negra. Isto provocou uma grande perda em termos de pessoas mortas na população europeia fazendo com que houvesse uma valorização da mão de obra criando dificuldades para os senhores feudais.
Cabe lembrar também que por uma série de motivos houve várias revoltas camponesas, as quais acabaram contribuindo para o fim do feudalismo devido ao desgaste que as mesmas provocaram dentro desse sistema social.
No tocante a Crise do Feudalismo cabe lembrar que houve um renascimento tanto do comércio como das cidades, possibilitou o surgimento de uma nova classe social cujo nome é burguesia a qual tinham os seus interesses prejudicados pelo feudalismo, sendo que eles eram a favor da Formação da Monarquia Nacional (Estado Nacional) porque isto atendia os seus interesses.
A burguesia seria bastante beneficiada com o fim do feudalismo e o surgimento dos Estados Nacionais, visto que no feudalismo havia uma grande variedade de leis, moedas, pesos e medidas, ou seja, não havia uma padronização em uma série de coisas prejudicando assim o bom desenvolvimento da economia e consequentemente dos burgueses. Com o surgimento dos Estados Nacionais em princípio haveria esta padronização atendendo diretamente os interesses dos burgueses.
A ascensão da burguesia ao poder não foi completa, visto que os nobres ainda iriam manter uma parcela dele e a conquista total do poder por parte da burguesia ainda iria demorar mais tempo.
Concomitantemente a isto tivemos a existência do interesse dos monarcas (reis) de terem mais poderes (não estarem presos aos poderes locais e contrapor ao poder da Igreja Católica Apostólica Romana), sendo que eles uniram forças com a burguesia para implementar a Monarquia Nacional.
Continuando não poderíamos deixar de ressaltar que as Cruzadas também colaboraram com a queda do feudalismo visto que foram os senhores feudais que bancaram as Cruzadas, o que provocou um desgaste financeiro muito grande enfraquecendo-os, favorecendo assim a ascensão do rei.
Complementando esta questão não poderíamos deixar de mencionar que as Cruzadas acabaram incentivando o comércio ajudando a desestabilizar o feudalismo.
Em relação às Cruzadas não poderíamos deixar de mencionar que um dos motivos para o seu surgimento foi à vontade de recuperar a região da Terra Santa (objetivo que acabou não sendo alcançado pelos cristãos) tendo em vista ter caído nas mãos do povo turco seljúcidas (um povo mais agarrado com a religião muçulmana que o próprio povo árabe), criando dificuldades (proibiu) à peregrinação dos cristãos para a Terra Santa.

7.2-FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS
Nesse item trataremos do processo de Formação das Monarquias Nacionais principalmente de Espanha/Portugal, França e Inglaterra. Cabe lembrar que não houve uma mudança radical do ponto de vista da divisão da sociedade nesta época, ou seja, praticamente os mesmos grupos sociais continuaram dominando as relações socioeconômicas.

7.2.1-ESPANHA/PORTUGAL
Em relação à formação de Portugal e Espanha cabe informar que estes países foram formados dentro do processo de expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica, os quais invadiram essa região no ano de 711.
A presença muçulmana na Península Ibérica se fez a partir da expansão muçulmana executada logo a partir do início da História do Islamismo, sendo que eles tomaram a maior parte dessa região sobrando apenas o norte dela nas mãos dos cristãos.
A partir dessa região os cristãos implementaram uma política de reconquista das terras perdidas para os muçulmanos que só teria êxito total no século XV com a anexação do último reduto muçulmano.
No processo de expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica foram formados os reinos de Leão, Navarra, Aragão e Castela, sendo os dois últimos reinos acabaram absorvendo os dois primeiros reinos. Na segunda metade do século XV (1469) os monarcas (Fernando por parte do Reino de Aragão e Isabel por parte do Reino de Castela) dos reinos de Castela e Aragão casaram, dando um passo bastante importante para a unificação política e consequentemente o surgimento da monarquia nacional espanhola.
A integralização do território espanhol ocorreu depois de anos de conflito militar entre Reino da Espanha e o Reino de Nacérida (Emirado Nacérida de Granada) – vulgarmente conhecido como Reino de Granada, ficou restrito a cidade de Granada e tivemos o Tratado de Granada firmado entre Reino da Espanha e o Reino de Nacérida no dia 25 de novembro de 1492 e por extensão tivemos a rendição do Reino de Nacérida no dia 2 de janeiro de 1492.
Inserido neste processo de expulsão dos muçulmanos cabe ressaltar o surgimento de Portugal tendo ele surgido do Condado Portucalense que dom Henrique de Borgonha (ele obteve a mão em casamento de uma das filhas do rei Afonso IV, cujo nome era dona Teresa) recebera pelos bons serviços prestados ao rei Afonso IV.
O Condado Portucalense teve a sua independência política em relação ao Reino de Castela no século XII (1139), cabendo lembrar que dom Henrique de Borgonha ao morrer acaba deixando este condado nas mãos de sua esposa tendo em vista o fato que o seu filho ser uma criança de apenas três anos de idade.
A esposa de dom Henrique de Borgonha tenta obter a independência do Condado Portucalense, mas acaba não levando a diante este projeto político, o qual só terá êxito através de dom Afonso Henrique quando assume o governo do Condado Portucalense e concretiza a realização desse relevante fato histórico. Ele acaba fundando a dinastia Borgonha (1139-1383) sendo o primeiro monarca de Portugal.
A dinastia de Avis toma o governo quando abre uma crise de sucessão na monarquia lusitana (portuguesa) tendo isto ocorrido no final do século XIV, ficando de um lado parte da nobreza e o Reino de Castela a favor de uma pessoa alinhada com que iria de encontro aos interesses de Castela e a burguesia (setor mercantil) e outros setores da sociedade portuguesa do outro sendo eles a favor dos interesses do Reino de Portugal (manutenção de sua independência frente ao Reino de Castela).
Nesta disputa política quem sai vencedor foi à burguesia que estava neste confronto ao lado de dom João o primeiro rei da dinastia de Avis (1385-1580) que representava o grupo interessado em manter a independência de Portugal frente ao Reino de Castela. A dinastia de Avis acabou implantando um Estado centralizado. Este fato histórico ficou conhecido como Revolução de Avis (1383-1385).

7.2.2-FRANÇA
O início da Formação da Monarquia Nacional da França foi longo, tendo sido iniciado com a dinastia Capetíngia (987-1328) que deu início ao processo de aproximação da monarquia com a burguesia (passo de suma relevância para a Formação da Monarquia Nacional).
Um aspecto relevante inserido neste processo histórico foi o reinado de Felipe II (1180-1223) que fortaleceu o exército e designou funcionários com o intuito de tratar dos assuntos ligados a imposto e justiça.
Luiz IX (1226-1270) deu prosseguimento a Formação da Monarquia Nacional da França podendo citar entre outras medidas as seguintes, a saber: criação de uma moeda de âmbito nacional, mais autoridade aos tribunais e emancipação de servos através do pagamento de uma taxa.
Felipe IV, o Belo (1285-1314) deu prosseguimento ao trabalho feito pelos seus antecessores cabendo ressaltar que ao iniciar o seu reinado o processo de Formação da Monarquia da França estava bastante adiantado. Ele preocupou-se basicamente em legitimar (consolidar) a posição política obtida e devido a isto ele criou a Assembleia dos Estados Gerais no ano de 1302.
Essa assembleia reunia os representantes dos três setores (primeiro estado (clero), segundo estado (nobreza) e terceiro estado (povo)) da sociedade francesa, cabendo lembrar que ela não constituía um órgão legislativo (tinha apenas função consultiva e só funcionava quando o monarca assim desejava).
É interessante ressaltar que a Formação da Monarquia Nacional da França se consolidou definitivamente com a vitória francesa contra os ingleses na Guerra dos Cem Anos (1337-1453).
Não poderíamos deixar de mencionar uma figura histórica muito relevante neste processo histórico que foi Joana D`arc (1412-1431).
Joana D`arc era filha de camponeses e afirmava que Deus tinha dado a incumbência a ela de liderar os franceses contra os ingleses. Ela acaba colaborando bastante nos combates da Guerra dos Cem Anos até o momento que é condenada por heresia e morta devido a esta condenação.

7.2.3-INGLATERRA
Para compreendermos a Formação da Monarquia Nacional da Inglaterra cabe ressaltar que a Guerra dos Cem Anos (conflito armado travado entre a Inglaterra e a França) possibilitou o surgimento desse fato histórico.
Este conflito armado ficou caracterizado pelo equilíbrio entre as partes envolvidas, fato que explica a longa duração do mesmo. A Inglaterra saiu desse conflito armado derrotada o que enfraqueceu bastante a sua nobreza (perda de territórios (feudos) na França) incentivando assim o surgimento de outro conflito armado entre os anos de 1455-1485 que foi a Guerra das Duas Rosas (este nome advém do fato que as duas famílias que lutaram entre si - Lancaster e York - tinham em seus brasões a rosa, no caso da família Lancaster era uma rosa vermelha e no caso da família York era uma rosa branca). As duas famílias eram aparentadas entre si através de Eduardo III rei da Inglaterra entre os anos de 1327-1377.
Este conflito foi motivado pela disputa de poder pelo comando da Inglaterra, sendo que o monarca inglês era Henrique VI pertencente à família Lancaster. Depois de diversos confrontos militares entre ambas as partes (a guerra foi equilibrada tendo em vista que a vitória ora pendia para uma família ora pendia para a outra família), Henrique Tudor (ligado à família Lancaster) assume a Coroa Inglesa com o nome de Henrique VIII (fundando a dinastia Tudor (1485-1603)).
Para evitar maiores problemas do ponto de vista político (contestação a sua autoridade como monarca) Henrique VIII contrai matrimônio com uma mulher ligada à família rival (família York).
Com este conflito tivemos o enfraquecimento da nobreza inglesa e consequentemente tivemos a instituição da monarquia nacional inglesa (o qual contou como apoio da burguesia) através da dinastia Tudor.

8-EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL
Nesta parte relativa à seção sobre a História Medieval analisaremos um dos fatos históricos mais relevantes da História da Humanidade que foi a Expansão Marítima e Comercial, podendo ressaltar que a importância desse fato histórico para a humanidade advém basicamente do fato dele ter alterado profundamente o desenvolvimento da sociedade humana. Podemos afirmar que até os dias de hoje a sociedade humana é influenciada pelos reflexos oriundos desse fato histórico.

8.1-GRANDES NAVEGAÇÕES
Em relação à Expansão Marítima e Comercial experiência histórica acontecida com a humanidade (tendo tido como núcleo inicial países do continente europeu), podemos citar diversos motivos que justificam o surgimento desse fato histórico.
O primeiro motivo a ser abordado refere-se às especiarias que são uma série de produtos tais como canela, cravo, gengibre, noz-moscada, sândalo as quais despertavam grandes interesses por parte dos consumidores da Europa, servindo estas mercadorias para preparo e conservação de alimentos e no preparo de remédio e corantes.
Estas mercadorias incentivaram em muito a Expansão Marítima e Comercial, pelo fato que as especiarias eram trazidas de modo geral para os portos do Mar Mediterrâneo por comerciantes árabes, sendo que quase toda esta mercadoria era comprada pelos comerciantes italianos constituindo assim um monopólio na prática encarecendo bastante estes produtos para o consumidor final.
Com isso houve o incentivo para que outras regiões do continente europeu procurassem um novo caminho para chegar às Índias e consequentemente encontrar as especiarias a preços menores.
Outro fator relevante para que houvesse a Expansão Marítima e Comercial foi à preocupação religiosa, mais precisamente a expansão do cristianismo (catolicismo).
Incentivando a Expansão Marítima e Comercial temos que considerar os aperfeiçoamentos tecnológicos (astrolábio, bússola, caravela, quadrante e vela latina) produzidos pela humanidade o que acabou facilitando as navegações europeias e especificamente em relação a Portugal tivemos a fundação da Escola de Sagres por dom Henrique, o Navegador (1394-1460), filho do rei português dom João I.
A Escola de Sagres reunia uma série de pessoas (construtores navais, cartógrafos, navegadores e astrônomos) dedicadas ao desenvolvimento da marinharia (conhecimentos sobre navegação marítima) portuguesa.
O surgimento dos Estados Nacionais (Monarquias Nacionais) colaborou para o surgimento da Expansão Marítima e Comercial, visto que os Estados Nacionais terem mais condições de bancar a Expansão Marítima e Comercial, entretanto vale lembrar que Portugal e Espanha (mais Portugal do que Espanha) foram mais favorecidos neste aspecto visto terem formado as suas Monarquias Nacionais antes do que os outros países do continente europeu. Vale lembrar que no caso da França e Inglaterra o envolvimento desses países em guerras (Guerra das Duas Rosas e Guerra dos Cem Anos) acabou favorecendo no atraso da Expansão Marítima e Comercial desses países.
Concluindo os motivos para o surgimento da Expansão Marítima e Comercial a busca de metais preciosos (ouro e prata), tendo em vista o alto valor desses dois metais e a Europa não ter grandes depósitos dos mesmos.
Em relação à Expansão Marítima e Comercial é importante ressaltar que o custo operacional dessa empreitada era muito alto do ponto de vista social, tendo em vista que aproximadamente metade das embarcações não chegavam ao seu destino, as viagens eram muito demoradas e a montagem dessas expedições eram muito caras do ponto de vista financeiro.
Não poderíamos dar prosseguimento à análise sobre a Expansão Marítima e Comercial sem prestar a nossa homenagem a pessoas tão destemidas que foram os navegadores os quais enfrentaram tantas situações perigosas com o intuito de alargar os limites da antiguidade. Dos diversos navegadores que desbravaram os sete mares podemos destacar os seguintes, a saber: Abel Janszoon Tasman (1603-1659), Américo Vespúcio (1454-1512), Bartolomeu Dias (c. 1450-1500), Cristóvão Colombo (1451-1506), Fernão de Magalhães (1480-1521), Francis Drake (c. 1540-1596), Giovanni Caboto (c. 1450-c. 1499), Jacques Cartier (1491-1557), Juan Sebastián Elcano (1487-1526), Pedro Álvares Cabral (c. 1468-c. 1520), Sebastião Caboto (1476-1557), Vasco da Gama (c. 1460-1524) e Vasco Núñez de Balboa (1475-1519).
Cabe ressaltar que a Expansão Marítima e Comercial ocorreu seguindo basicamente dois caminhos, a saber: périplo africano ou ciclo oriental das navegações (utilizado por Portugal) e ciclo ocidental das navegações (utilizado pela Espanha).
O início da Expansão Marítima e Comercial ocorreu com a tomada da cidade de Ceuta no ano de 1415 e a partir desse momento os lusitanos avançam ao longo do litoral africano ao ponto de conseguirem encontrar a passagem entre o Oceano Atlântico e o Oceano Índico. A passagem entre os dois oceanos foi descoberta pelo navegador Bartolomeu Dias quando o mesmo consegue ultrapassar o Cabo da Boa Esperança no ano de 1488.
Prosseguindo a análise sobre a Expansão Marítima e Comercial Portuguesa é relevante ressaltar que o Caminho das Índias foi encontrado no ano de 1498 pelo navegador Vasco da Gama e o Descobrimento do Brasil ocorreu através de Pedro Álvares Cabral no ano de 1500.
A Coroa Espanhola patrocina a expedição de Cristóvão Colombo no sentido de descobrir uma rota marítima em direção as Índias, cabendo ressaltar que esta empreitada não alcançou o sucesso esperado, pois este navegador descobriu um novo continente (América) ao invés de uma rota marítima em direção as Índias.
Depois do Descobrimento da América a Coroa Espanhola ficou preocupada em garantir a posse das terras descobertas, sendo que devido a esta preocupação ela consegue do papa (o papa era de uma família espanhola) algumas bulas papais as quais garantem as terras não europeias descobertas ou a descobrir a oeste de uma linha demarcatória localizada a 100 léguas a oeste das ilhas de Açores e Cabo Verde para Espanha e as terras localizadas a leste dessas ilhas ficariam para Portugal.
Mas como a Coroa Portuguesa sentiu-se lesada nesta divisão de terras ela não aceita o que acaba provocando o surgimento de um acordo entre Portugal e Espanha que foi o Tratado de Tordesilhas (1494), no qual à distância de 370 léguas a oeste de Cabo Verde haveria uma linha demarcatória nas quais as terras descobertas ou a descobrir a leste dessa linha demarcatória seriam da Coroa Portuguesa enquanto as terras descobertas ou a descobrir a oeste dessa linha demarcatória seriam da Coroa Espanhola.
Vale lembrar que os outros países do continente europeu não reconheceram este tratado e tentam (em alguns casos com êxito) tomar um pedaço do continente americano para si gerando muitos conflitos.
Em relação à Expansão Marítima e Comercial é importante ressaltar que ela trouxe diversas consequências que alterariam profundamente a sociedade humana, sendo basicamente as seguintes, a saber: maiores conhecimentos geográficos (descobertas de novas terras e oceanos), maiores conhecimentos etnográficos (vide a diversidade de povos indígenas existentes no continente americano), conquista e colonização de novas terras, grande afluxo de riquezas para o continente europeu e intenso intercâmbio de animais, doenças e vegetais entre as diversas partes do globo terrestre.

8.2-CONQUISTA E COLONIZAÇÃO DO CONTINENTE AMERICANO
Em relação à conquista e colonização do continente americano, vale lembrar que não foi uma tarefa tão simples, visto que entre outros fatores podemos ressaltar que os habitantes do Velho Mundo (Europa) quando chegaram ao Novo Mundo (América), encontravam vários povos residindo no continente americano podendo destacar os astecas (localizavam-se no México e na América Central) e os incas (localizavam-se na América do Sul), criando resistência aos conquistadores.
Neste processo de conquista e colonização da América uma das principais preocupações dos espanhóis (europeus de modo geral) era explorar o novo continente e enriquecerem, sendo que a função da colônia era servir única e exclusivamente as suas respectivas metrópoles. Os principais prejudicados foram os indígenas e os africanos que foram utilizados como mão de obra escrava.
Analisaremos neste capítulo basicamente duas tentativas de colonização do continente americano que foram os da Espanha e da Inglaterra, cabendo lembrar que outros países aventuraram nesta importante empreitada histórica, podendo fazer referência a França, Portugal e Países Baixos.

8.2.1-CONQUISTA E COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA
A instalação dos espanhóis na América não foi tranquila havendo um grande derramamento de sangue devido ao atrito entre os indígenas e os invasores europeus (espanhóis) como foi mencionado anteriormente, mas analisaremos apenas um caso que foi do Império Asteca.
Em relação à conquista da região que é atualmente o México a luta foi contra os astecas, tendo sido conquistados por Hernán Cortez Monroy Pizarro Altamirano (1485-1547) que partiu no que é atualmente Cuba no início do ano de 1519 com 600 homens em direção ao continente. Cabe lembrar que esta empreitada se deu com o apoio de indígenas que eram dominados pelos astecas.
Chegando ao continente Hernán Cortez Monroy Pizarro Altamirano vai à direção a capital do Império Asteca (Tenochtitlán), sendo bem tratado pelo imperador asteca (Montezuma) quando chega à referida cidade no final do ano de 1519, tendo isto acontecido devido ao fato que a chegada dos espanhóis foi interpretada pelos astecas como a chegada de seus deuses.
Neste momento Montezuma é capturado sendo que Hernán Cortez Monroy Pizarro Altamirano teve que se ausentar da cidade e na sua ausência o seu substituto fez um massacre de indígenas, deixando a população enfurecida.
Com isso no ano de 1520 os astecas contra-atacam derrotando os espanhóis, fazendo com que Hernán Cortez Monroy Pizarro Altamirano e seus homens fugissem, entretanto ele volta com reforços conseguindo derrotar definitivamente os astecas.
A principal atividade econômica das colônias espanholas no continente americano era a produção de metais preciosos (principalmente a prata) que de modo geral eram produzidos na região no que é atualmente a Bolívia, México e Peru, cabendo ressaltar que as outras partes das colônias espanholas no continente americano tinham como atividade principal a agricultura e a pecuária.
De modo geral a mão de obra indígena era explorada através do repartimento que era o sorteio de indígenas com o intuito de trabalharem em determinados lugares em troca de dinheiro e mercadorias sendo este trabalho era obrigatório por parte dos indígenas, ou por encomienda que era o sistema pelo qual o proprietário de terras tinha o direito de usar a mão de obra indígena e em contrapartida este proprietário de terras teria a responsabilidade de cristianizar os indígenas que estivessem sob a sua responsabilidade.
A Coroa Espanhola implementou na América Espanhola o regime de porto único com o intuito de reforçar o controle sobre o comércio entre a colônia e a metrópole. O regime de porto único consistia basicamente na obrigatoriedade do comércio entre a América Espanhola e a Espanha ser feito através apenas nos portos autorizados (Cartagena, Vera Cruz e Porto Belo no continente americano e Cádiz e Sevilha na Espanha).
Paralelamente a conquista e montagem da economia colonial foi implantada a administração colonial com o intuito de gerir a colônia e a partir desse contexto histórico tivemos os seguintes órgãos administrativos, a saber:
a-Audiência: cuidava da justiça. A sede desse órgão estava localizada na América Espanhola;
b-Cabildo: cuidava da administração e legislação a nível local. A sede desse órgão estava localizada na América Espanhola;
c-Capitania-geral: cuidava da diretamente da administração colonial tendo em vista que ficava sediada no continente americano. Eram responsáveis pelas regiões estratégicas (do ponto de vista militar) e cujas populações nativas não estavam pacificadas sendo subordinada ao vice-reino. As capitanias-gerais eram as seguintes, a saber: Capitania-geral do Chile (ligada administrativamente ao Vice-reino do Peru), Capitania-geral de Cuba (ligada administrativamente ao Vice-reino da Nova Espanha), Capitania-geral de Guatemala (ligada administrativamente ao Vice-reino da Nova Espanha) e Capitania-geral de Venezuela (ligada administrativamente ao Vice-reino da Nova Granada);
d-Casa de Contratação: criada no ano de 1504 tendo sido responsável pelos assuntos relativos às colônias, tendo as suas funções reduzidas apenas aos assuntos ligados ao comércio colonial com a criação do Conselho das Índias. A sede desse órgão estava localizada em Sevilha, tendo sido posteriormente transferida para Cádiz (ambas as cidades estão localizadas na Espanha);
e-Conselho das Índias: criada no ano de 1524 sendo responsável pela administração colonial. A sede desse órgão estava localizada na cidade de Madri (esta cidade esta localizada na Espanha);
f-Vice-reino: cuidava diretamente da administração colonial tendo em vista que ficava sediada no continente americano. Havia quatro vice-reinos (eram chefiados pelos vice-reis) sendo eles os seguintes, a saber: Vice-reino da Nova Espanha (1535), Vice-reino do Peru (1543), Vice-reino da Nova Granada (1717) e o Vice-reino do Rio da Prata (1776).

8.2.2-CONQUISTA E COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA INGLESA
Aqui trataremos da conquista e colonização da América Inglesa, cabendo lembrar que concentraremos as nossas atenções na região a qual foram instaladas as Treze Colônias núcleo original dos Estados Unidos da América, apesar do fato de que teoricamente o continente americano foi repartido entre as coroas espanhola e portuguesa.
Em relação as Treze Colônias vale lembrar que como toda colônia elas tinham como função básica servir a sua metrópole (que neste caso em questão era a Coroa Inglesa), entretanto é bom ressaltar que estas colônias em questão não se organizaram de forma homogênea.
As Treze Colônias tinham governos independentes entre si, cabendo lembrar que o governador de cada colônia era escolhido pela Coroa Inglesa, enquanto as assembleias eram eleitas. A legislação votada pelas assembleias coloniais poderia ser votada pelo monarca inglês.
Em relação as Treze Colônias elas podem ser divididas basicamente em dois grupos, a saber:
a-Colônias do Norte (Colônias de Povoamento): neste caso é bom mencionar o fato que as pessoas que estavam migrando para esta região eram pessoas que saíam fugidas da Europa por motivos políticos e religiosos e por isso montou uma sociedade diferenciada (isto em relação às colônias do sul) a economia dessa região ser mais voltada para atender as necessidades internas da sociedade colonial e era baseada na mão de obra livre e na servidão;
b-Colônias do Sul (Colônias de Exploração): neste caso a economia montada nesta região era mais voltada para atender as necessidades da metrópole, sendo uma economia monocultura, latifundiária, exportadora baseada na mão de obra escrava (basicamente de origem africana como no resto do continente americano).
Esta divisão em duas partes influenciou diretamente a formação dos Estados Unidos da América como país, influência esta que é visível até os dias atuais.

9-POVOS PRÉ-COLOMBIANOS
9.1-NOÇÕES GERAIS
Quando o continente americano foi descoberto no século XV pelo navegador italiano Cristóvão Colombo, ela era habitada por aproximadamente 100.000.000 de pessoas pertencentes a diversos grupos étnicos. Esta população não era homogênea etnicamente sendo distribuída por todo o continente americano de forma bastante desigual, cabendo lembrar que as sociedades atuais tiveram uma influência muito forte desses grupos étnicos.
O Povoamento da América foi feito aos poucos ao longo da história e a população ameríndia com a chegada dos europeus acabou sendo muito descaracterizada, cabendo ressaltar que diversos grupos étnicos acabaram desaparecendo devido à invasão dos países europeus.
A população ameríndia é conhecida como Povos Pré-colombianos por estarem vivendo no continente americano antes da chegada de Cristóvão Colombo na América.
Em relação aos Povos Pré-colombianos não poderíamos deixar de fazer referência a Mesoamérica que é uma região aonde aflorou diversas culturas ameríndias. Esta região é limitada ao norte pelo México (Rio Sinaloa a noroeste e Rio Pánuca a leste) e a sul pela Costa Rica (Península de Nicoya). A Mesoamérica engloba territórios dos seguintes países, a saber: Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, México e Nicarágua.
A Mesoamérica conta com a presença humana desde o Paleolítico (datas anteriores a 15000 a.C.).

9.2-CIVILIZAÇÃO ASTECA
A civilização asteca (os astecas eram descendentes dos toltecas) estava localizada numa região que ia do México (América do Norte) até a Guatemala (América Central) englobando uma área de aproximadamente 300.000 quilômetros quadrados e uma população de 12.000.000 de habitantes.
Os astecas migraram de Chicomoztoc (local situado na região noroeste do México) no início do século XII em direção ao local onde no ano de 1345 fundaram a cidade de Tenochtitlán. É interessante ressaltar questão migração não ocorreu de forma contínua e sim em etapas, sendo que este movimento migratório não é totalmente conhecido pelos estudiosos da América Pré-colombiana.
A chegada dos astecas ao vale do México e a fundação de Tenochtitlán está inserido no contexto histórico do desmoronamento do Império Tolteca que ocorreu na primeira metade do século XIII e consequentemente tivemos uma desconcentração política na Mesoamérica (lugar onde os astecas residiam).
A sociedade montada pelos astecas nesta época era simples sendo politicamente gerida por sacerdotes (eram ligados ao culto de Uitzilopochtli), porém poder político não estava concentrado neste grupo social. É interessante ressaltar que a sociedade asteca mudou ao longo do tempo deixando de ser uma sociedade simples e neste contexto histórico tivemos o surgimento da monarquia asteca. A monarquia asteca foi fundada por Acamapichtli (1307-1396) no ano de 1376.
Os soberanos astecas foram os seguintes, a saber: Acamapichtli (1376-1396), Huitzilihuitl (1396-1437), Chimalpopoca (1417-1427), Itzcóatl (1427-1440), Montezuma I (1440-1469), Axayácatl (1469-1481), Tizoc (1481-1486), Ahuizotl (1486-1502), Montezuma II (1502-1520), Cuitláhuac (1520) e Cuahtémoc (1520-1521).
O Império Asteca na primeira metade do século XVI tinha trinta e oito províncias (esta divisão era mais tributária (fiscal) do que política) distribuídas em seis regiões. As seis regiões com as suas respectivas províncias são as seguintes, a saber: Centro (Citlaltepec-tlatelolco e Petlacalco), Distrito Meridional (Xoconachco), Norte (Acolhuacan, Atotonilco, Axocopan, Hueypoxtla, Quahuacan, Quauhtitlán, Oxitipan, Xilotepec, Xiuhcoac e Xocotitlán), Sul e Sudoeste (Cihuatlán, Chalco, Huaxtepec, Quauhnahuac, Quiauhteopan, Malinalco, Ocuilan, Tlachco, Tlalcozautitlán, Tepequacuilco e Toluca), Territórios Mixteco-zapoteca (Coayxtlahuacan, Coyolapan, Tlachquiauco, Tlapan, Tepeacac e Yoaltepec) eVertente Oriental (Atlan, Atotonilco, Cuetlaxtlan, Quauhtochco, Tlapacoyan, Tlatlauhquitepec, Tochpan e Tochtepec).
É interessante ressaltar que a inserção dos astecas no Vale do México não foi tão simples, tendo em vista que esta civilização ao inserir-se nesta região não conseguiu lugar de destaque logo no início tanto que chegou a pagar tributos ao tapanecas (o pagamento desses tributos terminou durante o reinado de Chimalpopoca) e a partir desse contexto histórico tivemos uma aliança entre as cidades de Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán firmada no ano de 1434. Esta aliança é conhecida como Tríplice Aliança.
Em relação à organização política do Império Asteca tínhamos o imperador (tlatoani) que gerenciava o império, o vice-imperador (ciuacoatl) que auxiliava o imperador em diversas funções como o envio de embaixadores, emissão de declaração de guerra e elegia o imperador (o cargo de vice-imperador era hereditário).
A unidade básica da sociedade asteca era o altépetl que pode ser definido como uma comunidade que tinha a propriedade coletiva que tinha a propriedade coletiva das terras, sendo interessante ressaltar que o calpulli tem o mesmo estatuto que o altépetl com pequenas diferenças. O termo calpulli refere-se apenas as comunidades que viviam em Tenochtitlán.
É interessante ressaltar que os altépetl se associavam montado unidades administrativas maiores, como o intuito de melhor administrar o cotidiano da sociedade e neste processo sempre havia um altépetl que se destacava dos demais e acabava liderando os mesmos. Essa associação era conhecida pelos espanhóis como senhorio ou cacicazgos.
A civilização asteca era organizada socialmente a partir da dicotomia classe dominante (funcionários do alto escalão do Estado, sacerdotes e comandantes militares) e classe dominada (artesãos, comerciantes, camponeses e escravos) e tinha pouca mobilidade social.
A principal atividade econômica dos astecas era a agricultura (cultivavam abóbora, algodão, baunilha, cacau, fava, feijão, frutas, melão, milho (principal produto), pimenta, tabaco e verduras), sendo que a civilização asteca conhecia a metalurgia e a criação de animais (cachorro e peru).
A religião era um traço cultural muito relevante da sociedade asteca através de sua religiosidade teríamos estabilidade social, ou seja, a civilização asteca continuaria existindo sem maiores problemas devido a sua religião. Devido a isto os sacerdotes tinham uma grande relevância na sociedade asteca.
Inserido neste contexto histórico não poderíamos deixar de ressaltar que os astecas praticavam sacrifícios humanos, pois era a maneira que eles tinham de conseguir a benevolência dos deuses (eles se alimentavam de sangue humano). Os sacrifícios humanos ocorriam com a intenção de retirar o coração das vítimas e oferecer aos deuses.
Os astecas eram politeístas podendo destacar os seguintes deuses, a saber: Chalchiutlicue, Chicomecoatl, Coatlicue, Huitzilopochtli, Iuhtecuhtli, Mixcoatl, Quetzalcoatl, Teteoinnan, Tezcatlipoca, Tlaloc, Uixtociuatl, Uitzilopochtl, Xilomen, Xipe Totec e Yiacatecuhtli.
A civilização asteca tinha uma escrita ideográfica.
A civilização asteca era avançada tecnologicamente podendo citar como exemplo de áreas aonde esta civilização atuava com êxito as seguintes, a saber: engenharia (construção de aquedutos, estradas e da cidade de Tenochtitlán (obra executada numa área pantanosa)), medicina (tratamentos dentários e ortopédicos) e matemática (sistema vigesimal de contagem).

9.3-CIVILIZAÇÃO INCA
A origem da civilização inca é pouco conhecida pelos estudiosos da América Pré-colombiana, sendo que ela estava no legado deixado pelas culturas andinas (Chavín, Huari, Paracas entre outras).
A civilização inca atingiu o seu auge no século no século XIV, sendo que esta civilização controlava uma área (englobando uma área de aproximadamente 1.250.000 quilômetros quadrados) que englobava territórios da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru e chegou a possuir 12.000.000 de habitantes. Esta civilização tinha um eficiente sistema de estradas do qual podemos citar duas estradas que cruzavam este império no sentido norte-sul (uma percorria o litoral e a outra percorria o interior) que tinham cada uma aproximadamente 3.600 quilômetros de extensão.
O Império Inca (Tawantisuyu como os incas o chamavam) era dividido em quatro partes (suyu) que eram antisuyu (leste), chinchasuyu (norte), kollasuyu (sul) e kuntisuyu (oeste), sendo chefiadacada parte por um apo. Cada parte era dividida em wamanis (províncias) que eram comandadas pelo kuiricuk (governador) e por fim tínhamos na base os ayllus (aldeias) dirigidos pelos curacas.
Os ayllus não mantinham uma relação de igualdade entre si, tendo em vista que os ayllus menos influentes ficavam mais influentes.
A capital do Império Inca era a cidade de Cuzco.
A civilização inca era organizada socialmente a partir da dicotomia classe dominante (comandantes militares, funcionários de alto escalão do Estado e sacerdotes) e classe dominada (camponeses).
A base da economia da civilização inca era a agricultura (abacate, abacaxi, abóbora, algodão, amendoim, batata, batata-doce, feijão, kinoa, mandioca, milho, pimenta, tabaco, tomate e vagem), sendo que esta sociedade inca conhecia a metalurgia.
Os incas preparavam cerveja (ashwa) a partir do milho.
É relevante lembrar que os incas praticavam o pastoreio (basicamente dois camelídeos (alpaca (Vicugna pacos) e lhama (Lama glama)).
Esses animais serviam para fornecimento de carne, combustível (fezes) e vestimentas (a pele era utilizada para utilizada para fabricação de bolsas e sandálias). A lhama servia como animal de carga e a alpaca fornecia lã para o artesanato (tecelagem).
A civilização inca tinha uma escrita ideográfica, cabendo lembrar que do ponto de vista religioso eram politeístas e praticava sacrifícios humanos.
Do ponto de vista político a civilização inca era uma monarquia teocrática (governo baseado na religião) chefiada pelo imperador (sapa inca) que era eleito entre os filhos do monarca, eleição esta feita através de um conselho.
Esse modelo de escolha dos monarcas da civilização inca favorecia o surgimento de conflitos entre diversos setores dessa sociedade, tendo em vista sempre havia a possibilidade de um dos filhos do imperador que tivesse sido preterido nesta escolha iniciar uma disputa pelo trono inca desestabilizando o Império Inca.
Cabe ressaltar que este modelo de sucessão dinástica favoreceu em muito a conquista do Império Inca pelo Império Espanhol, tendo em vista que durante a época da conquista espanhola da civilização inca, a sociedade inca estava bastante enfraquecida pela disputa do trono inca entre Atahualpa e Huáscar (ambos eram filhos de Huyana Kápac (imperador inca falecido)).

9.4-CIVILIZAÇÃO MAIA
A população que originou a civilização maia é originária do oeste dos Estados Unidos da América e chegou à região ocupada por esta civilização no III milênio a.C.. A civilização maia ocupava regiões que faziam parte de Belize (em toda a sua extensão), Guatemala, Honduras e México englobando uma área de aproximadamente 325.000 quilômetros quadrados.
A civilização maia surgiu em volta de 1800 a.C. existindo até aproximadamente 1500 cabendo lembrar que a história dessa civilização é dividida em três fases: Pré-clássico (1800 a.C-250), Clássico (250-900) e Pós-clássico (900-1500). A primeira fase é caracterizada pela formação dessa civilização, a segunda fase foi quando tivemos o esplendor da civilização maia e a terceira fase tivemos a decadência dela.
Ao contrário das civilizações asteca e inca a civilização maia não fundou um império, sendo organizada em cidades-estados, podendo citar como exemplos as seguintes, a saber: Becán, Chichén Itzá, Calakmul, Colula, Copán, Etzná, Jimbal, Mayapán, Naranjo, Oxkintok, Palenque, Piedras Niegras, Quiriguá, Tikal, Uaxactum, Uxmal, Yaxchilán e Yaxhá. Esta civilização residia na Mesoamérica (região que engloba parte da América do Norte e América Central).
Do ponto de vista político as cidades-estados maias eram monarquias teocráticas chefiadas pelo Halach Vinic que era assessorado por um conselho.
O auge da civilização maia foi o século IX, sendo que os motivos para o declínio dessa civilização não estão claros para os estudiosos da América Pré-colombianas, podendo ser devido às guerras ou esgotamento das terras utilizadas para o cultivo. Esse declínio ocorreu de forma rápida. A civilização maia estava em decadência quando o continente americano foi descoberto pelos europeus.
A principal atividade econômica era a agricultura (batata, cacau, feijão, milho (produto mais relevante) e tomate), sendo que os maias conheciam a caça, comércio (baunilha, jade, obsidiana, pele, tecido e sal), metalurgia e a pesca, mas não conheciam a pecuária. Eles usavam sementes de cacau como moeda.
A civilização maia era organizada socialmente a partir da dicotomia classe dominante (militares e sacerdotes) e classe dominada (camponeses e escravos).
A civilização maia praticava o politeísmo (Ah Puch, Chaac, Ek Chuah, Hunab, Itzam-na, Ixchel e Kinich Ahau) baseado no dualista (luta do bem contra o mal), sendo que as práticas religiosas desse grupo étnico visavam obter a vitória do bem contra o mal e agradecer as benfeitorias recebidas pelos deuses. Os maias praticavam sacrifícios de animais e pessoas com a intenção de obter a benevolência dos deuses.
Esta civilização praticava a monogamia.
Em relação à civilização maia podemos afirmar que foi um dos dois grupos étnicos a desenvolver o zero, cabendo lembrar que a sua escrita era bastante diferente da escrita ideográfica das civilizações asteca, inca e olmeca, pois era baseada em nós em cordas e não em símbolos que significam ideias, conceitos, objetos e pessoas.

9.5-CULTURA CHIBCHA
O grupo étnico chibcha vivia no que é atualmente a América Central e Colômbia, sendo a sua origem pouco clara para os estudiosos da América Pré-colombiana.
Os chibchas (muiscas, muixcas ou moxcas como eram conhecidos pelos espanhóis) foram conquistados através das mãos de Gonzalo Jiménez de Quesada (1509-1579).
A principal atividade econômica era a agricultura (em especial legumes e milho).
Uma das principais manifestações artísticas era a ourivesaria (os ourives sabiam fazer diversas ligas usando ouro).
Os chibchas eram chefiados pelo cacique que era assessorado por um conselho de anciãos.
Eles praticavam o politeísmo e a poligamia.

9.6-CULTURA INUIT
O grupo étnico inuit (esta população ameríndia é conhecida como esquimó) é um grupo indígena que vive no extremo norte do continente americano vivendo basicamente de caça e pesca, cabe lembrar que eles são o último grupo de origem asiática a entrar no continente americano.
O termo inuit significa “gente” enquanto o termo esquimó significa “comedor de carne crua”, cabendo ressaltar que o primeiro termo é como os inuit se autodenominam e o segundo termo é como a população em geral o chama (este termo é considerado pejorativo para essa comunidade indígena).
A moradia tradicional desse grupo étnico é conhecida como iglu (é feita basicamente de blocos de gelo), sendo que os inuit costumavam utilizar óleo de baleia para usar na iluminação.

9.7-CULTURA OLMECA
A civilização olmeca é de extrema relevância histórica para a História dos Povos Pré-Colombianos, tendo em vista ter sido a primeira sociedade humana a ser organizar de uma forma bem estruturada na Mesoamérica e consequentemente servir de matriz cultural para outras sociedades humanas dessa região.
A civilização olmeca estendia-se do México até a Costa Rica, tendo perdurado de aproximadamente do século XIII a.C. até em torno do século I a. C..
Em relação à civilização olmeca podemos afirmar como características relevantes grandes esculturas (cabeças de pedra) e locais com cunho cívico-religioso com grande influência na sociedade.
Concluindo a análise da civilização olmeca não poderíamos deixar de mencionar que a sociedade olmeca era baseada na dicotomia classe dominante (sacerdotes e artesões) e classe dominada.

9.8-CULTURA PUEBLOS
Os pueblos é um grupo indígena localizado nos Estados Unidos da América e México, sendo que não era centralizado politicamente como os astecas e incas. Cada grupo pueblos era gerido por um conselho.
Os pueblos praticavam o politeísmo e a monogamia.
A base da economia era agricultura (abóbora, algodão, feijão e milho) e devido ao fato de habitarem uma região de solo árido este grupo indígena utilizava a irrigação para melhorar a produção agrícola.

9.9-CULTURA SIOUX
O grupo étnico sioux reside no centro-norte dos Estados Unidos da América (mais precisamente os estados de Dakota do Norte e Dakota do Sul).
O nome desse grupo étnico significa serpente, tendo as suas habilidades nas artes militares. O sioux era o grupo indígena estadunidense mais arredio em relação aos colonizadores.
Eles viviam basicamente da agricultura (milho) e caça (bisão).

9.10-CULTURA ZAPOTECA
O grupo étnico zapoteca é um grupo indígena localizado na região Mesoamérica que era politeísta (na religiosidade zapoteca incluía o sacrifício de pessoas) e vivia basicamente da agricultura.
A cultura zapoteca chegou ao seu auge entre o século III e o século VIII, cabendo lembrar que o seu idioma tinha vários dialetos.

TEXTO PARA REFLEXÃO
A história é o conhecimento do passado humano.” Henri-Irénée Marrou (1904-1977)
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